11ª Expo InfraFM
 

Gestão de espaços logísticos e corporativos

Entre visões e realizações, a trajetória de Lisandro Pinto, especialista em Facility & Property Management.

Por Léa Lobo

 Gestão de espaços logísticos e corporativos

Em um mundo onde os espaços de trabalho estão constantemente evoluindo, a expertise de profissionais dedicados à gestão de propriedades se torna fundamental para liderar a transformação dos ambientes corporativos e logísticos.

Lisandro Pinto, renomado especialista em Property Management na Cushman & Wakefield, gerenciando o contrato com a GLP, está na vanguarda dessa mudança. Com uma carreira marcada por inovações, eficiência e sustentabilidade, Lisandro compartilha suas experiências, desafios e estratégias que moldaram sua abordagem na reestruturação de filiais, otimização de espaços e liderança de projetos de grande escala. Esta entrevista mergulha nos insights de um profissional que não apenas acompanha as tendências do mercado de Facility Management, mas também as define, garantindo ambientes de trabalho mais produtivos, sustentáveis e adaptáveis às necessidades futuras.

Considerando sua experiência profissional em projetos de ocupação e redimensionamento de espaços, como você aborda a gestão de equipe garantindo eficiência e qualidade na execução?

É crucial que cada membro da equipe tenha clareza sobre suas funções, responsabilidades e a importância de seu papel no projeto. Uma comunicação clara e eficaz é essencial para manter a equipe alinhada. Além disso, é fundamental ter clareza sobre os recursos e o tempo disponíveis para a execução do projeto e estar preparado para lidar com conflitos, intervindo prontamente para encontrar soluções rápidas. Mantemos a equipe sempre motivada e em busca de superar as expectativas através de feedback constante, valorizando e reconhecendo o comprometimento de cada um. Esta é a chave para manter as pessoas motivadas e prontas para novos desafios.

Em uma das empresas que você trabalhou, no projeto de reestruturação de filiais em todo o território nacional,  como você alcançou uma economia significativa de 40% nos gastos diretos e indiretos?

Primeiramente, além do objetivo de reduzir custos, buscávamos melhorar a ocupação do espaço para tornar os ambientes de trabalho mais agradáveis e produtivos, promovendo o bem-estar dos colaboradores. Analisamos cada caso individualmente, estudando a rotina de trabalho de cada colaborador e filial, avaliando se era necessário que estivessem em tempo integral no escritório e se o tamanho do imóvel era adequado. Implementamos um layout colaborativo, disponibilizando apenas 70% das mesas, que não eram fixas, considerando que muitos colaboradores trabalham externamente e se reuniam na filial apenas uma vez por semana. Essa abordagem permitiu reduzir o tamanho dos imóveis, que foram transferidos de lojas de rua para salas comerciais em prédios corporativos, resultando em uma grande economia com custos indiretos como manutenção, limpeza e segurança. Também conseguimos reduzir os custos diretos, já que o aluguel de salas comerciais é, na maioria das vezes, significativamente menor que o de imóveis de rua. Em algumas negociações, ao estender o contrato, conseguimos que os proprietários cobrissem todos os investimentos necessários para a adequação das salas, ficando a nosso encargo apenas o desenvolvimento do projeto, a gestão da obra e o fornecimento de móveis corporativos e sinalização visual.

Na liderança da reforma do prédio em São Paulo, no edifício Wtorre Nações Unidas Torre III, como você gerenciou a logística durante a execução dos trabalhos e a transferência de colaboradores do antigo para o novo prédio, como foi este processo?

Foi em 2013, e parece que foi ontem. Meu gestor na época, o Engenheiro Eduardo Lyra Prado, com quem aprendi muito, reuniu nossa equipe na antiga sede na região da Paulista, para apresentar os planos estratégicos da empresa de unificar os dois prédios corporativos que ocupávamos em um único endereço. O projeto, do escritório de arquitetura Edo Rocha, consistia em gerenciar a reforma de um prédio recém-construído de aproximadamente 25 mil m² distribuídos em 16 andares, em apenas 3 meses. Foi um período intenso, com trabalhos ininterruptos, incluindo muitas noites, para cumprir o prazo devido às restrições de entrega de materiais na região, que só podiam ocorrer durante a madrugada. Realizávamos reuniões semanais com todos os fornecedores e prestadores de serviços para discutir prazos, dificuldades e ajustes necessários, muitas vezes em um ambiente tenso devido às discussões acaloradas. A colaboração de todos foi essencial para cumprir o prazo, com empresas como Prosengel Engenharia, HelpTel Telecomunicações, Isoclima Ar-condicionado e QG materiais elétricos trabalhando em três turnos e sete dias por semana. Em exatos 3 meses e 15 dias, o prédio estava pronto, e a transição dos colaboradores foi planejada para ocorrer em um único final de semana, exceto a equipe de TI, que se mudou uma semana depois. Com a ajuda da Montreal Mudanças, desenvolvemos um sistema de etiquetas coloridas para facilitar a mudança, permitindo a transferência bem-sucedida de mais de 1000 colaboradores. A satisfação e a surpresa dos colaboradores ao se depararem com o novo endereço foram as maiores recompensas.

Agora, à frente da gestão do galpão logístico GLP, como você lida com a manutenção preventiva e corretiva para garantir o funcionamento eficiente de todas as instalações, considerando a enorme metragem da propriedade?

