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Sustentabilidade x Facility Management

Sabemos que tem muita coisa errada no mundo, mas FM pode contribuir para melhorar e consertar muitas coisas, quando a pauta é gestão de ambientes construídos e seus espaços de trabalho

Por Léa Lobo

 

 

A partir do segundo semestre de 2021 nos foi ofertada uma luz para o retorno aos abraços, aos encontros, aos escritórios... Enquanto 10% da população economicamente ativa trabalhava online, os Facility Managers (FMers) estavam atuando nas organizações, implantando ações para que os colaboradores voltassem para o trabalho de forma segura.

Graças à Área de FM, o retorno começou a acontecer. Independentemente das diferenças nos protocolos regionais, pontos de vista individuais e novas e perigosas variantes, as pessoas puderam retornar com seus rituais para o local de trabalho. Muitas das ações implementadas fazem parte de práticas sustentáveis.

Nos últimos meses, em conjunto com seus prestadores de serviços especializados, os FMers garantiram que os sistemas de água permanecessem operacionais, se certificaram de que os sistemas HVAC continuassem circulando ar limpo em seus edifícios, sempre de olho na qualidade do ar interior e na saúde das pessoas. Eles reimaginaram o espaço e cuidaram a higiene, projetado não apenas para produtividade, mas para segurança, conforto e flexibilidade. Eles implementaram tecnologias para oferecer tranquilidade às partes interessadas em um ambiente em rápida mudança e com novos protocolos.

Agora que o FM tem a atenção do alto escalão das empresas, é hora de falarmos de mais ações sustentáveis, considerando inclusive que governos no mundo, durante a COP26 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 –, determinaram que as organizações reduzam as pegadas de carbono de suas instalações. Agora, cabe a FM contribuir para pleitearmos o carbono zero e ajudar as pessoas a se sentirem parte de algo que garanta a vitalidade de nossa sociedade, da economia e do meio ambiente.

A revista InfraFM ouviu vários profissionais do mercado, em distintas vertentes, para que pudessem contribuir com você, o leitor e profissional da área, com dicas, experiências e aprendizados em prol do bem comum. Mas, antes vamos rever conceitos e amplitude do escopo de FM.

Revendo a importância de FM

De acordo com o comitê brasileiro da ABNT/CEE-267, aqui representando por Frederico Behmer, que com base na ISO/TR 41013, destacou que as organizações em geral dependem de vários processos de suporte, que são, em sua maioria, críticos para seus negócios principais. Um largo espectro de processos de suporte e a entrega seus resultados (os serviços de Facility) que permitem à organização demandante se concentrar em suas atividades primárias são integrados e otimizados pelo Facility Management (FM). Garantir que este suporte esteja disponível de acordo com a missão e estratégia da organização é o objetivo do FM, por exemplo, de forma apropriada, de qualidade e quantidade definidas e fornecidas de maneira economicamente eficiente.

O FM ao fornecer ambientes construídos e de trabalhos eficazes contribui para as necessidades de saúde, segurança do trabalho, segurança patrimonial e ambientais das pessoas. Locais de trabalho bem projetados e operados são fundamentais para estimular a motivação e produtividade, resultando em um impacto positivo no recrutamento e retenção do funcionário, na cultura corporativa e na identidade da marca.

A sustentabilidade é um tópico importante para os profissionais de FM e está se tornando mais uma prática mandatória do que uma tendência opcional. Muitos fatores globais, financeiros e ambientais estão contribuindo para a necessidade de uma mudança para sustentabilidade. O FM pode agregar substancialmente na sustentabilidade de uma organização porque abrange um amplo espectro de atividades relacionadas a aspectos econômicos, ambientais e sociais. Com sua abordagem holística, o FM desempenhará um papel importante nos próximos anos, em gerenciar requisitos futuros.

Em um nível estratégico, é importante considerar os custos do ciclo de vida de cada atividade e investimento. Isto pode incluir os princípios da sustentabilidade, considerando não somente os custos financeiros, mas também os impactos sociais e ambientais e seus custos associados. Esses custos podem ser transferidos para uma análise do ciclo de vida para fornecer uma avaliação financeira aprimorada. Ao fazê-lo para todos os ativos de suporte e, como um apoio ao gerenciamento para todos os ativos de uma organização, o FM gera valor adicional para a organização e a sociedade como um todo.

Um fator dominante para a sustentabilidade é a construção de novas edificações. Uma fonte conhecida de conflito no processo de obtenção de custos ótimos de ciclo de vida otimizados é a interface entre projeto e construção por um lado, e administração, manutenção e operação de edificações por outro lado. Como resultado, pode haver interpretações errôneas na especificação dos requisitos do usuário, dados faltantes ou formatados incorretamente, qualidade inadequada, material ou técnica de construção, o que pode levar a uma menor sustentabilidade e custos de manutenção e operação mais elevados. A organização de FM é totalmente responsável pela acomodação das atividades primárias, incluindo aluguel, arrendamento ou nova construção.

A contribuição da normalização

Frederico Behmer pontua que a série de normas da ABNT NBR ISO 41000 reforça as ações sustentáveis em todas as suas publicações ressaltando a sua importância e necessidade. Como o texto acima retirado da ISO/TR 41013. Mas o que é Sustentabilidade na visão da norma ABNT NBR ISO 41011, 

3.7.15 – sustentabilidade - estado do sistema global, incluindo os aspectos ambientais, sociais e econômicos, no qual as necessidades do presente são atendidas sem comprometer a capacidade das gerações futuras em atender às suas próprias necessidades.

