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Como a indústria pode se beneficiar das novas tecnologias?

Facility Managers da Bosch e Eurofarma compartilham cases de otimização e eficiência energética no RL Conecta.

Por Natalia Gonçalves

Como a indústria pode se beneficiar das novas tecnologias?

Imagem: Canva.com/ NanoStockk


Para conectar profissionais de Facility Management de diferentes segmentos, a RL Higiene criou o evento RL Conecta. Durante a abertura do encontro, Ricardo Vacaro, diretor geral da empresa, esclarece que apesar do sucesso da última edição, a RL Higiene não pretende ser uma empresa de eventos, mas, sim, mais um ponto de conexão entre os profissionais do setor.

Além da palestra master sobre a maior fábrica de celulose do mundo, com apresentação de Jonas Naranjo, Head de Markerting da Bracell, houve a realização de quatro fóruns simultâneos: 3º Fórum de Indústrias, 2º Fórum de Edifícios e Escritórios, 13º Fórum de Escolas e 4º Fórum de Saúde. Apesar da jornada de transformação digital ocorrer de diferentes formas em cada segmento de atuação da área de Facility Management, as soluções apresentadas pelas novas tecnologias foram temas presentes nos fóruns do 2º RL Conecta.

 Ricardo Vacaro, diretor geral da RL Higiene

Ricardo Vacaro, diretor geral da RL Higiene, ressalta importância de networking na área de Facility Management. Foto: InfraFM/ Natalia Gonçalves


Leia também: RL CONECTA: inovação, sustentabilidade e aprendizado para um futuro próspero


Conforme Douglas Pacifico, diretor de Facility Management e Real State na Bosch, o caminho de transformação digital não é linear e traz muitos desafios. Douglas foi um dos palestrantes do Fórum de Indústrias, juntamente com Everton Bernardes, diretor da ITW, e Matheus Plaza, coordenador de Infraestrutura na Eurofarma. Enquanto Bernardes abordou o processo de saída da ITW do mercado de papéis sanitários, os outros dois palestrantes compartilharam práticas inovadoras da Bosch, multinacional de engenharia e tecnologia, e da Eurofarma, farmacêutica multinacional.

Novas tecnologias na Bosch

Com mais de 26 anos na Bosch, Douglas Pacifico acompanhou grandes mudanças na área de Facility Management e no setor de tecnologia ao longo dos anos. Como fabricantes de novas tecnologias, a multinacional não demorou para trazer as tendências do mercado para dentro da empresa, como explica Pacifico: "os ambientes de trabalho estão se tornando cada vez mais modernos e mais digitais, com vários recursos e tecnologias sendo aplicados para o usuário do ambiente. Então, é a nossa responsabilidade trazer isso também para os nossos clientes internos".

Desde a utilização de IA até a implementação de machine learning, segundo Pacifico, existe um escopo de atuação extremamente amplo e de uma profundidade tecnológica gigantesca para diferentes campos da área de Facility Management. O caminho para percorrer dentro da jornada de transformação digital, contudo, é longo. Diante da perspectiva de Indústria 4.0, por exemplo, é possível iniciar em digitalização, depois integração de dispositivos e serviços para colocar em evidência os dados da operação. A partir da transparência em relação aos dados, de acordo com Douglas, é possível, de fato, automatizar a operação com capacidade de adaptação dos sistemas com Inteligência Artificial (IA).

Apesar da sede de Campinas da Bosch possuir diferentes sistemas, desde gestão de iluminação até de automação predial, esses eram desconectados. Assim, através da IA, a equipe de Facility Management viu a oportunidade de potencializar a operação. Em 2019, eles começaram a desenvolver uma plataforma para integração dos diferentes sistemas e criar aplicações e recursos. Conforme Pacifico, grande parte das soluções de automação predial ou digitalização do mercado preveem um novo sistema, mas esse não era o objetivo do projeto, devido a área de 500 mil m² e a idade da edificação.

