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17ª edição da Vidrosom discute a questão de poluição sonora

Evento ocorreu na Fesqua 2024 e reuniu profissionais da indústria vidreira para discutir a importância das barreiras.

Por Léa Lobo

17ª edição da Vidrosom discute a questão de poluição sonora

Foto: Divulgação

A 17ª edição Seminário Soluções Acústicas em Vidro (VidroSom) foi parte da programação da Fesqua 2024 e teve como objetivo chamar a atenção para as questões que envolvem a poluição sonora e apontar soluções.

O vidro é uma barreira sonora importante que pode e deve ser utilizada para evitar os danos que o ruído excessivo causa à saúde. Além de problemas auditivos, o ruído pode provocar desde hipertensão, stress e distúrbios do sono, até problemas no desenvolvimento e aprendizado infantil.

“Combinações de vidro laminados, duplos, insulados, de controle solar e inteligentes vêm ganhando espaço nas construções uma vez que proporcionam eficiência energética e sustentabilidade, conforto térmico, acústico e privacidade ao mesmo tempo em que embeleza as edificações e proporcionam bem-estar aos usuários”, afirma Mauricio Fernandes de Jesus, consultor da Abividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro).

Ainda segundo o consultor, a indústria brasileira tem investido na comunicação e na educação da cadeia da construção para que os benefícios agregados ao vidro sejam percebidos pelos especificadores e consumidores. Ele menciona o portal Vidro Certo, iniciativa da Abividro, que disponibiliza conhecimento destacando a importância do vidro plano nas construções e na vida social do consumidor final e do profissional que deseja trabalhar com o vidro.

“Já percebemos uma pequena mudança na especificação de vidros, mas esperamos que, com o tempo, esses novos produtos possam ser o padrão levando estes benefícios para grande parte da população”, ressalta Fernandes de Jesus.

Diante do processo de busca por variedade e inovação, ele considera a Fesqua Vetro como espaço importante onde a indústria do vidro se une com os seus parceiros de esquadrias para apresentar ao público as soluções mais completas para as edificações. “A união dos elos da cadeia da construção é essencial para o desenvolvimento do setor e nesta feira encontraremos vários destes atores”. De acordo com dados da Abravidro, o faturamento total do setor ultrapassa os R$ 5 bilhões/ano.

O seminário reuniu especialistas em soluções acústicas, com informações relevantes sobre os sistemas mais eficazes para montar barreiras sonoras em ambientes, além de apresentar novas tecnologias e avanços da indústria. Realizado pela Universidade do Som o seminário ganha ares cada vez mais completo para a discussão sobre poluição sonora em ambientes construídos. Acompanhe agora, as temáticas apresentadas durante a edição de 2024:

O papel do vidro na eficiência energética de edifícios

17ª edição da Vidrosom discute a questão de poluição sonora

Foto: Divulgação

O engenheiro Fernando Westphal, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e especialista em eficiência energética de edificações, trouxe à tona um tema crucial e atual: "O papel do tipo de vidro na eficiência energética de edifícios". Em sua palestra, ele abordou como a escolha correta do vidro pode impactar significativamente o desempenho térmico e energético das construções, ressaltando a importância de equilibrar conforto térmico e eficiência.

Westphal iniciou sua apresentação destacando que, com as mudanças climáticas, o tema da eficiência energética tem ganhado ainda mais relevância. Ele lembrou que o uso do vidro em fachadas, além de proporcionar conforto acústico, também oferece vantagens como a economia de energia, desde que o tipo de vidro seja adequadamente especificado para cada projeto. A escolha correta pode contribuir para reduzir os custos operacionais de climatização, minimizando tanto o consumo de energia elétrica quanto o impacto ambiental.

