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FM: Experiência, aprendizado e networking na Europa

EFMC 2018: conferência europeia discutiu em junho na cidade de Sófia (Bulgária) as principais temáticas relacionadas ao universo do Facility Management

Por Léa Lobo

A European Facility Management Conference (EFMC) é o maior evento de FM da Europa, com muitos anos de história. A 26ª edição do evento foi promovida pela European Facility Management Network (EuroFM), uma organização europeia com plataforma em Facilities Management, que reúne educadores, pesquisadores e profissionais da área. Como associação, a EuroFM tem seus membros situados em 23 países diferentes na Europa, como institutos de pesquisa, universidades, provedores de serviços e associações nacionais relacionadas ao setor. O objetivo da entidade é antecipar a profissão de FM e chegar a um melhor entendimento mútuo, aprendendo e compartilhando o conhecimento do setor.

O evento contou com a presença de quase 300 participantes, entre eles sete executivos brasileiros. São eles: Luciano Brunherotto (Presidente da Associação Brasileira de Facilities – Abrafac), Alexandre Roxo (CEO da RV Gestão), Renata Dutra (Diretora de Vendas da Vivante), Léa Lobo (Diretora de Redação da Revista INFRA), Cláudio Firme (Gerente de Operações do Centro Empresarial Mario Henrique Simonsen – CEMHS), Edmar Cioletti (Superintendente de Facilities e Engenharia do Santander) e Clovis Porto (Gerente Corporativo Sênior de Manutenção Predial, Facilities e Assuntos Regulatórios do Grupo Fleury).

“O EFMC 2018 é o carro-chefe da EuroFM, que tem o propósito de reunir pessoas de todo o mundo; onde cidadãos de mais de 30 países e quatro continentes participaram do evento, com público composto principalmente por profissionais que atuam em FM e que buscam conhecimento, novas ideias e soluções para seus problemas cotidianos. Esse encontro é também uma oportunidade única para compartilhar experiências e fazer contatos”, disse na abertura do evento Pekka Matvejeff, Presidente da EuroFM.

Ao mencionar sobre a realização da 26ª edição em Sófia, capital da Bulgária, como anfitriã do evento de 2018, o Executivo lembra que é o primeiro evento na Europa Oriental, que objetiva expandir as fronteiras, aumentando a consciência sobre FM. “Tal como acontece com a maioria das novas profissões, também temos experimentado os altos e baixos ao longo dos anos, mas à medida que amadurecemos, estamos adentrando uma nova era de oportunidades”, encerrou Matvejeff.

Na sequência, Ivan Velkov, Chairman da Bulgarian Facility Management Association (BGFMA), descreveu a entidade dizendo que elas trabalham em estreita colaboração com os governos federal e local, e tem papel de liderança no desenvolvimento e alteração de leis e regulamentos relacionados aos profissionais de facility management e real estate. Além disso, trabalham também em sinergia com as universidades mais renomadas da Bulgária e desempenham papel central no desenvolvimento de programas de bacharelado e mestrado no segmento. “A BGFA é um parceiro de sucesso em vários projetos locais e internacionais que se concentram em melhorar as qualificações de FM e atualizar suas competências. Estou muito feliz por celebrar o 10º aniversário da entidade com a comunidade internacional de FM aqui em meu País”, finalizando o discurso de abertura do evento.

A conferência ocorreu entre 5 e 8 de junho e no primeiro dia aconteceu o meeting “EuroFM Ambassadors Assembly”, um programa internacional relativamente novo de embaixadores da EuroFM, que deu origem a vários representantes em todo o mundo, que se tornaram a voz da instituição com o intuito de espalhar sua filosofia e unir forças para disseminar o conhecimento em FM para o mundo.

Nesta reunião participaram 25 embaixadores da EuroFM, incluindo o representante do Brasil, Luciano Brunherotto, onde compartilharam experiências e foram propostos aos embaixadores os próximos objetivos do grupo. “No encontro foram debatidas formas de como colaborar efetivamente no dia a dia do setor, seja distribuindo conteúdo, compartilhando as melhores práticas, ampliando a interatividade e disseminando conhecimento, com conteúdo educativo, informativo e promoção de eventos. Um dos pontos principais foi de como usar a rede, principalmente a tecnologia, para fortalecer o mercado”, elencou o embaixador do Brasil.

