Flavia Knoploch
 

Bienal do Lixo de São Paulo impacta cerca de 15 mil pessoas

Evento reuniu exposição de artes produzidas com diversidade de materiais

A 1° edição da Bienal do Lixo de São Paulo chegou ao fim no último domingo, dia 5 de junho, no Parque Villa-Lobos, zona oeste de São Paulo. O projeto cultural, que teve como fio condutor dialogar as relações do homem com o meio ambiente, recebeu cerca de 15 mil pessoas durante dez dias em um evento que contou com exposição de obras de arte feitas com material de descarte, intervenções artísticas, oficinas, mostra de cinema, palestras e painéis. Todas as atividades foram gratuitas e acessíveis para pessoas com deficiências. O sucesso foi tanto que a organização já anunciou a realização da Bienal do Lixo, em 2023, em Brasília, Rio de Janeiro e Salvador. E, em 2024, o projeto retorna à capital paulista.

Segundo Rita Reis, diretora-executiva da Bienal do Lixo, a proposta do evento foi de levar, por meio da arte e da cultura, novos olhares e abordagens sobre os principais desafios para a preservação ambiental, expandindo os diálogos junto à sociedade e todos os setores: público, privado e instituições não governamentais. "Tivemos essa primeira experiência que foi um sucesso de público. Agora queremos ampliar o diálogo e a reflexão sobre a importância que é falar sobre esse tema, levando o evento para outras capitais", diz.

"Essa reflexão da transformação do lixo, leva a outro questionamento: "o lixo é o final ou é o início de tudo?", questiona Mário Farias, diretor de novos negócios da Bienal do Lixo, propondo uma reflexão sobre a reciclagem e o papel do lixo, já que o Brasil perde quase R$17milhões por não reciclar. "Então, é uma transformação e evolução de todo mundo. É uma causa nobre para o planeta e para as pessoas também", conclui.

A Bienal do Lixo foi inspirada em uma corrente artística mundial e mostrou que é possível incluir o meio ambiente em suas criações e promover a conscientização sobre a preservação do planeta. O evento foi um projeto realizado pela Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo juntamente com as agências culturais La Mela e Usina, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O evento ocupou uma área de 3 mil m² no Parque Villa-Lobos, onde foram instaladas obras de artistas que utilizam material de descarte como base para seu trabalho, provando que é possível transformar lixo em arte. Dentre os artistas escolhidos estiveram Bordalo II, Ca Cau, Jota Azevedo, Carmem Seibert, Jorge Solyano, Rafael Zaca, Valter Nu, Leo Piló, Afonso Campos, Ubiratan Fernandes e Luê Andradde.

Na arena, seis domos de 78m² de empresas patrocinadoras como Unilever, Irani Papel e Embalagem, Ibema e Klabin puderam dividir com o público visitante suas vertentes e conscientização sobre a sustentabilidade. "Somos a maior recicladora de papéis do Brasil e estamos sempre em busca de iniciativas e parcerias que nos auxiliem a evoluir nessa temática e a Bienal do Lixo veio ao encontro dessa necessidade. É extremamente importante ampliarmos a discussão em torno do assunto, difundindo informações relevantes e conscientizando cada vez mais pessoas sobre a importância da correta destinação de resíduos", comenta Francisco Razzolini, Diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade e Projetos da Klabin.

Para o diretor-presidente da Irani Papel e Embalagem, o saldo foi positivo, já que o propósito era levar conscientização para as pessoas.  "Foi uma ação muito importante e positiva. Tivemos a oportunidade de apresentar nosso modelo de negócio, falar sobre a sustentabilidade em nossa produção, a respeito da economia circular, mostrar detalhes das nossas florestas plantadas e como elas contribuem para a preservação do meio ambiente. Recebemos um público muito grande em nosso espaço ao longo dos dez dias e acreditamos que o nosso propósito inicial, que era transformar a vida das pessoas, foi alcançado. As ações promovidas, como as oficinas educativas com as crianças e o jogo interativo, os materiais informativos apresentados em nosso totem, além da doação de mudas de árvores e sementes de plantas, farão com que as pessoas repensem suas atitudes daqui em diante, e passem a buscar cada vez mais por soluções sustentáveis".

