Oportunidades e inovações no World Workplace 2024 da IFMA

Transformando o setor de FM com foco em tecnologia e sustentabilidade

Por Léa Lobo

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Foto: Divulgação

Fundada em 1980, a IFMA - International Facility Management Association é a maior e mais reconhecida associação de profissionais de gerenciamento de instalações (FM) do mundo. Com mais de 24 mil membros em mais de 130 países, a entidade é um importante contribuinte para o desenvolvimento de padrões internacionais de FM e trabalha com tomadores de decisão para informar políticas relacionadas ao setor. A IFMA oferece recursos de carreira e educação continuada, três credenciais respeitadas na indústria, mantém o maior repositório de conteúdo relacionado a FM na web e organiza eventos globais ao longo do ano.

A Conferência e Expo World Workplace 2024 da IFMA começou com uma programação intensa, direcionada à transformação do setor de Facility Management (FM). Durante três dias, especialistas de diferentes segmentos compartilharam insights sobre inovações tecnológicas, sustentabilidade e o papel estratégico do FM no ambiente corporativo moderno.

Em seu discurso de abertura, Lynn Baez, presidente do Conselho Global de Diretores da IFMA, destacou o crescimento contínuo da indústria e a importância da comunidade global de FM. “Somos a maior comunidade de profissionais de FM do planeta, e nosso alcance global continua a se expandir. Mais do que nunca, a IFMA está onde você está”, afirmou Baez, promovendo a ideia de que a associação fortalece os profissionais e as instalações que eles gerenciam diariamente.

Ela enfatizou a importância do engajamento proativo dos membros da IFMA, estimulando os profissionais a participarem ativamente da construção de melhores oportunidades para a comunidade de FM. Ela descreveu o impacto pessoal de estar inserida nessa rede, dizendo que, com o tempo, percebeu que seu sistema de apoio não se limitava aos colegas de trabalho mais próximos, mas se estendia a todos os membros da associação. Essa rede ampliada de suporte ajudou-a a crescer, tanto profissional quanto pessoalmente.

A mensagem central da palestra girou em torno da transformação do FM por meio da participação ativa e colaborativa, destacando a importância de cada profissional identificar onde sua paixão e talentos podem contribuir para o avanço da profissão. Ela incentivou os presentes a aplicarem suas habilidades, seja em sustentabilidade, advocacy, ou outras áreas, para elevar a profissão e criar novas oportunidades. Ao fazer isso, cada indivíduo contribuiria para um efeito multiplicador, abrindo portas não apenas para si, mas para toda a comunidade de FM.

O evento também contou com a palestra especial de abertura do ex-jogador da NFL e empreendedor Emmitt Smith. A entrevista conduzida por Edward Wagoner, com o lendário ex-jogador da NFL, revelou insights valiosos que conectam o mundo do esporte ao gerenciamento de Facilities (FM). Emmitt, conhecido por ser o líder em corridas da NFL e por suas três vitórias no Super Bowl, trouxe lições de sua carreira que ressoam fortemente com os desafios enfrentados pelos gestores de Facilities.

A conversa começou com uma conexão pessoal de Emmitt com o estado da Flórida, onde ele cresceu e iniciou sua jornada no futebol americano. Ao lembrar de um momento crucial quando tinha sete anos, Emmitt contou como, ao assistir a um jogo de futebol na TV com seu pai, decidiu que queria ser um jogador profissional. Esse sonho foi alimentado pela alegria e orgulho que ele viu nos olhos de sua família. No entanto, seu pai lhe deu um conselho profundo: “A vida vai te fazer passar por coisas que você tem que aprender a superar.” Essa frase moldou a mentalidade de Emmitt ao longo de sua vida e carreira, preparando-o para enfrentar desafios e obstáculos, tanto no esporte quanto nos negócios.

Smith fez uma conexão clara entre sua trajetória no futebol e o trabalho dos gestores de Facilities, mencionando como, tanto no esporte quanto na vida, os ajustes são constantes. Ele destacou que, no mundo da gestão de propriedades, assim como no futebol, é essencial estar preparado para o inesperado e ser capaz de pensar “fora da caixa”. Assim como um treinador de defesa pode trazer uma nova estratégia em um jogo, os gerentes de Facilities precisam estar prontos para lidar com situações inesperadas e desafios tecnológicos.

