Por Léa Lobo

Eduardo Catalani Braga tinha apenas 22 anos quando abriu seu primeiro negócio: um quiosque de dois metros quadrados, onde ele mesmo colocava a mão na massa. Mais de duas décadas depois, ele lidera a Keepee, uma empresa especializada em Facilities Services com presença nos setores corporativo, industrial, varejista e logístico. Mas o que torna essa história digna de destaque não é apenas o crescimento — e sim a maneira como Eduardo transformou um setor tradicionalmente visto como operacional em uma experiência gerencial e digitalizada.

Durante anos, a empresa anterior de Eduardo, a São Bento Engenharia, atuou em obras para grandes marcas como Panamericano, Grupo Boticário e Unibanco. Mas, como ele mesmo conta, a manutenção parecia “dor de cabeça e ticket baixo”. Isso mudou em 2016, quando a crise econômica derrubou o varejo e escancarou a importância de ter receita recorrente e previsível. A manutenção preventiva e corretiva, até então subvalorizada, ganhou protagonismo.

Em 2020, nasce a Keepee, com foco claro: manutenção e gerenciamento de facilities. E mais do que isso, nasce com uma estrutura digital que vinha sendo silenciosamente desenvolvida há quase duas décadas. “Comecei com uma ferramenta em Access, porque os softwares de engenharia eram caros e engessados. Hoje, temos uma solução em nuvem, integrada e inteligente”, explica.

A Keepee se diferencia por unir três frentes em uma só entrega: software de gestão, gerenciadora de serviços e equipe própria de manutenção. O cliente contrata a solução e recebe um pacote completo, com acompanhamento digital em tempo real. “Nosso software brilha os olhos do cliente. É o que abre portas. Mas o que fideliza é a forma como a gente trata o prestador, o técnico, o homem do campo”, afirma Eduardo.

A filosofia é clara: dar um “banho de loja” no prestador independente, oferecendo processos, sistema, emissão de nota fiscal pelo app e agenda automatizada. “Tem técnico bom que não sabe lidar com tecnologia. A gente entra com o back-office para ajudar. Não é só KPI: é gente de verdade que está lá na ponta.”

Hoje, a Keepee atende cerca de 300 pontos de manutenção e acaba de conquistar um contrato com 88 CDs da Shopee. Também atende nomes como Mercado Livre e UPS. E o futuro já chegou: a empresa prepara sua transição de físico-digital para digital-físico, atuando como um verdadeiro marketplace de serviços, voltado para prestadores e tomadores.

Eduardo vê o momento como estratégico para mudar a percepção sobre o setor. “O cliente ainda enxerga a gente como mantenedora, mas queremos que ele nos veja como uma empresa de gerenciamento com inteligência. Um produto digital com entrega física, e não o contrário”, finaliza.