Diversidade de ideias no 10º Fórum InfraFM Hospitais & Ambientes de Saúde

Evento abordou sustentabilidade, cases de sucesso, otimização de gestão e outros temas em voga no setor.

Por Léa Lobo

Diversidade de ideias no 10º Fórum InfraFM Hospitais & Ambientes de Saúde

Foto: Divulgação

Mais de 100 profissionais se reuniram nos dias 13 e 14 de agosto para elevar o setor hospitalar. O 10º Fórum InfraFM Hospitais & Ambientes de Saúde promoveu um encontro de alto nível entre empresas e profissionais de Facilities Management, com foco específico em sustentabilidade, gestão e inovação.

Além das habituais visitas técnicas, os participantes puderam usufruir de palestras ministradas por verdadeiros vanguardistas, assim como de um networking de qualidade única, tanto com outros profissionais quanto com empresas prontas para firmar parcerias.

A realização do evento foi possível graças aos nossos parceiros que incentivam a disseminação de conteúdo para FM. São eles: Branco Branco, Bona, Grupo Paineiras, Guima Conseco, John Richard, Lady, marQ Consult, Midea Carrier, Schneider Electric, Sodiê Doces e TROX. Acompanhe a seguir uma síntese das visitas técnicas e das palestras:

VISITAS TÉCNICAS

No dia 13, foram realizadas visitas técnicas à sede do HCor, um dos pilares da saúde brasileira, onde os visitantes tiveram o privilégio de conferir in loco a infraestrutura modernizada do ambiente, bem como o projeto de meio ambiente da instituição. Também houve uma visita à LESS para entender a fundo a ideia de limpeza sustentável, que combina o conceito minimalista da instituição com sustentabilidade em um sentido amplo.

PALESTRAS

Durante o dia de palestras, foram discutidos os temas mais relevantes do mercado hospitalar brasileiro, como: ESG para gestão hospitalar; como utilizar a gestão de descarte de veículos no relatório de sustentabilidade da sua unidade; soluções digitais na gestão de Facilities; comunicação estratégica para gestão integrada de Facilities em ambientes de saúde; a importância da estruturação de um Centro de Serviços Compartilhados; designs arquitetônicos voltados para o bem-estar de pacientes; a importância e como implementar varejo em operações hospitalares; e como evitar erros na contratação de terceiros. Acompanhe agora os principais insights das palestras:

ESG para que Unidades Hospitalares funcionem do jeito certo 

Roldo Goi Junior, executivo com vasta experiência em Gestão de Negócios e ESG na Integrow, abordou a importância de refletir sobre conceitos estabelecidos, como o ESG (Environmental, Social, Governance). Apesar de ser amplamente discutido atualmente, a sustentabilidade não é um tema novo. Ao longo do tempo, termos como ESG acabam sendo tratados de forma superficial, o que pode desviar o foco de seu verdadeiro propósito. ESG, além de questões ambientais, envolve o social e a governança, áreas interdependentes que há décadas já recebiam atenção em diversas organizações. O desafio atual é assegurar que essas práticas sejam integradas de maneira genuína e eficaz, evitando a mera “fala sem ação”.

O palestrante também ressaltou que a adoção dessas práticas enfrenta obstáculos, especialmente quando implementadas mais por conveniência do que por convicção. Muitas empresas se veem pressionadas por investidores ou regulamentações a adotar o ESG, o que pode resultar em uma abordagem superficial e pouco transformadora. Ele defendeu que a eficácia das iniciativas de ESG está diretamente ligada à participação de todos os colaboradores, desde o nível operacional até a liderança. É preciso promover um ambiente de inclusão e diálogo, onde os funcionários sintam que suas contribuições são valorizadas e impactam diretamente o sucesso da organização.

Resíduos hospitalares: do subsolo à bolsa de valores 

Vitor Silva, com 20 anos de experiência na área hospitalar, formado em Gestão de Tecnologia Ambiental e com MBA em Gestão de Processos e em Empreendedorismo e Inovação, destacou a importância da gestão operacional eficiente, especialmente no ambiente hospitalar. Ele enfatizou a relação direta entre atividades rotineiras, como o uso de sacos de lixo e o gerenciamento de enxovais, e o impacto financeiro e de sustentabilidade. Vitor utilizou o conceito de “galera do subsolo” para ilustrar o valor que os colaboradores operacionais, muitas vezes invisíveis, agregam às instituições, destacando que a eficiência dessas operações pode influenciar até indicadores financeiros relevantes para a Bolsa de Valores.