NOTA 1    Os aspectos ambientais, sociais e econômicos interagem, são interdependentes e muitas vezes são referidos como as três dimensões da sustentabilidade.

NOTA 2    A sustentabilidade é o objetivo do desenvolvimento sustentável.

As ações sustentáveis não perpassam apenas por grandes projetos promovidos por países, órgãos e instituições. Essas ações começam individualmente, do local para o global. São inúmeras as práticas sustentáveis que podem ser adotadas tanto individualmente quanto coletivamente, pensando no bem-estar social associado à preservação do meio ambiente. Seguindo esta linha de raciocínio se pode citar alguns exemplos de Sustentabilidade que o Facility management pode aplicar, reforçar e participar:

Ações Individuais, onde o indivíduo pode ajudar no seu 
dia a dia:

l    Economia de água e energia;

l    Evitar o uso de sacolas plásticas;

l    Preferência por consumir produtos biodegradáveis;

l    Separar o lixo para coleta seletiva;

l    Reciclagem;

l    Realizar trajetos curtos através de caminhadas ou bicicletas. Adotar transportes coletivos 
ou caronas.

Ações Corporativas, onde as ações em conjunto colaboram no objetivo final:

l    Diminuição do consumo de energia e água;

l    Reutilização de água para outras atividades (Ex.: Tratamento de efluentes);

l    Recolher água da chuva para atividades de limpeza;

l    Utilizar materiais biodegradáveis;

l    Aplicação de tecnologias que possibilitem o uso de fontes energéticas renováveis (Ex.: Painéis solares);

l    Dar preferência ao uso de biocombustíveis;

l    Reaproveitar as sobras de matéria-prima;

l    Descartar adequadamente os resíduos;

l    Criação de Unidade de Conservação.

l    Optar por produtos com embalagens retornáveis;

l    Aumento da produção industrial nos países não industrializados à base de tecnologias ecologicamente viáveis;

Uma gestão holística

Para a Associação Brasileira de Facility Management, Property e Workplace (Abrafac) – a Sustentabilidade nunca foi uma barreira para a área, muito pelo contrário, os Facility Managers sempre estiveram de olho em tudo aquilo que promovesse uma economia para sua operação sem nunca renunciar à qualidade do ambiente de trabalho para os colaboradores e isso é Sustentabilidade na veia! Os Property managers por sua vez também estão interessados em manter as propriedades de que são responsáveis operando com a maior eficiência ambiental não só porque isso atrai clientes, mas porque melhora o retorno sobre o investimento. Agora em se falando de Workplace todos nós já sabemos que o local de trabalho que é mais atento as questões de sustentabilidade entrega uma experiência ao usuário que aumenta a sua produtividade, ou seja, todos saem ganhando! 

Os profissionais de FM administram espaços que utilizam diversos recursos naturais para seu funcionamento e atendimento às necessidades dos negócios. Podemos citar recursos importantes como a água, energia elétrica, combustíveis fósseis, entre outros. 

A preocupação com a água envolve o desenvolvimento de um sistema de gestão para este recurso, a implementação de equipamentos economizadores, já conhecidos de todos nós como torneiras com sensores e os demais equipamentos que utilizam água de maneira racional como mictórios e vasos sanitários, aliado a tudo isso e dependendo do empreendimento, outras formas podem ser agregadas como por exemplo o reuso e reaproveitamento de água. Alguns estabelecimentos com parque aquático por exemplo, cobrem suas piscinas durante a noite, evitando queda de temperatura, evaporação de água e de produtos químicos, consequentemente menor consumo desses mesmos itens para reposição e tratamento.

Para o caso da energia elétrica a gestão e uso de equipamentos e iluminação mais eficientes são, sem dúvida, o primeiro passo, contudo atualmente muito se fala sobre o uso de uma matriz energética mais limpa e de fontes alternativas como eólica e solar, automação, monitoramento, equipamentos eficientes, controladores de demanda, mercado livre de energia. Tudo isso faz parte da pauta do profissional de FM conectado ao mundo atual. Por exemplo, um tema pouco falado é a gestão do ar condicionado, simplesmente ajustando a temperatura de conforto já se pode trabalhar num ambiente menos congelante, mais amigável ao meio ambiente e economizando energia elétrica, pense nisso!

A reciclagem já deixou de ser um modismo e atualmente é protagonista das ações de gestão de resíduos, contudo o profissional atento sabe que é necessário ter um plano muito bem estabelecido de gestão de resíduos que estabeleça em primeiro lugar a diminuição da geração na fonte - ações como a diminuição da impressão de papéis é um dos contribuintes - sem deixar de lado a escolha de materiais que possibilitem o reuso ou a reciclagem. Quando se trata de resíduos gerados em serviços de alimentação a coleta dos orgânicos para a compostagem está cada dia mais presente nos empreendimentos e passa a ter um papel fundamental rumo ao objetivo de zero aterro (quando não se destina lixo para aterros sanitários). Uma ação interessante nesse sentido, que já vimos ser implementada, é o descarte de papel higiênico hidrossolúvel diretamente no vaso sanitário em empreendimentos que aceitam esse tipo de descarga.