Utilizando uma abordagem prática, Westphal explorou mitos e verdades sobre o uso de vidros de controle solar. Em um experimento simples, ele demonstrou a diferença de temperatura entre vidros comuns e vidros de controle solar, destacando que, embora os vidros especiais possam reduzir significativamente o calor transmitido para o ambiente interno, eles não conseguem eliminar totalmente a entrada de calor. Assim, ele reforçou a necessidade de um projeto equilibrado que combine vidros de controle solar com elementos de proteção, como persianas ou brises, especialmente em regiões com alta incidência solar.

Um dos exemplos citados envolveu uma edificação em Fortaleza, onde a fachada de vidro, com pé direito de três metros, apresentava dificuldades de controle térmico. Westphal foi enfático ao afirmar que "o vidro, por si só, não resolve tudo", especialmente quando o projeto arquitetônico não considera outros elementos de proteção solar. Ele explicou que, mesmo com vidros de controle solar de alta eficiência, é essencial adotar estratégias complementares, como sombreamentos móveis, para minimizar o ganho térmico nos ambientes internos.

Outro ponto importante abordado foi o uso de vidros insulados, uma solução comum em países de clima frio, mas que também pode ser aplicada no Brasil, principalmente em edifícios que buscam certificações de eficiência energética. Westphal desmistificou a ideia de que os vidros insulados são adequados apenas para climas frios, explicando que eles podem ser utilizados tanto para isolar o calor no verão quanto para manter o conforto térmico no inverno, dependendo da necessidade do projeto.

Além dos aspectos técnicos, a palestra também destacou a importância de especificações precisas. Westphal comentou que cada tipo de vidro tem uma função específica e que a escolha inadequada pode prejudicar tanto o conforto quanto o desempenho energético do edifício. Ele citou o exemplo de um edifício em São Paulo, onde a fachada de vidro não foi projetada corretamente, resultando em problemas acústicos e térmicos, o que acabou "queimando o filme do produto" perante os moradores.

Westphal finalizou sua apresentação incentivando os profissionais a buscarem soluções integradas e personalizadas para cada projeto, utilizando ferramentas de simulação computacional para avaliar o desempenho energético dos vidros e outros elementos de fachada. Ele também convidou os participantes a explorarem o EducaVidro, uma plataforma de educação online voltada para o setor vidreiro, com cursos sobre eficiência energética e outras temáticas relevantes.

Sustentabilidade em fachadas, soluções para a conservação de energia

Sustentabilidade em fachadas, soluções para a conservação de energia

Foto: Divulgação

Durante o Seminário, o engenheiro Fabrício Lucchesi, Co-Fundador e Diretor Comercial da Hygge Engenharia, apresentou a palestra intitulada "Sustentabilidade em fachadas: soluções para a conservação de energia", abordando como o design e a escolha de materiais adequados para fachadas podem impactar diretamente na eficiência energética e sustentabilidade das edificações.

Fabrício iniciou sua apresentação destacando os desafios enfrentados pelo setor de construção, especialmente no que se refere ao equilíbrio entre conforto, bem-estar, performance e sustentabilidade, temas cada vez mais exigidos pelos consumidores e reguladores. Ele mencionou que, embora o mercado esteja cada vez mais voltado para soluções sustentáveis e de alta performance, as incorporadoras muitas vezes encontram dificuldades para justificar e agregar esses custos adicionais aos seus projetos, devido às margens apertadas e à pressão por competitividade.

Utilizando uma analogia simples, Lucchesi comparou o desempenho das edificações ao funcionamento de uma garrafa térmica. Ele explicou que, ao contrário de uma "cafeteira elétrica", que precisa de energia constante para manter o líquido quente, uma garrafa térmica mantém a temperatura sem a necessidade de energia adicional, graças ao seu isolamento. Da mesma forma, as edificações que possuem fachadas bem projetadas e materiais adequados podem reduzir drasticamente o consumo de energia ao manter o conforto térmico de maneira passiva.

Uma das principais mensagens de sua palestra foi a importância de planejar a envoltória das edificações — ou seja, as superfícies externas, como fachadas e coberturas — de maneira estratégica, considerando o clima, a orientação solar e o tipo de materiais utilizados. Ele ressaltou que a incorporação de soluções sustentáveis na fase inicial de planejamento pode evitar a necessidade de sistemas complexos de climatização e refrigeração no futuro, otimizando o consumo energético.

