Por Léa Lobo
No país desde 1992, a MAPFRE é um grupo multinacional que forma uma das maiores companhias de prestação de serviços nos mercados segurador, financeiro e saúde. Sólida e inovadora, está presente nos cinco continentes e conta com mais de 34 mil colaboradores. Especialista em suas áreas de negócio, a MAPFRE opera com bases de atividades sustentáveis e, no Brasil, atua em seguros, investimentos, consórcios, capitalização, previdência, saúde e assistência. A companhia adota compromissos internacionais como os Princípios para a Sustentabilidade em Seguros (PSI) e integra o Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas). Também mantém a Fundación MAPFRE, instituição sem fins lucrativos, que promove e investe em pesquisas, estudos e atividades de interesse geral da população.
Desde o início da pandemia, a multinacional tem atuado de forma coordenada, apoiando corretores, parceiros e clientes em todo o Brasil para que atravessem o período preservando seu bem-estar e suas atividades. Por essa motivação e alinhada às tendências de mercado, a companhia definiu um investimento de R$ 75 milhões na reestruturação de 64 unidade de atendimento em todo o Brasil.
Para entender melhor o projeto, convido o leitor a acompanhar a entrevista com Leandro Salles, responsável pela área de Obras, Projetos e Manutenção Predial na MAPFRE.
Fale sobre a sua trajetória profissional na MAPFRE.
Iniciei minha carreira profissional na MAPFRE em janeiro de 2014, atuando na área de Obras e Projetos. Durante 5 anos atuei como engenheiro civil em obras de implantação de novas unidades de atendimento (PAREs – Posto de Atendimento ao Segurado e Sucursais); projeto, obras e mudança das 3 sedes da empresa em SP, além da construção de um Call Center no interior do Estado. Durante esse período também prestava apoio a equipe de Manutenção Predial e pequenas reformas. Em 2019, após algumas mudanças internas assumi a gestão da área de Patrimônio, que hoje engloba Projetos, Obras e Manutenção Predial. Estou à frente de uma equipe composta por 10 pessoas, entre engenheiros, arquitetos e técnicos de manutenção.
Quando assumiu, qual era o seu maior desafio?
Assumi a gestão com a responsabilidade de colocar em prática 3 projetos principais:
1) Otimizar a ocupação dos edifícios Sedes: neste processo realizamos diversos estudos para reduzir a quantidade de m² ocupados. Com o desenvolvimento de um novo conceito de layout, foi possível reduzirmos de 3 para 2 sedes ocupadas e, assim, desocuparmos em torno de 7 mil m² de área (redução de 30% da área anterior).
2) Iniciar um projeto de retrofit geral das 66 unidades de atendimento, propondo um novo conceito arquitetônico e de uso dos espaços (projeto em andamento).
3) Implantar a rotina de manutenção predial preventiva e volante nessa rede de unidades, alterando o modelo existente em que os atendimentos eram sob demanda da unidade e não proativo.
Quais são as suas responsabilidades frente à área?
Atualmente, sou responsável pelas atividades de Obras e Manutenção Predial nas duas sedes em São Paulo, uma no Rio de Janeiro e um Call Center em São Carlos (SP), totalizando 20 mil m² de área de escritórios sob administração. Em paralelo, respondo também por essas atividades em todas as unidades de atendimento espalhadas pelo Brasil, que somam mais 29 mil m² de área. Hoje, nosso principal foco está no retrofit de todas as unidades da rede de atendimento.
Por que houve a necessidade de fazer o projeto de retrofit?
A Diretoria Geral de Administração, Finanças e Meios, por intermédio de nossa Superintendente de Compras, Imóveis e Facilities, Edna Magalhães Gregorio, identificou a necessidade de avançarmos em melhorias dos espaços de trabalho com o objetivo de proporcionar a sensação de acolhimento a nossos clientes e parceiros, maior integração entre os colaboradores e garantir a sustentabilidade incorporada a estratégia do negócio. Outro aspecto considerado foi o crescente custo com manutenção predial, que já nos indicava a necessidade de modernização, bem como o grande potencial de redução de custo operacional com diminuição de área locada e redução do consumo de recursos e serviços.
Quais as principais premissas do projeto junto ao escritório de arquitetura Perkins&Will?
