Por Daniel Dal Poggetto Barbosa
O ano era 2002 e lá estava eu, formado como Engenheiro Civil e trabalhando em uma grande multinacional... um sonho se tornou realidade! Que oportunidade incrível! Não poderia deixar passar e aprender o máximo possível. E foi o que fiz. Me dediquei a estar sempre atento e perto de pessoas e situações que me proporcionassem aprendizado. Ouvir, ver, conversar e fazer (aplicar na prática o que vivenciei).
Comecei em uma fábrica, onde o ritmo é frenético e tudo tem proporções grandes. Por isso, também a chance de errar era menor. Isto iria me abrir os olhos para o futuro.
Apliquei e conheci várias ferramentas de gestão e resolução de problemas na prática. Algumas não me brilharam os olhos, mas outras foram me encantando. Estatística, base do Six Sigma, 5W2H para encontrar a causa raiz dos problemas, Árvore das Causas para investigação de acidentes, FMEA para Análise de Falhas de Equipamentos etc.
Em 2004 me tornei especialista em Gestão de Negócios e outras perspectivas surgiram: Planos de Negócios, Melhoria de Processos, Gestão de Pessoas e Tecnologia começaram a se incorporar em minha visão profissional e o futuro e o presente começaram a se misturar novamente. Explico: Enquanto deixava minha carreira técnica de lado, comecei a vislumbrar um vasto campo como gestor de processos e pessoas. E de repente, como num passe de mágica, um engenheiro estava encantando e queria alcançar mais oportunidades, mas como gestor de pessoas.
No começo, obras e serviços diversos: reformas e investimentos para ampliações com melhorias em instalações prediais, áreas fabris, ruas, fazendas e laboratórios. Tudo diverso e misturado. Ao mesmo tempo, manutenções e serviços. Para completar, clientes internos e externos com nível de exigência alto e prestadores de serviço que ainda precisavam de ajuda para aplicar a teoria na prática. Aprendi sobre riscos e segurança. Trabalho em altura, café e refeições. Sobre comportamento humano, rotinas e decisões no mundo corporativo. Também vivi experiências com resíduos, imprensa – rádio, jornal, TV, internet, interagi com sindicatos, enchentes, políticos. Trabalhei com calor, frio e temperatura de ambientes. Limpeza, jardinagem e controle de pragas. Documentos, licenças e projetos técnicos. Arquivos em papel e digitais. Enfim, de tudo um pouco.
Ninguém comentou nada, mas eu já estava no mundo de Facilities Services & Real Estate. Em bom português: Negócios Imobiliários Corporativos e Serviços para Instalações Prediais. Mas é muito mais do que isso: É atendimento ao cliente, é pensamento estratégico, é boa comunicação, é inovar fazendo a mesma coisa de jeitos diferentes (guardem esta parte, pois no futuro ela vai me ajudar!), é desenvolver pessoas e processos. Bingo! Me apaixonei!
Enquanto aprendia e aplicava o que vivia, quase não percebi o tempo passar. Conheci lugares, pessoas e profissionais fantásticos. Alguns líderes; outros chefes, uns técnicos, outros inspiradores. Clientes exigentes e chatos; outros amáveis e parceiros. Empresas grandes e pequenas, ótimas ou nem tanto. Tudo para forjar e ajudar a ser o que me tornei: Um apaixonado pelo que faço, motivado por natureza.
Depois de 10 anos, um ciclo se encerrava. Decidi viver outra experiência. Ainda em uma grande multinacional, mas desta vez nos escritórios e na área de pesquisa em outro ramo. E que decisão feliz! Ganhando mais, porque sim, ser bem recompensado é importante, para aprender mais ainda e ajudar o mundo em que vivemos.
Ter um propósito e valores é importante. E quando eles, pessoalmente, coincidem com os da sua empresa, o trabalho fica fácil e prazeroso. O ano era 2011 e comecei mais uma parte da jornada. Conhecendo, tendo acesso e vivenciando mais situações. Desta vez, não apenas localmente, mas regionalmente e depois globalmente. Que privilégio! Liderar por influência, permeando e lidando com culturas diferentes.
Aplicar conceitos e ferramentas sempre ajuda a tornar o trabalho mais fácil e os resultados financeiros e práticos são ótimos. Neste ciclo, descobri que sou apaixonado por pessoas e que meus resultados são através delas, ajudando e inspirando. Finalmente pude entender (risos) porque sempre fui melhor em história e redação do que em matemática e física, apesar de adorar exatas e ser engenheiro.
Sou muito atraído por tecnologia e coisas novas. E sempre leio sobre tendências. Em 2017, durante uma pausa para um café com um colega de manufatura, começamos a falar sobre o que estávamos trabalhando e a conversa foi parar no tema Inovação & Tecnologia e ele mencionou que estava trabalhando para desenvolver um chatbot para ajudar em algumas atividades como ler notícias técnicas e ajudar em tarefas repetitivas. Disse ainda que estava com recursos limitados e que esse desenvolvimento tinha um potencial enorme. Eu, ouvindo aquilo, comecei a imaginar onde poderia aplicar em minha área: Facilities Management.
Nossa! Viajei para longe e vi infinitas possibilidades: Utilização como ferramenta de contato com usuários internos de nossas instalações. Consulta a documentos pelo nosso time de analistas e técnicos, interação com fornecedores, Chat interno (via Teams), WhatsApp, Podcast etc.
Depois de ponderar um pouco, falei com minha liderança que como sempre me apoiou dando autonomia irrestrita para praticar inovação. (Isto é fundamental no processo de melhoria, pois a taxa de insucesso é alta e pode frustrar planos imediatistas) Então retornei a conversa com meu colega e disse que iria ajudar fornecendo os recursos necessários, desde que minha área: Facilities management fosse reconhecida como aquela que alavancou a iniciativa.
Fizemos uma parceria com um programador, PJ independente, para minimizar custos num primeiro momento. Incluímos no time a equipe de Comunicação que contratou uma agência para ajudar a criar a “persona” da Yuri (pequeno fazendeiro em russo), Este é o nome do chatbot que desenvolvemos. No nosso caso, uma mulher, do campo e que tem personalidade e conhecimento para ajudar a todos em vários temas.
Depois de alguns meses, Yuri foi lançada em uma reunião com todo o staff do Brasil, e fez muito sucesso. Nos ajudou durante o período de pandemia e no retorno às nossas atividades. Começamos com pequenas interações e fomos aumentando (os usuários entram no Teams e perguntam qual o cardápio do dia, qual a linha de ônibus fretado passa perto de sua casa, como recepcionar visitantes, quais as salas de reunião e as arrumações de layout possíveis). Yuri também ajuda no recebimento de correspondências etc.
Hoje, em 2024, Yuri não atua somente ajudando FS&RE, mas em uma dezena de áreas/departamentos (Manufatura, RH, Compras, Jurídico, Regulatórios, Comercial e muitos outros). Já há aplicação via WhatsApp junto a clientes externos também. Um sucesso, iniciado por um time incansável, composto por líderes, consultores, coordenadores, engenheiros, técnicos, analistas, empregados e contratados da equipe de FM que ajudaram no desenvolvimento de uma ferramenta tecnológica que já existia, mas que foi modificada e adaptada para nossas demandas.
Hoje, atuo globalmente, ajudando a multiplicar as melhores práticas e promovendo inovação em nossos processos. Desejando que os dias sejam sempre intensos e que os aprendizados continuem para que eu possa fazer o mais importante: continuar aproveitando a jornada.