O ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) aponta a direção que empresas éticas devem assumir para construir negócios sustentáveis, alinhados com o meio ambiente, partes interessadas e a sociedade como um todo. O conceito traz um olhar mais profundo das reais necessidades do planeta e das pessoas. Uma das razões para isso é que os consumidores e o mercado estão mais conscientes e a mentalidade do lucro acima de tudo perde força nessa seara.
Empresas focadas em inovação têm adotado os valores do ESG e impactado positivamente comunidades e setores que atuam. Uma das práticas é o reuso de peças de carros, compensação das emissões de CO2, redução e destinação correta de resíduos e o compromisso com entidades e organizações sem fins lucrativos para a transformação dos negócios. Saiba o que algumas companhias do segmento têm feito em relação a essa pauta.
Cadeia automotiva sustentável (Octa)
A Octa, startup co-criada pela Fisher (líder e referência em venture building no país), é uma empresa que tem transformado a cadeia automotiva em economia circular, ao criar pontes entre pessoas e empresas que possuam veículos que por algum motivo não cumprem mais com a sua função (inativos, batidos, queimados ou sucateados). A Octa os direciona para os centros de desmontagem veicular, responsáveis por fazer o desmonte adequado com boas práticas técnicas, levando ao consumidor final peças que cumprem com a qualidade e com o preço acessível.
Segundo a Octa, apenas 0,5% da frota nacional é convertida em veículo em final de vida, enquanto países mais maduros na reciclagem automotiva elevam esse número para 4% a 5% da frota, anualmente. Com isso, o objetivo da Octa é criar um novo mercado no país para desviar o atual consumo de peças em desmanches ilegais para empresas comprometidas com boas práticas e gerar benefícios para a economia, a segurança pública e o meio ambiente. A startup realiza isso por meio da venda ativa de veículos para centros de desmontagem e desenvolve a frente de venda de peças usadas ao mercado, buscando fechar a circularidade do frotista.
Neutralização das emissões de CO2 (Shopper e Zapay)
Para contribuir com as boas práticas ambientais e reduzir o impacto das emissões de dióxido de carbono na atmosfera, a Shopper, maior supermercado 100% online do país, neutralizou 100% das emissões de CO2 da sua operação (desde a compra e o recebimento de mercadoria, ao armazenamento nos centros de distribuição, preparo do pedido e a entrega, que inclui a pegada de carbono dos times administrativo e operacional). A startup foi a primeira do segmento, tanto online quanto offline, a promover essa mudança. A operação foi conduzida pela Biofílica Ambipar Environment, empresa brasileira de Nature-based Solutions (NBS) ou Soluções Baseadas na Natureza, que atua na gestão, na conservação e na restauração de florestas a partir da comercialização de créditos de carbono.
A compensação das emissões de CO2 da Shopper é feita via compra de crédito de carbono. Nos últimos dois anos, a startup contribuiu com a conservação de 76.700 m² de área da Floresta Amazônica, ou quase 11 campos de futebol oficial. Nesse período, foram neutralizadas 1954 toneladas de CO2, que correspondem a 456 árvores em pé na floresta. A compensação é feita em parceria com o Programa REDD+ Vale do Jari, que é financiado com recursos dos créditos de carbono e beneficia 15 comunidades e mais de 330 famílias entre os estados do Pará e do Amapá.
A Zapay, startup especializada no pagamento e na desburocratização dos débitos veiculares, recebeu o selo "Carbon Neutral" por compensar as emissões de carbono geradas por suas atividades administrativas no decorrer de 2021. Foram neutralizadas um total de 137 toneladas de CO2. Essa iniciativa foi viabilizada por meio da parceria com a Moss, climatech brasileira pioneira e líder na comercialização de crédito de carbono e de soluções ambientais em blockchain.
A compensação de carbono realizada pela Zapay equivale a dar 24 voltas de carro em torno da Terra ou abastecer 3.490 residências brasileiras com energia elétrica. O cálculo das emissões levou em conta as demandas administrativas da startup, como ar-condicionado, energia elétrica, combustão estacionária e móvel.
Segmento imobiliário (Verticale)
A Verticale, incorporadora com tradição de mais de 50 anos na Região Metropolitana de São Paulo, realiza um planejamento completo desde a concepção do projeto do empreendimento. No descarte, o resíduo é segregado em quatro classes e encaminhado para aterros sanitários credenciados por órgãos ambientais.
Além disso, no âmbito social, em parceria público-privada com as prefeituras nos municípios em que opera, a incorporadora incentiva práticas de fomento social que variam desde ações de saúde pública a ações de voluntariado, com a finalidade de arrecadar alimentos e roupas para famílias carentes.
Em governança, tem aprimorado suas práticas, por exemplo, com a transição de LTDA para SA, neste ano, além da implantação do ISO 9000 e da formação de um Conselho Independente e auditoria.
Descarte consciente do lixo (Kovi)
Existem diversas formas de se adotar o descarte consciente dentro das organizações de maneira prática para os colaboradores. A Kovi, startup que está revolucionando o acesso ao carro no Brasil, tem criado ações e soluções para engajar toda a equipe. Pequenas iniciativas como coleta seletiva e reciclagem, lixeiras individualizadas (metal, plástico, papel, vidro e orgânico), eliminação dos copos plásticos no escritório, além da destinação correta de itens descartados nas oficinas têm proporcionado impactos positivos, tanto para o meio ambiente como para o dia a dia das pessoas na empresa.
As oficinas realizam o descarte dos resíduos de forma sustentável. Óleo e fluidos são descartados especificamente na reciclagem, pneus são vendidos ao parceiro que, a depender do estoque de sucata, descarta para reciclagem ou envia para a produção de pneus remold. Além disso, as demais peças descartadas e sucatas são recolhidas para reciclagem ou tratamento (no caso de itens contaminantes).
Melhores práticas ambientais para a mineração (FNX Participações)
A holding FNX Participações aderiu ao Pacto Global da ONU em agosto de 2022, assumindo compromissos nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. O Pacto Global é a maior iniciativa de cidadania corporativa do mundo, com milhares de participantes de negócios e outros stakeholders da sociedade civil, trabalho e governo sediados em mais de 160 países.
À parte isso, a empresa apoia a iniciativa da Swiss Better Gold Association (SBGA), uma parceria que reúne os atores mais importantes da indústria do ouro na Suíça e os mineradores que adotam boas práticas para garantir a produção responsável. Juntos, eles implementam a Swiss Better Gold (Iniciativa Suíça de Ouro Melhor), um mecanismo orientado pelo mercado que permite às entidades formalizadas de mineração de ouro adotarem as melhores práticas ambientais e socialmente inclusivas.
Outra parceria é com a Brastorno, que desenvolve estudos e testes da tecnologia PELICANO (INPI BR 20 2021 002031 3), um conjunto de processos que permite a separação de metais, sem a utilização do mercúrio, por meio do emprego do método de lixiviação intensiva, em mineradoras voluntárias para aprimorar a eficiência e a viabilidade do processo produtivo, ou seja, é possível a retirada do mercúrio do processo produtivo.
Comprometimento com a sociedade (Betterfly)
A Betterfly - primeiro unicórnio social da América Latina, que conecta saúde e bem-estar à responsabilidade social - foi reconhecida, pelo segundo ano consecutivo, como uma das empresas B que geram maior impacto na lista global "Best of the World" (Categoria Impacto à Comunidade).
Diversos aspectos da organização são avaliados para que ela receba o Selo B como: comunidade em que atua, modelo de gestão de negócios e stakeholders. A validação comprova que a Betterfly está comprometida com a sociedade e o seu entorno.
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