Por Graziele de Oliveira Gonçalves Goes*
Na última década, o ambiente escolar tem passado por transformações em busca de um novo plano de educação, este focado no desenvolvimento tecnológico que anda em um ritmo bastante acelerado. A abordagem para acompanhar essa evolução trata o ambiente escolar como uma conexão interdisciplinar, baseadas na conectividade, digitalização, distintas formas de comunicação, atendendo a uma geração nova de estudantes.
Neste contexto, a gestão escolar enxerga a importância de reconhecer o aluno como o centro desta conexão, buscando a identidade de um programa educacional inovador, em que o ambiente escolar traduz um espaço equipado com alta tecnologia, diversidade e eficiência para o uso desses espaços, com diferentes possibilidades de layout ocupando a mesma área, com foco no compartilhamento de conhecimento.
O papel da escola, assim como o do professor, frente às necessidades e realidades do aluno tem papéis fundamentais e de grande importância para o seu desenvolvimento e cabendo à escola um esforço para oferecer um ambiente estável, seguro e facilitador da aprendizagem. Sob este foco, as práticas das atividades educativas estão no centro do processo coletivo, em que o estudante constrói a sua história, baseado em vivências com o meio em que é inserido. Por este motivo, acredita-se que a escola (com sua importância insolúvel neste contexto) deve construir um espaço diverso, oferecendo desenvolvimentos de caráter psicológicos, pedagógicos, sociais e humanos, sempre com a responsabilidade das propostas educativas adotadas.
Muitos estudos fundamentam a discussão da importância do espaço físico no desenvolvimento e aprendizagem, assim como a interação social e o papel do educador nos espaços oferecidos aos alunos e com o meio proporcionado a elas. Buscando uma perspectiva de sucesso para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno, o espaço físico torna-se um elemento inerente a ser observado nas pesquisas de educação.
O cenário pós-pandemia trouxe uma insegurança para o setor, dando sinais de que o isolamento pode perdurar, no entanto ainda é possível promover interação por meio de um planejamento adequado de infraestrutura. A necessidade de uma atuação da arquitetura escolar que possibilite melhorias na qualidade do ensino, devem apresentar soluções que possibilitem o aprendizado do aluno como prioridade, considerando elementos que favoreçam o desempenho na aprendizagem, dada a sua importância social na preparação de uma sociedade mais humana. Observa-se que na última década, esta preocupação torna-se cada vez mais presente nos espaços, revelando uma influência criativa e inclusiva, que resulta em ambientes com uma linguagem estética e funcional satisfatória para a proposta existente entre a qualidade do espaço físico e o desempenho dos alunos. Conforme declara Sanoff (2001):
“O espaço físico (...) tem o poder de organizar e promover relações entre pessoas de diversas idades, promover mudanças, escolhas e atividade e (...) potencial de despertar diferentes tipos de aprendizado social, cognitivo e afetivo”.
E é neste cenário que as escolas vêm se preparando para um retorno presencial com uma infraestrutura inovadora, buscando conectar todos os elementos pedagógicos, traduzindo em um desafio que será aplicado em espaços multidisciplinares, com mobiliário flexível, alta tecnologia em infraestrutura de wi-fi, aproximando a relação entre professor e aluno através de um ambiente mais virtual, o que é um grande atrativo para a geração atual.
Estes espaços são traduzidos em áreas em que possam ser praticadas a interação com outras pessoas, colaboração com tarefas em grupo, levando o declínio do uso de salas de aula tradicionais e crescendo cada vez mais os espaços de aprendizados informais, como metodologia de aprendizado colaborativa.
A infraestrutura necessária para a construção desses espaços torna-se mais elaborada, sendo necessário um conjunto de elementos para compor o ambiente físico, que estão entre eles: iluminação adequada, ventilação e climatização confortável com forte sistema de renovação de ar, com capacidade para atender o cenário atual de pós-pandemia, qualidade no nível tecnológico, acústica calibrada, mobiliário e cores que influenciem de forma positiva a exploração da criatividade e colaboração para o conhecimento.
Alguns elementos utilizados na concepção dos espaços implantados no Colégio e Universidade do Mackenzie, foram concebidos com a finalidade de realizar atividades diferentes, denominados como metodologias ativas, em um mesmo espaço.
Nas figuras em destaque, mostram dois espaços para desenvolver atividades interdisciplinares com diferentes possibilidades de layout: na bancada central, os alunos se posicionam no começo das aulas com atividades que requerem mais atenção, como cola, solda, cortes e pequenas marcenarias. Há estações móveis, fazendo com que os alunos transitem pela sala e assim proporcionam a dinâmica das aulas, contando também com um cantinho para leitura. Paredes de vidro possibilitam a exposição dos trabalhos, estimulando a criatividade do aluno, e também onde acontecem as discussões dos projetos desenvolvidos, um grande espaço de brainstorming.
Todos os cantos foram projetados com marcenarias que possibilitam áreas para armazenagem para que sejam organizados os materiais consumíveis em sala de aula. Grids metálicos servem para fixar luminárias, neste caso entre direcionáveis e decorativas, garantindo a quantidade de luz necessária para o desenvolvimento dos trabalhos, preservando a saúde ocular dos usuários. Iluminação e ventilação naturais cruzadas, para garantir o conforto térmico do ambiente. As alturas e dimensionamento dos móveis devem ser projetadas para garantir a ergonomia e conforto. O sistema de ar condicionado também é um dos elementos que trazem o conforto aos alunos, exigindo uma renovação de ar reforçada. Uso de multimídia para a exposição de trabalhos digitais e apresentações, além da interação do próprio aluno com o conteúdo da aula e por fim, a questão acústica trabalhada nos materiais de piso, forro, paredes e marcenaria, para equilibrar a reverberação e conseguir atender a todas as atividades em aula, sem interferir umas às outras. Como resultante, estes são espaços em que os alunos ficam na expectativa de chegar o dia e horário de sua aula, um grande estímulo de criatividade!
Passamos por um momento com cenários inseguros, e que de certa forma cria um período desafiador e promissor para investimentos nos espaços escolares, uma oportunidade de ser revista a infraestrutura escolar, desde que de forma integrada ao plano pedagógico e de negócio.
*Graziele de Oliveira Gonçalves Goes, Mestranda em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Arquiteta da Instituição. [email protected]
Referências
SANOFF, H. School Building Assessment Methods. Washington: National Clearinghouse for Educational Facilities, 2001.
SANOFF, H. School design. New York: John Willey and Sons, 1994.
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Foto: Divulgação/Mackenzie