Com o objetivo de entender um pouco melhor sobre a importância da modernização de elevadores comerciais, convidamos o Engenheiro Mecânico,
Afonso Gappo, que é consultor e diretor da Gappo Consultoria, um profissional que tem trabalhado com transporte vertical há mais de 40 anos, já tendo vistoriado aproximadamente 20.000 elevadores e escadas rolantes no Brasil, para pontuar para a nossa audiência algumas diretrizes quando o tema é modernização, acompanhe:
Qual a Tecnologia mais moderna para elevadores?
Grandes modificações tecnológicas ocorrida em 2000, em que foi introduzido no mercado elevadores com a seguinte tecnologia:
- Máquinas de tração do tipo gearless sem engrenagem.
- Motor síncrono, AC, VVVF, imã permanente.
- Quadros de comando com o drive IGBT regenerativo, ou seja a energia elétrica não consumida (elevador vazio subindo para atender chamadas ou elevador cheio descendo de um andar para o térreo) nesses casos a energia elétrica em vez de ser “queimada” num banco de resistências como nos quadros antigos é devolvida a rede elétrica da edificação.
Acima temos dois exemplos de máquinas modernas para elevadores utilizadas atualmente, a primeira para elevadores de baixa velocidade até 1,75 m/s, com fitas e à direita, máquinas com velocidade maior a partir de 3,0 m/s com cabos de aço para tracionamento do elevador.
As modernas máquinas sem engrenagens – ímã permanente possuem somente um eixo e dois mancais; possuem menores componentes mecânicos para desgaste; não usam óleo lubrificante, diferentemente das máquinas com engrenagem, que são constituídas de um motor com 2 mancais, mais uma polia e freio com 2 sapatas e a máquina propriamente dita, com a polia para tracionar o elevador e outros mecanismos. Ou seja, possuem muitos mecanismos sujeitos a desgastes e as máquinas com alguns litros de óleo lubrificante para lubrificação do conjunto coroa/sem-fim. (foto abaixo).
- Redução do consumo de energia elétrica em 30% aproximadamente com a nova tecnologia;
- Aumento de conforto e índices de performances na viagem do elevador aumentando a capacidade de tráfego da edificação.
Quais normas devemos atender?
Elevadores possuem vida útil média de 20/25 anos e devemos periodicamente fazer modernização de seus equipamentos visando sempre atualização em termos de segurança!
Como exemplo, relacionamos a seguir alguns equipamentos que estão obsoletos por normas (itens de segurança) e que devemos modernizar por indicação não só pela norma atual a NBR-16.658/21, como também a norma NBR-15.597/2010 para edificações e elevadores existentes. Se o prédio possuir mais de 20, 30 anos de construído pode possuir algumas dessas graves deficiências abaixo:
- Portas e/ou cabines em madeira, fórmica etc. que são materiais combustíveis e recomendados para troca há mais de 40 anos!
- Portas de andar do tipo eixo vertical (porta de pavimento com abertura manual) devem ser substituídas por portas automáticas com abertura central e/ou lateral, pois esse tipo de porta possui mecanismo próprio que faz o fechamento das portas quando o elevador não estiver no andar.
- Portas de pavimento devem possuir a partir do ano de 2000, um sistema de abertura de emergência por chave triangular.
- Freios das máquinas de tração devem possuir sistemas duplos para aumentar a segurança do funcionamento do elevador, de modo que caso uma sapata não atue a outra tenha condições de manter o elevador em segurança com 100% de carga na cabine.
O chamado “freio duplo” é obrigatório nas normas da ABNT a partir de 2000 e recomendado nas normas de modernização (2008), e para elevadores existentes (2010). Participando de uma palestra sobre manutenção de elevadores na Cidade de Nova York, no ano passado foi transmitido pra gente que lá a Prefeitura local tornou obrigatório o freio duplo em todos os elevadores existentes com a data limite de 2025! E no Brasil o que estamos fazendo a respeito?
- NBR – 15.597/2008 – Modernização de Elevadores
- NBR – 15.597/2010 – Norma para Elevadores Existentes
- NBR – 16.858-1:2021 e 16.858-3:2022; Elevadores Requisitos de Segurança e Acessibilidade
Podemos aproveitar equipamentos antigos dos elevadores para gerar economias?