Outro ponto importante do evento foram os trabalhos apresentados no Pitch-Lift Zone Student Competition, onde universitários apresentaram suas pesquisas. Os países europeus, com destaque para Dinamarca e Holanda, possuem uma cultura muito forte de FM e por isso tem várias faculdades de graduação na área, o que incentivou a participação dos alunos com trabalhos acadêmicos sobre essa temática. Na ocasião, três trabalhos foram premiados. Acompanhe no box, um deles.

SÍNTESE DE ALGUMAS PALESTRAS

Quando a excelência faz parte do DNA

Paul Cannock, Head of the Estates and Facilities Management Department da European Space Agency (ESA).

A ESA é uma das poucas agências espaciais do mundo que combina responsabilidade em quase todas as áreas da atividade espacial, que integra: ciência espacial, exploração espacial humana, exploração, observação da terra, transporte espacial, navegação, operações, tecnologia e telecomunicações, com presença em todo o mundo.

Para Cannock, seu maior desafio é responder continuamente como otimizar as despesas operacionais, considerando ter sempre menos investimentos e mais demandas em seu dia a dia de gestão. Lembra que em termos reais, nos últimos dez anos, esta redução foi de talvez 40%. Como ele conseguiu?

• Gerenciando preço, custo e valor, utilizando o Balanced Scorecard como uma ferramenta de validação, que conduz sua gestão a excelência.

• Gerenciando seus clientes através do Corporate FM Survey, para alcançar a visão da ESA em como devem aparecer para os clientes deles.

• Gerenciando as finanças, fazendo benchmarks internos (KIPs) para melhorar a relação custo/benefício.

• Gerenciando os Processos Internos de Negócios, que são os principais indicadores de desempenho (KPIs) para satisfazer os acionistas e clientes, observando em quais processos de negócios eles devem se sobressair.

• Gerenciando aprendizado e crescimento, utilizando um mapa de competências, para alcançar a visão de como eles manterão a capacidade de mudar e melhorar.

Abordagem orientada por dados para impulsionar a melhoria do desempenho global de FM

Sean Gibbons, Diretor de Global Facility Management & Real Estate da Roche Diagnostics

A Roche, uma empresa suíça de assistência médica multinacional, adotou uma abordagem em dados para tomar decisões, com base na análise de dados e informações rastreáveis. O palestrante contou como, nos últimos cinco anos, implantaram um balanced scorecard com três pilares, que o ajudou a impulsionar e a melhorar o desempenho da área de FM, com foco na eficiência, na sustentabilidade e na eficácia.

Gibbons pontuou como estavam há cinco anos para contextualizar de onde vieram: fornecedores “subótimos”, oportunidades perdidas, dados de baixa qualidade, sem metas, falta de conhecimento sobre as próprias operações, inconsistência de dados, hierarquia definindo espaços de trabalho, nenhuma comparação externa, áreas de trabalho subutilizadas. A partir dessa constatação criaram soluções imobiliárias que contribuíssem para o desempenho da empresa, minimizassem o impacto no meio ambiente e proporcionasse um excelente local para trabalhar. Para tanto, era necessário utilizar uma linguagem de medição comum com o mercado e, para tanto, fez pesquisas com várias instituições como a Building Owners and Managers Association International (Boma), Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS), entre outras. Definido os parâmetros de mercado, conseguiram:

• ter uma visão holística e consistente do desempenho em todos os edifícios nos distintos sites do mundo;

• comunicar rápida e claramente as estatísticas de desempenho;

• comparar o desempenho entre os setores; e

• acompanhar o progresso em relação às metas.

Para auferir estes parâmetros fizeram benchmarking na indústria, via um pool global, em 50 países, em um total de 25 mil propriedades, em cem milhões de m2, incluindo segmentos como bancos, seguradoras, setor público, energia, farmacêutica, indústria, entre outros.

Com os parâmetros definidos a Roche mede, compara e melhora o desempenho do escritório e de suas instalações, utilizando o balanced scorecard, em que consegue analisar todas as instalações da empresa no mundo e planejar melhorias, pois os dados pesquisados podem ser comparados e permitem que perguntas como as listadas abaixo possam ser respondidas.

• O que pode ser feito para otimizar custos e uso do espaço?

• Como nossos escritórios contribuem para as metas de sustentabilidade ambiental?

• O que as pessoas precisam de seu local de trabalho para ter o melhor desempenho?

Gibbons finaliza, que após os cinco anos de trabalho conseguiram ter maior visibilidade, aumento da produtividade, engajamento dos usuários, tomada de decisões estratégicas, eficiência de espaço, processos simplificados, transparência, eficiência de custos e ótimos ambientes de trabalho.

