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Trabalho com responsabilidade: é preciso ir além da imagem

Fundador e diretor executivo do Grupo Oikos compartilha insights sobre sustentabilidade, ações sociais e o que é "trabalhar".

Por Mateus Murozaki

Trabalho com propósito

Foto: Canva.com/leezsnow

Estamos vivendo um período de mudanças aceleradas e, dentro desse contexto, a maneira como as empresas se portam em meio a questões sociais e climáticas se torna cada vez tão essencial quanto o que elas entregam. Não à toa, hoje em dia, o ESG é um assunto mandatório para qualquer companhia que busque se manter no mercado.

Não se trata apenas de imagem, porém. Diversos estudos já apontaram que ações voltadas para a sustentabilidade, social e governança podem sim surtir impacto positivo, tanto no âmbito financeiro quanto no dia a dia das operações.

Em 2012, foi fundado o Grupo Oikos, a partir da necessidade das empresas de terem prestadores de serviço que lidem com o assunto de limpeza verde. Sergio Vitelli, fundador e diretor executivo do grupo, comenta: “Na época, em 2012, mais ou menos, era o que estava começando a acontecer no Brasil e não tinha nenhuma empresa que conseguisse fazer o atendimento dos requisitos do LEED. A gente foi a primeira a preencher 100% dos requisitos do LEED”.

Vitelli explica que muitos acabam focando na certificação e ignoram o fato de que uma operação de limpeza mais sustentável também é mais eficiente. Como exemplo, aponta que muito se fala sobre reciclagem e logística reversa de embalagens, mas que a conversa deveria girar em torno da redução desses itens. “A gente usa, por exemplo, um químico cuja embalagem substitui quase 2.300 embalagens de um limpador multiuso. Então, em vez de ter o trabalho de fazer uma logística reversa de 2.300 embalagens, o ideal é utilizar um produto numa concentração tal que, com uma embalagem só, você consegue não usar essa quantidade de plástico. E não precisar fazer a logística reversa. É mais eficiente, mais sustentável e mais inteligente sob todos os aspectos”.

O “S” em ESG

O grupo também tem laços com projetos sociais, como o Refúgio 343, organização que tem como foco a reinserção socioeconômica de refugiados e migrantes. A parceria começou há 7 anos, com o Oikos empregando a primeira família venezuelana abrigada pelo 343. Vitelli comenta uma anedota curiosa sobre essas pessoas: “Há 8 anos, o fundador do Refúgio 343 estava conversando comigo com o filho dessa primeira família que eles trouxeram no colo. E, oito anos depois, eles estão no The Wall do Luciano Huck. Então, para a gente, é muito interessante ter visto eles praticamente embrionários”.

Outra parceria focada no social da empresa é com o Transempregos, projeto voltado para facilitar a solidificação de pessoas trans no mercado. O diretor comenta que, quando iniciou a parceria, não entendia tanto sobre o assunto e, inclusive, se desculpava de antemão nas entrevistas caso cometesse algum erro.

A parceria partiu da vontade de Vitelli de ajudar pessoas do grupo social a conseguirem se sustentar de maneira digna. Ele fala também sobre como, na época, isso ainda era algo incomum: “Conseguir produzir o seu próprio sustento, por incrível que pareça, era algo extremamente difícil e quase inatingível para pessoas trans há sete, oito anos atrás. Hoje se fala já mais disso de forma muito mais objetiva e direta e ampla, mas, naquela época, contratar uma mulher trans para trabalhar numa recepção de um cliente era algo bem impactante”.

Ele menciona dois episódios específicos que mudaram sua visão: o primeiro deles foi quando, durante uma entrevista, questionou o uso do termo “vulnerável” a uma candidata que se denominava assim. Ela respondeu que utilizava o termo para se referir a si própria pelo fato de que, em caso de uma agressão, por exemplo, ela não receberia o mesmo tratamento do Estado que uma pessoa cis.

O outro caso foi quando inseriram pela primeira vez pessoas trans no ambiente de um cliente, com todos os cuidados possíveis, porém, acabaram perdendo de vista a própria equipe da Oikos, o que resultou em preconceito vindo internamente. Isso ensinou uma lição: antes de mais nada, o próprio time interno deve estar treinado e plenamente ajustado.

Quando questionado de onde vem o ímpeto de se ligar a projetos sociais dessa forma, Vitelli responde de maneira filosófica, dizendo que, para ele, o trabalho deve ser mais do que apenas um checklist de tarefas que alguém faz diariamente. Deve existir propósito, um contexto no qual aquelas ações estão inseridas, para que assim, todos se beneficiem. E o propósito da Oikos, nas palavras do diretor, é dar dignidade àqueles que têm dificuldade em se inserir no mercado.


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