Lars Falbe-Hansen, o visionário dinamarquês e presidente do
Grupo Vikings, tem uma firme crença: “Empresas que não inovam, não têm lucro ou não crescem estão destinadas ao declínio”. Lars, com uma trajetória singular, desafia conceitos e mostra que é possível prosperar mesmo em tempos de crise.
Originário de uma família com tradição naval, Lars optou pelo velejar ao invés de seguir o legado familiar. Com raízes em Copenhagen, desde criança destacou-se pela independência - um reflexo da cultura dinamarquesa. Sua paixão pelo velejar se materializou em 1997, quando comprou seu primeiro veleiro. Mas seu talento não se restringe ao mar, ele é também um habilidoso chef, com especialidade em pratos franceses e italianos.
Sua determinação e energia parecem inesgotáveis. Ele se divide entre suas paixões e negócios. Lars acredita que estagnação é sinônimo de declínio e, para manter-se ativo, pratica ginástica regularmente. Ele é multifacetado, sendo velejador, cozinheiro, empresário e atleta, exibindo um espírito incansável e versátil.
Iniciando sua carreira no jornal O Estado de São Paulo em 1968, Hansen foi pioneiro ao introduzir tecnologias avançadas da época. Ascendeu profissionalmente, chegando à presidência da multinacional ISS no Brasil e, mais tarde, ao cargo de vice-presidente mundial. Em 1992, juntou-se a Peter Graber para fundar a Graber Segurança, referência no segmento. Seu tino empresarial se fez evidente novamente em 1996, com a fundação da Vikings, que floresceu em 2009. Mesmo com desafios econômicos e a pandemia, Lars não cessou de inovar, voltando-se para a Limpeza Técnica de Desinfecção em ambientes corporativos.
“Crises globais oferecem aprendizados em diversas esferas”, diz Lars. Ele acredita que empresas resilientes são pilares na manutenção da empregabilidade e recuperação econômica. Em 2020, em vez de se aposentar, lançou a Odin Segurança. Dessa forma, agora o Grupo Vikings amplia sua atuação e se firma como uma inovadora empresa de Facilities Services e Segurança.
Quando avalia os caminhos que o segmento de segurança trilhou no nosso país, ele não hesita em afirmar que não são dos melhores. Ao contrário, segundo ele, o Brasil restringe a segurança a serviços específicos de vigilância e segurança patrimonial. Para ele, até a vigilância, atualmente, passa por transformações significativas. Cuidar de pessoas, patrimônios, produtos e marcas exige preparo técnico, tecnológico e de inteligência. É vital trabalhar na prevenção para desestimular invasões, atuar na manutenção do patrimônio, possuir informação atualizada e aplicar detecção com estratégia e tecnologia. Isso contribui para o sucesso em momentos de intervenção necessária. Segundo Lars, o treinamento para evitar pânico em uma situação de estresse é tão vital quanto possuir os melhores equipamentos de monitoramento.
Para empresas que, neste momento, não conseguem criar um negócio, Lars sugere estabelecer novos parâmetros de atuação ou de atendimento para os já existentes. Encontrar algo que impulsione e motive os colaboradores pode refletir em um aumento no faturamento, levando a empresa a crescer rapidamente. Uma mudança nos processos pode assegurar a saúde financeira do negócio. Estabelecer novas metodologias pode garantir resultados e manter os clientes satisfeitos. E é dessa forma que mantém seus negócios altivos.
No segmento de Facilities Services, Lars destaca que muitos compradores se focam excessivamente no preço, negligenciando a qualidade. Ele sempre lembra de um ditado: “O doce sabor do preço baixo desaparece muito antes do amargo sabor da má qualidade”. Atualmente, os compradores enfrentam o desafio de adquirir serviços intangíveis, diferente de produtos tangíveis como parafusos. Entender isso exige uma visão mais abrangente e sensível.
Lars costuma fazer uma analogia: ao visitar a casa de uma italiana, talvez a limpeza não seja prioridade, mas a comida é primorosa. Na casa de uma alemã a prioridade é inversa, a limpeza é impecável. A forma de adquirir serviços mudou. Antes, o usuário era o comprador do serviço. Agora, é o comprador focado frequentemente em reduzir custos, muitas vezes comprometendo a qualidade.
Analisando o passado, muitos acreditavam que o mercado de prestação de serviços era rudimentar. Contudo, ele evoluiu consideravelmente. O desafio atual reside em como os contratantes percebem e valorizam tais serviços. A limpeza, hoje, é um dos serviços mais terceirizados e é essencial que seja percebida como de grande valor e relevância para a saúde e bem-estar das pessoas em ambientes de trabalho.
Lars observou que empresas devem evoluir constantemente. “Tenho algumas premissas: uma empresa que não cresce, morre; que não tem lucro, morre; e que não inova, também morre. Recentemente, acrescentei: empresas que não atendem e não cuidam de pessoas, também morrem”, ressalta.
Completa que o movimento ESG tem crescido e muitas empresas exigem diversidade nos contratos, o que é louvável, mas deve ser alinhado com os valores e expectativas de qualidade. É necessário entender e valorizar a diversidade em sua essência. “No exterior, vi que muitos brasileiros, especialmente do Nordeste, realizam trabalhos de limpeza e são altamente produtivos. Aqui, no Brasil, ao contrário ainda enfrentamos desafios na contratação de serviços, com foco na quantidade e não na qualidade. Precisamos mudar essa visão e valorizar mais a produtividade e o desempenho. É preciso investir no potencial brasileiro, oferecer melhores condições e incentivar a ascensão social”, declara.
Quanto a atual conjuntura política e econômica Lars pontua que há desafios, mas que ele está cautelosamente otimista, lembrando que é essencial que haja responsabilidade fiscal e uma gestão centrada nas pessoas e na eficiência. E é isso que ele espera, uma gestão que valorize e invista na essência do povo brasileiro. Do outro lado, e refletindo sobre a nossa atual situação socioeconômica, percebe que muitos profissionais parecem estar contentes em receber um auxílio do governo. “Isso tem consequências para a produtividade e motivação para trabalhar. Em algumas comunidades que conheci na Bahia, a vida era simples, mas havia alegria. As necessidades básicas eram atendidas, mas isso pode impedir um desenvolvimento maior”, pontua.
Por fim Lars pontua que para melhorar a situação da prestação de serviços especializados, precisamos focar na produtividade e qualidade dos serviços. “Não basta apenas realizar o trabalho, é preciso medir a satisfação do cliente e garantir que estejamos entregando valor. Entregar valor e confiança é o que mais importa. Em algumas áreas, mesmo quando a qualidade do trabalho não é perfeita, um excelente atendimento ao cliente pode fazer toda a diferença!”, finalizou.