Após 19 anos trabalhando em prédios corporativos e filiais, enfrentar os desafios do Parque Logístico GLP Guarulhos I, com sua vasta extensão, tem sido uma experiência gratificante. A chave para o sucesso aqui é um planejamento e organização meticulosos. Desenvolvemos um plano de manutenção detalhado, seguindo as recomendações dos fabricantes e atentos a qualquer sinal que possa indicar a necessidade de intervenção preventiva. Contamos com a parceria de empresas que operam dentro do parque, oferecendo suporte técnico 24 horas por dia, todos os dias da semana. Nossas reuniões diárias são essenciais para o gerenciamento dos 420 mil m² de área construída, distribuídos em 14 galpões ocupados por 21 grandes empresas. A certificação ISO 9001 do parque reflete nosso compromisso com a qualidade dos produtos e serviços oferecidos pela GLP e Cushman & Wakefield, visando sempre a excelência e a satisfação dos nossos ocupantes.

Quais são os principais desafios ao gerenciar a segurança do galpão logístico e como você os aborda?

A segurança é um aspecto crítico em um parque logístico de 1 milhão e 200 mil m² como o nosso, que exige vigilância constante. Com três portarias e centenas de câmeras e alarmes, garantimos a segurança de nossos locatários. A parceria com empresas de segurança e consultorias externas é fundamental para aprimorar continuamente nossos processos. Realizamos reuniões semanais para discutir possíveis melhorias e estratégias que facilitem o acesso sem incorrer em custos adicionais para o condomínio.

Quais estratégias você implementa para lidar com a gestão de resíduos e sustentabilidade desta propriedade?

A sustentabilidade e a responsabilidade ambiental são prioridades para a GLP e Cushman & Wakefield. Nosso programa de Gestão de Resíduos Sólidos (PGRS) é um exemplo disso, assim como a preservação de uma área de mata nativa que permite a observação de animais silvestres. O parque possui o CADRI, certificado de movimentação de resíduos de interesse ambiental emitido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), reforçando nosso compromisso com o meio ambiente.

Como enfrentar os desafios relacionados à gestão de equipes multifuncionais em um ambiente de Facility Management neste parque logístico?

A gestão eficaz de equipes multifuncionais começa com a valorização de cada membro, reconhecendo sua importância e responsabilidades essenciais para o bom funcionamento do parque. Uma comunicação eficaz e clara é vital para manter as equipes alinhadas. Estamos sempre preparados para lidar com conflitos e enfatizamos a importância de manter o pessoal motivado e pronto para novos desafios, visando alcançar nossos objetivos com sucesso.

Como garantir a conformidade regulatória em termos de segurança, meio ambiente e saúde ocupacional em um galpão logístico?

Mantemos uma aplicação rigorosa de todas as leis e normas relevantes, realizando treinamentos regulares de segurança e verificações para trabalhos de risco, conforme as normas NR33, NR35, NR10 e NR18. Essa abordagem assegura que estamos sempre em conformidade com os requisitos de segurança, meio ambiente e saúde ocupacional.

Quais são as melhores práticas para lidar com a manutenção da infraestrutura e dos equipamentos e maquinário, evitando interrupções operacionais?

O planejamento e a organização são fundamentais para uma manutenção eficaz. Estamos sempre atentos às necessidades de manutenção preventiva e prontos para agir rapidamente nas corretivas. A parceria com fornecedores confiáveis é crucial para garantir que pequenos problemas não se transformem em grandes interrupções.

Quais são os desafios específicos relacionados à tecnologia da informação na gestão de FM e como você os supera?

O principal desafio na área de TI é a integração de sistemas, buscando centralizar as informações necessárias. A GLP e a Cushman & Wakefield estão constantemente adotando tecnologias inovadoras, como o aplicativo GLP FastPass para o acesso de veículos e pedestres ao parque, e o aplicativo Meu Galpão, que permite aos locatários acessar informações sobre seus galpões.

Como você aborda a gestão de custos em um ambiente de Facility Management logístico, equilibrando a eficiência operacional com orçamentos restritos?

Enfrentar o desafio de equilibrar a eficiência operacional com orçamentos restritos requer inovação constante. Estamos sempre buscando novas tecnologias, processos e participando de eventos e fóruns para encontrar formas de otimizar nossos serviços enquanto reduzimos custos.

Por fim, fale um pouco sobre seus hobbies e experiências pessoais.

Recordo o início da minha carreira, logo após me formar em arquitetura e começar a trabalhar na área de FM, um campo novo e pouco valorizado na época. Uma conversa com você, Lea Lobo, mudou minha perspectiva, quando você me aconselhou a demonstrar à diretoria a importância da nossa função. Isso marcou um ponto de virada na minha carreira. Ao longo de 19 anos, enfrentei muitos desafios e conquistei muitos aprendizados. Hoje, estou animado com novos desafios e oportunidades. Sou apaixonado pela profissão de FM, por resolver problemas e sugerir melhorias. Valorizo o tempo com minha família, pesca, viagens culturais e contato com a natureza. Sou grato à equipe da Cushman e GLP, especialmente a Eric Oliveira, Jamile Pedroso e Leonardo Fanno, pela acolhida e apoio, assim como à minha equipe, que é fundamental no dia a dia da gestão do parque.

 


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