Outro ponto alto da entrevista foi quando Emmitt discutiu sua filosofia de estabelecer metas. Ele explicou que, ao longo de sua carreira, estabeleceu dois tipos de metas: as da equipe e as individuais. Mesmo que nem todas fossem alcançadas, o foco sempre esteve em fazer o melhor possível para o time. Esse conceito se aplicou tanto no campo quanto em seus empreendimentos empresariais no setor imobiliário, nos quais ele encontrou sucesso após sua carreira no futebol.

A entrevista se encerrou com Emmitt lançando um desafio aos profissionais presentes: o “Desafio MVP”. Ele propôs que todos identificassem seus mentores e expressassem gratidão por seu apoio, fossem vulneráveis para criar conexões valiosas e buscassem parceiros que pudessem ajudá-los a alcançar seus objetivos. Emmitt enfatizou a importância do trabalho em equipe, seja no campo ou no mundo dos negócios, e como o apoio mútuo pode levar ao sucesso coletivo. Essa conversa deixou claro que, independentemente do campo em que se atua, os princípios de determinação, adaptação e trabalho em equipe são universais e podem ser aplicados com sucesso tanto no esporte quanto no gerenciamento de Facilities.

Entre as sessões, o painel “Construindo a equipe e as ferramentas para implementar decisões sobre espaços de trabalho baseadas em dados” destacou como o uso de dados pode otimizar a gestão de espaços corporativos. Além disso, temas como o futuro da gestão de alimentos e bebidas (A&B) nas instalações, com foco na conveniência e eficiência, também atraíram a atenção dos participantes.

Outro tema central foi a digitalização. A palestra “O futuro da gestão de edifícios e conformidade” abordou o uso de ferramentas digitais para redefinir a manutenção predial e garantir a conformidade regulatória, mostrando a relevância crescente das soluções digitais no setor de FM.

A sustentabilidade também ocupou um espaço importante nas discussões, com destaque para a apresentação “O papel do Facility Management na identificação e alcance das metas ESG”, que reforçou o papel proativo dos gestores de facilities na implementação de práticas mais sustentáveis e alinhadas às metas organizacionais de ESG.

Além das palestras, a IFMA celebrou as realizações de seus membros com a entrega dos Prêmios de Excelência 2024, reconhecendo 18 categorias de contribuições excepcionais. O programa deste ano registrou o maior número de nomeações em seus 39 anos de história, ressaltando a evolução e o impacto crescente da indústria de FM.

PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA

O Brasil foi bem representado no encontro por Léa Lobo e Victória Lobo (InfraFM); Fernanda Carvalho (EloPar), Jeziel Farias (Raízen), Flávio Costa Silva (Sanofi), Alexandre Roxo (RV Gestão), Paulo Jubilut (millicare) e Ana Machado (Shell). O evento integrou uma exposição com 365 expositores e 4.000 congressistas.

 Com uma programação diversificada, o evento destacou como a inovação e a colaboração global podem moldar o futuro do setor. Agora, o leitor acompanha o resumo de algumas palestras:

O PAPEL DO FACILITY MANAGEMENT NA IDENTIFICAÇÃO E ALCANCE DAS METAS ESG DA ORGANIZAÇÃO 

Na palestra conduzida por Chris Grimes e Jay Shah, discutiu-se o papel crucial dos gerentes de Facilities na realização das metas de ESG das organizações. Jay Shah destacou o impacto dos edifícios no consumo global de energia e nas emissões de carbono, lembrando que mais de 90% das empresas do S&P 500 já publicam relatórios de sustentabilidade. Ele apresentou os gerentes de Facilities como fundamentais para o monitoramento do uso de espaço, consumo de água e gestão de resíduos, essenciais para a melhoria das práticas de ESG.

Chris Grimes enfatizou o uso de tecnologias, como o IWMS, para integrar dados e otimizar o consumo de energia e recursos, promovendo decisões mais eficientes e sustentáveis. Ele mencionou o sistema EcoStruxure da Schneider, que permite monitoramento em tempo real, ajudando na otimização das operações e na redução de emissões.

A mensagem final reforçou que o sucesso nas metas ESG depende da colaboração entre setores, do uso eficaz de dados e do envolvimento dos gerentes de Facilities na gestão sustentável.