Fabrício também abordou a síndrome dos edifícios doentes, um problema que pode ocorrer quando as edificações não são projetadas adequadamente para lidar com variações térmicas e problemas de condensação. Isso pode levar ao surgimento de mofo e problemas de saúde para os ocupantes, além de aumentar os custos de manutenção. Ele destacou a importância de evitar pontes térmicas, áreas onde a transferência de calor ocorre de forma descontrolada, afetando o desempenho térmico do edifício.

Um dos principais pontos da palestra foi a abordagem de edificações passivas, que visam reduzir a necessidade de sistemas de climatização, aproveitando melhor os elementos naturais e o design arquitetônico para manter o conforto térmico. Fabrício sugeriu que a sustentabilidade não deve ser alcançada apenas por meio de soluções tecnológicas, como a instalação de painéis solares, mas também por meio da otimização do consumo de energia desde a concepção do projeto, garantindo que o uso de energia seja minimizado antes mesmo de pensar na geração de energia renovável.

Ele apresentou diversos cases de sucesso, incluindo um retrofit de dois prédios antigos em Curitiba, onde a substituição dos vidros e a análise das fachadas resultaram em uma melhoria significativa no conforto térmico e na redução do consumo de energia. Fabrício mencionou que, com a implementação de vidros insulados e outras soluções sustentáveis, foi possível aumentar o percentual de conforto térmico de 36% para 76%, reduzindo significativamente a necessidade de uso de ar-condicionado.

Outro caso foi o projeto EcoBatel, onde a equipe de Fabrício conseguiu reduzir em 60% a capacidade instalada de ar-condicionado necessária para o edifício, após a implementação de estratégias passivas e mudanças nas especificações dos vidros e nas paredes internas. Essa redução foi acompanhada por uma economia considerável nos custos de instalação e operação dos sistemas de climatização, reforçando a importância do planejamento adequado da envoltória do edifício.

Por fim, Fabrício apresentou uma ferramenta de simulação baseada em inteligência artificial, desenvolvida por sua empresa, que permite testar milhares de cenários para otimizar o desempenho térmico e energético das edificações. A plataforma permite que os incorporadores entendam o impacto de diferentes combinações de materiais e tecnologias, auxiliando na escolha das melhores soluções para cada projeto, tanto em termos de custo quanto de eficiência.

A palestra reforçou a importância de considerar a sustentabilidade desde o início do projeto arquitetônico, utilizando soluções integradas que maximizem a eficiência energética e o conforto dos ocupantes, ao mesmo tempo que minimizem os custos operacionais e o impacto ambiental. Ele concluiu ressaltando que a sustentabilidade é mais do que uma tendência, é uma necessidade crescente que pode ser alcançada através de planejamento, inovação e a escolha correta dos materiais.