ISO 41000: base para uma nova era de Facility Management

Stan Mitchell, Chairman ISO TC 267 Facility Management

“Por muitos anos, estávamos trabalhando com dezenas de definições e formas de entender o Facility Management. Depois de muitas horas de trabalho de profissionais de diferentes países, o primeiro conjunto de padrões FM ISO está finalmente definido. É hora de usá-lo, compartilhá-lo e espalhá-lo a mensagem certa para os mercados e aprimorar a disciplina em uma estrutura de FM”, resumiu Mitchell.

A maturidade da gestão de instalações no sudeste da Europa

Matthew Tucker, Presidente do EuroFM Research Network Group (RNG)

Matthew Tucker defendeu que a pesquisa é um dos pilares de FM, e que sem o trabalho dos pesquisadores não seria possível avançar no desenvolvimento da disciplina. Na pesquisa comentada, Tucker disse que o mercado de FM é muito competitivo e, ao mesmo tempo, ainda é pouco desenvolvido em alguns países (por exemplo, na FM não é comumente reconhecido na Albânia e na Macedônia).

Sobre a terceirização Tucker disse: “A terceirização ficou muito mais intensa a partir de 2005. Isso porque, novas associações foram estabelecidas (Turquia) ou estão em fase de implantação (Croácia, Sérvia), já empresas de FM mais integradas aparecem (Turquia, Sérvia, Croácia) e novos programas educacionais estão surgindo. Mas, em alguns países eles lutam contra a falta de vontade do lado público para terceirizar serviços. É visto um grande progresso em alguns dos países, e espera-se que a importância da gestão estratégica do FM seja percebida. Os provedores de FM irão, cada vez mais, adotar um papel maior como parceiros estratégicos, investidores e consultores, uma vez que as demandas de muitas organizações excederão ainda mais sua capacidade de fornecer internamente.

Perspectiva de um estudante sobre a prática de FM na Europa

Felicia Koning, Graduação na University of Applied Sciences

Em que medida o conhecimento sobre Facility Management, baseado nas perspectivas dos profissionais da área difere entre o Noroeste e o Sudeste da Europa? A resposta pode ser acompanhada no quadro ao lado apresentado por Koning:

O papel da manutenção em instalações de Data Centers: um estudo de caso

Jürgen Bieser, Chefe de Soluções de Data Center da Apleona HSG Facility Management, Alemanha

Segundo Bieser, os resultados da análise da relação entre Capital Expenditure (Capex – em português, “despesas de capital” ou “investimento em bens de capital”) e Operational Expenditure (Opex – em português, “despesas operacionais”) em um Data Center (DC) mostram que a relação custo 80/20 também é aplicável no campo de Data Centers onde, em geral, os Opex representam 80% dos custos totais, enquanto apenas 20% são representados pelo Capex. No entanto, o intervalo de tempo para atingir a taxa de custo de 80/20 variará para diferentes DCs, dependendo da relação de custo entre Capex e Opex. Quaisquer decisões baseadas em uma aceitação simplista da relação de custo 80/20 resultarão em custos mais altos e períodos de vida mais curtos. Acompanhe uma síntese da pesquisa:

“Os custos de energia representam o principal direcionador de custos em DC. Custo de manutenção tem apenas uma pequena parte do LCC. Não obstante, é fácil notar que o Total Cost of Ownership (TCO – em português, “custo total de propriedade”) está diretamente ligado ao tamanho do DC, bem como ao nível de disponibilidade (nível de camada) da infraestrutura técnica. Quanto maior o nível de disponibilidade e maior o DC, maior o número de unidades redundantes necessárias para garantir a operação ininterrupta dos servidores, o que resulta em custos de construção mais altos, além de custos mais altos de energia e manutenção. No entanto, a primeira prioridade no DC é a qualidade que está diretamente ligada à disponibilidade de sistemas técnicos. O papel do FM em termos de garantir a qualidade é estender o tempo de vida útil e reduzir as taxas de falha de sistemas e componentes por meio de procedimentos eficazes de manutenção e operação. Como resultado disso, a pequena parcela de manutenção no LCC no DC tem um papel significativo como sendo diretamente relacionada a operações de construção ininterrupta e segura com quase 100% de disponibilidade, em que qualquer falha leva rapidamente a custos muito altos e talvez insucesso nos negócios, como resultado da perda de reputação. Os proprietários e operadores de DC devem se concentrar na manutenção e na capacidade de manutenção como o principal fator de influência do LCC de DC. Os Data Centers que implementam estratégias e/ou programas de manutenção eficazes terão menos ocorrências de tempo de inatividade e alcançarão uma vida útil mais longa. À medida que a digitalização impulsiona o crescimento exponencial do número de Data Centers em todo o mundo, os provedores de FM têm grande potencial no campo do desenvolvimento de programas de manutenção eficazes com o objetivo de alcançar requisitos de qualidade desafiadores em termos de garantia da alta disponibilidade e redução de custos”.

