Por Gilberto Gonzaga*
A demanda por melhoria na infraestrutura de Data Centers vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Isso se deve, principalmente ao aumento do tráfego de dados e da adoção da arquitetura de nuvem. De acordo com o estudo divulgado pela Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), em 2017, a procura por cloud computing no País cresceu 47,4% de 2015 para 2016, alcançando investimentos na ordem de US$ 746 milhões. Ainda de acordo com a pesquisa, mais de US$ 6 bilhões foram dedicados a software, serviços e hardwares para o desenvolvimento de Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things – IoT) no Brasil. Esses números são muito significativos, sobre eles ressaltamos um elemento fundamental desse processo: todos os dados produzidos e analisados precisam ser armazenados em um Data Center, estrutura que é a base da nuvem.
Dentro dessa realidade na qual cada vez mais equipamentos conectados à rede pedem por processamento de dados, o mercado está trabalhando no desenvolvimento de tecnologias que sejam capazes de atender a essa nova necessidade. Mas, para isso, precisamos voltar alguns passos.
Com o aumento do consumo por parte de usuários finais, torna-se necessário transmitir voz, imagens e dados com cada vez mais rapidez e ter um armazenamento constantemente expandido. Esse aumento de tráfego exige um sistema de processamento (switch) com maior capacidade e um cabeamento capaz de suportar essa demanda.
Os cabos de cobre já não atendem eficientemente às necessidades atuais de alta velocidade por vários motivos. Alguns exemplos são as limitações de distância para protocolos de alta banda larga, que fazem das fibras ópticas a mídia de transmissão preferida; também a interferência causada pelo aumento da frequência de transmissão elétrica e a criação de estrangulamentos que podem causar o encerramento total do sistema por sobrecarga.
Em função dessas limitações, a solução foi a substituição do cabeamento metálico por redes de fibra óptica, que não têm limite físico para a transmissão de dados. Dessa forma, a quantidade de informação que passa pelos cabos fica a cargo do switch. Na realidade brasileira, quando falamos nesse sistema de processamento, a capacidade máxima atualmente em operação é de 100 GB, sendo que a média é 10 GB. Já no cenário internacional, há notícias de testes de 400 GB.
Inovações como os cabos ópticos de oito fibras possibilitam o gerenciamento das aplicações dentro do Data Center, suportando as necessidades atuais e futuras, sem a necessidade de substituição por conta do aumento do fluxo de dados. Os cabos de fibra óptica também garantem a qualidade da transmissão de dados, velocidade e eficiência ao mesmo tempo em que reduzem a necessidade de espaço nas estruturas. O aumento da demanda por dados causada por inovações como a IoT, o big data e a internet 5G, exige uma atualização infraestrutura dos Data Centers, mas essa necessidade vem acompanhada de grandes desafios para as empresas.
Em um cenário ideal, aconteceria a troca do switch, servidores e cabeamento metálico por componentes com maior capacidade, como a rede óptica. Entretanto, esses gastos são grandes e tomam proporções ainda maiores quando feitos por empresas que não têm esse serviço como fim, como escritórios de arquitetura ou hospitais, por exemplo. Essa é uma das razões pela qual as empresas especializadas são procuradas para ceder estrutura e hospedar os dados dos clientes.
Para se ter uma ideia, a construção de um Data Center envolve medidas de segurança para evitar o roubo de dados, redundância de energia para garantir que o sistema continue funcionando mesmo com uma queda repentina da primeira ou mesmo da segunda fonte, e refrigeração para não superaquecer as máquinas. Isso é o que chamamos de “casca”, isto é, apenas a construção sem a instalação dos equipamentos.
Essa estrutura é construída para abrigar Data Centers de grandes dimensões, chamados de hyperscale, com capacidade massiva e escalável de armazenamento, que são usados por empresas que possuem necessidade de reter grande quantidade de informações, como serviços de e-commerce, financeiro, redes sociais ou streaming. Para levantar a estrutura, o investimento é, em média, de R$ 2 bilhões. Para que esse gasto valha a pena para ambos os lados, contratos costumam ter mais de vinte anos de duração. Para isso, é feito um planejamento de longo prazo, com a estimativa de uso do espaço do Data Center para que o cliente não seja pego desprevenido em um eventual pico de tráfego que possa causar a queda do sistema.
O desenvolvimento da tecnologia acontece exponencialmente por exigência do mercado. Essa necessidade se reflete nos números de pesquisas divulgadas nos últimos meses, como o mais recente relatório Webshoppers, que mostra que o e-commerce brasileiro arrecadou R$ 21 bilhões no primeiro semestre de 2017 (um crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período de 2016) e o número de clientes subiu 10,3%, atingindo 25,5 milhões de pessoas. Outro dado é o aumento do consumo dos serviços de streaming de música em 52% no Brasil em 2016, de acordo com uma pesquisa feita pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica.
À medida que mais produtos e serviços migram para o universo digital, cresce a necessidade de empresas buscarem soluções que garantam agilidade, estabilidade e segurança a seu negócio. Cada companhia, porém, deve buscar uma estratégia particular, adequada a seu fluxo de dados e estrutura – algumas corporações muitas vezes podem suprir suas demandas com serviços de nuvem, enquanto outras talvez necessitem de serviços de colocation e hospedagem de um Data Center de larga escala. De qualquer forma, independentemente do caminho a ser definido por cada companhia, o desafio é o mesmo: a atualização de toda a infraestrutura de armazenamento, desde o cabeamento, que deve ser capaz de suportar a quantidade crescente de informações, até os equipamentos encarregados no processamento.
*Gilberto Gonzaga é Engenheiro de Vendas da Corning para CALA e Brasil.