Além disso, Vitor relacionou essas atividades operacionais aos princípios de ESG, explicando como a sustentabilidade e a eficiência na gestão de resíduos hospitalares têm um papel fundamental nos relatórios de sustentabilidade, hoje essenciais para empresas listadas na Bolsa. Tecnologias como o uso de indução eletrostática para desinfecção e RFID para controle de enxovais são exemplos de inovações que não apenas otimizam processos, mas também contribuem para o cumprimento de metas ambientais e sociais. A palestra ressaltou que o sucesso na gestão dessas atividades pode impactar significativamente a reputação e avaliação de uma empresa no mercado financeiro.

Resultados da Gestão de Facilities Services com soluções digitais 

Domenico Caruso, da equipe de Desenvolvimento e Vendas, e Tatiana Malandrin, coordenadora do setor de operações hospitalares, ambos da marQ, enfatizaram a importância da digitalização e automação de processos operacionais em hospitais, especialmente no gerenciamento de resíduos e enxovais, para otimizar a eficiência e reduzir custos. Domenico discutiu como soluções digitais simples, fáceis de usar e acessíveis podem substituir processos manuais, como a digitação de planilhas, trazendo dados em tempo real e mais precisos. Além disso, essas ferramentas permitem uma gestão mais assertiva, como no caso dos coletores de resíduos que, com a ajuda da tecnologia, passam a fazer coletas apenas quando necessário, reduzindo esforço físico e melhorando sua qualidade de vida.

Outro ponto abordado foi a importância de dados confiáveis para a gestão, mostrando que, sem informações precisas, a tomada de decisões pode ser equivocada e ineficiente. Soluções como aplicativos para monitorar em tempo real a coleta de resíduos ou o uso de enxovais hospitalares facilitam o controle desses processos e proporcionam maior transparência e rastreabilidade. O impacto disso vai além da operação, afetando diretamente a sustentabilidade do hospital e sua conformidade com padrões ambientais e regulatórios, fundamentais para a credibilidade da instituição perante investidores e certificadoras.

Melhorando a gestão e a comunicação entre as equipes e os Facilities Services em prédios de saúde 

Lúcia Nunes, CEO da LN Comunicação, especializada em assessoria de imprensa, e Gilvane Lolato, gerente operacional da Organização Nacional de Acreditação (ONA) e coordenadora de vários cursos no IPOG e na ONA, abordaram a importância da comunicação eficaz nos ambientes hospitalares. Destacaram como a falta de clareza e coordenação entre os profissionais pode impactar negativamente a operação e, principalmente, a experiência e segurança dos pacientes. Estudos indicam que a má comunicação é responsável por um aumento significativo nos custos operacionais e pode levar a eventos adversos evitáveis, como infecções hospitalares e falhas no atendimento.

Além disso, a comunicação assertiva e uma cultura de pertencimento entre as equipes são apontadas como fatores fundamentais para o sucesso das operações hospitalares. Treinamentos direcionados, que envolvem desde técnicas de comunicação até simulações práticas, foram sugeridos para reforçar essa integração. A tecnologia e a inteligência artificial também são vistas como aliadas, permitindo que os profissionais tenham acesso a dados em tempo real para otimizar processos, melhorar a coordenação e garantir que cada colaborador tenha plena consciência de seu papel e da importância de suas ações no atendimento ao paciente.

Estruturando processos e criando um CSC para eficiência operacional em saúde 

Paula Vasconcelos Pereira, executiva de Projetos, Processos, Suprimentos, Facilities/Administrativa e Operações na Unimed Fortaleza, destacou a importância da eficiência operacional e da centralização de serviços na área de saúde, especialmente no contexto da Unimed Fortaleza. A cooperativa semi-verticalizada atende uma parte significativa da população de Fortaleza por meio de seus recursos próprios, incluindo hospitais e clínicas. Com o aumento dos custos assistenciais e a necessidade de incorporar novas tecnologias, é imperativo otimizar os processos internos para garantir a sustentabilidade e a qualidade do atendimento.

A implementação do Centro de Serviços Compartilhados (CSC) foi apresentada como uma solução eficaz, permitindo que tarefas administrativas sejam centralizadas e padronizadas, reduzindo desperdícios e aumentando a eficiência. Além disso, o uso de ferramentas digitais e a padronização dos processos foram fundamentais para alcançar resultados positivos, como a redução de custos e o aumento da produtividade.

A centralização de serviços como logística, atendimento e compras permitiu à Unimed Fortaleza uma gestão mais eficiente, resultando em economias consideráveis, como na logística de transporte e na padronização de medicamentos. A transformação digital, a revisão de processos e o envolvimento das pessoas foram aspectos-chave para o sucesso dessa estratégia, proporcionando maior agilidade e eficácia no atendimento aos pacientes.