Melhorar a implementação da gestão de instalações sustentáveis: o papel dos usuários finais na realização de soluções energeticamente eficientes

Marit Støre-Valen, Professor Associado da Norwegian University of Science and Technology (NTNU), Trondheim, Noruega

Em seu estudo, Støre-Valen apresenta resultados de um projeto de Educação nórdica sobre como melhorar a implementação da gestão de instalações sustentáveis e o papel de usuários finais na realização de soluções energeticamente eficientes. Acompanhe:

“O estudo mostra a dificuldade de implementar a sustentabilidade não tanto em termos de economia de energia e soluções técnicas, mas ao deixar de envolver os usuários para realmente entender, aceitar e apoiar o uso eficiente das instalações renovadas. Um hotel, por exemplo, desistiu de se concentrar nos comportamentos dos usuários, pois a equipe não podia oferecer um sentimento de luxo para os clientes e ter uma atitude amigável em relação ao meio ambiente. O projeto de renovação da universidade não conseguiu assegurar o envolvimento e a contribuição dos funcionários no apoio às novas características amigáveis com o meio ambiente, acabando com um resultado oposto ao objetivo anunciado. O edifício tornou-se uma ferramenta de resistência para alguns dos funcionários contra a estratégia de emprego e organização da escola. A habitação Eco, embora selecionando uma audiência amiga do ambiente para o seu projeto não consegue manter os habitantes ativos para contribuir para as tarefas comuns. Parece que, enquanto as pessoas têm feito um esforço consciente para apoiar iniciativas amigas do ambiente, o seu compromisso tende a relaxar em relação a novas propostas, pois sentem que já contribuíram para um clima melhor. As preocupações com a sustentabilidade criaram novas demandas em relação à colaboração entre provedores de FM e seus clientes. Considerando que, no passado, a prestação de serviços poderia ser descrita como distribuição ‘unidirecional’, parece que, para atingir a realização de metas sustentáveis, os usuários precisam participar ativamente da operação do edifício”.

O efeito do contrato na confiança em PPP

Monique Boessenkool, Assessora de Compras da Waterschap Rijn en IJssel, Holanda

Este estudo de Boessenkool concluiu que o conteúdo de um contrato afeta o desenvolvimento de confiança na Parceria Público-Privada (PPP). O conteúdo de um contrato pode ser dividido em aspectos relacionais e aspectos técnicos, que afetam o desenvolvimento da confiança. No entanto, aspectos relacionais têm mais efeito que os técnicos.

Em relação à parte técnica do contrato, o estudo sugere deixar margem para interpretação e apenas especificar os aspectos mais essenciais do produto. O estudo conclui que a composição de especificações no processo de licitação, em vez da especificação inicial, contribui para o desenvolvimento de confiança. É digno de nota que, embora todos os entrevistados tenham apoiado o monitoramento de indicadores relacionais, nenhum deles neste estudo usa esses tipos de indicadores. A confiança é uma soma de todas as experiências anteriores com peso desigual por experiência. As relações são mútuas e dependem das competências e intenções dos indivíduos, que determinarão a forma como a confiança é desenvolvida.

O futuro do posicionamento em FM: observações e suposições

Leo Laanen, CEO do Centro Internacional de Especialistas em FM (IFMEC)

Segundo Laanen a formação, adoção, mudança e avaliação de estratégias estão penetrando cada vez mais na organização como um todo, em cada nível, cada disciplina, cada campo de responsabilidade. E isso tem de ser levado em consideração na hora de se avaliar as mudanças nas organizações.

“Essa tendência tem outra influência de longo alcance no funcionamento de sistemas, pessoas e grupos na organização. Ao passo que concluímos que o núcleo tecnológico das organizações se aproxima cada vez mais do campo de aplicação na linha de produção, ou até está incluído nesse campo. Portanto, o papel da política ou estratégia intermediária do núcleo de tecnologia é reduzido ou também adotado pela linha de produção em relação direta com o que é chamado por Minzberg, ápice estratégico.