A SEGURANÇA É O PRINCIPAL PONTO CEGO NO LOCAL DE TRABALHO

Na palestra de Jade Campbell, promovida pela Envoy, abordou-se a segurança no ambiente corporativo no contexto do retorno aos escritórios e do modelo híbrido de trabalho. Com base em dados da Hanover Research, Jade destacou que 41% dos líderes e funcionários percebem que proteger as empresas ficou mais complexo, devido à dispersão das equipes e à falta de integração tecnológica.

Entre os desafios, 96% das empresas já retornaram aos escritórios em algum nível, e 80% implementaram políticas de trabalho híbrido sem dados essenciais, dificultando o monitoramento de quem está presente fisicamente. A previsão é que os gastos com segurança física cresçam 14,3%, alcançando US$ 215 bilhões em 2024, refletindo a necessidade de sistemas integrados.

A palestra apontou a importância de centralizar a gestão de segurança, melhorar o treinamento de funcionários (48% das empresas consideram que ele é insuficiente) e garantir conformidade com regulamentações, como a lei californiana SB-553. Foram identificadas quatro áreas para fortalecer a segurança: gestão de visitantes, integração de sistemas, protocolos de segurança e conformidade.

Jade concluiu discutindo o impacto futuro da inteligência artificial, como reconhecimento facial e biometria avançada, na segurança corporativa, destacando que a modernização e o treinamento contínuo serão cruciais para enfrentar os desafios de segurança no ambiente de trabalho híbrido.

RESOLVENDO A ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA COM REALIDADE AUMENTADA 

Na palestra de Justin Barnhill e William Owen, da Amentum, foi discutido o uso da Realidade Aumentada (RA) no Facilities Management para enfrentar a escassez de profissionais qualificados e aumentar a eficiência operacional. Diante da dificuldade de contratar técnicos especializados, especialmente em setores como HVAC e mecânica, a Amentum adota a RA para capacitar equipes de forma remota, permitindo que técnicos recebam orientações em tempo real de engenheiros distantes.

A RA reduz o tempo de reparo, minimiza erros e retém o conhecimento dos profissionais experientes, criando materiais de treinamento para as futuras gerações. Também contribui para a sustentabilidade, ao evitar deslocamentos desnecessários. Um exemplo é a BMW, que melhorou em até 75% o tempo de reparo com a RA. A Amentum vê a tecnologia como essencial para otimizar operações, reduzir custos e enfrentar desafios futuros no setor de FM.

REDEFININDO A PRONTIDÃO: COMO APROVEITAR O PODER DA IA E PROSPERAR NA ERA DIGITAL 

Na palestra de Josh Lowe, da AkitaBox, foi discutido o impacto da inteligência artificial (IA) no ambiente de trabalho e na vida cotidiana, destacando o contraste entre a percepção popular e a realidade prática da IA. Com referências culturais, Lowe mostrou como a IA está moldando gerações, com a Geração Z já integrando-a naturalmente ao cotidiano, enquanto gerações mais velhas ainda enfrentam resistência.

No setor de Facilities Management (FM), a IA tem potencial para transformar a gestão de dados e otimizar operações, prevendo falhas e aumentando a eficiência energética. Lowe também abordou a automação e treinamento facilitado pela IA, além das limitações atuais da tecnologia em processar dados não estruturados e os custos elevados de computação.

Lowe enfatizou a importância de explorar a IA, incentivando todos a familiarizar-se com ferramentas como o ChatGPT para se preparar para as mudanças futuras, enquanto as empresas devem adaptar-se rapidamente para não ficarem para trás.

A IMPORTÂNCIA DA INFLUÊNCIA TÁTICA E NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES

Na palestra de Pamela Barnum, ex-policial e promotora, foram exploradas técnicas de comunicação e confiança. Com base em sua experiência no sistema de justiça, especialmente em operações disfarçadas, Pamela apresentou o conceito de “Influência Tática 3D”: exibir (controlar sua postura e expressões), decodificar (interpretar respostas verbais e não-verbais) e entregar (adaptar a mensagem ao contexto). Ela demonstrou a importância da percepção em conversas difíceis e destacou a linguagem corporal empática como um fator que transmite competência.

Pamela compartilhou sinais de decepção, como a desconexão entre palavras e linguagem corporal, e enfatizou o uso de técnicas combinadas para identificar mentiras com mais precisão. Confiar nas próprias habilidades e equilibrar empatia e competência são essenciais para ganhar a confiança dos outros. Ela recomendou o método S.O.M. (Sorrir, Abrir, Espelhar) para construir conexão e confiança nas interações.

