Ana Paula Cassago
 

Local de trabalho e retenção de talentos. Precisamos falar a respeito

No setor de tecnologia, pesquisa aponta que quase 80% dos trabalhadores cogitaria mudar de emprego em caso de retorno ao modelo presencial.

Foto: matehavitaliy/depositphotos.com

As mudanças no mercado de trabalho impostas pela pandemia de Covid-19 não devem retroceder no que diz respeito ao trabalho remoto. Depois dos trabalhadores experimentarem facilidades como a possibilidade de evitar longas horas de trânsito, ter mais convívio com a família, liberdade para viagens e o gerenciamento do seu tempo, a tendência é que as empresas que quiserem garantir os melhores profissionais tenham que incorporar de vez essa modalidade. No setor de tecnologia, isso se acentua: uma pesquisa da Revelo, startup de recrutamento, divulgada recentemente, chamou atenção ao indicar que quase 80% dos profissionais da área de tecnologia considerariam trocar de emprego caso a empresa em que trabalham exigisse a volta ao modelo presencial.

De acordo com Maria Gabriela Souza, responsável pelo setor de People da Triven, empresa especializada e pioneira em CFO as a Service e serviços financeiros para startups, essa tendência tem sido observada em todos os setores e mais ainda quando se fala em tecnologia.

"O anywhere office veio pra ficar. Esse ano foi marcado pela tecnologia, digitalização acelerada e, depois que as pessoas experimentam as facilidades e qualidade de vida em atuar remotamente, é difícil voltar atrás. Sem propósito não há engajamento, se as pessoas não veem sentido em fazer diferentes entregas em casa ou na empresa, não vão entender o porquê devem estar in loco, logo não se engajarão nesse modelo", avalia.

Para Maria Gabriela, a intenção das empresas deve ser aprimorar o modelo, adotando mais metodologias, como ritos, encontros semanais da empresa, daily entre os times, ritual de cultura; e ferramentas, como as de organização de atividades;  de organização de informação; e de organização de comunicação. Além disso, é preciso pensar em auxílios para o time, como onboarding com muitas informações e treinamentos, treinamentos recorrentes, encontros para troca de experiências e comunicação muito alinhada com a liderança e equipe.


Além do home office

Se no passado trabalhar em casa já representava um sonho para muitos profissionais, hoje a tecnologia e o aperfeiçoamento de equipamentos já proporcionam ir além disso. Anywhere Office significa trabalhar em qualquer lugar. Então, na prática, é um modelo que permite que as pessoas façam suas tarefas no home office, no coworking, na casa de outra pessoa, em um café. Não importa onde ele vai estar, desde que o colaborador fique conectado, entregando seus resultados, fazendo as reuniões e mantendo seus compromissos.

"Para que esse modelo dê certo, tem que haver muitos combinados. Alguns pontos que precisamos ficar atentos são: onde eu estou tem muito barulho? A internet é estável? Tem muito trânsito de pessoas que possa atrapalhar as reuniões de vídeo ou me desconcentrar? É um modelo de atuação no qual as pessoas devem saber exatamente o que podem fazer e o que devem entregar. Isso exige muito planejamento, organização e comunicação", relata a gestora de RH.

Ela salienta que o modelo traz vantagens para as empresas, como redução dos custos com infraestrutura: aluguel, ar-condicionado, internet, energia, além do fato de que colaboradores felizes trazem melhores resultados.

Ela também relata que muitos colaboradores falam da felicidade de poder almoçar com os filhos, levá-los para a escola, participar dos momentos importantes, acompanhando o dia a dia. "Essas são coisas que os pais abdicam quando têm que trabalhar fora de casa", pontua.


Cuidados para o sucesso

O modelo de anywhere office tem claras vantagens, mas também é preciso ter uma visão ampla sobre os desafios e como superá-los. Alguns deles são possíveis distrações, falta de estrutura para ter um ambiente mais silencioso, falhas na internet e nos equipamentos e o controle de desempenho, que pode ser pouco eficaz.

"A probabilidade de procrastinar em casa é muito maior. Pode acontecer do colaborador não ter um alto desempenho. Mas o que mais preocupa os profissionais de RH é o engajamento em si, a falta do diálogo e da interação presencial. É por isso que as ferramentas de auxílio são fundamentais. Eu indico ter tecnologias de controle de horas e de organização de atividades, para que se possam definir prioridades, o que deixar para depois. Também é importante uma ferramenta de engajamento de colaboradores, onde eles consigam interagir e manter metodologias e ritos como o check in semanal", aconselha a especialista.

Ela também pontua que uma das partes mais difíceis é manter a comunicação assíncrona, para que não haja excesso de reuniões. "O time de People, além do mapeamento do que é necessário para implantar a atuação remota no quesito ferramentas, precisa trabalhar com treinamento e com desenvolvimento. Exige esforço, mas se o time está engajado vai fazer acontecer", conclui.

Fonte: Triven


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