Por Julio Martins
Atualmente, existem tecnologias que podem digitalizar completamente a infraestrutura de distribuição elétrica em edifícios e instalações de grande porte. Isso ajuda a melhorar a segurança de pessoas e ativos, aumentar a confiabilidade e a continuidade dos negócios, otimizar a eficiência operacional e energética, alcançar metas de sustentabilidade e garantir conformidade com normas e regulamentações.
No entanto, a maioria das organizações ainda não aproveita as vantagens do avanço da conectividade e da inteligência embarcada nos sistemas de distribuição de energia.
Com a concorrência cada vez maior, as empresas enfrentam rotineiramente uma pressão acirrada. Enquanto gestores esperam melhorias na eficiência para ajudar a reduzir custos e proteger os lucros, equipes de operação e/ou manutenção trabalham "às cegas" e, desta forma, aumentam-se os riscos de segurança, confiabilidade, eficiência e conformidade, tanto às pessoas quanto às instalações críticas de energia elétrica na qual estiverem trabalhando - como hospitais, data centers e indústrias diversas.
Riscos à segurança
Problemas de origem elétrica são reconhecidos como a causa de 22% dos incêndios no local de trabalho, enquanto cerca de 25% das falhas elétricas são atribuídas a conexões defeituosas, de acordo com a Geneva Association.
Isso aponta para a necessidade de encontrar possíveis fontes de superaquecimento, visto que, apesar de os disjuntores protegerem de maneira confiável contra sobrecargas e curto-circuitos, as salas cirúrgicas de hospitais são particularmente sensíveis a falhas de isolamento, o que pode colocar vidas em perigo.
Riscos para a continuidade dos negócios
Qualquer interrupção de energia pode ser devastadora para as operações de uma empresa. Em instalações de missão crítica essas intermitências duram, em média, 90 minutos, o que representa um déficit enorme. Além da perda de produtividade, existe o custo de substituição de equipamentos caros, como um transformador.
Prevenir o tempo de inatividade requer "visão de futuro", ou melhor, capacidade de identificar quando as condições da sua rede de energia estão fora dos parâmetros de segurança ou quando as configurações de proteção foram desviadas do projeto original.
Riscos para a eficiência energética
Além dos custos de interrupções relacionados à energia, também existem os custos da ineficiência. O Departamento de Energia dos Estados Unidos estima que, com a aplicação de tecnologias novas e existentes, instalações, de uma maneira geral, podem ser 80% mais eficientes ou até se tornar "autossuficientes", com a incorporação de geração renovável no local.
Para as organizações reduzirem o consumo de energia, o que pode representar uma grande porcentagem dos custos operacionais para data centers e plantas industriais, é necessário obter visibilidade em todos os aspectos da energia, desde o consumo no local até o faturamento.
Riscos para a eficiência operacional
Quaisquer melhorias na eficiência da equipe e no tempo de vida do equipamento podem representar economia operacional significativa. Um estudo do Departamento de Energia revelou que, ao implementar um programa de manutenção preditiva baseado em condições, um edifício pode economizar até 20% ao ano em custos de manutenção e energia, enquanto ainda aumenta sua vida útil projetada em vários anos.
No entanto, a manutenção preditiva requer recursos analíticos que podem ajudar a prever as necessidades de equipamentos e permitir, quando necessário, a colaboração com especialistas.
Riscos à conformidade
Com relação à confiabilidade, as instalações hospitalares geralmente são obrigadas a testar regularmente os sistemas de energia de backup. Também é importante garantir que distribuidores de energia estejam cumprindo os requisitos de qualidade previstos em contrato.
Esses processos podem ser onerosos se não tiverem as ferramentas apropriadas de análise e geração de relatório. Por isso, a obtenção dos dados necessários para gerenciar segurança, confiabilidade e eficiência energética significa depender mais dos sistemas conectados. Isso traz mais riscos de ataques cibernéticos, exigindo que as melhores práticas de segurança sejam respeitadas.
Esse é um conjunto exigente de desafios e o seu desconhecimento é preocupante, até porque as consequências de uma falta de energia podem ser severas e os custos, altos. Mas a maioria das instalações ainda usa apenas um nível rudimentar de tecnologia para ajudar a evitar falhas elétricas e minimizar os custos operacionais e, quando surgem problemas, a resposta geralmente é mais reativa do que proativa.
Para evitar esse tipo de problema, as equipes de operação e manutenção devem aproveitar ao máximo os muitos benefícios que a digitalização proporciona, como os sistemas de gerenciamento de energia totalmente conectados e inteligentes, que alertam para os riscos que podem estar ameaçando a continuidade e a eficiência dos negócios.
Essas ferramentas fornecem informações oportunas e acionáveis para as equipes, por meio de aplicativos de software avançados, no desktop ou em seus dispositivos móveis, onde quer que estejam, deixando mais simples de entender as condições e gerenciar complexos sistemas de energia.
As etapas para adotar essas soluções são extremamente econômicas, considerando todas as dimensões do retorno de investimento que podem ser alcançadas em um período de tempo muito curto.
Uma vez conectadas, as equipes imediatamente se beneficiarão com avisos antecipados de riscos, possibilidade de recuperação rápida, em caso de problemas, oportunidades de economia de tempo e custo, manutenção simplificada e desempenho otimizado para os equipamentos.
Assim, o investimento em uma infraestrutura de distribuição elétrica digitalizada pode ajudar instalações elétricas críticas a atingir mais facilmente as principais metas operacionais, de sustentabilidade e regulatórias, ao mesmo tempo que gera benefícios adicionais.
Julio Martins, Vice-presidente de Power Products, Power Systems e Digital Energy da Schneider Electric no Brasil.
Foto: Divulgação.