Ana Paula Cassago
 

Como uma abordagem estratégica e integrada de FM certificou prédio histórico com o selo LEED gold

Saiba quais estratégias operacionais resultaram no reconhecimento do Palácio Austregésilo de Athayde, empreendimento com mais de 44 anos.

Foto: Divulgação


Com uma abordagem estratégica e integrada de Facilities e Property Management, o Palácio Austregésilo de Athayde, localizado no centro do Rio de Janeiro, é o mais novo empreendimento certificado com o selo LEED O+M EB versão gold (Leadership in Energy and Environmental Design, em tradução livre: Liderança em Energia e Design Ambiental). Cedido pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil), a certificação americana adotada mundialmente por mais de 160 nações reconhece o desempenho sustentável do empreendimento como de alto nível.

Sob a gestão da Engepred, o ativo da Academia Brasileira de Letras (ABL) se destaca por desafiar o ciclo médio de vida de edifícios brasileiros. Com 44 anos de existência, o empreendimento passou por projetos de retrofit. Uma das principais realizações dessa transformação, neste sentido, foi a implementação de uma proposta abrangente de eficiência energética, que contribuiu para uma pontuação geral superior à média global, de 66 pontos, e próximo à média local, de 76 pontos. No geral, o prédio obteve 83 pontos.

Os principais fatores de energia para a performance geral acima da média foram o retrofit do sistema de ar-condicionado e dos elevadores. Manutenção preventiva constante, a troca das lâmpadas por opções de LED e a entrada do empreendimento no mercado livre de energia também contribuíram para mais eficiência e, consequentemente, uma redução de mais de 15% no consumo de energia elétrica. 

Dotado de um sistema regenerativo, os novos elevadores têm como premissa o reaproveitamento de energia a partir do uso inteligente. Ao invés de desperdiçar energia em forma de calor, o sistema alimenta a rede elétrica interna. Sendo assim, estima-se uma redução no consumo da energia de, aproximadamente, 79kWh/dia, de acordo com dados fornecidos pela fabricante Atlas Schindler S.A. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Elevadores (ABEEL), esse sistema pode reduzir a utilização de energia elétrica em até 75%, em comparação aos não regenerativos.

A migração para o mercado livre de energia, realizada em abril de 2018, também contribuiu para mais eficiência. Segundo um levantamento da Abraceel, estima-se que os contratos livres geram uma redução média anual de 23% no preço da energia em relação ao que é praticado pelas distribuidoras tradicionais. No caso do Palácio Austregésilo de Athayde a economia estimada é de 20% ao ano, pelos 5 anos seguintes, ou seja, até 2023, o que significa uma economia média estimada em R$ 1 milhão ao ano. O retrofit de iluminação, por sua vez, resultou em uma queda de 50% no total de kwh consumido, o que viabilizou uma economia de 30% no custo mensal na conta de energia. A economia também se deu pela redução no descarte de lâmpadas trocadas, feita mensalmente.

Essas iniciativas não apenas geraram benefícios econômico-financeiros, mas também tiveram impactos socioambientais positivos significativos. Segundo Luciana Penna, sócia da Engepred, "o grande diferencial é a visão de médio e longo prazos com foco na perenidade do ativo, o que viabiliza investimentos de impacto em todas as vertentes da sustentabilidade. Isto é, tem-se o retorno econômico-financeiro comprovado, incluindo a constituição de um empreendimento mais competitivo no mercado imobiliário de locação, mas também os aspectos socioambientais, com benefícios em saúde, bem-estar e segurança para as pessoas e uma menor pegada de carbono no meio ambiente". Uma evidência de sua atratividade mercadológica é, por exemplo, a taxa de vacância em um dos períodos mais desafiadores para o mercado imobiliário corporativo - a pandemia da Covid-19. Enquanto a taxa de vacância média no Rio de Janeiro estava em 40% em 2022, segundo a plataforma SIILA, a do Palácio ficou em 29%.

Ana Paula de Castro, administradora da ABL, compactua com essa visão. "Ser responsável socioambientalmente é hoje uma obrigação, mas também uma medida inteligente e estratégica. A conquista da certificação LEED valoriza ainda mais o ativo, agrega valor à sua imagem e aos seus públicos, torna-o mais competitivo e gera novas oportunidades, tendo em vista grandes players que priorizam espaços sustentáveis e certificados". 

O uso estratégico da localização privilegiada, próximo às estações de metrô, VLT, pontos de ônibus e ao aeroporto, também foi um ponto de destaque. Com a disponibilidade de um bicicletário, um posto de recarga para carros elétricos e vagas restritas de estacionamento, o empreendimento fomenta o uso de transporte público, favorecendo a mobilidade urbana e uma matriz energética mais limpa. Dos 272 usuários dos prédios respondentes da pesquisa realizada pela consultoria sobre os meios de transportes utilizados para chegar ao empreendimento, 70% afirmaram utilizar o transporte público, tendo, inclusive, 11% que vão a pé ao empreendimento. Apenas 8% usam o carro.


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