Por Natalia Gonçalves

Afinal, o conceito de urbanismo social é um pleonasmo? Na teoria, o urbanismo atua no planejamento urbano tendo como objetivo o bem-estar da sociedade. Contudo, como explica Carlos Leite, diretor da Faculdade de Arquitetura na Universidade Presbiteriana Mackenzie, não faltam exemplos de projetos urbanísticos “antiurbanos”, que pioram a relação dos cidadãos com a cidade onde moram. Deste modo, o estudo de urbanismo social pode parecer redundante, mas nunca foi tão necessário reforçar o adjetivo.

No II Encontro Brasileiro de Urbanismo Social, que aconteceu na última semana em São Paulo, houve a discussão de temas para a promoção de cidades justas. Através da ampliação de ofertas de infraestrutura, o urbanismo social visa melhorar indicadores sociais, com soluções integradas para as questões habitacionais e “governança compartilhada” das infraestruturas. Para Leite, o objetivo da abordagem é transformar os territórios para gerar pertencimento.

Segundo Laryssa Kruger, coordenadora especial de gabinete na Câmara Municipal de São Paulo, existe um equívoco na tendência em acreditar que toda política pública é positiva, quando, na essência, elas são neutras e podem estar mais alinhadas ou menos alinhadas às necessidades da população.  “O Estado envolve vários níveis e atores de decisão. Quando pensamos que o Estado é capturado [por grupos econômicos ou elites], perdemos a chance de trabalhar dentro da estrutura do Estado”, observa.

Com a tendência do retorno ao modelo presencial, discutir o entorno dos prédios corporativos é um ponto de atenção para o setor de Facility, Property e Workplace Management. Para o especialista Robson Quinello, o trajeto percorrido pelos colabores sob o ponto de vista de infraestrutura, ou seja, na perspectiva de Urban FM, deve ser analisado devido a experiência laboral partir da casa do colaborador até a empresa.

​Assim, para construir cidades mais justas, conforme Katia Mello, co-presidente na Diagonal, é necessário pensar em como garantir uma governança compartilhada e estruturada, que atravesse gestões públicas com estruturação de processos. Para Carlos Leite, um dos maiores problemas nos projetos públicos no Brasil é a descontinuação ou inviabilização de obras quando ocorre a mudança de gestão.

Durante o Encontro Brasileiro de Urbanismo Social, houve a exposição de cases de desenvolvimento em cidades da América Latina, como a transformação urbana em Medellín e Bogotá, na Colômbia. O evento contou com painéis, oficinas e palestras e ocorreu durante quatro dias, tendo como pontos de encontro: Fundação Escola de Sociologia e Política, Câmara de Vereadores, Universidade Presbiteriana Mackenzie, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Ocupação 9 de Julho.