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EBRATS TRENDS celebra 56 anos da ABTS

Evento que ocorreu na Fesqua é um dos mais importantes encontros do setor de tratamento de superfícies.

Por Léa Lobo

EBRATS TRENDS

Foto: Divulgação


O EBRATS é um dos mais importantes encontros voltados ao setor de tratamento de superfícies no Brasil. Este evento, promovido pela Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície (ABTS), celebra 56 anos de história da entidade, que desde sua fundação, em 1968, tem sido um pilar fundamental no desenvolvimento do setor, promovendo intercâmbios de conhecimento tanto a nível nacional quanto internacional.

O setor de Tratamento de Superfície abrange uma ampla gama de atividades e serviços que visam modificar, melhorar ou proteger a superfície de materiais, principalmente metais, plásticos e vidros.

Essas atividades são essenciais em diversas indústrias, como automotiva, aeroespacial, eletroeletrônica, construção civil, e muitas outras. Algumas das principais atividades e serviços incluem:

Galvanoplastia (eletrodeposição): Processo no qual um metal é depositado sobre outro por meio de eletrólise, como o cromado, niquelado, zincado, entre outros, para melhorar a resistência à corrosão ou o acabamento estético.

Anodização: Tratamento aplicado principalmente em alumínio, que cria uma camada protetora de óxido para aumentar a resistência à corrosão e melhorar a aderência de tintas e outros revestimentos.

Jateamento (abrasivo ou de granalha): Técnica que utiliza partículas abrasivas, como areia ou granalha, para limpar ou preparar superfícies antes de outro tipo de tratamento, como pintura ou galvanoplastia.

Pintura industrial: Aplicação de revestimentos líquidos ou em pó (como a pintura eletrostática) para proteger contra corrosão, desgaste, ou para fins estéticos e funcionais.

Tratamento térmico: Processo que altera a microestrutura de um material (geralmente metais) para melhorar propriedades mecânicas, como dureza ou resistência ao desgaste.

Decapagem: Uso de produtos químicos para remover óxidos ou impurezas da superfície, preparando-a para outros tratamentos.

Fosfatização: Processo químico que deposita uma camada de fosfato sobre a superfície de metais, aumentando a resistência à corrosão e melhorando a aderência de tintas.

Passivação: Técnica de tratamento de aço inoxidável e outros metais, onde uma camada de óxido protetora é criada para evitar a corrosão.

Esses processos são fundamentais para prolongar a vida útil dos produtos, melhorar suas propriedades físicas e mecânicas, e conferir resistência a fatores como oxidação, corrosão e desgaste.

A programação do encontro contou com a presença de renomados patrocinadores, incluindo Dileta, Itamarati Metal Química, MacDermid Enthone, MKS Atotech e Sustents, além do apoio essencial da IEG Brasil, subsidiária do Italian Exhibition Group, que tem ampliado sua presença no país na promoção de eventos. Cada uma dessas empresas trouxe sua contribuição inovadora ao evento, reforçando o compromisso com qualidade, sustentabilidade e responsabilidade ambiental, pilares que têm impulsionado o setor de tratamento de superfícies a novos patamares.

Este evento certamente marca um ponto alto na história da EBRATS, reunindo os principais nomes do setor para discutir inovações, desafios e o futuro dos tratamentos de superfície. Vamos acompanhar uma síntese dos conteúdos proferidos pelos palestrantes Carla Branco, Mailson da Nóbrega e Gilberto Martins:

Palestra de Carla Branco sobre ESG traz reflexões profundas

Ebrats Trends

Foto: Divulgação

A edição deste ano do EBRATS (Encontro Brasileiro de Tratamentos de Superfície) teve início impactante com a palestra da especialista em responsabilidade social e governança, Carla Branco. Com uma carreira de mais de 20 anos em empresas públicas e privadas, Carla trouxe à tona questões cruciais sobre ESG (Governança Social e Ambiental) — um dos temas mais debatidos globalmente e de crescente importância no segmento industrial.

Logo no início, Carla enfatizou que ESG é muito mais do que tendência ou modismo passageiro. "A incorporação dos princípios ESG é uma necessidade para a longevidade dos negócios. Empresas que se comprometem com práticas sustentáveis, responsabilidade social e governança eficaz não só se destacam no mercado como também atraem investidores conscientes e consumidores exigentes", afirmou.

Durante sua apresentação, Carla detalhou cada um dos três pilares que compõem o ESG:

- Ambiental (Environmental): Ela ressaltou a urgência de medidas que minimizem os impactos ambientais das atividades empresariais. “Reduzir o uso de recursos naturais, como água e energia, e implementar práticas que reduzam a emissão de carbono são iniciativas indispensáveis para o futuro de nosso planeta e de nossas indústrias”, destacou.

