Por Maria Carolina Caleffi Fávero
Aprendendo a ‘virar a chave’, ou melhor, colocar a bola no chão para depois arremessar, aprendi a desenvolver minha resiliência. Com essa competência, enfrentei uma das fases mais desafiadoras como Gerente Sênior de Facilities na Laureate São Paulo. O autoconhecimento e, consequentemente, o autogerenciamento das emoções são aspectos fundamentais não apenas para o desenvolvimento pessoal, mas também para o sucesso nos ambientes corporativos. São habilidades que servem de alicerce, influenciando diretamente a forma como lidamos com desafios, tomamos decisões e nos relacionamos nos mais diversos ambientes e com nossos colegas de trabalho.
Em um mundo corporativo cada vez mais frenético e interconectado, a capacidade de compreender nossas próprias reações é uma vantagem significativa. Anteriormente, meu temperamento enérgico era um desafio em um ambiente sob pressão, onde a mediação de conflitos se faz necessária. A resiliência é uma das soft skills mais desejadas. Motivada por um antigo gestor a desenvolver minha resiliência, dediquei-me em 2019 ao autoconhecimento. Ele me permitiu reconhecer minhas forças, limitações e até mesmo os padrões de comportamento que estava repetindo em diversas situações. E com isso, o autogerenciamento emocional me capacitou a lidar com situações de estresse e pressão de maneira mais eficaz e principalmente menos dolorosa.
Assim, investi pesado e busquei inúmeros cursos e terapias para que pudesse me conhecer melhor como ser humano, e quais eram os gatilhos que me ‘tiravam’ do prumo e assim conquistar a tão sonhada resiliência. Ao entender nossos pontos fracos e áreas de melhoria, podemos focar em desenvolver habilidades e competências relevantes para nossas funções, impulsionando nosso crescimento profissional. Acredito que líderes que possuem um alto nível de autoconhecimento têm a capacidade de inspirar e motivar suas equipes de forma autêntica, pois inspiram pelo exemplo nas mais diversas situações. E como dito anteriormente, em um ambiente onde cada vez mais os desafios surgem, a importância dessas habilidades se amplifica. Mas como dizem, a vida não é para amadores, e em 2020 veio a prova final.
Faço parte do grupo de pessoas que foram classificadas no período pandêmico como ‘grupo de risco’, e com isso, em 18 de março de 2020, eu estava sendo praticamente ‘arrastada’ para casa devido à pandemia. Para uma líder hands-on, essa foi uma das maiores provas de resiliência que passei. Minha maior preocupação era como atender toda a comunidade acadêmica, colaboradores administrativos e um call center que se manteve em plena atividade, em uma realidade totalmente nova e principalmente, totalmente à distância. Em apenas 3 dias, as aulas presenciais passaram a acontecer de maneira remota, sem interrupção do calendário, em todas as nossas unidades no Estado de São Paulo, e todos os colaboradores administrativos passaram a atuar de forma remota, com exceção do nosso call center.
Fazer a gestão de uma equipe de mais de 120 colaboradores diretos e mais 500 terceiros que até o lockdown continuaram atuando diretamente nas operações, garantindo as exigências de todos os protocolos que o Estado de São Paulo diariamente publicava, fez com que eu precisasse novamente me reinventar. Nunca fui centralizadora, mas sempre fui hands-on no mais superlativo do significado da palavra, principalmente quando se tratava de um momento de crise. Tenho para mim que líder é aquele que inspira pelo exemplo de suas ações, e não apenas pelas palavras, então quebrar esse paradigma foi mais uma prova de resiliência que precisei passar. E a primeira estratégia foi organizar o que precisava ser feito, por prioridade, por quem, quando e como. Processo, planejamento e prazo, essas ‘rotinas’ passaram a fazer parte das nossas vidas.
Comunicação Clara e Transparente
Se eu já era uma líder presente no dia a dia deles, passei a estar ainda mais, pois assim podia apoiá-los nos processos enquanto eles, colocavam a ‘mão na massa’. Mantive uma comunicação aberta e honesta com minhas equipes, compartilhando informações atualizadas, desafios enfrentados e planos de ação. Isso ajudou a construir confiança e engajamento dos colaboradores em um momento de grande incerteza. Minha equipe foi incrivelmente fantástica nesse momento, pois eles me fizeram estar presente fisicamente mesmo não podendo estar, utilizando-se de ferramentas que até então nem pensávamos em utilizar. As rondas pelos prédios passaram a ser através de vídeos, assim, junto com eles, podíamos discutir e avaliar se as implementações dos protocolos estavam atendendo 100% às exigências.
Inovação e Criatividade
Para superar os obstáculos impostos pela pandemia, demos destaque e incentivamos a inovação e a criatividade nas equipes. Eles exploraram novas oportunidades, adotaram tecnologias digitais e readaptaram seus modelos operacionais. E as reuniões que nunca ou raramente aconteciam online passaram a ser diárias, no formato de checklist, para que de certa forma eu pudesse acompanhar de perto as entregas e conseguirmos juntos garantir o cumprimento de todos os protocolos exigidos pelo Estado de São Paulo.
Liderança Empática e Adaptativa
O foco no bem-estar das equipes, adotando abordagens mais humanas, como o trabalho remoto e horários flexíveis, foi fundamental. Pensar e se atentar para além do colaborador passou a ser uma preocupação diária. Como estavam seus familiares, e se todos estavam seguros. Foi imprescindível nesse momento tão delicado que cada um, em sua particularidade estava vivenciando, se sentir acolhido. Reconhecer os desafios únicos enfrentados por cada indivíduo, entendendo como cada um estava lidando com os desafios novos que estávamos enfrentando, a empatia, flexibilidade e adaptabilidade, foram comportamentos que precisaram estar em pauta diariamente.
Colaboração e Parcerias
Reconhecendo que nenhuma organização poderia enfrentar uma crise sozinha, nós líderes buscamos colaboração e parcerias com outras empresas, governos e organizações comunitárias. E principalmente entre os nossos líderes. Responsabilidades foram compartilhadas, e essa abordagem colaborativa permitiu o compartilhamento de recursos e melhores práticas. Além de gerar um grande comprometimento nas entregas, de toda a equipe. Vivenciei nesse momento tão particular e delicado, a máxima de que líderes que possuem um alto nível de resiliência e autoconhecimento têm a capacidade de inspirar e motivar suas equipes de forma autêntica, portanto no nível de liderança, a importância dessas habilidades se amplifica.
Com isso, cada vez mais é imprescindível que reconheçam o impacto de suas emoções no ambiente de trabalho, para que desta forma possamos cultivar genuinamente uma cultura organizacional saudável.