Como consequência, a tradução de estratégias e políticas em práticas de produção viáveis é uma tarefa cada vez mais crucial da liderança de uma organização e das disciplinas capacitadoras. Resumindo, podemos supor e prever provisoriamente, com base nos resultados dos sucessivos projetos de pesquisa do programa de pesquisa plurianual, que:

• o foco estratégico está se desenvolvendo, às vezes rápido, às vezes lento na parte capacitadora das organizações, reordenando ou reinventando (como alguns pesquisadores estão dizendo), assim, organizações inteiras (ou seja, várias publicações publicadas pela McKinsey);

• passo a passo, a noção é a de que as organizações são compostas de duas partes principais: produção e habilitação, tanto em colaboração sólida quanto no sucesso da “empresa”, resume o autor.

Como uma forte associação nacional de FM pode influenciar o governo local

Collins Osayamwen, Vice-Presidente da Iniciativa de FM da Nigéria.

“A Nigéria será em 2025 um dos cinco países mais populosos do mundo. O FM está crescendo rapidamente e a demanda por serviços continuará em expansão. Tivemos duas associações diferentes, mas nenhuma delas representava verdadeiramente as necessidades nacionais, mas sim como capítulos de um provedor externo. Compartilharei a experiência de criar uma associação nacional local e como isso ajudou a influenciar o governo e reconhecer oficialmente a profissão”, inicia o Palestrante.

Osayamwen disse que em seu país para a área de FM ainda faltam reconhecimento do governo, recursos, definir melhores práticas, profissionalismo, compreensão do conceito “custeio do ciclo de vida”. Além disso, há pouca manutenção preventiva, geralmente a gestão é feita na base da confiança, ou seja, apenas quando quebra. O lado bom é que há três universidades que oferecem mestrado em FM.

Neste momento está tendo algumas quebras de paradigma, com drivers de mudança, como:

• crescente reconhecimento global da área de FM como um business enabler;

• participação em associação internacional de profissionais de FM (International Facility Management Association – IFMA, British Institute of Facilities Management – BIFM e outros);

• participante do grupo que está definindo um padrão global para FM, pela ISO 41001;

• prática de FM está substituindo gradualmente as atividades tradicionais de manutenção na organização;

• conscientização de que FM é uma indústria altamente fragmentada sem uma direção estratégica;

• colaboração generalizada entre players mundiais de FM ocidentais e empresas locais (soluções globais com entrega local);

• compromisso do governo federal com o Acordo de Paris sobre mudança climática;

• lei de contratação pública para FM, através do governo federal;

• desejo do governo de criar o setor de FM na economia nacional;

• interesse crescente na profissão de FM entre jovens profissionais.

Hoje, o trabalho de Osayamwen é dedicar-se para proporcionar uma plataforma nacional para a promoção e desenvolvimento contínuo da profissão de FM na Nigéria, sendo o porta-voz da área em seu país. Além disso, ele aspira fazer da atividade de FM um grande contribuinte e impulsionador da economia nigeriana, incluindo-a como membro global de FM em todo o mundo.

DEPOIMENTOS DA COMITIVA BRASILEIRA

Acompanhe a seguir as impressões de cada um dos participantes brasileiros que prestigiou o evento, bem como sobre a visão individual sobre a área de FM na cidade de Sófia, na Bulgária.

Alexandre Roxo, CEO da RV Gestão

“Muito impressionado com a evolução do mercado de FM Europeu. Anos luz na nossa frente quando o assunto é difusão de conhecimento e aplicação de facilities em serviços públicos. A Holanda em especial é um dos grandes “benchmarks” do FM mundial: 4.000 estudantes hoje cursam graduação em FM, em 7 diferentes instituições de ensino. O Governo contrata e investe pesado no uso do FM na máquina pública tornando-a mais EFICIENTE, utópico pra nós? Quem sabe... Outro aspecto relevante é a preocupação com a pesquisa de uma forma geral: ouve-se os clientes, ouve-se os pares como ferramenta fundamental para o desenvolvimento profissional. Mesmo sendo um dos países menos desenvolvidos da Europa, a Bulgária guarda a cultura do Velho Continente. Ruas bem cuidadas, serviços públicos eficientes em geral. Percebe-se um cuidado com o que é público por parte da população”.