- Social: No âmbito social, a especialista destacou a importância de ações que promovam o bem-estar dos colaboradores, comunidades e clientes. “É necessário garantir condições de trabalho seguras e justas, promover diversidade e inclusão, e impactar positivamente as comunidades ao redor das operações. Isso vai além de simplesmente cumprir exigências regulatórias. É uma questão de valores corporativos”, disse.

- Governança (Governance): Por fim, Carla explicou que uma boa governança é o alicerce para práticas responsáveis. “Transparência, ética e responsabilidade no processo decisório são pontos centrais. Sem governança sólida, não é possível garantir que metas ambientais e sociais sejam atingidas com eficácia”, frisou.

A palestrante também abordou os desafios específicos do ramo de tratamentos de superfície, lembrando que esse é um segmento altamente dependente de processos químicos e com grande responsabilidade ambiental. No entanto, Carla apontou que, ao adotar práticas ESG, as empresas podem não só minimizar seus impactos negativos, mas também abrir portas para inovações tecnológicas e novas oportunidades de mercado.

“Empresas como a Itamaraty Metalquímica, que adotaram práticas carbono zero, são exemplos de como o compromisso com ESG pode ser traduzido em diferencial competitivo”, exemplificou Carla, ao elogiar os patrocinadores presentes no evento.

A palestra foi seguida por momento de perguntas e respostas, onde os participantes puderam interagir diretamente com a especialista. Muitos questionaram como começar a implementar práticas ESG, e Carla reforçou que o primeiro passo é a conscientização de toda a equipe e o engajamento da alta liderança.

Ela encerrou sua participação com uma mensagem inspiradora: “ESG não é apenas uma estratégia corporativa; é um compromisso com as próximas gerações. Cada decisão que tomamos hoje tem impacto duradouro no futuro.”

A palestra de Carla Branco certamente elevou o nível do debate no EBRATS, inspirando os profissionais presentes a repensarem suas práticas e a incorporarem ESG em suas estratégias de negócio, assegurando não apenas a sustentabilidade de suas operações, mas também sua relevância no cenário global.

Perspectivas da Economia Brasileira

Ebrats Trends

Foto: Divulgação

Durante o evento, o ex-ministro Maílson da Nóbrega apresentou uma palestra impactante sobre as "Perspectivas da Economia Brasileira", abordando tanto os desafios internos quanto o cenário econômico global. Em seu discurso, ele destacou que o Brasil, embora enfrente graves problemas, está melhor preparado do que em outras épocas para enfrentar crises. O foco principal de sua análise foi o contexto global, incluindo tensões geopolíticas e riscos econômicos, e como esses fatores afetam diretamente a economia brasileira.

Maílson da Nóbrega iniciou sua fala abordando o cenário internacional, citando conflitos geopolíticos como a guerra na Ucrânia e as tensões no Oriente Médio, que afetam as cadeias produtivas globais e a economia como um todo. Ele também alertou sobre os riscos associados a uma possível invasão de Taiwan pela China, dado que Taiwan é responsável por grande parte da produção mundial de chips inteligentes, essenciais para diversos setores. Outro ponto de preocupação levantado foi a polarização política nos Estados Unidos, especialmente a possibilidade de retorno de Donald Trump ao poder, que segundo Maílson, seria uma ameaça à estabilidade econômica mundial.

Ele também mencionou que estamos vivendo uma reconfiguração das cadeias globais de valor, acelerada pela pandemia de COVID-19 e pelo aumento das preocupações com segurança e eficiência. Essa reorganização, que inclui movimentos como o "reshoring" (trazer a produção de volta aos países de origem) e o "friend-shoring" (produzir em países aliados), tende a diminuir a eficiência global, elevando os custos de produção.

Ao analisar o Brasil, Maílson destacou dois principais obstáculos para o crescimento econômico: a baixa produtividade e a rigidez fiscal. Ele criticou a visão de que o aumento dos gastos públicos impulsiona o crescimento, afirmando que a produtividade é o verdadeiro motor do desenvolvimento econômico. Ele citou o agronegócio como o único setor com produtividade crescente, contrastando com setores como a indústria e os serviços, onde a produtividade é estagnada ou até negativa.

A rigidez orçamentária do Brasil, com 96% dos gastos federais sendo obrigatórios (como previdência e folha de pagamento), foi outro ponto de destaque. Maílson alertou que essa limitação impede o governo de investir em áreas essenciais como infraestrutura, educação e ciência, prejudicando o potencial de crescimento do país. Ele comparou essa rigidez com outros países, onde cerca de 50% do orçamento é de natureza obrigatória, permitindo maior flexibilidade para alocar recursos conforme as prioridades do momento.

Maílson defendeu a necessidade de reformas estruturais para superar os desafios de produtividade e rigidez fiscal. Ele enfatizou a importância de uma reforma previdenciária que leve em conta o envelhecimento da população, além de uma revisão do sistema de alocação de recursos para educação, atualmente vinculado a percentuais da receita, o que, segundo ele, cria distorções. Como exemplo, mencionou cidades com taxas de natalidade em queda, onde o governo local é obrigado a gastar excessivamente em educação, sem uma demanda correspondente.