Eficiência energética de soluções construtivas com isolamento térmico

A engenheira Laura Ribeiro, especialista técnica em vendas da Saint-Gobain Brasil, apresentou uma palestra abrangente sobre o tema "Eficiência energética de soluções construtivas com isolamento térmico", abordando como o isolamento térmico em fachadas e coberturas pode impactar diretamente a eficiência energética e o conforto térmico de edificações. Laura iniciou sua apresentação destacando a importância de considerar a envoltória do edifício como um todo, em vez de focar apenas no vidro, quando se trata de eficiência energética. Ela ressaltou que o uso do vidro em combinação com soluções de isolamento térmico pode trazer resultados expressivos em termos de desempenho energético e sustentabilidade. Ao apresentar a atuação da Saint-Gobain, Laura destacou o compromisso da empresa com a sustentabilidade e a descarbonização, metas que são parte do propósito global da companhia. A empresa tem o objetivo de atingir a neutralidade de carbono até 2050 e, para isso, investe constantemente em inovação e desenvolvimento de novos produtos. A empresa também possui um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento localizado em Capivari, São Paulo, que apoia esses esforços com mais de 140 projetos voltados para a sustentabilidade e eficiência energética. Um dos destaques da palestra foi a apresentação de um estudo desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que analisou o impacto do isolamento térmico em edificações unifamiliares em três cidades brasileiras com climas distintos: Curitiba, São Paulo e São Luís. O estudo comparou duas tipologias de construção: uma casa de referência seguindo as normas da NBR 15575, com laje de concreto e telhado sem isolamento, e uma casa com soluções construtivas da companhia, utilizando isolamento térmico em lã de vidro nas coberturas e paredes de steel frame. Os resultados do estudo demonstraram claramente os benefícios do isolamento térmico nas fachadas e coberturas. Em Curitiba, por exemplo, a porcentagem de horas de conforto térmico sem o uso de sistemas de climatização aumentou de 73% para 87% com a implementação das soluções. Em São Paulo, esse número subiu de 75% para 90%, e em São Luís, um clima mais quente, houve um salto de 8% para 15% nas horas de conforto. Outro ponto relevante foi a análise da redução da carga térmica de resfriamento e aquecimento. O estudo mostrou que, em Curitiba, a carga térmica necessária para aquecer e resfriar a casa foi reduzida em 63%, caindo de 3.160 kWh por ano para 791 kWh. Em São Paulo, a redução foi de 64%, e em São Luís, onde o clima é mais quente, a redução chegou a 41%. Laura também discutiu o impacto das soluções construtivas na descarbonização. Ela destacou que, além de melhorar o conforto térmico e reduzir o consumo de energia, o isolamento térmico contribui significativamente para a redução das emissões de carbono ao longo do ciclo de vida das edificações. No estudo apresentado, foi possível observar uma redução de 40% nas emissões de carbono, reforçando a importância de pensar na eficiência energética e na sustentabilidade como parte do mesmo processo. Ela concluiu enfatizando que, ao falar de eficiência energética, não se trata apenas de reduzir o consumo de energia ou utilizar produtos sustentáveis de maneira isolada, mas de considerar o impacto de todos os materiais da envoltória do edifício de forma integrada. "É importante entender o impacto de uma fachada como um todo", afirmou Laura, destacando que o calor não deve apenas ser impedido de entrar no edifício, mas também deve ser gerenciado corretamente quando estiver dentro. A palestra trouxe uma visão clara e prática sobre como as soluções construtivas podem contribuir para edificações mais sustentáveis e eficientes, enfatizando a importância do isolamento térmico e do design eficiente para o conforto, a redução do consumo energético e a descarbonização das construções.

Foto: Divulgação

A engenheira Laura Ribeiro, especialista técnica em vendas da Saint-Gobain Brasil, apresentou uma palestra abrangente sobre o tema "Eficiência energética de soluções construtivas com isolamento térmico", abordando como o isolamento térmico em fachadas e coberturas pode impactar diretamente a eficiência energética e o conforto térmico de edificações.

Laura iniciou sua apresentação destacando a importância de considerar a envoltória do edifício como um todo, em vez de focar apenas no vidro, quando se trata de eficiência energética. Ela ressaltou que o uso do vidro em combinação com soluções de isolamento térmico pode trazer resultados expressivos em termos de desempenho energético e sustentabilidade.

Ao apresentar a atuação da Saint-Gobain, Laura destacou o compromisso da empresa com a sustentabilidade e a descarbonização, metas que são parte do propósito global da companhia. A empresa tem o objetivo de atingir a neutralidade de carbono até 2050 e, para isso, investe constantemente em inovação e desenvolvimento de novos produtos. A empresa também possui um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento localizado em Capivari, São Paulo, que apoia esses esforços com mais de 140 projetos voltados para a sustentabilidade e eficiência energética.