Devemos fazer uma detalhada vistoria analisando os principais equipamentos quanto ao seu estado de manutenção e principalmente se atendem às exigências das normas atuais e se terão vida útil para mais 20/25 anos sem precisar de “futuras trocas”. Temos visto diversos casos de edificações comerciais que contrataram a modernização sem uma consultoria e tiveram diversos problemas com a atualização, devido ao elevado índice de aproveitamento realizado e os elevadores modernizados! Apresentando altíssimo índice de defeitos, reclamações, troca de peças etc. Fica aqui a “dica”: atualizações com mais de 40% de aproveitamento pode comprometer seriamente a modernização e o investimento realizado, obrigando o Condomínio a fazer outras “futuras modernizações” com grande perda de tempo de .... dinheiro já investido.
Casa de máquinas: 50%
- Máquina de tração – 20% a 25%
- Quadro de comando – 20% a 25%
- Limitador de velocidades
Caixa de Corridas: 50%
- Cabine – 15% a 20%
- Portas de andar – 15% a 20%
- Equipamentos do poço + cabos de aço + cabos de manobra + outros itens – 10%
Pode ilustrar tipos de máquinas de tração mais comuns para edificações comerciais?
Abaixo antigas máquinas de tração, que embora sejam do tipo gearless (sem engrenagem), ainda são em corrente contínua, tecnologia hoje centenária e completamente obsoleta, já que os primeiros elevadores que tiveram um gerador de corrente contínua para alimentação da máquina surgiram em 1915/1920!
Mas, infelizmente vemos hoje ainda grandes edificações comerciais no Rio de Janeiro e São Paulo fazendo modernizações e aproveitando máquinas ainda das décadas de 1960 a 1980. Esses tipos de máquinas possuem muitos inconvenientes para não serem mais utilizadas, como:
- Não são mais fabricadas e qualquer peça que precise ser trocada pode causar longas paralisações do elevador.
- Possuem coletores e troca de escovas que requerem grande e frequente manutenção preventiva mensal.
- Consomem 30%/40% mais energia elétrica do
que uma máquina atual de ímã permanente
com motor síncrono.
- Possuem freios obsoletos que contrariam pelo menos três importantes normas atuais da ABNT e na instalação de contatos elétricos ocorre adaptações que nunca funcionam adequadamente gerando frequentes defeitos nos elevadores.
- Importante: é quanto a sua performance com tempos entre andares de 3,0 segundos (pelo menos) mais longos do que uma máquina moderna.
Perda de “apenas 1,0 segundo” na viagem entre andares de um elevador pode representar uma perda de 5,0% na capacidade de tráfego da edificação.
Instalar modernos elevadores com chamada antecipada em máquinas antigas ainda de corrente contínua, máquinas com engrenagem, esperando grande melhoria de tráfego certamente será decepcionante! E mesmo elevadores com chamadas antecipadas precisam possuir algoritmos de análise de tráfego para propiciar um bom atendimento as chamadas e nem todos hoje existentes no mercado brasileiro são excelentes.
Quais os benefícios de uma modernização de elevadores?
Elevadores modernos possuem sensores de peso instalados que informam ao quadro de comando, qual a corrente a ser injetada na máquina de modo a fazer uma viagem com adequadas curvas de aceleração/desaceleração e paragem, gerando muito conforto e economia no consumo da energia elétrica.
Produzem uma sensível melhora no tráfego tanto na capacidade (quantidade) de passageiros transportadas como nos intervalos (tempos) de espera etc. quando por exemplo faço uma chamada num terminal e aciono a tecla do cadeirante o elevador “sabe” que há uma limitação física e quando ele para atender a chamada as portas operam com tempos maiores de porta aberta para o passageiro conseguir entrar/sair confortavelmente do elevador.
Alguns benefícios:
- Atendimento as exigências de segurança das normas em vigor para elevadores;
- Elevadores novos de projeto atual sem problemas de peças de reposição e técnicos treinados nessas tecnologias;
- Possibilidade de interligar os elevadores remotamente a fábrica para diagnostico do funcionamento, falhas, etc;
- Gera aumento nas capacidades de tráfego e redução dos tempos de intervalo de tráfego, otimizando sensivelmente o tráfego da população predial;
- Economia do consumo de energia elétrica, valorização do metro quadrado dos pisos com instalação de novos e modernos elevadores;
- Modernidade na integração dos elevadores desde as catracas aos terminais de chamadas dos andares, aumentando a segurança na edificação.
Exemplo de consumo elétrico
Prédio Comercial
- 06 Carros – 1600 kg (21 passageiros), velocidade de 2,5 m/s e com 10 paradas
- Com MG – 352 KWH que dividimos por 6 será de 57 KWH por carro
- Elevadores VVVF e Conversor estático – reduz-se de 30% a 35% por elevador, em 10 horas será de: 40 KWh
- Valor do KWH: R$ 0,694
- Então: o consumo em 10 horas por 1 elevador será de R$ 27,76