ESTADO DO FM: O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO MUNDO DO TRABALHO

No painel, especialistas discutiram os desafios pós-pandemia no setor de Facilities Management, com foco na reestruturação dos espaços corporativos, retorno ao escritório, demanda por mão de obra qualificada e novas tecnologias. Com a redução da ocupação nos escritórios, o desafio é atrair funcionários de volta em 2025 sem ultrapassar orçamentos reduzidos. A dificuldade em atrair a geração Z para funções técnicas também foi destacada, sugerindo-se o uso de realidade aumentada (AR) para treinamento técnico, unindo tecnologia e aprendizado prático.

O painel abordou ainda o uso de Big Data e IA para otimizar operações e prever necessidades de manutenção, além de VR para treinamentos seguros. A falta de integração entre sistemas de gestão é um desafio, mas a pandemia evidenciou a importância estratégica da gestão de facilidades, antes vista apenas como geradora de custos. Para manter essa relevância, o FM deve ser proativo e adaptar espaços para novas necessidades dos funcionários.

O painel concluiu que, com criatividade e adaptação, o FM tem potencial para inovar e fortalecer seu papel estratégico, adotando novas tecnologias, engajando a geração jovem e comunicando-se com lideranças empresariais.

MAXIMIZE A EFICIÊNCIA DO GERENCIAMENTO DE FACILITIES COM O PODER DO GIS 

Na apresentação da Vertiges FM, Gareth Evans e Scott Stafford-Veale discutiram como o GIS (Sistema de Informação Geográfica) potencializa o gerenciamento de instalações ao associar dados de localização a ativos e espaços, facilitando a visualização e planejamento estratégico. Com o sistema Vertiges FM, que integra GIS com soluções de FM, gestores podem mapear problemas, otimizar a distribuição de técnicos e melhorar a produtividade.

A plataforma modular do Vertiges FM inclui:

1. Módulo de Construção: Gerencia informações detalhadas dos edifícios e ativos.

2. Módulo de Contratos: Rastreia contratos e tarefas de manutenção.

3. Módulo de Manutenção: Programa manutenções preventivas e gerencia ordens de trabalho.

4. Módulo de Gestão de Ativos: Localiza e monitora ativos para intervenção eficiente.

Com interface amigável e acessível, o sistema permite registrar históricos de manutenção, suportar operações offline, criar estratégias de manutenção preventiva e integrar-se com ERPs como SAP. O Vertiges FM transforma dados em insights, aprimorando a eficiência e controle das operações de FM.

USO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) EM FACILITIES MANAGEMENT 

Durante sua palestra, Ryan Koppelman, especialista em soluções de Facilities Management (FM) com ampla experiência no setor, compartilhou insights sobre o papel da Inteligência Artificial (IA) na otimização de operações e manutenção de edifícios. A palestra destacou o impacto da IA generativa e da Internet das Coisas (IoT) na evolução do FM e como essas tecnologias estão mudando o cenário de gestão de edifícios e infraestrutura.

Koppelman iniciou a apresentação esclarecendo a definição de IA generativa e suas aplicações práticas. Ele explicou que, no âmago da IA generativa, há um reconhecimento de padrões que permite ao sistema prever palavras, ações ou respostas com base em grandes volumes de dados. Ele mencionou ferramentas populares, como o ChatGPT, que são exemplos de IA generativa em ação. Essas ferramentas, segundo ele, são eficazes porque permitem gerar textos, imagens e até mesmo vídeos a partir de dados, criando soluções criativas e rápidas para diversos problemas.

No contexto de Facilities Management, Koppelman destacou que a IA generativa é especialmente útil para otimizar processos como a criação de pedidos de manutenção e a geração automática de relatórios baseados em dados históricos. “Quanto mais dados você tiver, melhor o resultado”, afirmou, referindo-se à importância de sistemas de IoT que alimentam a IA com informações em tempo real para análises mais precisas.

Ele explicou que a Internet das Coisas (IoT) é fundamental para a implementação eficaz da IA em FM. Dispositivos IoT instalados em edifícios podem coletar dados sobre o uso de energia, temperatura ambiente, desgaste de equipamentos, entre outros, e transmitir essas informações para a IA. A partir disso, as soluções baseadas em IA podem sugerir manutenções preventivas e preditivas, reduzindo o tempo de inatividade e otimizando a vida útil dos equipamentos.