Um dos destaques da palestra foi a apresentação de um estudo desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que analisou o impacto do isolamento térmico em edificações unifamiliares em três cidades brasileiras com climas distintos: Curitiba, São Paulo e São Luís. O estudo comparou duas tipologias de construção: uma casa de referência seguindo as normas da NBR 15575, com laje de concreto e telhado sem isolamento, e uma casa com soluções construtivas da companhia, utilizando isolamento térmico em lã de vidro nas coberturas e paredes de steel frame.

Os resultados do estudo demonstraram claramente os benefícios do isolamento térmico nas fachadas e coberturas. Em Curitiba, por exemplo, a porcentagem de horas de conforto térmico sem o uso de sistemas de climatização aumentou de 73% para 87% com a implementação das soluções. Em São Paulo, esse número subiu de 75% para 90%, e em São Luís, um clima mais quente, houve um salto de 8% para 15% nas horas de conforto.

Outro ponto relevante foi a análise da redução da carga térmica de resfriamento e aquecimento. O estudo mostrou que, em Curitiba, a carga térmica necessária para aquecer e resfriar a casa foi reduzida em 63%, caindo de 3.160 kWh por ano para 791 kWh. Em São Paulo, a redução foi de 64%, e em São Luís, onde o clima é mais quente, a redução chegou a 41%.

Laura também discutiu o impacto das soluções construtivas na descarbonização. Ela destacou que, além de melhorar o conforto térmico e reduzir o consumo de energia, o isolamento térmico contribui significativamente para a redução das emissões de carbono ao longo do ciclo de vida das edificações. No estudo apresentado, foi possível observar uma redução de 40% nas emissões de carbono, reforçando a importância de pensar na eficiência energética e na sustentabilidade como parte do mesmo processo.

Ela concluiu enfatizando que, ao falar de eficiência energética, não se trata apenas de reduzir o consumo de energia ou utilizar produtos sustentáveis de maneira isolada, mas de considerar o impacto de todos os materiais da envoltória do edifício de forma integrada. "É importante entender o impacto de uma fachada como um todo", afirmou Laura, destacando que o calor não deve apenas ser impedido de entrar no edifício, mas também deve ser gerenciado corretamente quando estiver dentro.

A palestra trouxe uma visão clara e prática sobre como as soluções construtivas podem contribuir para edificações mais sustentáveis e eficientes, enfatizando a importância do isolamento térmico e do design eficiente para o conforto, a redução do consumo energético e a descarbonização das construções.

Vidro Insulado: Tecnologias e Aplicações

17ª edição da Vidrosom discute a questão de poluição sonora

Foto: Divulgação

A palestra da engenheira Danila Ferrari, Coordenadora de Mercado da Cebrace, apresentou uma palestra detalhada sobre o tema "Vidro Insulado: Tecnologias e Aplicações", destacando o papel dessa solução na eficiência energética e no conforto térmico e acústico de edificações. Com vasta experiência no setor vidreiro, Danila explorou as tecnologias associadas ao vidro insulado, sua fabricação e as diversas vantagens que ele oferece para o mercado da construção civil.

Ela começou explicando o conceito de vidro insulado, também conhecido como vidro duplo. Essa solução é composta por dois ou mais vidros separados por câmaras de ar ou preenchidos com gases, como o argônio, que ajudam a reduzir a transmissão térmica e a melhorar o desempenho acústico. O vidro insulado atende às demandas energéticas, sendo amplamente utilizado em edifícios que buscam certificações de sustentabilidade, como LEED e Acqua, devido à sua capacidade de reduzir o consumo energético e aumentar o conforto interno.

Danila ressaltou que o vidro insulado pode ser composto por diferentes tipos de vidro, como monolítico, temperado ou laminado, dependendo das necessidades de cada projeto. Para garantir a especificação correta, a engenheira destacou a importância de consultar a NBR 7199, norma que regula o uso de vidros na construção civil, assegurando o atendimento às exigências de segurança e desempenho.

