Ana Paula Cassago
 

Como a IoT transformará a próxima geração de profissionais de facilities

Por Mauro Caruso Carrenho*

O cenário atual de gestão de edifícios tem sido dramaticamente afetado por diversas tendências tecnológicas, a mais significativa sendo a adoção da Internet das coisas (IoT) e aplicações conectadas. Em 2015, havia cerca de 10 bilhões de dispositivos conectados - até 2020, esse número deve mais que triplicar, chegando a 34 bilhões. Esse crescimento não é surpreendente, levando em conta as atuais condições digitais. A internet de banda larga foi amplamente disponibilizada, os custos com tecnologia estão diminuindo, o uso de smartphones está se tornando onipresente e cada vez mais equipamentos são criados com sensores integrados e recursos Wi-Fi.

As implicações do crescimento da IoT na gestão de edifícios são significativas. Imensos conjuntos de dados gerados por dispositivos conectados em prédios permitem novas oportunidades para proprietários e gerentes, que com isso podem obter informações mais específicas e melhorar drasticamente o desempenho do ambiente. De acordo com um estudo recente, 63% dos gerentes de edificações mostram interesse em implementar novas tecnologias digitais, como análise inteligente, para melhorar a tomada de decisões e operações de manutenção e 89% disseram que esperam obter um retorno sobre seus investimentos de IoT em até três anos.

Ao mesmo tempo, a legislação global de eficiência energética, como a Diretriz de Desempenho Energético de Edificações na União Europeia, elevou a questão da eficiência dos edifícios de algo interessante, para imprescindível aos negócios. Os incentivos fiscais para construções verdes e com certificação LEED nos EUA ajudaram os proprietários e gerentes de edificações a entender como a eficiência dos ambientes pode impactar positivamente os resultados, ao mesmo tempo em que melhora as condições para os ocupantes. Em todo o mundo, esses gestores estão focados na melhoria do local de trabalho, criando espaços confortáveis e produtivos, além de reduzir o consumo de energia.

Este movimento para descobrir informações valiosas a partir de dados de ambiente e fazer ajustes para melhorar a eficiência fez com que eles parassem de prestar atenção aos fabricantes de equipamentos e começassem a focar nos integradores de programas e equipes de suporte. Apesar do sistema de gerenciamento de edifícios (BMS) ainda ser a espinha dorsal de qualquer construção inteligente, esses aplicativos se tornaram commodities ao longo dos anos. Seu valor real reside na capacidade de se conectar a outros dispositivos no local do prédio e revelar oportunidades para melhorar a eficácia e o desempenho.

Como resultado, a transferência para edifícios habilitados para IoT muda fundamentalmente o papel atual dos profissionais de facilities e cria novos requisitos para que sejam bem-sucedidos em suas tarefas.  À medida que a tecnologia inteligente continua a progredir rapidamente, novas questões começam a surgir. Como integrá-la nos sistemas dos ambientes de forma eficaz e estratégica? Como fazer a interface com os muitos outros dispositivos que estão em nossos prédios e casas?

Nos últimos cinco anos as aplicações conectadas que precisam ser integradas a um BMS moderno ainda não eram utilizadas e há 10 anos atrás nem existiam. Em edifícios antigos, o gerente de facilities era a pessoa que cuidava da mecânica e das funções diárias dos sistemas nos prédios que gerenciavam. Os atuais gestores cuidam não só dos processos do local no qual trabalham, mas também da infinidade de dispositivos inteligentes conectados que interagem com suas instalações diariamente. Como resultado, esses profissionais devem adquirir novas habilidades, como a análise de dados, e ampliar sua base de conhecimento em tecnologia para gerenciar e aproveitar ao máximo as aplicações atuais para edificações. Eles também devem trabalhar com os integradores de sistemas certos que sabem como instalar e gerenciar as soluções de energia inteligente, mais otimizadas e abrangentes.

Embora a tecnologia tenha afetado muito o papel dos gestores de facilities atuais, também vemos uma mudança demográfica à medida que os trabalhadores mais velhos se aposentam e são substituídos pela próxima geração de gerentes. Os mais jovens são tecnicamente experientes quando se trata de conectividade de rede e TI. No entanto, muitas vezes eles não possuem um conhecimento profundo dos processos mecânicos. Para ser bem-sucedida, a próxima geração de profissionais do setor deve encontrar uma maneira de combinar seu conhecimento de IoT com o conhecimento mecânico que impulsionou o setor de gerenciamento de edifícios por décadas.

A chave para o sucesso no atual cenário de gerenciamento de edificações para gestores de facilities experientes e inexperientes é compreender profundamente os componentes críticos para um gerenciamento abrangente da energia em casas e instalações - incluindo controle de iluminação da sala, distribuição de energia, datacom, controle de HVAC e monitoramento energético.

Para obter conhecimento aprofundado e otimizar o controle do edifício, a eficiência operacional e a gestão energética, os profissionais da área devem buscar especialistas da indústria que possam oferecer suporte nas seguintes áreas:

 1) Treinamento especializado com relação aos desafios mais críticos enfrentados pelos proprietários dos edifícios e pelos gerentes das facilities e as soluções que podem solucionar esses desafios.

 2) Uma rede aberta com outros especialistas do setor e integradores de sistemas que promovem o compartilhamento de ideias e a implementação de melhores práticas.

 3) Acesso às soluções tecnológicas líderes do setor que direcionarão o futuro de construções inteligentes.

Em um mundo no qual a tecnologia está em constante evolução, gerando oportunidades para que as facilities conquistem novos níveis de eficiência, o crescimento futuro dependerá de conhecimento e treinamento especializados. Esses insights e recursos ajudarão os integradores de sistemas a crescer e fornecerão aos profissionais da área mais controle sobre o ambiente total da edificação, conforme criam e gerenciam os edifícios inteligentes do futuro.

*Mauro Caruso Carrenho é Gerente da unidade de Negócios EcoBuilding na Schneider Electric Brasil.

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