Os conhecidos gases de efeito estufa – GEE - são liberados de diversas formas sendo que algumas estão sob o controle do FM e outras não. As mais importantes, administradas pelo Facility Manager, dizem respeito aos gases refrigerantes do ar-condicionado, uso de combustíveis fósseis na frota de veículos e geradores de emergência, uso de energia elétrica e ainda as viagens aéreas corporativas. Ações como uma manutenção efetiva no sistema HVAC, substituição de gases refrigerantes nocivos, substituição gradual da frota por veículos híbridos ou elétricos e o incentivo de reuniões virtuais em substituição, sempre que possível, de viagens aéreas constituem as principais iniciativas do FM. 

Após termos falado de tantas iniciativas e tantas áreas de atuação de Facility, Property e Workplace Management não podemos deixar passar o poder que essas ações podem ter na cadeia de fornecedores. Os profissionais devem impulsionar iniciativas e a adesão aos objetivos da organização contratante para que seus fornecedores também atuem de forma a colaborar com a sustentabilidade.

Força do FM no green building

Felipe Faria, CEO - Chief Executive Officer do Green Building Council Brasil, destaca que o movimento de green building reforça o compromisso com eficiência, sustentabilidade e conforto. Para isso, os profissionais que atuam em Facility, Property e Workplace Management são essenciais. A nossa principal proposta de valor é a redução dos custos de operação de uma edificação e a melhoria da qualidade de vida e bem-estar dos ocupantes, aspectos que dependem da atuação exemplar dos FMers, explica.

“O sucesso do movimento de green building vem sendo mostrado pelos seu crescimento, com milhares de edificações sendo atualmente certificadas por protocolos nacionais e internacionais. Somadas as certificações promovidas pelo GBC Brasil - LEED, GBC CASA&CONDOMÍNIO, LIFE e ZERO ENERGY -, crescemos 28% em 2020 após uma expansão de 45% no ano anterior. E, apesar da pandemia, finalizamos 2021 com o mesmo número de empreendimentos registrados em 2020”, destaca Faria.

O CEO do GBC destaca que as inúmeras edificações certificadas contribuem para a visibilidade e o reconhecimento dos FMers, pois o desempenho das construções depende da otimização de gestão operacional. Um exemplo interessante é o GBC ZERO ENERGY, cuja viabilidade financeira e técnica para executar uma edificação que gere 100% da energia necessária para operar por 12 meses corridos exige a otimização da gestão operacional.  

Aliás, assim como o GBC ZERO ENERGY, a certificação LEED O+M, a composição de ratings de ESG como o GRESB (Global ESG Benchmark for Real Estate), evidenciam como tendência no movimento de green building, a “certificação de desempenho”, e na qual qualquer discussão sobre esse conceito precisa envolver os profissionais e empresas de gerenciamento de facilidades e propriedades.

Faria destaca que nos últimos meses e de forma imediata, os profissionais realizaram adaptações para mitigar os riscos de contágios nas edificações durante a pandemia. Foram em busca de tecnologias e serviços de higienização, medição e controle da qualidade interna do ar, melhores práticas para a manutenção dos equipamentos das edificações desocupadas, pautados em eficiência e segurança sanitária. Mais: viram a oportunidade no avanço do ingresso de inteligência artificial e tecnologias de sensores e automação, tornando as edificações aptas a responderem imediatamente às circunstâncias que fogem da normalidade; o processo de capacitação contínua e a multidisciplinariedade dos profissionais de operações prediais.

O executivo destaca uma discussão interessante relacionada à principal ação de combate à pandemia COVID-19, conhecida pelo termo “distanciamento ou isolamento social”. “Entendo que uma atenção especial ao tema deva ser dada tendo em vista que a medida, se não for mais bem discutida, pode sugerir dificuldades a práticas que vem sendo incorporadas nos projetos de novas edificações, grandes reformas e planejamento de bairros. Como a do convívio social, estimulado por espaços convidativos de trocas, diversidade de experiências estimulando a criatividade, o lazer, a descontração e até a meditação, desponta como essenciais nos empreendimentos corporativos, inclusive como forma de influenciar a retenção dos novos talentos às corporações locatárias. Ou ainda o conceito de edificações de uso misto, onde moramos e trabalhamos próximos a serviços diversos, combinado com bairros mais adensados, evitando o desperdício do tempo em tráfego, facilitando a concentração de serviços públicos necessários, tornando-os mais eficientes no que tange ao uso de recursos naturais e mais eficazes à satisfação das necessidades a que se destinam.

Faria destaca ainda que “inspirados nos guidelines criados por profissionais de facilities e pautado nas recomendações das autoridades de saúde pública, criamos créditos-piloto na certificação LEED intitulados “Safety First”. São práticas como limpeza e desinfecção dos espaços; avaliação de riscos à qualidade da água gerados pelo armazenamento em decorrência da baixa ocupação, além de toda revisão e checagem dos filtros e manutenção de outros sistemas para a garantia de condições excelentes de ventilação e qualidade interna do ar.

