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Evasão de engenheiros e lacuna global: os riscos para o Facility Management no Brasil

A falta de profissionais técnicos é um desafio mundial que ameaça infraestrutura, inovação e sustentabilidade. No Brasil, o impacto sobre o Facility Management exige respostas rápidas

Por Redação

Evasão de engenheiros e lacuna global: os riscos para o Facility Management no Brasil

Foto: Canva.com/ 89Stocker


O déficit de engenheiros e técnicos não é exclusividade brasileira. Trata-se de um problema global, com impactos diretos sobre setores críticos da economia e da infraestrutura. Nos Estados Unidos, o mercado de engenharia civil deve crescer 13% até 2031, bem acima da média das demais áreas. Porém, a oferta de talentos não acompanha esse ritmo: até 2033, cerca de 20% da força de trabalho estará apta à aposentadoria, o que pode gerar um déficit de até 3 milhões de profissionais qualificados.

Na Austrália, a carência é considerada a pior em mais de uma década, com aumento de 16,8% nas vagas abertas em comparação a 2016, especialmente em engenharia elétrica — justamente quando a demanda por energia cresce com a expansão de data centers. No Reino Unido, apenas 61% das vagas de engenharia estão preenchidas, e quase um quinto da força atual se aposentará até 2026.

O quadro se repete em escala global: em 2023, quatro em cada cinco organizações de arquitetura, engenharia e construção (AEC) reportaram dificuldade em encontrar profissionais qualificados.


O impacto direto no Facility Management

O Facility Management (FM) está no centro dessa equação. A profissão ainda é pouco reconhecida no Brasil, com baixa inserção acadêmica e poucas formações específicas. Dados internacionais reforçam a gravidade do cenário: nos EUA, apenas 7% dos profissionais de FM têm menos de quatro anos de experiência, evidenciando falta de renovação geracional.

Enquanto isso, a demanda por edifícios inteligentes, data centers e operações altamente tecnológicas cresce rapidamente. Essas áreas exigem competências em automação predial, eficiência energética, gestão preditiva e integração de sistemas digitais — habilidades que já são escassas no mercado. O resultado é uma combinação perigosa: mais exigências técnicas com menos profissionais qualificados disponíveis.

O que o Brasil pode aprender com iniciativas globais

Algumas experiências internacionais mostram caminhos possíveis. A CBRE, no Reino Unido, tem investido em programas de aprendizagem estruturada, retenção de talentos, diversidade e inovação tecnológica. O setor de FM britânico, que emprega 1,2 milhão de pessoas e movimenta £56 bilhões anuais, passou a enxergar a formação de profissionais como estratégia essencial para a sustentabilidade do negócio.

No setor de infraestrutura do país, a falta de engenheiros já ameaça projetos estratégicos — de ferrovias a expansões aeroportuárias. Esse exemplo deve servir de alerta ao Brasil: sem uma política estruturada de reposição técnica, o FM nacional corre risco semelhante em áreas críticas, como hospitais, prédios corporativos e operações de data centers.


Agenda estratégica para o FM brasileiro

Para evitar um colapso silencioso de mão de obra técnica, o Facility Management no Brasil precisa adotar uma agenda propositiva e de longo prazo. Alguns eixos estratégicos se destacam:

- Atratividade e visibilidade da profissão

Inserir o FM no radar de jovens engenheiros e técnicos, por meio de programas de estágio, laboratórios em smart buildings e integração com cursos técnicos desde o ensino médio.

- Formação e retenção estruturada

Desenvolver trilhas de carreira, programas de bolsas de especialização, estágios supervisionados e iniciativas de inclusão, com foco em diversidade e atração de mulheres e profissionais de áreas correlatas.

- Automação e soluções inteligentes

Investir em IWMS (Integrated Workplace Management Systems), IoT e monitoramento em tempo real, reduzindo a dependência de mão de obra escassa com ganhos de eficiência operacional.

- Parcerias público-privadas

Estabelecer cooperação entre universidades, institutos de tecnologia, órgãos como CONFEA/CREA e empresas com forte agenda ESG, criando programas robustos de capacitação.

- Reinvenção do FM como agente de futuro

O Brasil enfrenta uma dupla pressão: evasão de engenheiros e infraestrutura envelhecida. Para o Facility Management, isso se traduz em operações vulneráveis, riscos de reputação e atraso nas metas de sustentabilidade corporativa.

O caminho exige inspiração em práticas internacionais, mas também inovação local. O FM brasileiro tem a oportunidade de se posicionar não apenas como gestor de ativos, mas como formador de mão de obra, integrador tecnológico e articulador de sustentabilidade. Essa reinvenção será decisiva para que o setor se torne resiliente diante da escassez global de engenheiros.


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