Imagine um edifício que trabalha para mantê-lo saudável. À medida que os materiais sustentáveis na construção ganharam popularidade e acessibilidade, surgiu uma nova tendência nesse sentido: edifícios que promovem saúde e bem-estar. Enquanto os materiais sustentáveis se concentram na estrutura, os edifícios de saúde e bem-estar se concentram no ocupante. E quando os dois andam de mãos dadas, eles oferecem benefícios que impactam tanto no planeta quanto no indivíduo e nas comunidades.
O que está impulsionando essa tendência? De acordo com o Future Workplace and View, um estudo de Harvard que entrevistou, em 2019, cerca de 1600 pessoas, os funcionários estão cada vez mais atentos a questões que deveriam ser básicas: melhor qualidade do ar, acesso à luz natural e a capacidade de personalizar seu espaço de trabalho. Além disso, outros fatores que impulsionam a demanda incluem maior responsabilidade social corporativa, gerações mais jovens pressionando por ambientes mais saudáveis, demandas dos clientes e, é claro, regulamentações ambientais decorrentes da pandemia de Covid-19.
Mas, o que é o wellness building?
À medida que nos tornamos mais informados sobre os inúmeros impactos físicos e psicológicos que um ambiente interno pode gerar sobre as pessoas, mais aumenta a demanda por edifícios saudáveis. Alguns exemplos de iniciativas de saúde e bem-estar que estão sendo incorporadas aos edifícios incluem:
Usar materiais de construção livres de toxinas
Usar tecnologias que fornecem ar realmente limpo, livre de fungos, bactérias e vírus
Incorporar iluminação de alta qualidade que melhora a produtividade e o uso de energia
Incluir plantas e natureza no design
Repensar os espaços tradicionais para promover um estilo de vida saudável, que vai desde a boa socialização entre os ocupantes, ao uso prazeroso de escadas em vez de elevadores, por exemplo.
Esta tendência não se limita apenas aos ocupantes do edifício já finalizado. Mesmo no processo de construção, recursos modernos para a eliminação da poeira protegem tanto os trabalhadores quanto a comunidade à volta da obra, promovendo mais saúde e bem-estar a todos.
A tendência do wellness building também é aprimorada e beneficiada pelo surgimento de edifícios inteligentes. À medida que a tecnologia é incorporada cada vez mais no projeto de construção, ela permite que os padrões sejam monitorados e ajustados conforme necessário. Por exemplo, a qualidade do ar interior pode ser rastreada para manter excelentes níveis de saúde e conforto, evitando a disseminação de doenças aerotransportadas, como a Covid-19.
Qualidade do ar interior
A busca por ambientes internos mais saldáveis não é uma moda passageira ou apenas uma demanda dos "eco-chatos".Ainda segundo a pesquisa realizada em 2019 pela Harvard, metade dos 1600 funcionários entrevistados disseram que a má qualidade do ar os deixa mais sonolentos durante o dia e mais de um terço relatou até uma hora de perda de produtividade como resultado.
Embora as medidas de wellness building possam não ser tão quantificáveis quanto aquelas voltadas especificamente à sustentabilidade, estudos cada vez mais numerosos estão evidenciando a relação direta entre iniciativas de bem-2estar e produtividade. É o caso do estudo intitulado "O Efeito Engrenagem Para a Função Cognitiva". Desenvolvida em 2020 por Joe Allen, Diretor do Projeto Edifícios Saudáveis de Harvard, e John Macomber, professor da Business School de Harvard e veterano no mercado imobiliário americano, o estudo reuniu profissionais de nível analítico-criativo, como arquitetos e designers, em um ambiente altamente controlado, fazendo-os desempenhar o que seria uma rotina normal de trabalho.
Três fatores estavam sendo alterados durante o teste: taxa de ventilação (a quantidade de ar fresco externo que entra), nível de dióxido de carbono (cuja fonte são os próprios seres humanos) e exposição a Cov's, compostos orgânicos voláteis liberados por produtos químicos e materiais da própria construção. Indo além da transmissão de doenças infecciosas, dores de cabeça e outros sintomas, o estudo mediu quão bem os profissionais raciocinavam, e confirmando o que muitos outros estudos já sinalizavam, condições ruins de ar interior impactaram negativamente no desempenho cognitivo dos participantes, principalmente em termos de tomada de decisão de ordem superior, aquela que realmente importa para os negócios como reações a crises e pensamento estratégico. Ou seja, o desempenho do edifício influencia o desempenho humano, que por sua vez impacta no desempenho dos negócios.
Mercado de real state
Segundo o relatório A New Investor Consensus: The rising demand for healthy Building", saúde e bem-estar estão emergindo como um componente importante dos critérios de ESG. O trabalho foi realizado em 2021 por três entidades (Bentall GreenOak, Center for Active design e United Nations Environment programme Finance Initiative) com uma amostragem de investidores imobiliários de várias regiões de mundo, que somam mais de 5 trilhões de dólares administrados.
Segundo o estudo, 87% dos participantes notaram aumento na busca por edifícios saudáveis nos últimos 12 a 24 meses, sendo a maior parte da demanda vindo do setor de escritórios (87%). Ainda, 89% dos entrevistados declararam que pretendem investir em estratégias de saúde e bem-estar no próximo ano. Já de acordo com o estudo realizado pelo GWI (Global Wellness Institute), em 2020, o mercado de wellness buildings era de aproximadamente US$ 275 bilhões, e a expectativa é que no fim de 2022 chegue a US$ 919 bilhões.
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Fontes:
https://hbr.org/2019/08/survey-what-employees-want-most-from-their-workspaces
https://www.wellcertified.com/certification/v2-pilot/
https://www.skysite.com/construction-trends-for-2019/
https://www.hsph.harvard.edu/joseph-allen/healthy-buildings/https://futurehealth.cc/wellness-building-conceito-tendencia-2022/
Foto: Divulgação.