Além da eficiência, saúde e conforto dos ocupantes, também encontramos no facilities um poderoso parceiro no quesito sustentabilidade. Tanto que, inspirados na ideia da equipe de facilities da Shell Brasil, promoveremos todos os anos o “Small Act Big Impact”. Em 2021, a empresa ganhou notoriedade diante do profissionalismo e dedicação de sua equipe de facilities, que se dedicaram em inovar processos de limpeza do carpete dos escritórios considerando solução a seco da milliCare que combina eficiência em qualidade interna do ar, redução do uso de energia, água e drástica redução na emissão de CO2. Mas além da tecnologia, a equipe demonstrou tecnicidade nos estudos e conclusões sobre a responsabilidade do facilities em relação às mudanças climáticas, ao ponto de convencer toda a empresa e parceiros, presente em diversos países, a gradativamente seguir o exemplo brasileiro.

Sustentabilidade que vem do chão

Ana Cláudia Morrissy Machado, Facility Manager Shell Brasil Petróleo - RE Facilities Management Latin America nos convida a imaginar um processo operacional feito, constantemente, dentro de uma instalação. Agora, olhe para ele a partir de uma ótica de sustentabilidade, tentando entender quão eficiente ele pode ser em termos de captura de carbono. O que checar? Quais parâmetros levantar-se? Como analisar? Ele é satisfatório ou há outro no mercado que seja mais adequado? Há possibilidade de replicá-lo para outros lugares? 

É esse contexto que caracteriza o estudo, foi reconhecido no Prêmio Abrafac 2021.  O foco do estudo foi comparar o processo de higienização e limpeza a seco de carpetes com o processo tradicional, que utiliza água. Neste trabalho, as diferenças entre os dois processos em termos de utilização de recursos naturais foram apresentadas e foi feito o cálculo da emissão de CO². Para tanto, foram usados dados provenientes da operação em um dos sites da Shell Brasil Petróleo, no Rio de Janeiro, chegando-se a uma eficiência do processo a seco de 99,98% e a uma captura de carbono de 37 toneladas/ano. Em adição, computando os custos diretamente alocados aos processos e os evitados, verificou-se que o processo a seco é mais barato que o tradicional e que permite a utilização do carpete durante toda sua vida útil, fazendo com que um ativo que leva de 250 a 400 anos para se decompor não seja prematuramente descartado. 

Quando se pensa na atual dinâmica do cenário organizacional, verifica-se que ela responde a um ciclo virtuoso que liga conceitos de sustentabilidade a princípios ESG e esses a gerenciamento de mudanças adaptativas ou transformadoras para que ajustes necessários ou potenciais inovações possam ser implementados. 

A executiva reforça que se esse movimento já acontecia, mesmo que de forma discreta na década passada, tornou-se uma necessidade durante a pandemia, devendo vir a ser um hábito no futuro próximo. Dessa forma, avaliar as atividades operacionais e estratégicas sob óticas mais críticas e em busca de pequenas ações que causem grandes impactos, que adicionem valores sustentáveis às organizações e que não demandem grandes investimentos se descortina como um caminho bastante promissor a ser explorado e seguido.   

A contribuição da arquitetura

Arquitetas Isabella Leonetti e Eloise Amado do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade da AsBEA São Paulo, reforçam que quando o tema é Sustentabilidade das Edificações vem à tona, imediatamente um ponto surge como prioritário na análise: o seu impacto no meio ambiente em relação às outras áreas de atividade humana. Pela importância do setor de Edificações na participação neste panorama, a responsabilidade dos envolvidos no processo de planejar, construir e operar as edificações tornou-se maior à medida que a urgência do salvamento do planeta face às mudanças do clima cresceu exponencialmente.

Muito se discutiu em outros tempos sobre a participação de cada fase da vida do edifício, ou seja: as fases de criação e operação, no conjunto das emissões nocivas ao meio ambiente. Este caminho, no entanto, foi superado, na medida em que estas fases se mostraram totalmente inter-relacionadas. A análise passou, desta forma, a ser do todo, com papéis igualmente importantes para cada ator, mas com interdependências absolutas.

É fundamental que o projetista, o construtor e o Facility Manager estejam absolutamente sintonizados para que uma edificação cumpra o seu papel por completo na preservação do meio ambiente e na garantia de conforto ao usuário.

A situação extrema que vivemos na pandemia ajudou a reforçar esta interdependência. Mudanças radicais de comportamento resultantes da necessidade temporária de isolamento, permanecem parcialmente na retomada das atividades e do contato presencial. O projeto de arquitetura e instalações prediais, entre outros, surgem com soluções novas demandadas por FM, que por sua vez, também buscam novas soluções para a adaptação de seus procedimentos.

Foram necessários aprendizados e atitudes certeiras para garantir a segurança e o progressivo retorno ao trabalho presencial, mas os desafios continuam, pois precisamos estar prontos para novas situações e pensar em soluções com o olhar no presente e no futuro.

A sustentabilidade de uma edificação é mais um processo que evolui no tempo do que um padrão definido, já que exige adaptações cada vez mais frequentes e assimilação de novas tecnologias que surgem a todo instante. Neste contexto, a integração entre o projeto, a execução e a operação devem ocorrer já no planejamento do empreendimento, com a condução essencial do próprio empreendedor: um projeto integrado que unifica a responsabilidade de todos os participantes e, ao mesmo tempo, estabelece a responsabilidade de cada um em relação aos demais.

