Por Léa Lobo
Imagem: Canva.com/ Onurdongel |
A maioria dos gestores acredita que seus planos de emergência nas edificações de trabalho são de última geração. No entanto, frequentemente, eles são perigosamente falhos. Muitos não mantêm relação com a Defesa Civil ou o Corpo de Bombeiros. Em outros casos, ignoram diversas classes de pessoal (próprios e terceiros) e raramente consideram visitantes ou turnos noturnos e de finais de semana. O treinamento do pessoal é frequentemente aleatório, e pessoas com deficiência e necessidades especiais são frequentemente ignoradas. Os visitantes, que são menos prováveis de conhecer sua instalação, são os mais propensos a entrar em pânico ou se ferir durante uma emergência. Pior ainda, são os que mais provavelmente processarão as organizações e vencerão as causas.
O risco não pode ser terceirizado. Entretanto, é possível compartilhá-lo, criando um contrato que divide o trabalho de planejamento e treinamento com o empregador de cada contratado. No entanto, no final, a responsabilidade é sempre sua por todos em suas instalações em uma emergência. Muitos planos de emergência têm falhas, mesmo tendo a responsabilidade de proteger pessoas e propriedades.
Torres de celular ficam sobrecarregadas e inutilizáveis quase imediatamente em qualquer emergência. Tradicionalmente, energia e TI são os dois primeiros sistemas a falhar ou ficar indisponíveis em uma emergência. Se não há comunicação, não há resposta. Muitas organizações possuem produtos químicos no local. Mesmo os produtos químicos usados pela equipe de limpeza podem exigir que sua organização possua um Plano de Comunicação de Riscos.
Problemas com planos de emergência são comuns, mas podem ser evitados com a devida diligência, formação adequada e investimento em práticas de segurança e planejamento. Não é apenas sobre cumprir regulamentos, mas sobre garantir a segurança e o bem-estar de todos no local de trabalho.
Qual é o impacto para uma organização despreparada?
Segundo estudo da Câmara de Comércio de Londres, 78% das empresas que sofrem uma catástrofe sem um plano de contingência fecham em até dois anos. Das empresas que não conseguem retomar as operações dentro de cinco dias após um desastre, 90% fecham em até um ano. Eis algumas etapas e considerações para gestores de edificações na prevenção e resposta a inundações:
Avaliação de risco e planejamento prévio:
- Identificar áreas propensas a inundações no território;
- Avaliar a vulnerabilidade das edificações e infraestrutura nessas áreas;
- Criar um plano de contingência que identifique rotas de evacuação, áreas seguras e procedimentos de comunicação.
Infraestrutura e design:
- Considerar áreas de estacionamento das edificações em zonas propensas a inundações;
- Uso de materiais resistentes à água para pisos, paredes e instalações;
- Implementação de barreiras físicas como diques, muros de contenção e sistemas de bombeamento.
Educação e treinamento:
- Treinar os funcionários e usuários das edificações sobre como agir durante uma inundação;
- Realizar simulações periódicas para garantir que todos saibam o que fazer em caso de emergência.
Sistemas de alerta e comunicação:
- Estabelecer sistemas de alerta precoce para antecipar inundações;
- Garantir uma linha de comunicação clara e eficaz durante a crise.
Resposta durante a inundação:
- Evacuar áreas em risco assim que a ameaça for identificada;
- Desligar eletricidade e gás para prevenir incêndios ou explosões;
- Evitar entrar em águas de inundação, pois podem esconder perigos submersos ou estar contaminadas.
Recuperação pós-inundação:
- Avaliar danos à edificação e determinar se é seguro retornar;
- Limpar e desinfetar áreas afetadas para prevenir problemas de saúde;
- Revisar e atualizar o plano de contingência com base nas experiências adquiridas.
Incorporação de soluções baseadas na natureza:
- Considerar a incorporação de soluções baseadas na natureza em planos urbanísticos e de construção, como áreas de expansão de água, reflorestamento e renaturalização de rios, que podem ajudar a reduzir o impacto das inundações.
Os gestores podem buscar orientações específicas de organizações locais e territoriais que lidam com desastres naturais. Além disso, é benéfico estudar casos de sucesso de outras regiões ou cidades que enfrentaram desafios semelhantes e aprender com suas estratégias e soluções. O inverno ainda não acabou, mas uma onda de calor intenso já atinge o Sudeste. Além disso, no começo de setembro, um ciclone passou pelo RS, trazendo chuvas intensas que resultaram em mortes, destruição, enchentes e centenas de desabrigados. Apenas um único exemplo de umas das consequências, nas regiões mais afetadas, já não há moradias disponíveis para locação.
Por fim, a preparação adequada para inundações é vital não apenas para a continuidade dos negócios, mas, acima de tudo, para a segurança e bem-estar de todos os envolvidos. Investir em prevenção, treinamento e infraestrutura adequada pode salvar vidas e reduzir significativamente os prejuízos financeiros e operacionais.