Koppelman também trouxe à tona o conceito de Retrieval Augmented Generation (RAG), uma técnica em que a IA utiliza dados em tempo real para gerar respostas ou soluções. Ele destacou que a integração entre IoT e IA permite criar sistemas inteligentes que respondem automaticamente a mudanças nas condições de um prédio, otimizando o consumo de recursos e reduzindo custos.

Ele apresentou exemplos práticos de como a IA já está sendo utilizada para melhorar a gestão de facilities. Em uma das iniciativas, sua equipe desenvolveu um assistente virtual para técnicos de manutenção que utiliza o Watson AI, da IBM. Este assistente ajuda os técnicos a encontrar rapidamente soluções em manuais de operação, evitando a necessidade de buscas manuais em longos documentos. O assistente pode ser acessado por meio de uma interface de chat, tornando o processo muito mais eficiente.

Outro caso interessante foi o desenvolvimento de um sistema automatizado para a criação de pedidos de serviço na World Bank. O desafio era reduzir o tempo gasto por operadores de helpdesk ao atender ligações sobre problemas simples, como ajustes de temperatura em uma sala. A solução criada por Koppelman permitiu que os funcionários deixassem mensagens de voz que eram automaticamente transcritas e processadas pela IA, gerando pedidos de serviço no sistema sem intervenção humana.

Apesar dos benefícios claros, Koppelman ressaltou que a implementação da IA em Facilities Management ainda enfrenta desafios, principalmente em termos de segurança de dados e custo. Ele explicou que, ao utilizar modelos de IA públicos, há o risco de os dados serem usados para treinar outros sistemas, o que pode comprometer a privacidade das informações da empresa. Para mitigar esse risco, ele sugeriu o uso de soluções de IA privadas ou APIs seguras que permitem maior controle sobre o fluxo de informações.

Outro desafio é o custo computacional. A IA generativa, especialmente em modelos mais avançados como o GPT-4, exige um grande poder de processamento, o que implica em altos custos. Koppelman mencionou que uma boa estratégia para reduzir gastos é limitar o uso de tokens (unidades de custo em APIs de IA) e otimizar os prompts (comandos) enviados à IA, garantindo que os resultados sejam diretos e eficientes.

Para concluir, Koppelman destacou que a IA está avançando rapidamente, e o setor de Facilities Management não pode ficar para trás. Ele previu que, nos próximos anos, a IA será capaz de gerenciar grandes volumes de dados em edifícios com eficiência sem precedentes, ajudando a reduzir custos operacionais, melhorar a sustentabilidade e proporcionar uma melhor experiência aos ocupantes.

“A IA é uma ferramenta poderosa que já está mudando a forma como gerenciamos nossos edifícios”, afirmou Koppelman. Ele encorajou os gestores de facilities a abraçarem essa tecnologia e a buscarem maneiras criativas de integrá-la em suas operações diárias, pois ela tem o potencial de transformar radicalmente o setor.

Com a expansão contínua da IA, o setor de Facilities Management está prestes a entrar em uma nova era de eficiência, inovação e automação. A adoção de tecnologias como IoT e IA generativa não apenas otimiza processos, mas também abre novas possibilidades para a manutenção preditiva e a gestão inteligente de espaços. Para Koppelman, o futuro é promissor, e a IA será a chave para uma gestão de facilities mais eficaz e estratégica.

NAVEGANDO POR ABUSOS DE KPI E SLA EM CONTRATOS DE FACILITIES MANAGEMENT 

Na palestra de Suhaider Rabieh, ele abordou a importância e os riscos dos KPIs e SLAs em contratos de Facility Management. Embora sejam essenciais para avaliar o desempenho e garantir a qualidade, Rabieh alertou sobre o abuso dessas métricas, que podem causar falências e demissões. Ele mencionou um caso extremo em que abusos de KPIs e SLAs levaram sua empresa à falência, com a demissão de 2.000 funcionários.

Rabieh destacou práticas abusivas comuns, como a definição de metas irrealistas, manipulação de relatórios e deduções financeiras excessivas. Ele sugeriu soluções práticas para prevenir esses abusos, como levantamentos detalhados antes de assinar contratos, limites claros para deduções financeiras e uma comunicação aberta entre cliente e provedor. Sua mensagem principal enfatizou a importância de uma relação baseada em confiança, planejamento realista e transparência para que KPIs e SLAs sejam benéficos para todos.