O caminho se inicia por conhecer as necessidades dos usuários e as condições das instalações e com diretrizes alinhadas entre arquiteto, empreendedor, Facility Manager e os demais projetistas técnicos envolvidos para que sejam verificadas todas as possibilidades de redução da pegada de carbono.

A redução da pegada de carbono está ligada à redução do consumo de energia que se dá, principalmente, pela eficiência do sistema de ar-condicionado, pelo melhor ajuste nos sistemas de iluminação, pela redução do consumo de água, pela utilização de materiais de revestimento e de materiais de manutenção destes revestimentos que tenham baixas emissões, pela flexibilidade para as adaptações às alterações de layout que não exijam obras com desperdícios de material, pela previsão de ambientes adequados à fácil manutenção dos equipamentos e superfícies e pela condição mais adequada à gestão dos resíduos, entre outras medidas.

Da mesma forma que o Facility Manager tem uma participação fundamental no momento destas decisões de projeto, o arquiteto terá igualmente uma participação fundamental na operação e manutenção da edificação, quando ela precisar sofrer adaptações a novos usos ou processos, ou até quando se tornar necessária a incorporação de novas tecnologias que venham a contribuir com o melhor desempenho do edifício.

O desafio é grande, mas a boa notícia e que os profissionais que atuam em Facility Management não estão sozinhos, somos na verdade uma equipe nesta busca e podemos contar com muitos profissionais aptos a participar desta jornada. Um time qualificado e unido será a carta da vez!!

Climatização como desafio do século para edificações

Comitê de artigos Técnicos SMACNA Brasil compartilhou os desafios e oportunidades em curto e médio prazo quando o tema é a climatização no contexto da sustentabilidade:

Dentre os diversos temas relacionados à gestão de facilities, as questões da “qualidade do ar interior” e a “descabarbonização das edificações” são assuntos de destaque e que são tendências globais, com importantes impactos políticos, sociais e econômicos no modo de vida das sociedades.

Meio ambiente e clima atualmente são pautas fundamentais. Já é comprovada a relação do aumento das concentrações de gases de efeito estufa atmosféricos (GEEs) com o aquecimento global. As emissões de GEE podem surgir de diferentes atividades e a métrica internacional adotada para quantificar diferentes tipos de GEEs e seus diferentes potenciais de aquecimento é o “equivalente de dióxido de carbono”, ou a chamada “pegada de carbono”. 

Edifícios construídos ou em construção representam cerca de 40% das emissões globais de CO2. Destaca-se ainda que em uma edificação com sistema de climatização operante, o ar condicionado representa em média de 40% a 80% da demanda energética. Assim, diversas políticas públicas, normas e diretrizes estão sendo desenvolvidas para estimular a “descarbonização” de edificações, seja para edifícios novos ou para o retrofit daqueles já construídos. 

No Brasil, apesar de termos a favor uma matriz energética mais limpa, compromissos globais assumidos em conferências como a COP26 trazem novos desafios, os quais têm impacto direto na área de FM em curto e médio prazo.

Assim, a descarbonização de edificações deve considerar o projeto, construção/retrofit e operação das edificações, sendo alguns exemplos:

l    Reduzir as emissões de carbono nas operações;

l    Reduzir a demanda de energia, preservando a qualidade e funcionalidade dos ambientes internos;

l    Adotar fontes de energia renovável;

l    Reduzir as emissões de carbono durante a construção das edificações; e

l    Reduzir o carbono incorporado nos materiais estruturais, do envelope e dos sistemas dos edifícios.

Especificamente com relação ao setor de ar condicionado, diversas tecnologias têm sido desenvolvidas para atender às demandas de sustentabilidade e maior eficiência energética, atendendo inclusive a normas internacionais, como por exemplo:

l    Fluídos refrigerantes com baixo GEEs e ODPs;

l    Parâmetros de automação e set points dos sistemas mais inteligentes;

l    Adoção de componentes de ajustes e balanceamentos eletrônicos, como válvulas;

l    Sistemas de bombeamentos mais eficientes;

l    Instalação de variadores de frequência;

l    Instalações mais eficientes e que consomem menos energia.

Ainda com relação à operação das edificações e ar condicionado, a qualidade do ar interior tem se apresentado como um tema fundamental e de grande destaque.  Segundo o médico e professor da Universidade de Washington e CHO (Chefe da Área de Saúde) da Amazon, Dr. Vin Gupta, “qualidade do ar interno é o maior desafio do século para edificações”. Mas não apenas grandes empresas devem se atentar para essa questão, mas também espaços residenciais, comerciais, de trabalho e lazer.

Assim, os investimentos em qualidade do ar interno devem ser mantidos e ampliados mesmo com o fim da pandemia do Covid-19, uma vez que a qualidade de vida e saúde dos ocupantes está diretamente relacionada. Tanto é verdade, que estudos da Universidade de Harvard indicam a relação entre a boa qualidade do ar interno e melhor funcionamento do sistema cognitivo, podendo aumentar a produtividade dos ocupantes em até 100%. 

O setor de HVAC é um parceiro importante para as equipes de facilities nas tomadas de decisões para melhoria da qualidade do ar interno das edificações, identificando oportunidades e soluções adequadas, a depender das condições, necessidades, uso e características construtivas de cada espaço. Algumas das possibilidades são: 

l    Uso de filtros com maior grau de filtragem; 

l    Instalação de caixas de ventilação; 

l    Oportunidades de ventilação natural; 

l    Manutenção adequada dos sistemas de HVAC existentes; 

l    Automação adequada;

l    Instalação de sensores para monitorar a qualidade do ar interno.