Luciano Brunherotto, Presidente da Abrafac

“Eu gostaria de destacar 4 aspectos. O primeiro, é que antes do evento propriamente dito, tivemos a primeira reunião privada de embaixadores de FM do EURO FM, com mais de 25 embaixadores. A ideia é que se tenha pelo menos um representante em cada país que tenha uma atividade regular FM. Hoje já temos 5 continentes representados. Nesta reunião, tratamos a forma de como podemos colaborar ativamente com melhores práticas, conhecimento, educação, ou seja, como usar a rede e a tecnologia para compartilhar conhecimento. O segundo foi a dinâmica do evento, a exemplo do formato Arena, que possibilitou interatividade maior com o público e também na forma de comunicar. O modelo trouxe maior proximidade com a audiência e também menor tempo de palestra - com debates e sem debates, vários modelos -, possibilitando aumentar o número de palestrantes, com maior interatividade.

O terceiro aspecto foi a grande participação de universitários no evento, advindo de países europeus, principalmente os nórdicos, como a Holanda, Dinamarca, que já tem uma cultura de FM bastante forte. Tem países que tem até 8 universidades voltadas para FM, vinculado a isso a premiação dos melhores trabalhos dos universitários, que fizeram incríveis apresentações. E por último, as visitas técnicas, que foi um ponto importante, de complementação, de ver na prática as infraestruturas de FM”.

Cláudio Firme, Gerente de Operações do CEMHS

“Enxergo claramente que o evento chega a Sofia como parte de um plano de disseminação do “DNA FM” pelo leste Europeu, visto que comparada às grandes nações europeias, a Bulgária ainda engatinha nas práticas de FM. De uma forma geral, o evento foi inspirador devido a qualidade dos palestrantes, e da apresentação de inúmeros cases de sucesso. No mais, Sofia é uma capital que ainda hoje sofre um déficit de desenvolvimento, talvez reflexo da recente ruptura do regime ditatorial. Em contrapartida é um campo de desafios aos profissionais de FM, pois ainda há muito o que se fazer nessa terra de muitas oportunidades”.

Renata Dutra,Diretora de Vendas da Vivante

“O EFMC 2018 apesar de ter sido um evento pequeno com cerca de 300 congressistas de 40 países, apresentou um formato de evento interessante. Foram apresentados alguns cases e pesquisas, porém, os destaques na minha opinião foi a presença de jovens estudantes defendendo suas teses sobre o panorama atual e o futuro do facilities management, bem como a oportunidade de conhecer as diferentes realidades do FM no mundo.

Fiquei bastante satisfeita em constatar que estamos bastante alinhados com as mudanças e tendências no FM, pois o conteúdo trouxe temas que tem sido discutidos nos congressos no Brasil tais como: os conflitos e impactos das várias gerações (baby boomers, X, Y e Z) trabalhando e convivendo no mesmo espaço; ISO 41.000; uso da tecnologia para operar e gerir o FM, como: IoT, BIM, entre outros. Estamos sempre presentes nos eventos nacionais e internacionais de facilities atentos às mudanças e evolução do segmento, e seguindo os conceitos da indústria 4.0.”

Clovis Porto, Gerente Corporativo Sênior de Manutenção Predial, Facilities e Assuntos Regulatórios do Grupo Fleury

“Participar do EFMC 2018 foi uma experiência fantástica tanto do aspecto profissional quanto pessoal. A começar da viagem, uma vez que não existe voo direto para Sofia-Bulgária, exigindo com que fizesse uma parada intermediária, a qual escolhi Istambul-Turquia, onde pude vivenciar experiências incríveis numa cidade super acolhedora, edifícios de arquitetura histórica do período antigo e clássico e uma culinária deliciosa. Já em Sofia, uma das cidades mais antigas da Europa, pude vivenciar como uma cultura diferente da nossa pode influenciar inclusive na área de Facilities Management, como por exemplo, a limpeza dos banheiros masculinos sendo realizada por mulheres!

Com relação à conferência, confesso que minha expectativa é que tivesse uma maior proporção (cerca de 300 participantes). Apesar do menor porte se comparado a outros eventos internacionais como a IFMA, as palestras foram ótimas e aguçaram nossos pensamentos e criatividade, a Infraestrutura e Facilities estavam impecáveis resultando num evento glamoroso e de alto volume de conhecimento agregado. Um ponto que ficou marcado para mim foi a intensa participação de entidades de ensino e principalmente de graduandos em Facilities, que inclusive participaram ativamente do evento com palestras, pesquisas e apresentação de cases. Através da troca de informações com alguns dos participantes, descobri que especialmente em Portugal e Holanda, existem várias escolas de graduação em FM, algumas delas com até 4.000 alunos. Sem dúvidas, esse é um grande aprendizado para nós e uma ótima oportunidade de negócio inclusive para o Brasil, que ainda tem a maioria de seus profissionais que atuam Facilities Management sendo formados “na prática” dentro das organizações”.