Em primeiro lugar definimos que tipo de mensagem ou sensação a empresa gostaria de transmitir aos seus clientes e parceiros. Com a definição do passo anterior, optamos por criar um espaço que tivesse uma lógica sequencial para cada etapa do atendimento do cliente, desde sua chegada até a saída. Assim, ao entrar no local, ele saberia exatamente onde se dirigir para o atendimento que desejasse e as etapas subsequentes do atendimento, estando cada uma em ordem sequencial.
Para trazer um ar moderno e acolhedor foram definidos espaços colaborativos próximos a entrada, que chamamos de “Espaço café”, considerados estratégicos, pois podem ser utilizados como área de espera/recepção; reuniões rápidas ou informais, e, principalmente, como um espaço disponível para trabalho tanto de um cliente ou colaborador que queira utilizar um espaço inovador chamado Coworking. Neste espaço tanto o cliente como o colaborador têm a comodidade de desfrutar de um café, água, mesas altas com bancos e acesso à internet. Focamos na otimização dos espaços, pouca compartimentação e aproveitamento máximo de iluminação natural, contribuindo com o compromisso da MAPFRE em ser referência em Sustentabilidade. Os Arquitetos Responsáveis na Perkins Will são: Fernando Vidal, Frederico Marques e Renato Siqueira.
Quais os benefícios da modernização dos espaços para o bem-estar dos clientes e colaboradores?
Levamos aos colaboradores um nível de ambiente próximo ao que temos nos edifícios sedes (Triple A com certificação LEED). Obviamente que não é possível e viável adotar todas as premissas de um escritório corporativo devido ao tamanho das lojas, porém, os mobiliários, por exemplo, seguem a mesma linha de implantação da nossa matriz. Com isso, proporcionamos a todos colaboradores uma sensação de proximidade e igualdade, mesmo que estejamos distribuídos por todos os cantos do Brasil. Aos clientes, queremos levar a sensação de segurança e solidez ao adentrarem nossos espaços, além da modernidade e preocupação com os fatores ambientais.
Das 64 unidades do Brasil, todas vão passar pelo retrofit? Quantas já foram realizadas? Qual a previsão de término?
Todas as 64 unidades passarão pelo processo de retrofit. Nosso planejamento foi desenhado para concluirmos esse processo no ciclo 2020 – 2022, entregando em média 20 unidades por ano. Finalizamos o ano de 2020 com 9 unidades entregues. Iniciamos o ano de 2021 com a meta desafiadora de concluirmos 30 unidades, restando mais 25 unidades para serem reformuladas em 2022.
Quais foram os principais desafios da sua área para realizar o projeto.
O desafio foi partir do zero para criar um conceito totalmente novo. Foi necessário definirmos cada tipo de acabamento e materiais a serem utilizados. A busca por novas tecnologias e materiais que atendessem nossas necessidades foi minuciosa, com uma grande quantidade de visita a fornecedores, apresentações e testes. Com todas as adversidades que o ano de 2020 nos impôs, utilizamos o primeiro semestre do ano para revisão de cada premissa e itens do projeto.
Aspectos de implantação e manutenção das instalações a partir da modernização
- Como referência em sustentabilidade e focados na redução do custo futuro de manutenção predial, optamos pelo uso de equipamentos e materiais de fácil reposição, fácil limpeza e boa durabilidade.
- Optamos por iluminação em painéis de LED (projeto e consultoria da Mingrone Iluminação), piso vinílico por ser de fácil instalação/reposição e gera pouco resíduo (e quando gera, todo material é reciclável).
- Em função da iniciativa Zero Waste, eliminamos o uso de lixeiras individuais nas mesas, adotando o sistema de coleta seletiva, com lixeiras recicláveis localizadas nos pools de impressão.
- Em área de maior densidade de colaboradores optamos pelo uso de carpete, que melhora bastante o desempenho termoacústico do local.
- Utilizamos todos os equipamentos de ar-condicionado com Selo Procel A, compressores inverter, bem como do gás refrigerante R-410a, gerando menor impacto ambiental.
- Algumas unidades de maior porte, que além de ofereceram atendimento ao público abrigam áreas administrativas, implantamos sistemas de captação e reuso de água da chuva para a lavagem de pátios e irrigação de jardins.
- Em relação aos acabamentos em geral, seguimos um rígido controle de padronização dos materiais.
- A adoção dessas premissas gerará uma redução considerável com manutenções nos próximos anos.
- Até o momento, nas unidades implantadas, pudemos notar uma redução média de 20% no consumo de energia em relação ao mesmo período de 2019.
Fotos: Divulgação
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