De forma transversal a ambos os assuntos acima descritos, a eficiência energética deve ser sempre considerada e objetivada, evitando o desperdício de recursos. Com isso, a cada vez maior integração de sistemas complementares, especialmente através de sistemas de automação devidamente projetados e instalados, é um importante recurso para alcançar melhores resultados.

Práticas na limpeza profissional

Guilherme Salla, diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade Social da Associação Brasileira de Limpeza Profissional (Abralimp) destaca que o conceito ESG (Environmental, Social and Governance ou Ambiental, Social e Governança) ganha cada vez mais espaço dentro das organizações e na limpeza profissional não é diferente. Empresas e toda a cadeia produtiva do setor, de fabricantes de máquinas, equipamentos, descartáveis e químicos a prestadoras de serviços, buscam ter uma atuação pautada nos princípios da sustentabilidade, gerando economia de recursos como água, energia e produtos químicos sem prejuízo da eficiência para todo o processo.

Mas ainda há um longo caminho a ser trilhado. Para se ter uma ideia, o Brasil produz anualmente 79 milhões de toneladas de lixo e recicla apenas 3% deste montante, segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). O nosso país, infelizmente, é o que mais gera dejetos na América Latina, representando 40% do total gerado na região (541 mil toneladas/dia, segundo a ONU Meio Ambiente). 

É fundamental que a iniciativa privada faça sua parte. Dentro da rotina de trabalho da área de Facility Management, responsável pela gestão dos contratos nas organizações, é vital o exercício constante dos 5Rs da sustentabilidade (Reciclar, Reutilizar, Reduzir, Recusar e Repensar) no momento de optar por contratar um prestador de serviço ou até mesmo olhar para a sua própria operação.  

Um exemplo prático está no desperdício de água, recurso fundamental para a atividade de limpeza profissional, onde muitas vezes é acentuado, principalmente em operações sem a presença de uma equipe especializada ou de um Facility Manager bem qualificado. Estudo da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) aponta que uma mangueira de jardim consome 0,66 litros de água por segundo (ou 2.400 litros de água/ hora). Um profissional de FM qualificado ou uma empresa profissional irá substitui-la por uma lavadora de alta pressão, em que o consumo cai para 500 litros de água/hora, gerando uma economia de 80%.  

Outro ponto importante é verificar se as empresas de limpeza que praticam a gestão eficiente de recursos possuem a certificação ISO 14000, que atesta que atendem a uma série de normas e diretrizes e que garantem uma gestão efetivamente ambiental. Atualmente, existe também o Rótulo Ecológico ABNT, que promove a redução de desperdícios e otimização dos processos; comprovando ao mercado que a empresa está preocupada com as próximas gerações; promovendo a preservação do meio ambiente, por meio da diminuição dos impactos e permite o enquadramento nas exigências de licitações sustentáveis.

A sustentabilidade na limpeza requer equipes capacitadas, sendo este ponto um dos grandes desafios da atividade. Ter a equipe de ponta alinhada com a visão de redução da pegada de carbono é vital para a virada da chave, onde este colaborador acaba sendo o elo principal entre o descarte de material de forma correta e sua destinação final, quando falamos exclusivamente de coleta seletiva.

Reutilização de galões plásticos de produtos de limpeza 

O plástico é um problema sério no mundo. Cientistas estimam que, no ritmo atual de consumo, até 2050 haverá mais plástico do que peixes no oceano. Pioneira global na prática de Economia Circular dentro da limpeza profissional, a Maxi Service tem feito um trabalho contundente ao tornar a operação predial de seus clientes ainda mais sustentável, contribuindo para barrar essa estimativa mundial.

Em outras palavras, é uma operação de higiene e conservação com impacto zero ao dar uma nova chance para os galões plásticos de produtos de limpeza. A empresa destina a maior parte dos resíduos plásticos gerados na operação para reciclagem, e através de uma logística reversa especializada, esta matéria-prima reciclada retorna para a operação em forma de baldes e acessórios de limpeza. “Reciclamos em média meia tonelada de plástico, do tipo PEAD, os quais geram em torno de 400 a 500 baldes mensais para a nossa operação. Estes mesmos baldes retornam para a reciclagem quando são inutilizados, gerando impacto zero ao meio ambiente”, explica o Administrador da Maxi Service. 

Com esse projeto, em 2019 a empresa foi reconhecida pelo Prêmio Eco Amcham Estadão, na categoria “processos” por prover o conceito de economia circular. Este conceito permite que 80% do plástico gerado na operação da empresa seja descartado de forma correta e retorne para a operação em formato de novos produtos, evitando assim que este plástico seja descartado de forma incorreta.

Estacionamentos sustentáveis são a nova realidade

Para Emilio Sanches Salgado Junior, Presidente da Associação Brasileira De Estacionamentos (Abrapark), o crescimento das cidades carrega consigo diversas questões, sendo a infraestrutura uma delas.  Pensando especificamente na mobilidade urbana, os estacionamentos não devem ser vistos apenas como locais em que se deixam carros, por mais que essa seja a sua principal função. O nosso propósito deve ser maior. 

