Semana de trabalho de quatro dias: quem paga a conta?

Especialista analisa cenários com os envolvidos na pauta

Recentemente, startups em países como Alemanha, Canadá e Estados Unidos tem demonstrado forte interesse em testar a semana de trabalho abreviada, tema que tem permeado discussões no setor trabalhista em todo o mundo. Esses países começam a se juntar a outros que já estão testando o novo regime de quatro dias de trabalho semanais, como Japão, Bélgica, Escócia, Espanha, Islândia e Reino Unido.

No Brasil, o debate ainda não conquistou grandes avanços, embora uma pesquisa da plataforma de recrutamento Indeed tenha apontado que 74% dos trabalhadores acreditem que seriam mais produtivos em uma semana de quatro dias. No entanto, para que a tendência vire realidade, é necessário estabelecer alguns pontos importantes e, talvez o mais espinhoso deles seja: quem vai pagar a conta de um dia a menos de trabalho?

A economista Patrícia Pelayo Romero, que é especialista em governança ambiental e corporativa na Allianz Trade, empresa líder mundial em seguro de crédito e seguro garantia, tem observado diversos formatos de trabalho para dar aos funcionários a chance de uma folga a mais na semana. Mas a especialista garante: "esses projetos não vêm sem um custo". Há opções que incluem participação dos governos, que arcam com parte dos valores da nova jornada, e o outras que consideram apenas uma negociação entre empresas e trabalhadores. Para Patrícia Romero, as soluções mais avançadas são as que seguem abaixo:

Participação governamental - Na Espanha há uma proposta piloto de 50 milhões de euros que inclui um orçamento de três anos em que os custos da incursão das empresas seriam cobertos pelo governo. No formato, o Estado custeia 100% do projeto no primeiro ano, 50% no segundo ano e 33% no terceiro. Outro exemplo é a Suécia. Lá já foi feito um teste em 2015 em que foram implementadas jornadas de trabalho de seis horas em um hospital. Com baixo apoio político, o projeto foi abandonado.

Expediente maior, semana menor - A Bélgica vem testando atualmente a semana de trabalho de 40 horas comprimida em quatro dias, ou seja, o expediente diário passa a ser de dez horas e não mais oito, como era anteriormente. Neste caso, não há redução do horário de trabalho efetivo e nem no pagamento.

Desconto salarial negociado - Já em países como Escócia e Japão, está em julgamento uma redução de 20% nas horas trabalhadas por semana, que pode ou não contar com reajustes salariais. Dessa forma, um trabalhador que cumpre 40h semanais passaria a fazer 32h, o que resulta em uma semana de quatro dias com oito horas diárias. Para a economista, a grande questão neste formato é se os salários vão acompanhar o encolhimento da carga horária ou se as empresas vão absorver os custos para investir em aspectos como saúde mental e bem-estar para os trabalhadores.

Foto: Divulgação.


Veja também

Conteúdos que gostaríamos de sugerir para a sua leitura.

Envie os nossos conteúdos por e-mail. Utilize o formulário abaixo e compartilhe os link deste conteúdo com outros profissionais. Aproveite e escreve uma mensagem bacana.

Faça uma busca

Mais lidas da semana

Workplace

Para coordenadora de Workplace da Blip, escritório materializa cultura

Conheça nova sede da empresa, que busca centralizar encontros e valorizar identidade da marca.

Carreira

Crescimento desordenado de FM: quais são as consequências?

Nos últimos 20 anos, formalização da área avançou, mas existe baixo investimento em qualificação profissional. Robson Quinello, especialista em Facility Management, fala sobre precarização e oportunidades do mercado.

Mercado

Entenda todos os benefícios de prédios com certificação LEED

Selo internacional pode fazer uma grande diferença.

UrbanFM

Inversão da pirâmide etária: nossas cidades estão preparadas?

Especialista em Gestão Urbana comenta aumento da longevidade e a queda das taxas de natalidade em artigo.

Sugestões da Redação

Revista InfraFM

Repensar a gestão das instalações de trabalho

Tendências inovadoras e sustentáveis se destacam na pesquisa da Aramark, que traz as transformações no Gerenciamento de Facilities em 2024.

Revista InfraFM

Maior encontro de FM da América Latina: do invisível ao indispensável

InfraFM realizou quatro encontros em evento único, com mais de 5,5 mil participantes.

Revista InfraFM

Insights das palestras do 19º Congresso InfraFM

Acompanhe um resumo das palestras e explore as inovações sustentáveis e estratégias avançadas no campo do Facilities Management.

Revista InfraFM

Inovações que transformam foram cases de sucesso dos expositores

Nas Arenas Soluções para FM, foram apresentados conteúdos com cases de sucesso dos expositores, que destacaram serviços, tecnologias e pessoas.

 
Dúvidas sobre os EVENTOS?
Fale com a nossa equipe pelo WhatsAPP