Pensar que a responsabilidade é somente do poder público e das empresas é um ledo engano. É necessário o engajamento de todas as esferas da sociedade, como frisa Marcelo Mason, Head de Sustentabilidade da Valgroup. "A 1° Bienal do Lixo para nós, foi um sucesso. Um evento muito importante para conscientizar a população em geral sobre a valorização dos resíduos e descarte corretos. Fica claro que muitas empresas estão investindo em circularidade de suas embalagens, em sustentabilidade no centro de seus modelos de negócio. Porém, o engajamento e envolvimento do público é essencial, independente do setor gerador do resíduo, seja ele plástico, papel, vidro ou alumínio. Precisamos trazer o consumidor para a conversa, para conscientização e educação ambiental. É fundamental para termos sucesso nesta jornada. Neste cenário, a Bienal do Lixo foi um sucesso e esperamos que o evento cresça cada vez mais nos próximos anos", completa.

Para Julio Guimarães, diretor comercial e de marketing da Ibema, outras marcas também enxergam a valoração dos resíduos. "Muito gratificante para nós termos participado da primeira edição da Bienal do Lixo. Um evento que aborda um tema extremamente relevante, de nível global e de grande impacto para a sociedade. É positivo estar com diversas outras marcas e agentes da cadeia que demonstram a importância da colaboração, da parceria e enxergar cada vez mais movimentos de valoração do resíduo e que tragam para um modelo de economia circular e de resíduo. Esperamos com muita ansiedade pela próxima edição e, com certeza, teremos uma série de novas práticas e realizações de movimentos como esse para apresentar num próximo evento", afirma.

A Unilever mostrou como a sustentabilidade se encaixa na estratégia comercial com a circularidade do plástico. "Ficamos muito felizes e orgulhosos por apoiar e fazer parte da primeira edição da Bienal do Lixo. Temos como propósito tornar a sustentabilidade algo comum na vida das pessoas e a Bienal vem a este encontro, trazendo a arte como protagonista de todo o processo, além de inovar em ideias e iniciativas. Em nosso estande, ou domo, como ficou conhecido, trouxemos atividades que proporcionaram ao público visitante mais interação com a circularidade do plástico, além de participarmos de painéis importantes sobre o tema e como o incorporamos ao nosso dia a dia. O evento foi de grande aprendizado para todos e acreditamos que são projetos assim, que buscam trazer novas ideias para influenciar hábitos mais sustentáveis, que impulsionam grandes transformações na sociedade",  avalia Suelma Rosa, Head de Assuntos Corporativos, Relações Governamentais e Sustentabilidade da Unilever.

Para Valéria Michel, diretora de Sustentabilidade da Tetra Pak Brasil e Cone Sul, participar da Bienal é gerar conhecimento ao público. "Foi uma ótima oportunidade de transmitir ao público geral como a conscientização socioambiental é transformadora. Um espaço que reuniu grandes marcas e pôde gerar conhecimento sobre a importância da colaboração de diferentes atores em prol da sustentabilidade", enfatiza.

Além disso, durante três dias, a Mostra de Cinema exibiu 18 produções de média e curta-metragens, documentários e vídeos sobre arte, meio ambiente e sustentabilidade. A Bienal do Lixo também promoveu Oficinas de arte, como a "Oficina com toys reciclados', conduzida pelo artista recifense Jota Azevedo, e a "Oficina de Cataventos", conduzida por Léo Piló, artista mineiro. Os dois também participaram do evento expondo suas obras de arte feitas com material de descarte.

Oito Painéis de Diálogos abordaram temas como logística reversa, economia circular, consumo consciente, educação ambiental, energias renováveis, gestão de resíduos dentre outros temas, com a participação de artistas, agentes culturais, autoridades, jornalistas, cientistas, empresas, profissionais da área e ambientalistas. "Quem vive em cidades nem sempre se dá conta que as suas opções no dia a dia, aquilo que consome, os resíduos que gera, comprometem a capacidade do planeta Terra de repor todos os materiais, energias e comodidades necessárias para sustentar os seus habitantes e suas dinâmicas. Promover a sensibilização para as questões ambientais através da Bienal do Lixo traz a consequente reflexão das relações entre os ecossistemas urbanos e os sistemas naturais. Faço minhas as palavras de Gringo Cardia: A arte transforma a percepção das pessoas e permite assim que você entre no assunto através da sua sensibilização", diz Arlinda Cézar, presidente do Instituto Venturi Para Estudos Ambientais e Coordenadora do Fórum Internacional de Resíduos Sólidos.

Para Lucas Feltre, diretor administrativo-financeiro da Loga, "esta primeira edição foi um grande instrumento educacional para a população. Proporcionou cultura, educação ambiental e, principalmente, conscientização em relação à forma que consumimos no mundo atual. Parabéns aos organizadores e que tenhamos uma nova edição deste evento de sucesso", celebrou.

Foto: Divulgação.


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Karina Spinelli

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