Ana Paula Cassago
 

O que estamos fazendo para melhorar a qualidade do ar que respiramos?

O impacto das queimadas e insights sobre a nova legislação sobre a qualidade do ar em ambientes climatizados

Por Léa Lobo

O QUE ESTAMOS FAZENDO PARA MELHORAR A QUALIDADE DO AR QUE RESPIRAMOS?

Foto: Divulgação

No dia 05 de setembro, a SMACNA Brasil realizou o SMACNA Day em São Paulo, evento dedicado à discussão de práticas de climatização e qualidade do ar em edificações. Leonardo Cozac, diretor da Conforlab, destacou os efeitos da nova legislação brasileira sobre a qualidade do ar em ambientes climatizados, tema essencial tanto para a saúde pública quanto para a sustentabilidade.

Cozac abriu sua palestra com uma provocação simples, mas poderosa: "O que estamos fazendo para melhorar a qualidade do ar que respiramos?" Ele trouxe à tona dados alarmantes sobre a qualidade do ar no Brasil, destacando o impacto das queimadas, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. “Hoje, a qualidade do ar em Belo Horizonte está dez vezes acima dos limites aceitáveis”, disse ele, usando o exemplo de poluição atmosférica como um dos muitos desafios enfrentados por cidades brasileiras.

O palestrante também ressaltou que, enquanto as pessoas tomam precauções para se proteger da chuva ou do frio, raramente fazem algo para melhorar a qualidade do ar que respiram, mesmo sabendo que o ar poluído pode ter sérias implicações para a saúde. “Passamos cerca de 90% do nosso tempo em ambientes fechados, e a qualidade do ar interno pode ser pior do que a externa”, enfatizou.

Cozac traçou um paralelo entre a evolução dos cuidados com a água e os alimentos ao longo dos séculos e a falta de atenção que ainda existe em relação à qualidade do ar. "No século XXI, ainda não aprendemos a cuidar do ar que respiramos", afirmou. Ele citou estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontam que 7 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência da poluição do ar. No Brasil, as doenças respiratórias causadas pela má qualidade do ar lotam hospitais, especialmente entre crianças.

Além dos efeitos nocivos à saúde, Cozac destacou que o ambiente interno, onde passamos grande parte do nosso tempo, é frequentemente negligenciado. Ele apontou que muitos ambientes climatizados no Brasil ainda apresentam baixa renovação de ar, o que contribui para a circulação de contaminantes como partículas e gases prejudiciais.

A legislação e a qualidade do ar

Um dos pontos centrais da palestra foi a nova legislação brasileira, que inclui normas técnicas focadas em melhorar a qualidade do ar em ambientes climatizados. A NBR 17.037, aprovada recentemente, é um avanço importante, segundo Cozac. A norma estabelece padrões mais rigorosos para a renovação de ar, com base em limites de CO2 ajustados conforme a concentração de ar externo. "Agora, a norma permite até 700 ppm acima do CO2 externo, ajustando-se conforme a qualidade do ar na área ao redor", explicou.

Outra mudança relevante é a inclusão do plano de gestão da qualidade do ar interno, que vai além do controle dos sistemas de ar-condicionado, passando a considerar todo o ambiente, incluindo fatores como materiais de construção, produtos de limpeza e práticas de manutenção que afetam a qualidade do ar. "É uma visão holística da gestão do ar", disse Cozac, destacando a importância de olhar o edifício como um todo.

O papel dos sistemas de climatização

Cozac também falou sobre o papel fundamental dos sistemas de ar-condicionado na melhoria da qualidade do ar. Ele destacou que todo sistema de climatização de ambientes coletivos, como escritórios, escolas e hospitais, deve incluir renovação de ar com filtragem adequada, conforme estabelecido por lei. “O ar-condicionado não é só para o conforto térmico, ele é um aliado na garantia da saúde respiratória”, frisou.

Segundo o diretor da Conforlab, um dos grandes problemas no Brasil é a instalação de sistemas inadequados em ambientes que exigem maior cuidado com a qualidade do ar, como escolas. Ele criticou a instalação de sistemas de climatização sem renovação de ar adequada, o que pode colocar em risco a saúde de crianças e adultos. "Colocar 30, 40 crianças em uma sala com ar condicionado sem renovação de ar é um erro grave", afirmou.

Cozac também abordou as tendências em tecnologia para a qualidade do ar, como o uso de lâmpadas UV para reduzir microorganismos em locais úmidos e sistemas de monitoramento em tempo real, que permitem aos gestores acompanhar a qualidade do ar em seus ambientes. "Hoje, já é possível monitorar níveis de CO2, partículas e VOCs (compostos orgânicos voláteis) em tempo real, e isso deve se tornar padrão", previu.

Ele citou o exemplo dos Estados Unidos, onde o governo anunciou um investimento de 500 bilhões de dólares para melhorar os sistemas de climatização de edifícios públicos e privados, incluindo escolas e aeroportos, com foco em renovação de ar e filtragem de alta eficiência. Cozac acredita que o Brasil deve seguir essa tendência nos próximos anos, com a inclusão de tecnologias mais acessíveis para o monitoramento e controle da qualidade do ar.

A palestra destacou a importância da nova legislação brasileira sobre a qualidade do ar em ambientes climatizados e a necessidade de conscientização sobre os riscos da poluição do ar interno. Ele chamou a atenção para a responsabilidade dos profissionais de climatização em garantir que os sistemas sejam projetados, instalados e mantidos de acordo com os padrões estabelecidos, visando proteger a saúde das pessoas. "A qualidade do ar que respiramos deve ser uma prioridade, e o setor de climatização tem um papel fundamental nesse processo", concluiu.



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