Black Friday - Congresso 2025
 

Chronoworking: vale a pena ser implementado?

Saiba como essa nova tendência global pode ser adotada nas empresas nacionais.

Por Amanda Alves

Chronoworking: vale a pena ser implementado?

Foto: Canva.com/ Elena Photo


Há aqueles que são mais produtivos no trabalho durante a manhã, enquanto outros preferem a noite, rendendo melhor em suas responsabilidades. Poder realizar suas funções corporativas conforme seu ritmo biológico é um grande sonho para muitos profissionais e que pode estar prestes a se tornar realidade, com o surgimento de uma nova tendência global que permite, justamente, que os profissionais adaptem sua jornada de acordo com seus ritmos circadianos: o chronoworking. Esse conceito pode trazer muitos benefícios, porém, sua chegada ao Brasil pode gerar certos desafios que precisam ser bem compreendidos.

Conhecido em português como cronotrabalho, sua proposta é incentivar que os profissionais trabalhem nos períodos que mais se sentirem produtivos, respeitando os ritmos naturais dos indivíduos, ao invés de seguirem as cargas horárias convencionais empresariais. Todos nós temos nosso relógio biológico interno que regula ciclos como o sono e a vigília, o qual influencia diretamente os momentos do dia nos quais estamos mais alertas e dispostos para realizar nossas funções.

Ao reconhecer essas diferenças individuais, a ideia é que seja criado um modelo de trabalho mais flexível que respeite esses ritmos naturais, em prol de uma maior produtividade individual, felicidade de cada um e, acima de tudo, uma melhor qualidade de vida. Afinal, segundo a OMS, o Brasil é o segundo país com maior quantidade de casos de burnout diagnosticados desde 2022, em decorrência, principalmente, do aumento da sobrecarga e estresse que afetam, diretamente, o bem-estar dos profissionais no ambiente corporativo.

Por mais que seja um modelo extremamente vantajoso, este conceito ainda precisa ser muito bem pensado antes de ser colocado em prática dentro das organizações, principalmente, devido à complexidade da legislação trabalhista e ao maior cuidado que as empresas terão que ter em termos de gestão de suas equipes. Até porque, muito provavelmente, essa flexibilização não conseguirá ser adotada por inteiro, e precisará levar em consideração alguns aspectos essenciais para evitar possíveis descontentamentos internos entre os colaboradores ou, até mesmo, aumento relacionado aos custos do colaborador para a empresa.

Chronoworking: vale a pena ser implementado?

Imaginemos, por exemplo, que, em um mesmo time, existam profissionais que prefiram trabalhar à noite e outros durante o dia. Financeiramente, aqueles que operarem na primeira opção terão direito ao adicional noturno - o que gerará encargos maiores às empresas. Em aspecto gerencial, assegurar que esses membros se mantenham alinhados em suas tarefas, mesmo trabalhando em momentos opostos, poderá ser um desafio maior, o que demandará novas estratégias não apenas por parte da liderança, como também uma maior capacidade de autogerenciamento que muitos profissionais podem encontrar dificuldades devido ao perfil e, até mesmo, pelo nível de experiência.

Ainda, além deste modelo não ser adequado para todos os perfis de profissionais, é preciso levar em conta que essa flexibilidade pode não ser tão benéfica de ser aplicada em todos os setores, visto que muitas atividades não conseguem operar desta forma assíncrona entre os times. As que tiverem interesse nessa estratégia precisam se dedicar, primeiramente, em um forte trabalho de mudança de mentalidade e cultura da empresa, identificando quais áreas conseguem trabalhar neste modelo e de que forma conseguirão assegurar o bom desempenho das equipes em horários distintos.

Legalmente, é crucial entender como o Fisco se adaptará a essas mudanças, criando regulamentações que ofereçam segurança jurídica às empresas que adotarem o chronoworking.

Esses pontos ressaltam a importância de as empresas que decidirem incorporar o chronoworking conduzam esse processo em doses homeopáticas, avaliando cuidadosamente se essa proposta faz sentido perante sua realidade. Caso faça, ao invés de deixar que cada profissional escolha seu próprio horário, crie opções de jornadas mais flexíveis que se enquadrem em sua estrutura operacional, de forma que cada um tenha um leque maior de opções para que escolham a que mais se adequa a seu perfil.

Adotar novas tendências de mercado sem uma análise crítica pode ser muito prejudicial, pois simplesmente seguir o que está em alta, não é algo inteligente do ponto de vista de crescimento do negócio e da satisfação dos colaboradores. Essas tendências só farão sentido se estiverem bem alinhadas com os objetivos da empresa.

Caso contrário, neste caso do chronoworking, ele poderá perder sua grande finalidade de trazer uma mudança necessária ao mercado que visa respeitar o ritmo biológico do colaborador, para se tornar apenas mais uma moda que as empresas querem seguir para poder acompanhar as tendências do mundo, ao invés de algo que faça sentido para seu crescimento.


Veja também

Conteúdos que gostaríamos de sugerir para a sua leitura.

Envie os nossos conteúdos por e-mail. Utilize o formulário abaixo e compartilhe os link deste conteúdo com outros profissionais. Aproveite e escreve uma mensagem bacana.

Faça uma busca

Mais lidas da semana

Workplace

Para coordenadora de Workplace da Blip, escritório materializa cultura

Conheça nova sede da empresa, que busca centralizar encontros e valorizar identidade da marca.

Carreira

Crescimento desordenado de FM: quais são as consequências?

Nos últimos 20 anos, formalização da área avançou, mas existe baixo investimento em qualificação profissional. Robson Quinello, especialista em Facility Management, fala sobre precarização e oportunidades do mercado.

Mercado

Entenda todos os benefícios de prédios com certificação LEED

Selo internacional pode fazer uma grande diferença.

UrbanFM

Inversão da pirâmide etária: nossas cidades estão preparadas?

Especialista em Gestão Urbana comenta aumento da longevidade e a queda das taxas de natalidade em artigo.

Sugestões da Redação

Revista InfraFM

Repensar a gestão das instalações de trabalho

Tendências inovadoras e sustentáveis se destacam na pesquisa da Aramark, que traz as transformações no Gerenciamento de Facilities em 2024.

Revista InfraFM

Maior encontro de FM da América Latina: do invisível ao indispensável

InfraFM realizou quatro encontros em evento único, com mais de 5,5 mil participantes.

Revista InfraFM

Insights das palestras do 19º Congresso InfraFM

Acompanhe um resumo das palestras e explore as inovações sustentáveis e estratégias avançadas no campo do Facilities Management.

Revista InfraFM

Inovações que transformam foram cases de sucesso dos expositores

Nas Arenas Soluções para FM, foram apresentados conteúdos com cases de sucesso dos expositores, que destacaram serviços, tecnologias e pessoas.

 
Dúvidas sobre os EVENTOS?
Fale com a nossa equipe pelo WhatsAPP