Edmar Cioletti, Superintendente de Facilities e Engenharia do Santander

“Quanto a organização do evento, eu achei um evento muito bom, é um evento diferente, ao iniciar pelo modelo da arena e eventos paralelos, que não fica com aquela sequência sempre de palestra uma atrás da outra, as palestras curtas tipo TDEX, você sai do auditório e tinha as palestras dos estudantes, depois volta pra arena com mesas redondas e debates. Já a questão do conteúdo, eu esperava um pouco mais, mais aproveitei muitos conteúdos. Um exemplo é a ISO 40001, eu confesso que eu não tinha a menor intenção de implantar, mas como eu vi aquela questão ali, eu acho que valeu para eu tentar colocar as normas em prática. Outro tema do laboratório farmacêutico, onde ele mostrou mais dicas de engenharia, de gestão de espaço, de utilização de espaço do prédio e tudo mais, eu fiquei um pouco feliz porque eu estou trabalhando aqui no Brasil para aumentar meu espaço de 7.8 para 9, lá eles estavam cantando vitória que caíram de 14 para 12m² por pessoa. A média dos meus prédios aqui no Brasil são de 7m² e dá um conforto aceitável pelo mercado brasileiro, eu não consigo ver um prédio nosso aqui com 14m² por pessoa.  Outra palestra que falava a questão do custo de facilities, talvez esse foi o mais importante para mim, o palestrante comentou que não adianta você ter facilities sem você cobrar, sem você ter os custos, isso é a pura verdade, pois a área de facilities tem que precificar e cobrar um valor justo para todo mundo, ninguém dá valor para as coisas de graça.

Comentando sobre a audiência, uma coisa que eu fiquei encantado, e por outro lado, chocado, foi a questão do nível de facilities no Brasil comparado com o da Holanda. Conversando com a proprietária de uma empresa de headhunter só de facilities, ela comentou que na Holanda existem 7 faculdades de facilities e 5 pós-graduações de facilities. Nós estamos falando de vários cursos para um país que é menor do que São Paulo... No Brasil é um pouco diferente, as pessoas vêm na área de facilities, aprenderam com os gestores anteriores ou atuais e muitas vezes aprenderam errado. Por isso acho que, no Brasil, nós estamos correndo um risco muito grande porque tem muitos profissionais bons de facilities que já estão, não digo em fim de carreira, mas já estão na linha de aposentadoria, saindo do mercado e isso me preocupa e me pergunto como vamos fazer para ajudar a mudar essa percepção da educação do facility aqui no Brasil.

Falaria muito mais, mas finalizo sobre as visitas técnicas, que são de benchmarking: eu achei um pouco fraco. Em um dos prédios comerciais, que ganhou dois prêmios como dos melhores prédios da cidade, é um prédio bem mais simples do que um dos nossos prédios, como os que hoje eu faço gestão. Então em matéria de conhecimento prático, eu acho que ficou um pouco a desejar, mas não em virtude do evento, mas em virtude da cidade. Um evento desse, por exemplo, na Alemanha, na Dinamarca, na Suécia, Noruega, Holanda, deve ser um evento muito bom, eu teria vontade de participar de um evento desses lá porque lá tem muitos prédios legais para conhecer, a visita deve ser muito boa, tem muita metodologia, tecnologia novas para conhecermos...

Por fim, senti falta de uma feira, acho que o que nós temos aqui no Brasil, da INFRA é mais organizado, porque você tem a palestra, e você vai lá fora no coffee break, você vai lá fora durante o almoço, ou mais cedo ou mais tarde, ou então em alguma palestra que o tema não é tão relevante para você, você consegue conhecer produtos e serviços para você poder trazer pro seu dia-a-dia, e lá eu não pude, o máximo que eu consegui foi um bate-papo com o pessoal do Archibus, e trocamos cartões e eles vão me procurar, vão tentar fazer um piloto aqui no Santander do Brasil de uma ferramenta que eles estão lançando. Ou seja, o único fornecedor que teve, quase que eu faço negócio com ele, então acho que se tivessem outros, teríamos mais inteligência, poderia ter mostrado ferramentas de aplicativos ou então ferramentas de outros processos. Mas, aqui no Brasil a feira da INFRA está de parabéns, comparando com as outras, eu vejo que a sua “tá completinha”, que ela tem o todo e ela consegue agradar todo mundo, tanto os patrocinadores quanto quem participa e quanto quem faz as palestras.