Design e arquitetura para saúde: Como pensar espaços que curam 

Ana Carolina Cabral, sócia-diretora da BH ARQ e fundadora da BH EDUCA, destacou a importância de transformar ambientes de saúde em espaços que promovem a cura, ao invés de adoecer os pacientes. O ponto principal abordado foi a necessidade de integrar critérios que ativem os cinco sentidos — visão, audição, tato, olfato e paladar — para criar ambientes que ofereçam conforto e bem-estar. A arquitetura dos espaços hospitalares muitas vezes desconsidera aspectos fundamentais como a iluminação natural, a biossegurança, o controle de ruídos e o design que minimiza riscos de quedas, todos essenciais para melhorar a experiência e a recuperação dos pacientes.

A palestrante propôs uma mudança de paradigma na maneira como os ambientes de saúde são projetados, incentivando o uso de tecnologias e materiais que proporcionem conforto físico e mental. Áreas não críticas, como recepções e consultórios, têm a oportunidade de serem projetadas com mais flexibilidade, utilizando materiais texturizados, que, além de esteticamente agradáveis, oferecem conforto acústico e tátil. A proposta é que, ao considerar as necessidades sensoriais dos pacientes e trabalhar a integração dos sentidos no ambiente, seja possível reduzir o estresse, melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, acelerar o processo de cura.

A importância do varejo nas instalações hospitalares 

Lincoln Aragoni Gomes, diretor geral da R2H, empresa focada em Real Estate no Varejo Hospitalar, abordou a transformação dos ambientes hospitalares para oferecer conveniências e experiências similares às de shopping centers, com foco na desospitalização e no bem-estar dos pacientes, acompanhantes e funcionários. A ideia é criar um ambiente que vá além da simples prestação de serviços médicos, incorporando espaços que proporcionem experiências mais agradáveis e descontraídas, como cafeterias, lojas e serviços diversos. Isso não só melhora a experiência dos usuários, que muitas vezes estão em situações de estresse, mas também oferece novas fontes de receita para os hospitais, rompendo com a visão tradicional de que hospitais são locais apenas para tratamento de doenças.

O conceito apresentado demonstra como profissionais de Facility Management podem assumir um papel estratégico dentro das instituições hospitalares, ao desenvolver projetos que não apenas otimizam espaços, mas também geram receitas. Inspirado em exemplos de hospitais internacionais e no modelo de gestão de shopping centers, o palestrante sugeriu a criação de um “Master Plan” para identificar oportunidades de uso dos espaços e a implementação de conveniências que se alinhem ao perfil do público-alvo do hospital. Essa abordagem visa agregar valor tanto para os pacientes quanto para a instituição, mostrando como a integração de novas experiências pode transformar a forma como os hospitais operam e interagem com seus usuários.

Os maiores erros na contratação de Facilities Services por unidades de saúde 

Giovanna Araujo Trovati, diretora executiva da CERT|FIX Health Services Solutions, a primeira empresa brasileira de consultoria credenciada pela ISSA (International Sanitary Supply Association), discutiu os desafios e soluções para a terceirização de serviços no setor de saúde, com foco na eficiência operacional e na experiência do cliente. Ela destacou a importância de repensar a contratação e gestão de serviços, promovendo um alinhamento estratégico entre prestadores e instituições. Um dos principais pontos foi a necessidade de superar a escassez de mão de obra qualificada e a entrada desorganizada de novas tecnologias, ao mesmo tempo em que se garante a qualificação e maturidade das empresas prestadoras. O sucesso dessas parcerias depende de um entendimento claro do negócio e das expectativas mútuas, além de um planejamento e uma matriz de responsabilidades bem definidos.

Outro ponto essencial foi o foco não apenas em reduzir custos, mas em agregar valor por meio da produtividade, qualidade e diferencial competitivo. Giovanna enfatizou a necessidade de fazer escolhas estratégicas baseadas em dados concretos e de evitar decisões pautadas apenas no preço. Para isso, a Certifics, plataforma apresentada, ajuda a qualificar e homologar fornecedores, promovendo uma relação de confiança e resultados consistentes. A abordagem proposta vai além da simples terceirização, oferecendo uma solução integrada que assegura o cumprimento de SLAs e o reequilíbrio contratual, caso necessário, visando sempre um desempenho otimizado e sustentável.

Por fim, o 10º Fórum InfraFM Hospitais & Ambientes de Saúde destacou a crescente importância da sustentabilidade, inovação e eficiência no setor hospitalar. O evento proporcionou uma troca rica de experiências e abordou temas que vão desde a gestão estratégica de Facilities até a implementação de novas tecnologias e práticas que promovem o bem-estar dos pacientes. Ao reunir líderes e especialistas do mercado, o fórum reafirmou o papel fundamental da integração de soluções sustentáveis e inovadoras para garantir a excelência operacional e a qualidade no atendimento hospitalar, criando um ambiente mais eficiente e acolhedor para todos os envolvidos.

 

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