"A Bosch tem 70 anos no Brasil, a nossa unidade matriz, que fica em Campinas, aloca cinco mil colaboradores em diferentes prédios. Com quase 64 anos de vida, a unidade possui central administrativa, fábrica, centro de pesquisa e desenvolvimento, sendo a média de idade dos nossos prédios de 45 anos. Então, tenho escritórios, fábrica, laboratórios, e equipamentos de décadas, mas eu não vou trocar tudo para digitalizar. Assim, como é que eu faço para integrar recursos, prédios e espaços de trabalho de diferentes idades dentro de uma plataforma? O retrofit para nós, ou seja, a possibilidade de integrar, nos motivou a seguir", explica Pacifico.


Leia também: Localiza Labs: como foi retrofit de construção da década de 1950?


Para medir quantas pessoas estão usando um banheiro, por exemplo, é necessário a instalação de um sensor. O sensor em si, pontua o profissional, não era o problema, mas, sim, como mantê-lo com energia e conectado: “Como que eu alimento aquele sensor? Eu vou ter que puxar um cabo de energia? Eu vou ter que puxar um cabo de rede para conectar os dados? Então, a solução foi instalar dispositivos sem fio e movidos à bateria. Essa bateria, aliás, tem duração de 2 a 3 anos. Neste sentido, foi necessário integrar o sensor à rede corporativa de dados da Bosch, tanto para realizar a troca de dados quanto para acessar de maneira fácil”.

Através da instalação de sensores e da integração dos sistemas, foi possível automatizar a iluminação dos ambientes, o que gerou, em pouco tempo, grandes resultados de otimização de recursos.  Com o projeto de conexão de 500 luminárias externas, o coordenador de digitalização em Facility Management na Bosch, Bruno Eduardo Medina, foi reconhecido pelo Melhores do Ano ABRAFAC em 2023. O projeto, aliás, será apresentado no Congresso InfraFM como um case de eficiência energética e de inovação tecnológica. Para saber mais sobre o evento, clique aqui

Da esquerda para a direita: Matheus Plaza, da Eurofarma, Douglas Pacifico, da Bosch, Everton Bernardes, da ITW, e Evandro Camargo, da RL Higiene. Foto: InfraFM/ Natalia Gonçalves


Cultura X Inovação na Eurofarma 

Durante a pandemia de Covid-19, as fábricas e os centros de distribuição não podiam parar e, segundo Matheus Plaza, coordenador de serviços administrativos da Eurofarma, isso contribuiu para grandes investimentos na área de Facility Management dentro da indústria. "Houve a implantação de novos recursos em diversos setores, mas hoje existe a necessidade de analisar a produtividade diante dessas mudanças. Fazer mais com menos", observa Plaza.

De acordo com o profissional, em serviços de Facilities, a anotação de atividades no papel ainda é uma realidade. Com o tempo, contudo, essa tendência não é efetiva. Assim, com o intuito de ter mais controle das atividades realizadas pelos operadores de limpeza, a Eurofarma passou a utilizar QR Codes nas áreas comuns da fábrica para abertura de chamados. No entanto, o cliente interno não utilizava o QR Code e, ao invés disso, ligava para a gerência para reclamar da falta de limpeza de algum ambiente.

"Por que o nosso cliente não lia o QR Code? Porque trabalhamos numa fábrica, da indústria farmacêutica e, grande parte dos clientes internos não entram com o celular dentro da fábrica", comenta Plaza em tom de brincadeira, que reconhece a falha da equipe de Facility Management naquele momento. Apesar de ainda estar em fase de implementação, a área de FM desenvolveu botões de acionamento para abertura de chamados através da Inteligência Artificial das Coisas (AioT), que foram instalados em banheiros e vestiários da fábrica. 

Em relação aos operadores de limpeza, Plaza destaca a resistência para adoção do checklist online, uma solução para evitar "um checklist colado atrás das portas" dos ambientes. Para ele, a resistência está relacionada ao estranhamento com as novas tecnologias, o que precisa ser trabalhado antes da implantação de novos recursos. "O operador de limpeza é a pessoa que a gente tem que ser próximo. Como gestores, precisamos estar no dia a dia dessas pessoas, pois elas estão na ponta e são a base da operação", ressalta Plaza. Assim, ele entende a mudança de perspectiva sobre as novas tecnologias como mais importante que a coleta de dados realizada de forma aleatória. 


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