Por Débora Morales*
Vivemos em uma nova era, em que a globalização e a rápida evolução de tecnologias digitais, como a Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things – IoT), a Inteligência Artificial (IA) e a robótica estão trazendo mudanças significativas para a sociedade. O ambiente e os valores das pessoas estão se tornando cada vez mais diversificados e complexos.
O mundo enfrenta desafios de larga escala, como esgotamento de recursos naturais, aquecimento global, crescente disparidade econômica, uma população em amadurecimento, taxa de natalidade em declínio.
Portanto, é de extrema importância aproveitar ao máximo as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) para obter novos conhecimentos e criar valores, estabelecendo conexões entre pessoas e coisas, e entre os mundos real e cibernético, como um meio eficaz e eficiente de resolver problemas na sociedade.
Antecipando essas tendências globais, a sociedade 5.0 foi apresentada como um conceito central do quinto Plano Básico de Ciência e Tecnologia, adotado pelo governo japonês em 2016, que pode servir de exemplo e ser aplicado por outros países.
A iniciativa da sociedade 5.0 está fundamentada no paradigma da indústria 4.0, embora as manifestações do modelo da indústria se concentram na aplicação de tecnologias emergentes para aprimorar a eficácia e o desempenho financeiro das organizações (fábricas inteligentes).
A sociedade 5.0 procura contrabalançar essa ênfase comercial, aplicando tecnologias emergentes relacionadas à robótica social, IA, inteligência ambiental e avanços nas interfaces homem-computador para melhorar qualitativamente a vida de seres humanos individuais e beneficiar a sociedade como um todo (sociedade inteligente).
O objetivo é criar uma sociedade centrada no ser humano, na qual o desenvolvimento econômico e a solução dos desafios sejam alcançados, e as pessoas possam desfrutar de uma alta qualidade de vida totalmente ativa e confortável. Alguns campos estratégicos foram selecionados como capazes de alavancar os pontos fortes dessa iniciativa.
• Assistência médica: por meio da inteligência artificial, é possível cobrir aspectos como dados pessoais em tempo real, informações de localização da assistência médica, informações sobre tratamento e ambientais. Além disso, a assistência possibilita uma vida saudável e a possibilidade de detectar doenças precocemente, por meio de exames médicos de dados fisiológicos e clínicos, com o intuito de oferecer um tratamento ideal.
• Mobilidade: um novo valor pode ser gerado analisando, por meio de IA, bancos de dados que abrangem vários tipos de informações, incluindo dados de sensores de carros e informações em tempo real sobre clima, tráfego, dentre outras informações. Esse campo estratégico facilita as viagens e passeios turísticos que correspondem às preferências pessoais e tornam o movimento agradável e sem congestionamentos, além de reduzir os acidentes por meio da condução autônoma e da combinação de serviços de carros e transporte público.
• Criação de cadeias de suprimentos de próxima geração: migrar de um modelo convencional (obtendo lucro simplesmente vendendo produtos) para um novo modelo (com lucro pelo serviço como um todo, incluindo atendimento e pós-venda) e materializar a produção em massa sob medida, atendendo às necessidades de cada consumidor.
• Agricultura: aplicando IA e Big Data para aspectos como dados meteorológicos, crescimento de culturas, condições de mercado, tendências e necessidades alimentares, é possível maior oportunidade de emprego e alta produtividade por meio de soluções como tratores robóticos e automatização da integração de dados de culturas com o uso de drones. Outras aplicações incluem operação e automação do gerenciamento da água e aprimoramento da capacidade hídrica com base em previsão do tempo e dados de águas subterrâneas.
• Energia: analisar dados meteorológicos, status operacional de usinas, status de descarga/cobrança de Veículos Elétricos (VE) e condições de uso de energia de cada domicílio contribui para o fornecimento de suprimento de energia estável por várias fontes de energia, com base em previsões precisas de demanda, além de reduzir a carga ambiental, diminuindo as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE).
• FinTech: possibilitada pelas tecnologias emergentes, será possível apoiar os negócios financeiros existentes e trazer benefícios econômicos, fornecendo bens e serviços necessários às pessoas que precisam, facilitando a prosperidade dos seres humanos.
As iniciativas não são para o desenvolvimento de um único país, mas para gerar resultados positivos globalmente. O que significa que o mundo inteiro se beneficiará da sociedade 5.0, que busca integrar as tecnologias desenvolvidas em diferentes setores, bem como nas diversas atividades, para alcançar o desenvolvimento econômico para um grande número da população (e não para poucas pessoas), fornecer soluções paralelas aos problemas e promover uma sociedade em que as pessoas aproveitem a vida ao máximo.
*Débora Morales é Mestra em Engenharia de Produção (UFPR) na área de Pesquisa Operacional com ênfase a métodos estatísticos aplicados à engenharia e inovação e tecnologia. Especialista em Engenharia de Confiabilidade (UTFPR), graduada em Estatística e em Economia. Atua como Estatística no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).
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