Por Léa Lobo

A Lenovo poderia muito bem se acomodar no posto de gigante mundial da tecnologia. Poderia seguir vendendo notebooks robustos, soluções corporativas sofisticadas e máquinas que fazem o ambiente de trabalho girar. Mas não. Em Indaiatuba, no coração de uma fábrica que pulsa 24 horas por dia, outra história está sendo escrita, uma história em que inteligência artificial, automação, inclusão e Facilities se encontram para criar algo raro: tecnologia com propósito real.
O que acontece ali vai muito além do discurso corporativo de “inovar para transformar”. A Lenovo está provando, na prática, que inovação não precisa nascer no Vale do Silício para influenciar o mundo. Ela pode emergir de um laboratório brasileiro chamado Optimus, atravessar assembleias da ONU, ganhar patentes e salvar vidas. Pode se tornar acessível a pessoas surdas, pode detectar arritmias invisíveis em exames convencionais, pode automatizar processos críticos da manufatura e pode, com naturalidade surpreendente, inspirar o futuro dos Facilities, da manufatura e da experiência do colaborador.
Ao ouvir profissionais como Daniel Rezende (Gerente de Programas P&D), Marcelo Parada (Gerente de Programas P&D), Júlio Tebaldi (Gerente de Engenharia Industrial Senior), Marúsia Feitosa (Gerente de Real Estate & Workplace Solutions), Roger Edson Silva (Coordenador de Workplace pela Gerenciadora SIGA Facilitites) e Thaís Antunes (Coordenadora de Predial e Projetos pela Gerenciadora SIGA Facilities), uma verdade fica escancarada: a Lenovo não está fazendo IA para vender computadores mais rápidos. Está fazendo IA para que mais gente tenha voz, saúde, dignidade, segurança, conforto e oportunidades. Está fazendo automação para eliminar risco ergonômico, reduzir scrap e elevar o padrão de qualidade.
Ela está fazendo gestão de Facilities para que uma fábrica de 31 mil m² jamais pare, e para que as pessoas que a mantêm viva sejam respeitadas, cuidadas e valorizadas. E aqui está o ponto decisivo: quando uma empresa integra tecnologia, infraestrutura, ESG, experiência humana e manufatura avançada com tanta coerência, ela deixa de ser apenas uma fabricante. Torna-se um exemplo de protagonismo. Mostra que inovação criada no Brasil não precisa pedir licença para existir, ela lidera, influencia e aponta caminhos.
Smarter AI for All
Essa visão se materializa claramente na fala de Daniel Rezende, Gerente de Programas de P&D, que descreve a jornada da empresa rumo à evolução do seu propósito: do “Technology for All” para “Smarter Technology for All” e, agora, “Smarter AI for All”. Nada disso é slogan publicitário; trata-se de posicionamento estratégico e de uma escolha: usar IA para transformar vidas. Dois projetos traduzem essa ambição. O primeiro, nascido de uma provocação simples e poderosa — “Se a tecnologia é para todos, por que não para quem usa Libras?” — deu origem ao avatar de IA capaz de traduzir português para Libras de forma natural, culturalmente coerente e humanizada. O time descobriu cedo que Libras não é uma tradução literal; é interpretação com expressão, contexto, ritmo e emoção. Após inúmeras interações, testes e até enfrentamento de receios emocionais da comunidade surda, a Lenovo chegou a um avatar gerado por IA generativa que rendeu sete patentes e foi apresentado na ONU, despertando interesse global. É o tipo de inovação que nasce com responsabilidade social embutida — e que devolve autonomia a quem historicamente foi excluído das tecnologias de comunicação.