O planejamento consciente de estacionamentos é uma questão que deve ser considerada, pois além de contribuir de forma direta com a redução dos valores de custos operacionais das empresas, contribui com o mais importante, a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.  

Muitos locais que contam com estacionamentos demonstram interesse em trazer para esses espaços uma cultura com pilares que contribuam com o planeta de forma positiva e que corresponda às expectativas de seu público, mas muitas vezes não sabem exatamente por onde começar. Esses espaços precisam estabelecer uma política ambiental com todos os personagens – colaboradores, usuários, entre outros -, e pensar além de seu entorno. 

Com um serviço otimizado, a área de FM pode ser o ponta pé inicial. Mas na prática, como podemos fazer isso? A construção de estacionamentos pode ser pensada a partir de um sistema que foque em não gerar resíduos. Utilizar materiais duráveis ou até mesmo recicláveis se mostram maneiras interessantes de desenvolver as obras. O piso, por exemplo, pode ser trabalhado a partir desse viés. 

O telhado verde também é uma ótima maneira de aproveitar o espaço. A técnica possibilita a plantação de vegetações na cobertura dos empreendimentos.  Com o aproveitamento da luz solar para o crescimento de diferentes plantas, é possível oferecer paisagismo em meio a urbanização e usufruir de outras vantagens, como a diminuição da poluição ambiental e sonora e maior frescor no ambiente, já que o telhado reduz a temperatura. Esse tipo de telhado também facilita a captação de água das chuvas, que pode ser usada para a limpeza dos recintos, nas descargas dos vasos sanitários dos banheiros e nos jardins, contribuindo ativamente no consumo responsável. 

Já a iluminação pode ser utilizada de duas maneiras - a partir da luz natural do dia e por painéis solares fotovoltaicos, que convertem a energia solar em energia elétrica para os estabelecimentos. O investimento nesse tipo de produto permite acesso à energia limpa e renovável, uma economia considerável nos gastos, além do famoso Pay-Back, que proporciona a recuperação do dinheiro usado nas instalações depois de determinado período. 

A coleta seletiva também deve ser considerada. Com ela, os resíduos serão separados corretamente de acordo com as suas características. Esse tipo de ação facilita o descarte correto de lixo e permite que os estacionamentos cooperem com pessoas ou instituições que realizam reciclagem, por meio de parcerias. 

Claro que não podemos nos esquecer de diminuir a utilização do papel. Um sistema digital é uma opção, tornando viável a partir do uso de tecnologias e da criação de aplicativos que facilitem o dia a dia dos colaboradores e clientes. 

O fato é que os estacionamentos devem estar alinhados à realidade do agora e de olho no futuro. Os carros elétricos, por exemplo, já são demandas que devem ser consideradas nesses espaços. Oferecer facilidades como recarga para esses automóveis é fundamental. Além disso, é preciso ter em mente que as pessoas também estão buscando se transportar de outras formas - bicicletas, scooters, motociclos e patinetes elétricos. 

Os estacionamentos também devem estar preparados para prestar serviços e soluções para esses segmentos. 

Manter-se atento às transformações é o caminho para entrega de espaços e serviços 

cada vez mais completos, que
não só atendam a necessidade principal do cliente, mas também demonstre uma real preocupação com o meio ambiente.

Compras sustentáveis

Para Carlos Bauke, da Bauke Consultoria e diretor do Comitê de Compras da ANGC - Associação Nacional de Gestores de Compras, o momento em que ainda vivemos a pandemia e seus reflexos, com vários problemas de importação, fornecimento de matérias-primas e escassez de insumos, temos uma grande oportunidade para buscar novos fornecedores. 

Bauke acredita que além disso podemos ajudar a desenvolver fornecedores locais, pequenos e médios, para assim suprir as necessidades e demandas das empresas. Um exemplo claro é o EPI (Equipamento de Proteção Individual), como as máscaras individuais, que apresenta uma chance clara de se comprar de pequenos fornecedores, garantido a eles uma renda, gerando empregos e alimentando toda uma cadeia social em volta da empresa, que beneficia a cidade, o Estado e o país. Outro ponto importante, é preciso olhar para as empresas que atuam com a inclusão e dão oportunidades para negros, deficientes, indígenas e pessoas do grupo LGBTQIA+.  

“Para as Compras Sustentáveis é preciso ter o apoio da alta direção, do jurídico e principalmente da área de FM, que muitas vezes é o principal gestor dos contratos de serviços e produtos. A área de FM possivelmente terá mais aderência as questões sociais e de sustentabilidade, sendo responsável por identificar e apresentar uma série de oportunidades, como por exemplo: fornecedores de logística; de serviços de manutenção; limpeza; tratamento de água; jardinagem; suprimentos; mão de obra especializada entre outros. Existem outras áreas como Marketing, TI e RH, que implantam projetos de diversidade nas organizações atuando com fornecedores que seguem a mesma linha”, destaca o diretor da ANGC.

Bauke diz que para realizar uma compra sustentável, o 1º passo, é ter a mente e coração abertos, pois teremos que fugir dos procedimentos normais, principalmente no que se refere ao cadastro de fornecedores e homologação. Precisamos “quebrar” algumas exigências e temos que fazer um processo semelhante ao do acordo com uma Startup. Utilizando uma maior flexibilidade nas regras de contratação e, muitas vezes, necessitando realizar um trabalho de treinamento e capacitação voltados para as questões de compliance e LGPD.  O Jurídico da empresa, talvez tenha que ser o Jurídico do fornecedor contratado.

