Por Léa Lobo
Durante o IFMA Workplace 2024, Jade Campbell, em uma palestra promovida pela Envoy, discutiu um dos temas mais sensíveis no ambiente corporativo atual: a segurança no local de trabalho, especialmente no contexto do retorno ao escritório pós-pandemia e o impacto do modelo híbrido de trabalho. Com base em dados de uma pesquisa realizada pela Hanover Research, Jade forneceu insights valiosos sobre os desafios que as empresas enfrentam na gestão da segurança física de suas instalações e colaboradores.
Jade começou destacando que 41% dos líderes de negócios e funcionários concordam que proteger suas empresas se tornou significativamente mais difícil no último ano. Isso se deve, em grande parte, à transição para o modelo de trabalho híbrido e ao retorno das pessoas aos escritórios, que traz novos desafios para a segurança física e para a gestão de recursos. Além disso, as organizações estão cada vez mais dispersas em vários locais, o que exige uma adaptação não apenas tecnológica, mas também em termos de governança e conformidade regulatória.
Entre as informações destacadas na pesquisa, uma delas mostrou que 96% das empresas estão de volta aos escritórios em alguma capacidade, seja integral ou híbrida, e 82% adotaram políticas de trabalho híbrido, embora muitas ainda lutem para monitorar e entender quem está presente fisicamente no local. Outro dado relevante é que 80% dos executivos implementaram essas políticas sem informações críticas, tornando o processo ainda mais difícil.
A principal preocupação levantada ao longo da palestra foi o aumento das ameaças à segurança com o retorno dos funcionários ao escritório. O Gartner prevê que as empresas gastarão US$ 215 bilhões em segurança física em 2024, um aumento de 14,3% em relação ao ano anterior. Isso reforça a crescente demanda por sistemas integrados e soluções que protejam tanto os colaboradores quanto as instalações empresariais.
A palestra destacou a importância de centralizar a gestão da segurança, especialmente com a crescente complexidade do trabalho híbrido e o uso de múltiplos sistemas. A falta de integração entre essas tecnologias foi apontada como um dos maiores obstáculos para as empresas. Por exemplo, 37% das empresas afirmaram que a falta de integração entre seus sistemas de tecnologia contribui para desafios de segurança, o que torna essencial a adoção de soluções unificadas, capazes de garantir um fluxo de dados eficiente e seguro.
Outro aspecto crucial abordado foi o papel das pessoas no sucesso da segurança física. A tecnologia por si só não é suficiente se os colaboradores não forem treinados adequadamente para utilizá-la. O estudo mostrou que 48% das empresas acreditam que seus funcionários precisam de melhor treinamento em segurança. A falta de familiaridade com sistemas de segurança e o retorno de uma geração de trabalhadores que nunca tinha experimentado o ambiente corporativo presencial criam uma nova camada de desafios para os gestores de Facilities.
A descentralização e o cumprimento de regulamentações também foram destacados como um fator importante. A complexidade de atender a diversas leis e normas, tanto local quanto internacionalmente, pode expor as empresas a grandes multas e prejuízos financeiros. Um exemplo dado foi a Lei SB-553 da Califórnia, que obriga as empresas a terem planos de prevenção à violência no local de trabalho, incluindo desastres naturais e situações de emergência.
O custo da inação em relação à segurança também foi abordado. Um incidente de violação de dados, por exemplo, pode custar às empresas em média US$ 4,88 milhões em 2024, além de comprometer a confiança de seus clientes. Além disso, o uso de sistemas obsoletos pode reduzir a eficiência operacional em até 30%, o que demonstra a importância de manter a segurança atualizada e eficiente.
A palestra concluiu com quatro áreas principais para melhorar a segurança física nas empresas: gestão de visitantes, integração de sistemas internos, protocolos de segurança e conformidade regulatória. A gestão de visitantes foi destacada como a linha de frente da defesa, permitindo monitorar quem entra e sai das instalações, além de fornecer registros de auditoria e maior controle de acesso. A integração entre sistemas também foi considerada essencial para garantir que todas as tecnologias de segurança trabalhem de maneira coesa, permitindo uma gestão centralizada e eficiente.
No final, ela mencionou o futuro da segurança física e como a inteligência artificial (IA) deve impactar o setor nos próximos anos. Tecnologias como reconhecimento facial e biometria avançada já estão sendo utilizadas em aeroportos e estão se tornando cada vez mais comuns nos locais de trabalho, especialmente em indústrias altamente reguladas. A IA também foi apontada como uma grande tecnologia disruptiva dos próximos 10 anos, com potencial para transformar a maneira como as empresas gerenciam a segurança e protegem suas instalações.
A palestra reforçou que a segurança no local de trabalho não é apenas uma questão de prevenção, mas uma necessidade contínua de adaptação e modernização. À medida que o cenário do trabalho híbrido evolui, as empresas precisarão investir em soluções integradas e no treinamento de seus colaboradores para garantir que estejam preparadas para os desafios futuros.