Léa Lobo, Revista Infra

“Para mim que edito uma revista e também organizo eventos focados em FM, o evento foi uma constatação, no sentido de observar que no Brasil estamos tão bem quanto a Europa, seja no quesito conteúdo, quanto quantidade de participantes, mudando apenas a forma de como o conhecimento foi disseminado, a exemplo do modelo da arena das palestras e no diferente “Pitch-Lift Zone, onde alunos de FM da Europa deram um show de apresentação com seus estudos de caso e pesquisa. Enfim, fiquei muito orgulhosa por perceber que o que fazemos no Brasil não deixa nada a desejar pelo que foi feito no evento da Europa. Já os passeios e visitas pela cidade e em instalações como hotéis, prédios comerciais, shopping center, museu, observei que há uma imensa oportunidade para desenvolvimento de atividades profissionais que integram o FM. Um exemplo básico: Boa parte da prestação de serviços de limpeza é feita de forma muito “doméstica”, seja no não uso de uniformes e EPI´s, quanto no uso de produtos de limpeza doméstico. No hotel de luxo, a faxineira não usava nem uniforme, nem luvas... No shopping, os jardineiros, também não uniformizados, estavam com chinelos e bermudas... No banheiro de outro shopping, a faxineira também usava roupa doméstica e apesar de ter um carrinho equipado, não usava nenhum EPI..., mas os ambientes estavam limpos e as plantas bem cuidadas... Estávamos num país que já foi devastado por guerras, onde a população de baixa renda, ainda sofre muito... Os “sisudos” taxistas, muitos com dentição comprometida, retratam uma cidade onde ainda há muito a ser feito pelos seus cidadãos, nada diferente do nosso amado e adormecido Brasil. Enfim, todos os países, seja em que continente estiverem, tem lá suas contingências econômicas, seus políticos, seus méritos e deméritos, suas tristezas e suas alegrias. A experiência me mostra, como também já observei em outros países por onde andei, que o jardim de outros países não é mais bonito que o nosso... Todos tem suas belezas, tristezas e agruras a serem superados. No mais, estar na companhia do grupo de outros seis brasileiros foi uma outra espetacular e rica experiência, não apenas pela vivência do aprendizado mútuo, mas também pelos poucos momentos de lazer e entretenimento, onde o respeito mútuo, a amizade, os cuidados de um para com o outro traduzem o que é competência profissional de primeiro mundo.

TRABALHO PREMIADO

A portuguesa Patricia Duarte, foi a ganhadora de uma das premiações, com o projeto do GMAC.2, um inovador software CMMS (Computerized Maintenance Management System).

Duarte trabalha na Glintt, empresa de consultoria e tecnologia com mais de 15 anos de experiência no desenvolvimento de sistemas de informação para gerenciamento de ativos. Essa experiência levou à criação do gmac.2, que é uma solução de gerenciamento de ativos de última geração desenvolvida em tecnologia web e móvel e com uma ótima orientação para integração com sistemas cooperativos de máquina-a-máquina.

Suas principais funções estão ligadas do suporte ao gerenciamento dos processos de ciclo de vida dos ativos, permitindo obter uma visão completa e transparente de toda a atividade de manutenção, desde o mapeamento inicial dos ativos até o gerenciamento das diferentes equipes. Com uma interface móvel nativa, a plataforma possibilita a implementação de circuitos de apoio à execução de políticas sistemáticas de manutenção preventiva, bem como a triagem de não conformidades.

Dessa forma, a Glintt, com seu software CMM gmac.2, está sempre inovando para desenvolver uma solução na vanguarda da tecnologia FM, com foco na desmaterialização, mobilidade e eficiência de processos, aprimorando os resultados de seus clientes e usuários. De fato, a plataforma foi reconhecida recentemente na EuroFM 2018 Conference, ganhando o Partner for Innovation Award 2018, em parceria com a Servassiste, uma prestadora de serviços de Facility Management.

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Uma visão abrangente sobre experiências, segurança e sustentabilidade nas operações de grandes empresas.

Revista InfraFM

O escritório como espaço acústico para atender ao modelo híbrido de trabalho.

Artigo da Arqta. Dra. Claudia Andrade e do Eng. Acústico Bruno Amabile.

Revista InfraFM

Gestão de Facilities e a ciência por trás dos data centers

A ciência por trás dos data centers, artigo de Henrique Bissochi e Edmar Cioletti, ambos da Tools Digital Services, uma empresa do Grupo Santander.

 
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