Palestra 99
 

Qual é a corda bamba do ESG?

George Barcat, especialista em Ética Empresarial e Compliance, reflete sobre a relação entre trade-offs e o processo decisório do ESG.

Por George Barcat

Qual é a corda bamba do ESG?

De meu ponto de vista,  o processo decisório é, justamente, a corda bamba do ESG. Explico.

Vários outros assuntos do mundo empresarial são decididos sobre bases mais estáveis e seguras; com o ESG isso ainda não acontece. De modo geral as organizações ainda não estão confortáveis com o ESG, basta ver que muitas delas:
- Ainda não absorveram plenamente o conceito e os propósitos do ESG. Há numerosas dúvidas e até confusão, inclusive nas relações entre ESG, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável;
- Não têm um discurso próprio – ainda não se posicionam com personalidade – sobre as questões climáticas, ambientais, sociais, financeiras e econômicas; geralmente, para não correr riscos de imagem e outros, as organizações se limitam aos clichês e obviedades que circulam na mídia, etc;
- Realizam ações e projetos ad hoc (aquelas que são criadas rapidamente e de forma quase improvisada, sem uso de uma metodologia, planejamento de longo prazo, indicadores...) relativos aos temas sociais e ambientais. Não é raro que tais iniciativas sejam escolhidas pelo que dá maior “Ibope”, de novo, na mídia etc. e acabam se assemelhando mais a uma “pescaria” do que a uma “construção”;
- Seus Relatórios de Sustentabilidade colocam foco excessivo nos impactos e aspectos positivos (“douram a pílula”; greenwashing) e, por isso, são vistos como “peças de marketing”; seus indicadores são baseados em muitos frameworks, o que, ao invés de gerar clareza, geram dificuldades para os analistas e até inconsistências; há falta de metas ambiciosas ou quantificação precisa; falta de monitoramento continuado e tempestivo; dificuldade de averiguação ou asseguração; e, sobretudo, falta de engajamento real de stakeholders;
- Ainda não sabem onde colocá-lo: estratégia, compliance, QSSMA ou distribuí-lo em várias áreas;
- Têm muita dificuldade para harmonizar a enorme quantidade de temas, frameworks, regulamentos e práticas do ESG e, por isso, os tratam separadamente o que aumenta os custos e diminui a eficiência das ações projetos.

Qual é a corda bamba do ESG?

Arte: InfraFM


Estas são algumas das razões que tornam “bambos” os processos decisórios relativos ao ESG, mas aquela que julgo a principal é a seguinte:
“As decisões relativas aos ESG colocam os administradores/as em papos de aranha e, no caso, as aranhas são os trade-offs”.
  
O termo trade-off  se refere à escolha entre duas opções mutuamente exclusivas, ou seja, ao escolher uma, necessariamente temos de renunciar à outra. Exemplo típico: curto prazo vs. longo prazo. Compro agora o carro ou junto dinheiro para não pagar juros? Distribuo dividendos ou uso parte do lucro que seria distribuído para acelerar a troca do uso de combustíveis fosseis por energia limpa?

Em suma, os trade-offs transformam o processo decisório do ESG em uma corda bamba porque envolvem os administradores/as em situações perde-e-ganha que, como sabemos, sempre são bastante difíceis e até dolorosas. 

Este artigo faz parte de pequena série de quatro artigos que, em conjunto, apresentarão um método de incorporação do ESG aos processos decisórios da organização.

Pois bem:
- No Artigo 2, descreveremos os alicerces e a estrutura do método mencionado no primeiro parágrafo e cujo propósito é auxiliar administradores/as na travessia da corda bamba;
- No Artigo 3, mostraremos como se pode usar os ensinamentos da Ética empresarial e da Ética filosófica para equacionar os trade-offs relativos ao ESG e ao Desenvolvimento Sustentável;
- No Artigo 4, descreveremos o arcabouço de um cockpit corporativo que, entre outras ferramentas, inclui um dashboard com várias facetas que amparam os administradores/as na técnica de concatenar os temas ESG visando a compreensão do todo.


Veja também

Conteúdos que gostaríamos de sugerir para a sua leitura.

Envie os nossos conteúdos por e-mail. Utilize o formulário abaixo e compartilhe os link deste conteúdo com outros profissionais. Aproveite e escreve uma mensagem bacana.

Faça uma busca


Palestra SMACNA

Mais lidas da semana

Operações

Padrões da qualidade do ar: o que muda com redefinição da ABNT?

Saiba como atualizações impactam bem-estar em ambientes climatizados.

Mercado

Com 26 anos de experiência, Jani Oliveira é a nova FM da Rumo

Profissional foi responsável por apoiar estruturação da área de FM da Heineken no Brasil.

Operações

Como GLP no Brasil inovou na gestão de parques logísticos

Rômulo Otoni, Diretor de Operações da GLP no Brasil, discute desafios, avanços tecnológicos e práticas sustentáveis que impulsionam a liderança da empresa no mercado logístico.

Operações

Qual é a importância de ESG na Limpeza Profissional?

Entenda a evolução da agenda ESG no mercado e como implementar práticas sustentáveis em artigo exclusivo de Ricardo Vacaro.

Sugestões da Redação

Revista InfraFM

Repensar a gestão das instalações de trabalho

Tendências inovadoras e sustentáveis se destacam na pesquisa da Aramark, que traz as transformações no Gerenciamento de Facilities em 2024.

Revista InfraFM

Maior encontro de FM da América Latina: do invisível ao indispensável

InfraFM realizou quatro encontros em evento único, com mais de 5,5 mil participantes.

Revista InfraFM

Insights das palestras do 19º Congresso InfraFM

Acompanhe um resumo das palestras e explore as inovações sustentáveis e estratégias avançadas no campo do Facilities Management.

Revista InfraFM

Inovações que transformam foram cases de sucesso dos expositores

Nas Arenas Soluções para FM, foram apresentados conteúdos com cases de sucesso dos expositores, que destacaram serviços, tecnologias e pessoas.

 
Dúvidas sobre os EVENTOS?
Fale com a nossa equipe pelo WhatsAPP