A palestrante também detalhou o processo de fabricação do vidro insulado, que envolve a instalação de um perfil entre os vidros, preenchido com material hidrorretentor, capaz de absorver a umidade presente na câmara de ar, evitando a condensação interna. Além disso, ela explicou o uso de tecnologias como a válvula de equalização de pressão, essencial para ajustar a pressão atmosférica interna do vidro insulado, especialmente quando fabricado e instalado em regiões com altitudes diferentes.

Ela apresentou várias tecnologias que podem ser aplicadas ao vidro insulado, como o uso de vidros de proteção solar seletivos, que permitem a passagem de luz enquanto bloqueiam o calor. Outra inovação mencionada foi a instalação de persianas dentro da câmara de ar, uma solução eficiente, especialmente em ambientes hospitalares, onde a peça interna da persiana é protegida contra poeira e microrganismos, evitando contaminação.

Quanto às aplicações do vidro insulado, Danila mencionou que ele pode ser utilizado em uma ampla variedade de edificações, como residências, edifícios corporativos, hospitais e indústrias. Ela enfatizou o uso em fachadas comerciais, coberturas, portas de adegas e até em portas de geladeiras e freezers em supermercados, destacando que o vidro insulado é uma solução muito eficiente para evitar a troca térmica em ambientes refrigerados.

Em termos de benefícios, ela frisou a capacidade do vidro insulado de proporcionar eficiência energética, reduzindo significativamente a transmissão térmica e o fator solar. Ela exemplificou que, ao utilizar um vidro insulado com proteção solar, a quantidade de calor que atravessa o vidro pode ser reduzida em até 30%, aumentando o conforto térmico dentro dos ambientes e diminuindo a necessidade de sistemas de climatização, o que se traduz em economia de energia.

A engenheira também abordou a atenuação acústica proporcionada pelo vidro insulado, que é capaz de reduzir significativamente o nível de ruído externo, o que é especialmente vantajoso em grandes centros urbanos. Além disso, ela destacou a sustentabilidade do vidro, que é um material 100% reciclável, podendo ser reutilizado infinitamente, contribuindo para uma construção civil mais responsável e alinhada com as metas de descarbonização.

Danila encerrou sua palestra apresentando alguns cases de sucesso que utilizaram o vidro insulado em seus projetos. Entre eles, citou o Hospital Mater Dei, em Salvador, e o Hotel Nacional, no Rio de Janeiro, ambos utilizando vidros insulados com proteção solar seletiva da Cebrace. Ela também mencionou o uso do vidro insulado em hospitais e clínicas, onde o controle térmico e acústico é essencial para o conforto e o bem-estar dos pacientes.

A engenheira concluiu destacando a importância de a indústria e os profissionais do setor serem embaixadores do vidro insulado, incentivando seu uso em projetos que visam não apenas a estética e o conforto, mas também a sustentabilidade. Ela convidou o público a explorar o simulador de eficiência energética disponível no site da Cebrace, uma ferramenta que permite comparar diferentes tipos de vidro e suas contribuições para a economia de energia e redução de carbono em edifícios.

Normas e as técnicas aplicadas as fachadas

17ª edição da Vidrosom discute a questão de poluição sonora

Foto: Divulgação

A engenheira Michele Gleice, Diretora Técnica do ITEC - Instituto Tecnológico da Construção Civil, apresentou a palestra sobre "Normas e Técnicas Aplicadas às Fachadas". Com mais de 27 anos de experiência em ensaios laboratoriais, Michele trouxe uma visão técnica detalhada sobre a importância das normas para garantir a qualidade e segurança em projetos de fachadas e esquadrias.

Michele iniciou a palestra explicando que, ao longo de sua carreira, já participou de quase 7 mil ensaios envolvendo esquadrias, guarda-corpos e fachadas-cortina. No entanto, ressaltou que muitas das informações obtidas em ensaios laboratoriais são confidenciais, o que limita a divulgação de casos específicos. Mesmo assim, ela afirmou que sua missão nos eventos é disseminar conhecimento sobre as normas técnicas e sua aplicação no setor de esquadrias e fachadas.