O segundo projeto é ainda mais contundente. Em parceria com o Instituto do Coração (InCor HCFMUSP), a Lenovo desenvolveu o TRADA, uma inteligência artificial capaz de identificar arritmias que exames convencionais não detectam, já que a janela de monitoramento de 24 horas simplesmente não capta eventos intermitentes. A solução inclui um sensor não invasivo, resistente à água, que acompanha o paciente por dias e envia os dados para uma IA com 97% de precisão. O sistema já salvou vidas, literalmente, como no caso da jovem que teve seu diagnóstico corrigido após anos sendo tratada como paciente ansiosa. O TRAdA também foi apresentado em evento da ONU na África do Sul e despertou o interesse de governos em busca de soluções acessíveis para atendimento de regiões remotas. O dispositivo TRAdA também foi usado pelo time de futebol de Indaiatuba, Primavera SAF, durante um projeto piloto. Com foco na segurança e saúde de atletas de alto rendimento, durante cinco dias, 14 jogadores do clube foram monitorados 24 horas por dia, com o apoio de uma equipe clínica do InCor e de especialistas da Lenovo. Os resultados dos testes serão utilizados para identificar possíveis melhorias e adaptações da plataforma para atender ao mercado esportivo e atletas de alto rendimento. Esses dois projetos mostram que, na Lenovo, IA não é produto: é instrumento de impacto.
Nos bastidores dessas iniciativas está o laboratório Optimus, uma estrutura que combina automação avançada, experimentação e muita determinação para atravessar os gargalos brasileiros de burocracia, certificações, reformas e alinhamento documental entre órgãos. Mesmo enfrentando esse cenário, Daniel reforça que a Lenovo segue movida por propósito claro: IA não para vender mais máquinas, e sim para melhorar a vida das pessoas.
Armazenamento de dados em DNA sintético
A força da área de P&D da Lenovo no Brasil também se revela na fala de Marcelo Parada. O ecossistema nacional de inovação da empresa também se apoia na Lei de Informática, que exige que empresas de TI invistam 4% do faturamento em P&D. Esse investimento sustentou uma estrutura impressionante: 80 profissionais internos, mais de 500 nas parcerias com 11 institutos de pesquisa espalhados pelo país, quase 600 pessoas dedicadas ao desenvolvimento de soluções inovadoras. Desde 2012, a Lenovo já investiu mais de R$ 1 bilhão em P&D no Brasil, criando projetos que ganharam o mundo, como a solução de Libras e o armazenamento de dados em DNA sintético, capaz de preservar petabytes em um pequeno tubo, sem refrigeração, e que gerou enorme repercussão na mídia e entre autoridades, a empresa também possui um portfólio de 54 patentes criadas por inventores no Brasil, que se soma às mais de 59 mil que a empresa possui globalmente.
Marcelo detalha ainda os avanços em automação industrial dentro da jornada de Indústria 4.0. As células robóticas modulares conectadas a um ambiente de digital twin permitem monitoramento em tempo real, histórico de falhas, manutenção preditiva e alertas automáticos, replicáveis plenamente para estruturas de Facilities — como redes de climatização, energia, hidráulica e segurança. Durante a visita, Marcelo Parada apresentou automações desenvolvidas no país: inserção automática de memória na placa-mãe, encaixe da placa-mãe no chassi e aparafusamento inteligente com visão computacional. Todos esses processos reduzem erros críticos, eliminam scrap, diminuem riscos ergonômicos e elevam confiabilidade. O mais emblemático: tudo foi desenvolvido pela Lenovo no Brasil, com parceria com o Instituto CERTI, mostrando maturidade nacional em automação avançada.
Fábrica é sustentada por qualidade, pessoas, tecnologia e eficiência
A fábrica em si é um espetáculo de gestão. Guiados por Júlio Tebaldi, os visitantes conhecem uma operação sustentada por qualidade, pessoas, tecnologia e eficiência. O Quality Wall evidencia diariamente indicadores e programas de reconhecimento. O Águias Pensantes incentiva ideias de melhoria contínua. O inbound funciona com precisão quase cirúrgica: sushi boxes com todos os componentes de um computador desmontado evitam erros e aceleram a montagem. A planta produz notebooks, desktops, servidores e modelos customizados para B2B e varejo, com capacidade instalada para aproximadamente 240 mil unidades por mês. Robôs AGV, dispositivos ergonômicos, prototipagem 3D, rastreabilidade total e testes rigorosos (de 3 a 24 horas) completam o cenário de excelência.
