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Aeroporto digital

Infraero implanta tecnologia BIM no Aeroporto de Londrina; projeto prevê economia anual de até R$ 540 mil

Notícia publicada em 19 de outubro de 2018

De olho nas novas tecnologias e melhores práticas, a Infraero iniciou a utilização da metodologia BIM em seus processos. O projeto-piloto, denominado de Aeroporto Digital, está sendo implantado no Aeroporto de Londrina (PR), e servirá de modelo para os demais terminais da Rede, além de ser referência para os aeroportos concedidos pelo país.  

BIM (do inglês Building Information Modeling), ou Modelagem da Informação da Construção, é um conjunto de tecnologias e processos integrados, que permite a criação, a utilização e a atualização de modelos digitais de uma construção, de modo colaborativo, de forma a servir a todos os participantes do empreendimento durante todo o ciclo de vida do ativo. Trata-se de um facilitador estratégico para melhor tomada de decisão tanto para edificações quanto para empreendimentos de infraestrutura. Pode ser aplicado a novos projetos de construção, e fundamentalmente, o BIM pode ser utilizado para reformas e manutenção do ambiente construído - a maior parte do setor público.  

Segundo a Infraero, o uso da metodologia BIM vem ao encontro da nova identidade da empresa, que se apresenta como moderna, ágil, eficaz e com foco no crescimento autossustentável, e que pretende estimular o crescimento econômico e a competitividade enquanto entrega valor para o dinheiro público através da introdução mais ampla do BIM.  A proatividade em promover o uso do BIM visa entregar ativos públicos com valor agregado e realizar suas operações para assegurar os benefícios econômicos, ambientais e sociais. 

Início por Londrina

O projeto-piloto Aeroporto Digital consiste em um ambiente comum de dados em modelo digital 3D de todo o Aeroporto de Londrina, que inclui dados do sítio aeroportuário e das edificações e que é acessível por aplicativos dentro de uma plataforma única de informações. A iniciativa conta ainda com a integração do modelo BIM com o Sistema de Informações Geográficas (SIG), desenvolvido em uma base de integração para compartilhar dados dinamicamente e permitir a compreensão de todo o aeroporto por todas as partes relacionadas, eliminando dados redundantes e melhorando eficiência operacional. Nela, a representação do mundo real em ambiente 3D que reúne dados sobre todas as instalações do sítio aeroportuário, deverá permitir, futuramente, a integração com dados do próprio município. 

O projeto prevê uma economia anual de até R$ 540 mil para o aeroporto através da diminuição dos custos de cadastramento, projeto e manutenção, do aprimoramento da operação aeroportuária, da gestão de informações e do aumento da rentabilidade comercial, além da diminuição de paradas de equipamentos e agilidade em processos fundiários que terão os cálculos efetuados após a conclusão do projeto. 

A metodologia vai integrar as várias áreas do Aeroporto de Londrina, contribuindo para uma modelagem de edificações e de infraestrutura com dados únicos e centralizados, em que será possível fazer de forma mais eficiente novos estudos de ampliação aeroportuária, pesquisas de demanda, capacidade e fluxos de passageiros, bem como servir de repositório central de mapas, infraestruturas, edificações, sistemas prediais, dados de gerenciamento de instalações, entre outros. 

Para o desenvolvimento do projeto, foram definidas três fases: plano de Gerenciamento do Projeto, modelagem 3D do sítio aeroportuário de Londrina e plataforma de Integração Aeroportuária. No acompanhamento das atividades, há uma equipe técnica especializada composta por profissionais de diversas áreas da Infraero, de várias regiões do Brasil, entre eles arquitetos, engenheiros (civis, eletricistas, eletrônicos, mecânicos, cartógrafos), analistas de sistemas, especialista em navegação aérea, técnicos em edificações e desenhistas. 

Quebra de paradigmas e mudanças na cultura organizacional 

A adoção da tecnologia BIM também é essencial para a mudança e quebra de paradigmas em um setor intensivo em mão de obra com forte impacto social. No Brasil, a cultura vigente prioriza decisões tomadas durante a obra, em detrimento das análises e simulações feitas nas etapas de planejamento e projeto, o que acarreta no aumento de custos, de retrabalhos e em mais desperdício, fatores que podem levar, inclusive, ao atraso no cronograma estabelecido.  

No caso de um projeto BIM - onde não se criam apenas modelos digitais em 2D e 3D, mas também considera objetos de uso que possuem inteligência, geometria e informação -, as atividades são totalmente integradas, com os profissionais trabalhando de forma colaborativa, acessando e utilizando o projeto de forma que a informação capturada permaneça consistente e coordenada, o que possibilita identificar problemas e corrigi-los preventivamente. 

A grande vantagem do uso da tecnologia reside na informação centralizada, confiável e disponível a qualquer tempo. Isto facilita o momento de tomada de decisão durante todo o ciclo de vida do ativo, envolvendo todos os atores do processo.

Outros benefícios são elaboração e gestão de projetos mais precisos, possibilidade de simular as mais diversas etapas dos empreendimentos, a identificação e eliminação de conflitos antes mesmo do início de uma obra, redução dos prazos e custos e maior consistência de dados e informações sobre as iniciativas da empresa, além da preparação para a gestão de ativos. Juntos, todos esses aspectos contribuem para uma maior transparência nas contratações públicas e privadas. Além disso, futuramente estão previstos estudos para aprimoramento de gestão operacional e certificação ambiental dos aeródromos. 

BIM pelo mundo

A tecnologia já é amplamente utilizada em diversos países tanto pelo poder público como pelo setor privado. O governo britânico, por exemplo, conta com um Programa BIM, sendo sua difusão e obrigatoriedade instituídos desde 2016, que apontou a meta de redução de 15% nos custos das obras governamentais. Apenas nos últimos três anos, o governo daquele país, que apresenta o maior percentual de usuários do mundo, já investiu 15 milhões de libras esterlinas em normas e ações de difusão da tecnologia e seus procedimentos. Há dois anos, o Reino Unido possui convênio de cooperação com o governo brasileiro para troca de experiências em obras governamentais dos dois países.  

Outro exemplo de bons resultados foi a construção da nova linha de metrô Elizabeth Line, localizada em Londres. O projeto, da estatal britânica Crossrail, foi integralmente executado em BIM, incluindo planejamento, design e acompanhamento da obra. O modelo 3D produzido permitirá ao operador controlar todos os sistemas e componentes elétricos, mecânicos e eletrônicos presentes nas 40 estações e 21 Km de túneis da nova linha. Com isso, a pretende aumentar a eficiência energética e o aprimoramento tanto da segurança operacional quanto da operação em si. 

Com o objetivo de mostrar que está alinhada com a inovação, a Infraero optou por adquirir para seu parque tecnológico as mesmas soluções utilizadas no projeto britânico, de forma a aproveitar as melhores referências e lições aprendidas em transportes, logística e infraestrutura. 

Fotos: Divulgação Infraero

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