A engenheira destacou a NBR 15.575, conhecida como a norma de desempenho, como um verdadeiro divisor de águas na construção civil brasileira. Segundo Michele, a norma integra uma série de exigências que garantem a segurança e o desempenho de sistemas construtivos. Ela destacou a parte 4, que trata dos sistemas de vedação vertical, e explicou que essa parte da norma abrange aspectos como segurança estrutural, estanqueidade, desempenho térmico e acústico, desempenho lumínico e durabilidade.

Entre as exigências normativas, ela destacou dois pontos cruciais: segurança estrutural, com foco na resistência às cargas de vento, e estanqueidade, essencial para garantir a vedação contra a entrada de água. Ela mencionou que esses dois aspectos, aliados ao desempenho térmico e acústico, são fundamentais para garantir fachadas de alta performance em diversas condições climáticas.

A grande novidade trazida por Michele foi a recente revisão da NBR 6123, que trata da ação do vento nas edificações. A norma, que estava em vigor desde 1988, foi atualizada em 2023, trazendo mudanças significativas para o setor. Ela ressaltou que o fator estatístico S3, que é utilizado no cálculo da pressão do vento sobre as fachadas, passou de 0,88 para 1. Embora esse ajuste possa parecer pequeno, Michele explicou que ele impacta diretamente os cálculos de pressão nas fachadas e esquadrias, o que pode resultar em aumento de até 10% nas cargas de vento aplicadas.

Ela também mencionou a criação de uma nota na norma que permite o uso do fator 0,92, exclusivamente para projetos de vedações. Isso foi fruto de um consenso entre os especialistas que participaram da revisão da norma. No entanto, Michele alertou que o impacto desse novo fator, ainda que pequeno, pode ser significativo para fabricantes que trabalham com sistemas muito próximos dos limites de deformação permitidos. Ela destacou a importância de ajustar projetos para garantir que eles atendam aos novos requisitos.

Outro ponto importante mencionado pela engenheira foi a revisão da norma de guarda-corpos e da NBR 7199, que trata do uso de vidro na construção civil. Michele apontou que, na revisão da norma NBR 14718, os ensaios devem ser realizados exclusivamente em protótipos e não em guarda-corpos já instalados, como ocorre em alguns casos. Além disso, ela alertou para a necessidade de mudanças na fixação e nos métodos de ensaio para garantir maior segurança.

Em relação à NBR 7199, ela destacou uma mudança significativa: o vidro aramado deixará de ser considerado um vidro de segurança, uma alteração que trará impacto no setor. Além disso, ela mencionou a possibilidade de que todos os vidros instalados acima de 1,10 metros, com área superior a 0,64 metros quadrados, tenham que ser obrigatoriamente vidros de segurança, embora essa medida ainda esteja em discussão.

Michele concluiu sua apresentação reforçando a importância de promover mudanças no setor sem depender de tragédias para impulsionar novas regulamentações. Ela enfatizou que o Brasil, muitas vezes, só adota medidas de segurança após eventos trágicos, e defendeu que, com a competência técnica existente no país, é possível antecipar-se a esses problemas e garantir a segurança e a qualidade dos produtos e serviços no mercado da construção civil.

A engenheira finalizou sua palestra com uma mensagem de otimismo, convidando os profissionais do setor a se engajarem na adoção das normas técnicas e a trabalharem de forma proativa para melhorar a qualidade das fachadas e esquadrias no Brasil, garantindo um ambiente construído mais seguro e eficiente.

Performances acústicas

17ª edição da Vidrosom discute a questão de poluição sonora

Foto: Divulgação

Na última palestra do dia, Hugo Martinez, da Universidade do Som, e Edson Claro de Moraes, Presidente do Conselho da ProAcústica, trouxeram uma abordagem focada em performances acústicas. Ambos os especialistas, com vasta experiência no setor, compartilharam insights sobre os avanços e desafios na aplicação de soluções acústicas em construções.