Real Estate & Workplace Solutions
Mas nada disso seria sustentável sem a espinha dorsal invisível liderada por Marúsia Feitosa e sua equipe de Real Estate & Workplace Solutions. São 31 mil m² e 11 galpões que simplesmente não podem parar. Desde 2015, a parceria com a SIGA Facilities garante a divisão equilibrada entre soft services (com Roger) e hard services e projetos (com Thaís). O time de 17 profissionais opera em dois turnos e responde por demandas simultâneas de alta complexidade: suportar projetos de P&D, criar áreas, adaptar espaços sensíveis, modernizar sistemas críticos, implantar mobilidade elétrica, repaginar ambientes colaborativos e garantir que todos os sistemas funcionem sem interrupção.
O diferencial está na gestão cuidada das pessoas. Redução de jornada, benefícios ampliados, cuidado diário com equipes de limpeza e cozinha e um ambiente de respeito e proximidade reduziram o absenteísmo para extraordinários 2%, índice raríssimo para o setor. Essa mesma abordagem orienta os projetos de acessibilidade, que envolvem diagnóstico completo dos quatro sites Lenovo/Motorola e um plano de adequações que deve levar três anos, mesmo em áreas locadas, reforçando compromisso global com inclusão. Tablets com Libras nas recepções são apenas a ponta do iceberg dessa agenda.
A qualidade do ar interior ganhou protagonismo: sensores em tempo real, filtros mais eficientes, limpeza de carpetes com baixíssimo consumo de água e de energia, aumento expressivo de vegetação interna e implantação de água ozonizada para limpeza, com resultados excepcionais, inclusive em banheiros críticos. A Lenovo está estruturando uma política corporativa de qualidade do ar e buscando a certificação Qualindoor/Brasindoor.
ESG no foco
No eixo ambiental, Roger Edson Silva detalha iniciativas que completam o ciclo ESG: o biodigestor que reduz até 5 toneladas/mês de resíduos orgânicos enviados ao aterro; a reciclagem de resíduos secos com a Ambipar; o Wash & Woosh, um sanitizador automático para as mãos, no restaurante, que melhora a higiene e reduz consumo de água; e a substituição de impressoras por jato de tinta, que consomem até 85% menos energia e reduzem desperdício por meio de impressão via PIN. São alguns exemplos de ações que sustentam metas agressivas de Net Zero.
Já Thaís Antunes traz o ponto técnico mais crítico da planta: os chillers. Com 14 anos de operação, já estão no limite da vida útil e representam de 35% a 45% do consumo total de energia da fábrica. Em uma operação fabril, climatização é processo, não conforto. A equipe avalia cenários que vão desde a substituição por modelos novos (com economia de 30%) até a migração para chillers water-cooled (com até 70% de eficiência), além da possibilidade de air-conditioning as a service. A análise considera consumo de água, metas de descarbonização e payback de longo prazo. Paralelamente, a fábrica opera 100% com energia do mercado livre, majoritariamente eólica, reduzindo custos e emissões de Escopo 2. Thaís e Roger também destacam o impacto social da doação de 313 cadeiras, que se transformaram no Laboratório Lenovo, criado em parceria com a instituição local, sem fins lucrativos, Somos do Bem.
Ao final, fica evidente que a operação de Facilities da Lenovo é um case raro de integração entre estratégia, técnica e cuidado humano. A gestão terceirizada pela SIGA Facilities libera o time interno para decisões de portfólio e direcionamento imobiliário, enquanto tecnologias como sensores de fluxo, smart badges e dashboards transformaram a área de limpeza em uma operação eficiente, ergonômica e totalmente reposicionada, sem aumento de headcount, graças à reorganização inteligente das tarefas.
A soma de tudo isso: IA com impacto social, automação inteligente, P&D robusto, manufatura de alta qualidade, Facilities maduros e ESG praticado no dia a dia desenha um cenário poderoso. A Lenovo está provando que inovação feita no Brasil não é exceção. É referência. Quando tecnologia transforma vidas, quando Facilities sustentam uma fábrica que opera sem parar, quando pessoas são tratadas com dignidade e quando IA nasce com propósito, não existe “mercado piloto”. Existe protagonismo. E é isso que a Lenovo está fazendo, mostrando para o mundo, com convicção, que o futuro também se escreve daqui.