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Qual é a corda bamba do ESG?

George Barcat, especialista em Ética Empresarial e Compliance, reflete sobre a relação entre trade-offs e o processo decisório do ESG.

Por George Barcat

Qual é a corda bamba do ESG?

De meu ponto de vista,  o processo decisório é, justamente, a corda bamba do ESG. Explico.

Vários outros assuntos do mundo empresarial são decididos sobre bases mais estáveis e seguras; com o ESG isso ainda não acontece. De modo geral as organizações ainda não estão confortáveis com o ESG, basta ver que muitas delas:
- Ainda não absorveram plenamente o conceito e os propósitos do ESG. Há numerosas dúvidas e até confusão, inclusive nas relações entre ESG, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável;
- Não têm um discurso próprio – ainda não se posicionam com personalidade – sobre as questões climáticas, ambientais, sociais, financeiras e econômicas; geralmente, para não correr riscos de imagem e outros, as organizações se limitam aos clichês e obviedades que circulam na mídia, etc;
- Realizam ações e projetos ad hoc (aquelas que são criadas rapidamente e de forma quase improvisada, sem uso de uma metodologia, planejamento de longo prazo, indicadores...) relativos aos temas sociais e ambientais. Não é raro que tais iniciativas sejam escolhidas pelo que dá maior “Ibope”, de novo, na mídia etc. e acabam se assemelhando mais a uma “pescaria” do que a uma “construção”;
- Seus Relatórios de Sustentabilidade colocam foco excessivo nos impactos e aspectos positivos (“douram a pílula”; greenwashing) e, por isso, são vistos como “peças de marketing”; seus indicadores são baseados em muitos frameworks, o que, ao invés de gerar clareza, geram dificuldades para os analistas e até inconsistências; há falta de metas ambiciosas ou quantificação precisa; falta de monitoramento continuado e tempestivo; dificuldade de averiguação ou asseguração; e, sobretudo, falta de engajamento real de stakeholders;
- Ainda não sabem onde colocá-lo: estratégia, compliance, QSSMA ou distribuí-lo em várias áreas;
- Têm muita dificuldade para harmonizar a enorme quantidade de temas, frameworks, regulamentos e práticas do ESG e, por isso, os tratam separadamente o que aumenta os custos e diminui a eficiência das ações projetos.

Qual é a corda bamba do ESG?

Arte: InfraFM


Estas são algumas das razões que tornam “bambos” os processos decisórios relativos ao ESG, mas aquela que julgo a principal é a seguinte:
“As decisões relativas aos ESG colocam os administradores/as em papos de aranha e, no caso, as aranhas são os trade-offs”.
  
O termo trade-off  se refere à escolha entre duas opções mutuamente exclusivas, ou seja, ao escolher uma, necessariamente temos de renunciar à outra. Exemplo típico: curto prazo vs. longo prazo. Compro agora o carro ou junto dinheiro para não pagar juros? Distribuo dividendos ou uso parte do lucro que seria distribuído para acelerar a troca do uso de combustíveis fosseis por energia limpa?

Em suma, os trade-offs transformam o processo decisório do ESG em uma corda bamba porque envolvem os administradores/as em situações perde-e-ganha que, como sabemos, sempre são bastante difíceis e até dolorosas. 

Este artigo faz parte de pequena série de quatro artigos que, em conjunto, apresentarão um método de incorporação do ESG aos processos decisórios da organização.

Pois bem:
- No Artigo 2, descreveremos os alicerces e a estrutura do método mencionado no primeiro parágrafo e cujo propósito é auxiliar administradores/as na travessia da corda bamba;
- No Artigo 3, mostraremos como se pode usar os ensinamentos da Ética empresarial e da Ética filosófica para equacionar os trade-offs relativos ao ESG e ao Desenvolvimento Sustentável;
- No Artigo 4, descreveremos o arcabouço de um cockpit corporativo que, entre outras ferramentas, inclui um dashboard com várias facetas que amparam os administradores/as na técnica de concatenar os temas ESG visando a compreensão do todo.


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