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Azul por dentro da operação que faz o Brasil voar

Infraestrutura que trata o avião como cliente e formação que sustenta a excelência operacional da companhia aérea

Por Léa Lobo

Azul por dentro da operação que faz o Brasil voar


A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, fundada em 2008 por David Neeleman, consolidou-se como uma das líderes do setor e referência em conectividade regional. Com sede em Barueri e hubs em Campinas Viracopos, Recife e Belo Horizonte Confins, a empresa opera uma malha que integra grandes capitais a cidades médias e menores, apoiada por uma frota mista de Embraer, ATR e Airbus. Muito além do transporte de passageiros, a Azul estruturou um ecossistema de negócios que amplia sua presença no país. A Azul Cargo Express acelera a logística aérea nacional, a UniAzul forma e recicla tripulantes e técnicos, e a AzulInfra provê serviços de suporte e infraestrutura aeroportuária. Esse conjunto explica por que a companhia pensa a operação de ponta a ponta e revela um ponto central desta reportagem. Na Azul, o cliente da infraestrutura não é só quem embarca. O cliente também é a aeronave.

 

Infraestrutura que trata o avião como cliente

A entrevista com André Luis de Freitas Pontes, coordenador de Infraestrutura, que tem a área liderada pela gerente de Infraestrutura Lidiane Faccioli, inicia a conversa destacando que “quando a gente olha para o nosso dia a dia, fica claro que a prioridade é o avião voando”, abre André. “eu programo minhas preventivas sempre olhando a escala das aeronaves. Em muitos momentos eu tenho de ‘competir’ com esses gigantes para encaixar as janelas de manutenção predial.”

O tour começa no hangar de Campinas. São 35 mil metros quadrados de área construída, o maior da América Latina, com capacidade para receber simultaneamente dez aeronaves em manutenção e ainda um pátio externo que comporta outro conjunto de aviões. “Saímos da alta temporada e entramos num ciclo intenso de preventivas para preparar a próxima. Hoje a frota total é de aproximadamente 180 aeronaves. É muito avião para cuidar”, resume.

No espaço, a infraestrutura predial serve diretamente à eficiência e à segurança da manutenção aeronáutica. “Mantemos pontes rolantes em regime 24 por 7, portas monumentais com nove folhas de cada lado que levam cerca de 15 minutos para abrir ou fechar, sistemas elétricos de alta, média e baixa tensão, ar comprimido, nobreaks e geradores. Nada pode parar”, explica André. A limpeza acompanha o ritmo com dois turnos diários e equipes de prontidão. “Eventos climáticos exigem reação imediata. Temos monitoramento que prevê chuva e vento com 30 a 40 minutos de antecedência para fechar portas e blindar a operação. Vento forte traz água e lama ou qualquer resíduo que uma turbina possa aspirar. Nesses casos, a rotina para e a prioridade é varrer o pátio, recolher tudo e só então retomar.”

O hangar foi construído com gestão brasileira e projeto internacional, entrou em operação em 2019 e passou pelo teste de fogo durante a pandemia. “Serviu para preservar aeronaves em solo. Mesmo paradas, elas exigem checagens constantes para manter eficiência.” No teto, chama atenção o sistema de combate a incêndio por espuma. “É o padrão exigido para hangares, certificado no nosso AVCB. Na simulação de comissionamento, a espuma chegou a um metro e meio de altura. Que continue sendo só teste,” brinca Pontes.

Pessoas, contratos e logística completam o quebra-cabeça. “Nossa liderança é própria e contamos com parceiros especializados para elétrica, civil, hidráulica, ar-condicionado, pontes rolantes e combate a incêndio. A operação é contínua, com técnicos 24 horas e cerca de 300 pessoas por turno no hangar. Temos linhas dedicadas de ônibus, estacionamento com regras de segurança e restaurante no local para sustentar o ritmo.” A área também atende bases aeroportuárias no Sul e Sudeste. “São 40 aeroportos sob nossa responsabilidade. No lado público, cuidamos de check-in, lojas e back office. Na área restrita, toda a infraestrutura de apoio à aeronave. O acesso é altamente controlado. Todos precisam de credenciamento, cursos, EPIs e cumprimento rigoroso de procedimentos. Segurança é inegociável.”

André destaca ainda a identidade do time. “Criamos a marca AzulInfra para dar visibilidade a quem mantém tudo funcionando. Em uma companhia aérea, a infraestrutura é parte do negócio. Nosso cliente é a aeronave.

 

Formação que sustenta a excelência operacional

Durante a visita, a InfraFM também teve a oportunidade de visitar, a poucos minutos do hangar, a UniAzul que revela a outra metade da equação. “Somos o Centro de Treinamento da Azul. Aqui revalidamos carteiras de pilotos e comissários, reciclamos equipes de aeroportos e cargas e mantemos todos atualizados em procedimentos e segurança”, explica Gilciley Silva, Supervisor de Infraestrutura da Uniazul. “A casa roda 24 por 7. Só paramos os simuladores duas horas por dia para manutenção. Em média, passam por aqui cerca de 500 pessoas por dia. O time fixo soma por volta de 150 profissionais, sendo aproximadamente 50 instrutores.”

A infraestrutura impressiona. “Temos simuladores de voo de última geração para ATR, A320 e família Embraer, além de mockups completos de cabine e escorregadeiras com altura real, como a do A330. Cada sessão de simulador dura quatro horas, sem intervalo. Antes, há briefing com planejamento e, depois, debriefing com análise de tudo que aconteceu.

Nos bastidores, há um data center de simuladores que exigem clima, energia e continuidade impecáveis. “Os racks processam cenários de aeroportos e voos com grande carga computacional. Temperatura e umidade são rigidamente controladas. Estamos expandindo a proteção com nobreaks para evitar que oscilações da concessionária interrompam sessões. Uma parada não planejada pode comprometer a janela de treino e gerar perdas relevantes,” destaca ele.

A escola também acompanha a evolução regulatória e tecnológica. “Quando o regulador muda a regra, como na exigência de cheque específico por modelo, a gente investe. Recentemente instalamos novos FTDs e mockups para aumentar disponibilidade e dar precisão ao treinamento. Além dos aeronautas, reciclamos equipes de solo em procedimentos, atendimento e segurança. Tudo isso retroalimenta a confiabilidade da operação.”

Em termos de cultura, Gilciley é direto. “A UniAzul dá materialidade à nossa filosofia de segurança. Treinamos além do mínimo, porque a excelência operacional é um ativo. É o que permite, por exemplo, manter 100% da manutenção das aeronaves no Brasil com equipes dos nossos hangares, chamando fabricante só em casos muito específicos.

 

Por que isso importa para o FM

O caso Azul traduz uma visão que todo gestor de Facilities reconhece. Infraestrutura não é custo. É sistema crítico para o core business. No hangar, portas, pontes rolantes, pisos, energia, ar comprimido, limpeza e logística estão diretamente a serviço da aeronave e do time técnico. Na UniAzul, salas, simuladores, climatização de TI e continuidade elétrica garantem que o conhecimento vire prática segura. O passageiro vê pontualidade e conforto. A aeronave, cliente da infraestrutura, vê disponibilidade, integridade e segurança.

No fim do dia, é esse casamento entre engenharia predial, processos, pessoas e treinamento que sustenta a operação aérea. A Azul faz disso um diferencial competitivo. E deixa uma lição valiosa para o nosso setor. Quando a infraestrutura enxerga claramente quem é seu cliente, até uma porta de hangar vira parte da experiência de voo.


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