Por que não temos edifícios realmente altos em São Paulo?

Diretor da Fiabci-Brasil e Executivo da Universidade Secovi-SP aponta os benefícios de projetos desse porte

São Paulo é a cidade com o 11o maior PIB do planeta, mas seu prédio mais alto, o Mirante do Vale, concluído em 1967, ocupa apenas a 2.344a posição no ranking dos maiores edifícios do mundo já concluídos (lista completa aqui).

O condomínio Millennium Palace, em Balneário Camboriú/SC, com 177 metros, é o mais alto do Brasil e o 2.034o colocado neste ranking. Com 829 metros, o Burj Khalifa, em Dubai, é atualmente o maior arranha-céu existente, mas ele deverá ser destronado em 2020 pelo Jeddah Tower, na Arábia Saudita, que terá 1 Km de altura.

E quais são os benefícios obtidos pela sociedade com projetos desse porte?

Os arranha-céus são considerados símbolos de prosperidade, domínio tecnológico e modernidade de um país. Não por acaso, China e Estados Unidos juntos abrigam cerca de 60% dos 123 edifícios super-altos (aqueles com mais de 300 metros) do mundo. 

Para as cidades, servem de marcos, pontos de referência e ajudam a definir sua identidade. Eles incrementam o valor turístico, pois atraem mais visitantes e proporcionam orgulho aos seus cidadãos. Pela perspectiva técnica, quanto mais verticalizadas as edificações, menos ocupam área de projeção no solo.

As áreas ao ar livre podem ser aproveitadas para o convívio social e lazer dos moradores e da vizinhança, neste caso, quando abertas para a utilização pública. Também podem disponibilizar mais áreas verdes e permeáveis, importantes para a mitigação de inundações.

Outro ponto positivo é que possibilitam melhor circulação dos ventos entre os prédios e a redução dos efeitos gerados pelo fenômeno conhecido como "ilha de calor".

Além disso, devido ao rápido processo de urbanização em curso no planeta, as cidades precisam suprir a demanda da população por imóveis. A expansão horizontal nas regiões já urbanizadas reduz a pressão para o alargamento da ocupação humana sobre regiões ainda preservadas. O espraiamento traz consigo outros efeitos indesejados, como a necessidade de investimento público para a implantação de novas infraestruturas urbanas e o tempo perdido com viagens realizadas diariamente pelos moradores das periferias, que geram perda de qualidade de vida, mais congestionamentos e poluição atmosférica.

Quanto mais alto for o edifício, menor a temperatura externa com consequente menor necessidade de refrigeração do ambiente interno e consumo de energia - e maiores são as intensidades de vento, que podem viabilizar a geração de energia eólica em suas estruturas.

As Leis de Uso e Ocupação do Solo de São Paulo foram aprovadas em 2004 e 2016, durante gestões do Partido dos Trabalhadores, com baixos gabaritos de altura para as edificações em todo município. Para que empreendimentos realmente altos se tornem realidade, são necessárias legislações urbanísticas baseadas em critérios técnicos sem preceitos ideológicos, que permitam construí-los em algumas regiões, localizadas fora dos corredores de tráfego aéreo.

A indústria imobiliária domina as tecnologias construtivas, possui capacidade empresarial e tem acesso aos recursos financeiros necessários para empreender estes ícones urbanos contemporâneos. E, nós que vivemos em São Paulo, desejamos experimentar o sentimento de orgulho e colher os benefícios socioeconômicos por eles oferecidos.

Hamilton de França Leite Jr. é Diretor da FIABCI-Brasil e Executivo da Universidade Secovi-SP. [email protected]

Comentário(s):

Não quero desmerecer o tópico, pelo contrário, quero fazer um alerta! O Mirante do Vale NUNCA foi o maior prédio de São Paulo nem do Brasil e eu vou explicar os por quês: Apesar de existirem sites como Emporis e Wikipédia que o apontam com a altura de 170 metros, ele não tem essa altura. A altura real dele é de 134 metros! Antes de me esculacharem, leiam os meus argumentos: 1º - verificação in loco, ou seja, quando você está na "base" dele no ponto mais baixo que é na Avenida Prestes Maia e olha para cima até o topo do edifício, você facilmente percebe que ele não é maior do que o Edifício Altino Arantes (Banespa) nem que o Edifício Itália, aliás, existem outros edifícios na cidade maiores do que o Mirante além dos dois citados: como exemplo o Edifício Banco do Brasil com 143 metros, que está ao lado do Mirante do Vale. 2º - apesar de ele estar situado em um "vale", esse argumento não se sustenta quando você olha para outros dois edifícios próximos a ele chamados Edifício Grande São Paulo e Edifício Mercantil Finasa: ambos possuem a altura de 129 metros e também estão situados no "vale" e ao olhar os três edifícios de longe (Mirante, Gde SP e Mercantil Finasa), você vê que eles possuem a "mesma" altura, ou seja, para que o Mirante tivesse 170 metros de altura, seria necessário que ele estivesse situado num "vale" (ou numa base) de 41 metros abaixo da base desses dois, o que fica fácil notar estando presente no Vale do Anhangabaú que isso não é verdade: a diferença das "bases" é de no máximo 5 metros. 3º - Ferramenta do Google Earth que mede a altura dos prédios: basta vocês acessarem o Google Earth e posicionar o visor no topo do prédio para vocês verem a altura dele em relação ao nível do mar e após isso posicionar o visor na base dele para ver a altura em relação ao nível do mar: a diferença entre a altura do topo e a altura da base é igual a altura do edifício. Com isso, chegamos (eu e mais foristas do Skyscrapercity no tópico Brazil Tallest Buildings) a altura final de 134 metros. Só para "matar a curiosidade" de vocês, fizemos a medição em outros de São Paulo e do Rio de Janeiro que também são maiores do que o Mirante do Vale com essa ferramenta do Google Earth: Banespão 167 metros (mastro) e 154 metros (telhado); Torre Norte do CENU: 157 metros; Edifício Itália: 158 metros (antena) e 150 metros (telhado); UNIP Unidade Paraíso: 229 metros (antena GIGANTE); Complexo Cidade Jardim: 148 metros; E-Tower: 149 metros; Edifício Eldorado Business Tower: 142 metros; Edifício Birmann 21: 144 metros (mastro); Edifício Josephine Baker: 146 metros; Edifício Emiliano Anália Franco: 144 metros; Edifício Katherine Mansfield: 138 metros; Ponte Estaiada: 138 metros; Rio Sul Center: 164 metros (telhado); 105 Lélio Gama St.: 148 metros; Ventura Corporate Towers: 146 metros; Edifício Santos Dumont: 141 metros; Edifício Centro Cândido Mendes: 139 metros e por aí vai...
Luis Carlos Martz - [email protected]
São Paulo não está catalogado entre as principais cidades do mundo com edifícios mais altos do mundo, porque a prefeitura da cidade de São Paulo, limitou a altura dos prédios após os dois grandes incêndios na cidade; Andraus e Joelma.

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