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OpenBlue Sustainability Experience e COP30

IA, eficiência energética e financiamento climático vão ditar o ritmo da descarbonização

Por Léa Lobo

 IA, eficiência e financiamento climático vão ditar o ritmo da descarbonização

Foto: Divulgação


São Paulo recebeu, em 6/11, uma prévia do que a COP30 deverá colocar sob holofotes: ação concreta. A Johnson Controls, em parceria com a Microsoft, realizou o OpenBlue Sustainability Experience, fórum que reuniu líderes de energia, tecnologia, varejo, finanças e infraestrutura para discutir como a América Latina pode acelerar a descarbonização até 2030 e 2050, e não apenas prometer.

Desde a abertura, feita por Adhemar Liza, gerente-geral da Johnson Controls Brasil, e Santiago Echeveste, vice-presidente de Operações da Johnson Controls na América Latina, o tom foi direto: eficiência energética, inteligência artificial e modelos de financiamento não são mais tendências, são mandatórios. Echeveste lembrou que 40% da energia consumida no mundo vem de edifícios, o que posiciona o setor como protagonista (ou vilão) da corrida climática. “Temos tecnologia para reduzir isso. Se prédios são um dos maiores emissores, também podem ser os heróis”, resumiu.

João Paulo Oliveira, Diretor de Soluções Digitais e Crescimento de Serviços Latam da Johnson Controls, conduziu os debates com uma provocação que ecoou pelos dois painéis: “descarbonização é estratégia de negócio, não é filantropia ambiental.”

Painel 1

IA, eficiência energética e financiamento climático vão ditar o ritmo da descarbonização

Foto: Divulgação


No primeiro painel, dedicado às tecnologias capazes de acelerar a agenda de 2050, Virginia Feitosa (Axia/Eletrobras) apresentou o plano da companhia para usar hidrogênio verde em setores difíceis de descarbonizar, como siderurgia e cimento, e para reduzir emissões em portos com sistemas de “shore power”, permitindo que embarcações desliguem geradores a diesel durante a atracagem. Segundo ela, o Brasil tem uma “jóia escondida”: 44 GW de energia hidráulica gerada 24x7, o que torna a produção de hidrogênio verde não apenas possível, mas competitiva.

Mário Alves de Oliveira, Diretor Executivo da Allos, foi cirúrgico: descarbonização só se sustenta quando se paga. Mostrou projetos reais em shoppings do grupo, como o carport solar no Parque Dom Pedro, em Campinas, que alimenta carregadores elétricos e injeta excedente na rede, e o retrofit do Shopping da Bahia, que vai eliminar uma usina de cogeração a gás e evitar mais de 10 mil toneladas de CO₂. “Para nós, descarbonização é eficiência. Todo projeto precisa ter retorno financeiro. Se não tem, não vira”, afirmou.

Gabriel Frasson, CEO da Mitsidi, reforçou que já existe convergência entre setores público, privado e energético, porém “cada um falando com um sotaque diferente”. Para ele, eficiência energética finalmente entrou no centro da pauta. Não é moda. É o que libera capacidade para a IA e reduz custos operacionais imediatamente.

O debate ficou ainda mais direto com Ricardo Bussy, da Johnson Controls, ao falar de regulação e governança: o Brasil precisa de estabilidade regulatória, taxonomia sustentável clara e políticas que incentivem investimentos de longo prazo. Sem previsibilidade, não há escala.

Painel 2

IA, eficiência energética e financiamento climático vão ditar o ritmo da descarbonização

Foto: Divulgação


O segundo painel, com perspectiva global, trouxe Katie McGinty (VP global de Sustentabilidade da Johnson Controls), Felipe Bottini (Accenture), Isabelle Millat (Barclays Europe) e Márcio Gonçalves (Microsoft). McGinty foi enfática: “Se você não está liderando clima, está queimando dinheiro.” Ao mostrar o caso de um hospital no Canadá, onde o uso da plataforma digital OpenBlue aumentou em 32% a eficiência energética apenas ajustando o edifício em tempo real com inteligência artificial, ela lembrou que IA sem eficiência energética é apenas desperdício acelerado.

Felipe Bottini, que chegou da COP em Belém um dia antes do evento, destacou que a agenda climática hoje não sofre de falta de informação: sofre de falta de incentivos alinhados. Ele reforçou a urgência da regulamentação do mercado brasileiro de carbono. “Para o investidor, incerteza custa caro. Para o planeta, custa ainda mais.”

Isabelle Millat trouxe o ponto de vista financeiro: blended finance, fundos de transição e instrumentos como o EcoInvest podem destravar investimentos de larga escala, desde que as empresas apresentem planos de transição críveis. “Cada dólar investido em resiliência evita dez dólares de prejuízo”, afirmou.

Já Márcio Gonçalves, da Microsoft, conectou IA e descarbonização: a empresa quer treinar 5 milhões de pessoas no Brasil em três anos, ampliar data centers no país e operar com carbono negativo, água positiva e resíduo zero. E deixou uma reflexão estratégica: as empresas que se anteciparem à regulação ganharão vantagem competitiva global.

Por fim, o evento deixou claro que a descarbonização deixou de ser discurso ESG para virar decisão executiva. IA será a grande aceleradora, desde que acompanhada de eficiência energética. Retrofit, automação, digitalização, dados e modelos de financiamento correto formam o combo que permite investir sem depender de subsídio. E, num momento em que a COP30 promete discutir implementação, não mais promessas, São Paulo enviou seu recado: quem medir, automatizar e se financiar bem terá futuro. Quem não fizer, vai pagar mais caro.


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