Hugo Martinez abriu a sessão destacando os desafios recorrentes enfrentados na implementação de soluções acústicas em edifícios. Segundo ele, grande parte dos problemas encontrados no setor está relacionada a erros de projeto e execução. Ele enfatizou que cerca de 70% das correções acústicas realizadas por sua equipe são para ajustar trabalhos anteriores que não atenderam às expectativas de desempenho. Hugo chamou atenção para o fato de que, muitas vezes, os erros são amplamente disseminados em tutoriais e artigos na internet, o que perpetua a má aplicação de conceitos acústicos.

Edson Claro de Moraes, anunciou que o Inter-noise, um dos maiores eventos internacionais dedicados ao desempenho acústico, será realizado em São Paulo no próximo ano. Edison celebrou a conquista, após anos de tentativas, afirmando que o evento será um divisor de águas para o setor no Brasil, semelhante ao impacto que a NBR 15.575, a norma de desempenho, teve na construção civil. Ele enfatizou que o Inter-noise trará ao Brasil cerca de 2.000 especialistas de 62 países, o que elevará os padrões de desempenho acústico no país.

Edson também destacou na sua fala uma perspectiva mais técnica e focada nas soluções inovadoras que estão sendo aplicadas globalmente para melhorar o desempenho acústico das construções. Ele começou discutindo as inovações implementadas na França e Japão, onde projetos arquitetônicos estão se adaptando para mitigar o impacto do ruído urbano.

Edson destacou que, na França, a proposta é diminuir a velocidade dos veículos nas grandes cidades para no máximo 40 km/h, a fim de controlar o ruído. Além disso, foi introduzido o conceito de asfalto verde, que reduz o som gerado pelo atrito dos pneus, identificado hoje como um dos principais causadores de ruído, mais do que motores e escapamentos. Outra inovação relatada foi o recuo das janelas nas fachadas, inspirado em construções como o Copan, de Oscar Niemeyer, que ajuda a reduzir a reverberação do som nas cidades.

No Japão, Edson apresentou um projeto já aplicado em 400 mil apartamentos, que utiliza elementos arquitetônicos, como guarda-corpos inclinados, para difracionar o som antes de ele atingir as janelas, reduzindo o impacto sonoro dentro dos ambientes. Ele destacou como essas soluções permitem maior ventilação natural e ainda oferecem uma redução acústica significativa, beneficiando a qualidade de vida dos moradores. No entanto, Edison comentou que, apesar dos avanços, muitas dessas soluções ainda estão distantes da realidade brasileira, seja pelo alto custo ou pela complexidade de implementação. De outro lado, disse que a indústria brasileira não deixa nada a desejar para outros países em termos de soluções acústicas.

Outro ponto interessante abordado por Edson foi a situação observada na Índia, onde o setor de esquadrias está em plena expansão. Segundo ele, apesar das condições socioeconômicas desafiadoras, com grande parte da população vivendo em extrema pobreza, o país possui um mercado significativo para janelas de alto desempenho, especialmente voltadas para a classe média, que corresponde a 10% da população — o equivalente a toda a população do Brasil.

Edson também destacou uma solução francesa que chamou sua atenção: um painel microperfurado de acrílico que, quando aplicado na frente de janelas de vidro, mantém a transparência e a luminosidade enquanto elimina a reverberação interna. Ele ressaltou que essa inovação já foi aplicada em locais como o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e que outras soluções semelhantes poderiam ser exploradas no mercado brasileiro.

Finalizando a palestra, enfatizou a importância de eventos como o Inter-noise para o avanço do setor acústico no Brasil e para a disseminação de novas tecnologias e práticas. Ele encorajou os participantes a continuarem inovando e aplicando soluções que não apenas atendam às normas técnicas, mas que também proporcionem maior conforto acústico e sustentabilidade nas construções brasileiras.

A sessão terminou com um vídeo promocional sobre a cidade de São Paulo, que foi apresentado na última Inter-noisa na França, destacando o potencial do Brasil em sediar o evento e a importância de elevar os padrões de desempenho acústico no país.

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