Apesar dos desafios, Maílson acredita que o Brasil está preparado para enfrentar uma eventual crise, destacando a resiliência institucional e empresarial do país. Ele elogiou a estabilidade democrática, o judiciário independente e a liberdade de imprensa, considerando esses fatores essenciais para a capacidade de recuperação do Brasil em momentos de adversidade. Ele ressaltou que o Brasil tem um setor privado competitivo, especialmente no agronegócio e na mineração, o que garante um superávit comercial robusto e contribui para a estabilidade econômica.

Por fim, ele destacou a necessidade de liderança política para conduzir o país por um ciclo de reformas. Maílson lembrou de momentos na história em que crises impulsionaram reformas significativas, como o Plano Real em 1994 e as reformas econômicas implementadas durante o governo militar, entre 1964 e 1973, e argumentou que a atual conjuntura pode ser uma oportunidade para novas transformações.

A palestra de Maílson da Nóbrega trouxe uma visão realista, mas ao mesmo tempo otimista, sobre as perspectivas econômicas do Brasil. Ele reconheceu os desafios globais e internos, mas enfatizou que, com as reformas adequadas e uma liderança comprometida, o Brasil tem a capacidade de não apenas superar uma eventual crise, mas também se reposicionar como uma economia mais competitiva e produtiva no cenário internacional.

O avanço das políticas de controle de emissões de poluentes por veículos

Ebrat Trends

Na palestra de Gilberto Martins, Diretor de Assuntos Regulatórios da ANFAVEA, o tema central foi o avanço das políticas de controle de emissões de poluentes no Brasil, com foco no PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). O programa, instituído em 1986 e regulamentado pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), visa reduzir a poluição automotiva, tanto através da melhoria dos combustíveis como do controle rigoroso das emissões de veículos.

Martins destacou que a última atualização do PROCONVE, chamada P8 ou Euro 6, implementada em 2022, trouxe mudanças significativas, como a obrigatoriedade dos testes em condições reais de uso para verificar se os veículos mantêm os mesmos níveis de emissões testados em laboratório. Esse avanço é crucial para garantir que os novos modelos sigam padrões rigorosos de controle ambiental.

Outro ponto enfatizado foi a ausência de inspeção técnica veicular no Brasil, uma lacuna que Martins considera prejudicial ao cumprimento integral dos objetivos do PROCONVE. Mesmo com a evolução tecnológica dos veículos, muitos carros continuam circulando sem a devida manutenção, o que prejudica a redução das emissões de poluentes, uma vez que a deterioração dos componentes veiculares aumenta a poluição.

Na segunda parte da apresentação, Martins falou sobre os esforços do setor automotivo para reduzir as emissões de CO2 e a descarbonização. O setor automotivo é responsável por 11% a 12% das emissões de carbono do Brasil, o que corresponde a cerca de 200 milhões de toneladas de CO2 anuais.

Programas como o Inovar-Auto, implementado entre 2013 e 2017, e o Rota 2030, em vigor até 2027, foram fundamentais para a melhoria da eficiência energética dos veículos e para a introdução de novos padrões de segurança veicular.

Ele ainda mencionou o recente programa "Mover", que estabelece metas mais rigorosas para a descarbonização e a reciclagem de veículos. Uma das inovações trazidas pelo Mover é a obrigatoriedade de que as montadoras projetem veículos com alto índice de reciclabilidade, permitindo que até 85% dos materiais possam ser reaproveitados no fim da vida útil dos veículos.

Em relação ao futuro, Martins frisou que a matriz energética do Brasil, predominantemente renovável, permitirá ao país adotar um caminho diferenciado na descarbonização. A ANFAVEA, em parceria com a BCG (Boston Consulting Group), realizou um estudo que será divulgado em breve, explorando quatro cenários para a transição energética no setor automotivo. Entre eles, o cenário de "combinação", que propõe a intensificação do uso de biocombustíveis em paralelo à eletrificação dos veículos, é visto como o mais adequado ao contexto brasileiro.

Ao concluir, Martins destacou que, para atingir as metas de descarbonização, não basta apenas o setor automotivo evoluir. Será necessária a colaboração de diversos outros setores, como o de geração e distribuição de energia elétrica, além da ampliação da oferta de biocombustíveis, o que demandará um aumento de até 40% da produção atual de etanol. Segundo Martins, o Brasil tem a capacidade de alcançar suas metas de redução de emissões até 2030, mas isso exigirá uma ação coordenada e integrada de todos os atores envolvidos no processo.

A palestra ofereceu um panorama abrangente sobre os desafios e as oportunidades da indústria automotiva brasileira no contexto da descarbonização global, enfatizando a importância de políticas públicas, inovação tecnológica e colaboração intersetorial para a construção de um futuro mais sustentável.


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