ELETRIFICAÇÃO E O FUTURO DA MOBILIDADE

A palestra “Eletrificação e o Futuro da Mobilidade” discutiu a crescente necessidade de adaptação das infraestruturas de edifícios ao aumento de veículos elétricos (EVs). Conduzida por Kaelin Leonard e especialistas do setor, a discussão abordou a eletrificação como prioridade estratégica para atender à previsão de que metade dos veículos nas ruas sejam elétricos até 2030.

Os palestrantes enfatizaram a importância de um planejamento robusto e escalável para implementar estações de carregamento, levando em conta a análise da capacidade energética e a escolha entre carregadores de nível 2 e 3, que podem exigir upgrades elétricos significativos. Para suportar o aumento da demanda sem sobrecarregar a rede, sugeriram microgrids e parcerias com empresas experientes para assegurar a sustentabilidade dos projetos.

Com a mobilidade se movendo rapidamente para o modelo elétrico, o painel reforçou que os gerentes de facilidades precisam adaptar suas operações de forma holística e se preparar para atender a esta transformação, garantindo resiliência e capacidade para o futuro da mobilidade sustentável.

GERENCIAR O CAOS E USAR CRISES COMO OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO

Na palestra, Lesley Groff compartilhou lições de sua carreira de mais de 30 anos em gerenciamento de instalações, focando em como liderar durante crises e mudanças. Ela destacou que crises, como a pandemia, podem ser oportunidades para implementar mudanças e melhorar a eficiência. Lesley enfatizou a importância das “soft skills”, como empatia e comunicação eficaz, para construir relacionamentos e gerenciar equipes.

Groff também abordou a gestão de expectativas e a importância de equilibrar responsabilidades pessoais e profissionais, compartilhando sua experiência como mãe solteira. Ela concluiu incentivando o público a usar o caos como uma chance de fortalecer a organização, ressaltando que habilidades interpessoais e inteligência emocional são essenciais para enfrentar tempos difíceis e promover o crescimento.

UM EXEMPLO DE COMO E POR QUE CRIAR E MANTER UM GÊMEO DIGITAL 

Na palestra, Randa Small e Dave Lennart abordaram a implementação de um Digital Twin no Hospital Columbus Regional, mostrando como essa tecnologia digitaliza e centraliza dados, otimizando a gestão hospitalar. Após uma inundação em 2008 que causou sérios danos à infraestrutura do hospital, a necessidade de digitalização se tornou evidente. O hospital iniciou a criação do Digital Twin com o software Revit, permitindo visualizar e monitorar sistemas críticos, como iluminação e ventilação, em tempo real.

Os benefícios incluíram eficiência operacional, redução de custos e uma melhor experiência para pacientes e funcionários. Os palestrantes enfatizaram a importância de começar com dados essenciais, padronizar e governar os dados com cuidado, e garantir a interoperabilidade entre sistemas. Eles também destacaram que o Digital Twin deve ser atualizado continuamente para acompanhar as mudanças e maximizar seus benefícios.

CAFÉ , CULTURA E OUTRAS COISAS QUE IMPORTAM NO AMBIENTE DE TRABALHO DE HOJE 

Na palestra, Alana Dunoff, com ampla experiência em Facility Management, abordou a evolução dos espaços de trabalho e como a pandemia acelerou o trabalho flexível. Ela destacou a necessidade de repensar os escritórios para equilibrar flexibilidade e cultura organizacional, refletindo sobre desafios como a sensação de inequidade entre funcionários que trabalham remotamente e os que precisam estar fisicamente presentes.

Dunoff apresentou sete elementos essenciais para readequar espaços de trabalho:

1. Espaços Individuais – para quem frequenta o escritório regularmente, além de áreas compartilhadas.

2. Espaços Colaborativos – para interação e reuniões híbridas.

3. Espaços de Engajamento – promovendo bem-estar e convívio.

4. Tecnologia – garantindo infraestrutura adequada para trabalho híbrido.

5. Comida – proporcionando uma boa experiência de alimentação.

6. Café – como elemento socializador.

7. Cultura Organizacional – refletindo os valores da empresa no design dos espaços.

Ela concluiu que, embora o trabalho remoto traga benefícios, os espaços físicos são essenciais para fortalecer a cultura organizacional e criar uma experiência de trabalho coesa e envolvente.

 

 

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