Feito isto, Bauke sugere que, junto as áreas demandantes como a de FM, fazer uma divisão do volume de serviços e produtos, mantendo boa parte com os fornecedores tradicionais e abrindo espaços aos novos fornecedores. Apostando e ajudando no desenvolvimento, mas mantendo os controles necessários, é importante apoiar todo processo produtivo, e dependendo da situação, até mesmo investir na cadeia produtiva destes fornecedores. Outra opção, segundo ele, é fazer este desenvolvimento com apoio dos grandes fornecedores em um trabalho de parceria, onde eles atuam como “mentores” do pequeno, usando sua expertise para ajudar no desenvolvimento, as vezes fazendo a quarteirização de parte dos serviços. 

“É importante estar muito claro dentro da organização, com o total apoio da alta diretoria, qual é o percentual do gasto anual (Opex) ou do investimento (Capex) que será destinado a desenvolver fornecedores locais.  Essa prática visa ampliar ou, implantar em alguns casos, uma política social e de diversidade sólida e consistente dentro da companhia. 

E o passo mais importante é o do acompanhamento e monitoramento sempre lembrando que a proposta é desenvolver estes fornecedores, para que cresçam, aumentem sua renda, gerem mais empregos e beneficiem toda a cadeia. Este processo de acompanhar exige dedicação, trabalho, indicadores, controles, reuniões frequentes, e muita calma, pois não será de um dia para outro que este crescimento irá acontecer.

Inclusive, hoje existem empresas que tem o foco no desenvolvimento e apoio junto a fornecedores pequenos, elas são contratadas para gerenciar todo este processo, apoiando na busca de parceiros locais, no treinamento e no acompanhamento junto a todos os envolvidos. 

Uma dessas empresas, por exemplo, é a Integrare

Outro ponto a ser destacado, dentro de um programa mais completo de ESG, que pode ser gerenciado pela área de FM, para as Compras Sustentáveis, é que existe a ISO 2400, que define uma série de procedimentos e garantem que a empresa siga um padrão de Sustentabilidade nas Compras.  Vantagem de ser Sustentável no processo de Compras:

l    Reforço da reputação organizacional;

l    Otimização de gastos com recursos e insumos;

l    Redução no uso de água e energia elétrica;

l    Estimula à inovação;

l    Mais confiança pela comunidade em que a empresa está inserida;

l    Menor impacto ao meio ambiente e à comunidade;

l    Redução na emissão de gases de efeito estufa.

Outra maneira de garantir que a empresa esteja sendo sustentável nos seus processos, é seguir os 17 ODS definidos pela ONU

Para finalizar, Bauke diz que é importante destacar que não é só a área de Compras que precisa ser sustentável, na verdade a área é quem irá executar todos os processos, que tem na sua origem uma política e missão de valores definidas pela Organização.  Praticar a sustentabilidade é um processo para toda companhia, as áreas e os colaboradores precisam estar engajados, além de toda a cadeia produtiva e sociedade.

Conclusão

Todos esses esforços são louváveis. No entanto, a sustentabilidade envolve mais do que soluções isoladas. Sustentabilidade é um conceito abrangente baseado no princípio de que não é apenas uma parte do trabalho de um FM; deve ser uma influência orientadora em todos os aspectos do FM. É necessário planejamento e considerações sobre a melhor forma de integrar saúde ambiental, equidade social e vitalidade econômica para criar instalações prósperas, saudáveis e diversificadas.

As práticas sustentáveis apoiam a saúde e a vitalidade ecológicas, humanas e econômicas. Tudo o que é necessário para a sobrevivência e o bem-estar depende, direta ou indiretamente, do ambiente natural. Os FMers devem ser intencionais e proativos no planejamento de práticas e procedimentos de sustentabilidade. O planejamento é um processo. Idealmente, é orientado para o futuro, abrangente, sistemático e integrado. Envolve uma ampla busca por alternativas e analisa informações relevantes. Avaliar opções de FM envolve muitas variáveis e adicionar sustentabilidade à combinação apenas amplia o escopo. Deve haver um equilíbrio entre a viabilidade financeira, os efeitos e benefícios na medida em que se relacionam com as partes interessadas e os possíveis impactos negativos no meio ambiente.

 Os FMers devem utilizar os critérios do Triple Bottom Line para conduzir decisões e desenvolver soluções de alto valor, enquanto planejam como alinhar, implementar, revisar, medir e comunicar estratégias. Sustentabilidade é sobre a interação entre o ambiente construído e o ambiente natural. Os FMers devem avaliar os efeitos gerais das instalações no meio ambiente em todas as fases das atividades das instalações, desde o planejamento e projeto até a aquisição, implementação, operação e descomissionamento. Sustentabilidade é o compromisso de melhorar o impacto de uma instalação no meio ambiente e nas pessoas, sempre com os custos em mente. Os FMers devem pensar menos sobre o impacto apenas nas instalações e dar uma olhada mais ampla em todas as ramificações possíveis de qualquer atividade, interna e externa, nas organizações e em seu entorno.,

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