Por Larissa Gregorutti
De acordo com projeções da consultoria Internacional Data Corporation (IDC), os investimentos no setor de Telecomunicações e Tecnologia da Informação (TI) devem crescer 4,9% em 2019 no Brasil, em razão dos investimentos empresariais realizados na transformação digital e das mudanças de processos e atendimentos de plataformas analógicas para interfaces digitais.
Tendo em vista o papel fundamental que a tecnologia tem nesse processo, o mercado vive a necessidade de aprimoramentos constantes nos setores de Telecom e TI. Por isso, para promover a interação entre os profissionais que atuam nesse setor e fomentar as novidades recém-chegadas no mercado, entre os dias 27 e 29 de agosto aconteceu no Expo Center Norte, em São Paulo, a 9º edição da Feira e Congresso Netcom Redes e Telecomunicações.
O evento trouxe em sua programação, uma grade exclusiva de palestras com o tema “Infraestrutura para Data Centers”, que abordou sobre como realocar servidores e equipamentos que são responsáveis pelas operações críticas de negócios; a eficiência energética em Data Centers e o uso de energia fotovoltaica; boas práticas de manutenção e operação, e muito mais.
Em palestra ministrada por Henrique Cassol, Diretor da Secretaria de Infraestrutura e Tecnologia do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que comandou recentemente um grande processo de moving no Tribunal, o especialista apontou quais as melhores práticas para planejar e executar uma realocação física de Data Center de maneira a minimizar os custos, os riscos de perda de dados e o downtime, e as recomendações com base em sua experiência real.
Com a transformação digital em curso nas empresas e o crescente tráfego de dados, Cassol comentou que é cada vez mais comum a necessidade de mudar o Data Center de endereço, migrar para locais maiores, mais seguros, ou se consolidar com outras unidades. Para realocar servidores e equipamentos responsáveis pelas operações críticas de negócios, o especialista destacou a importância do planejamento do moving, estabelecendo o cronograma, orçamento e o risco, além do inventário do projeto, que tem como objetivo sintetizar informações atualizadas e importantes para a contratação da empresa de transporte e de seguro, como o peso, tamanho e garantia dos equipamentos.
Durante o projeto, a função do gerente de comunicação ganha destaque, pois é ele quem alinha as demandas entre as áreas. E esclarece, “O moving é um processo complexo, que demanda um grande esforço institucional e financeiro. É uma tarefa multidisciplinar, que envolve desde a equipe de manutenção predial, até o engenheiro eletricista, entre outras áreas do edifício”.
Durante a migração, por exemplo, é preciso retirar os servidores virtuais de um lugar e mover para outro dentro da empresa ou em um site backup. Mas para isso, é necessário realizar a preparação dos sites, de tal modo que envolva a equipe direta que vai trabalhar no dia do moving, com informações sobre a origem, caminho e destino. Por isso, a importância do planejamento e da gestão de risco deve ser feita de modo minucioso, desde o início do projeto.
E finaliza, “a equipe de facilities é fundamental antes, durante e depois do processo, pois é essa parceria que garante que seja possível concretizar a mudança”.
Por sua vez, Sinara Campos, Engenheira de Controle e Automação da Almeida França Engenharia apresentou 12 ações simples e de baixo custo, definidas pela Energy Star, que podem ajudar na melhoria de eficiência energética de um Data Center, quais sejam:
Parte de equipamentos de TI
1) Virtualização: possibilita que cargas de trabalho, programas e servidores virtuais sejam executados em um mesmo servidor físico, aumentando a taxa de utilização total, reduzindo a inatividade dos servidores.
2) Desativação de servidores: pesquisas apontam que 8% a 10% dos servidores estão ligados e sem uso por falta de política de gerenciamento e controle. Fazer o inventário e manter cada servidor atualizado com os dados sobre os equipamentos de TI ajuda a ter o controle de utilização e a economizar energia.
3) Consolidação de servidores: a consolidação eleva a taxa de uso dos servidores e a desativação das máquinas que não estão sendo usadas.
4) Gestão de processos e ativos de storage: a taxa de crescimento do storage é de 10% a 15% ao ano, por isso ele também precisa ser gerenciado e controlado. O uso de sistemas de controle permite o correto dimensionamento e identifica aquele sem uso, aumentando sua eficiência.
5) Substituição de equipamentos de baixa performance: equipamentos novos possuem eficiência melhor tanto na economia de energia quanto na entrega de resultado.
Ajustes na ventilação
6) Layout (corredor quente/frio): a maioria dos equipamentos de TI modernos recebem o ar frio pela parte frontal e dispensam ar quente pela parte traseira. Para melhor eficiência, é preciso alinhar os equipamentos e cria um fluxo de ar positivo, com uma fileira de rack com a parte frontal, uma virada para outra, e as partes traseiras coincidindo também para criar um corredor quente e outro frio.
7) Uso de confinamento de corredor (quente/frio): as barreiras físicas, como cortinas, caixas etc., isolam o corredor quente do frio e ajudam a criar um fluxo direcionado, principalmente do ar quente, proporcionando assim a troca com o ambiente externo.
8) Uso de CRAC mais eficientes: consumindo de 5% a 10% da energia total dentro do Data Center, muitos equipamentos têm sistema de ventilação fixo e criam o fluxo de ar de maneira constante, independente da dinâmica de carga térmica do Data Center. Os novos equipamentos já vêm com ventiladores modulares, com uma medição adequada da pressão de ar de estufamento do Data Center e monitoramento ao longo de todo corredor. É possível também variar a frequência de giro da ventilação e economizar energia.
9) Redução das perdas de ventilação: na hora da montagem, uma solução simples que traz economia é a adoção de tampas nas lacunas dos racks, que evita a mistura do ar frio com o ar quente. A organização da instalação do cabeamento também permite o fluxo adequado do ar quente, gerando ganhos de eficiência energética.
Ajustes no sistema de ar condicionado
10) Adequação da refrigeração das novas diretrizes da American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers (ASHRAE, Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado, em português): as faixas de operação de insuflamento e de retorno do ar condicionado para rack foram flexibilizadas. Além disso, o intervalo de controle da umidade relativa do ar do Data Center também passou por ajustes, gerando economia de energia.
11) Uso de economizadores a ar: com a flexibilização das normas da ASHRAE, os sistemas economizadores passaram a ser convidativos. Eles garantem que o ar quente de retorno do Data Center seja direcionado para as serpentinas do lado de fora, e o ar frio externo resfrie o ar quente que é devolvido para o sistema.
12) Uso de economizadores a água: consiste em aproveitar a baixa temperatura ambiente externa nas torres de resfriamento. Basta desligar o chiller para que a circulação da água de condensação promova o esfriamento da água gelada que circula do Data Center. O economizador entra em ação, e os sistemas de bombas garante a circulação da água e a mistura dela. Estamos falando de um aumento de eficiência anual de 30% e a redução do uso dos compressores de 40% até 50%.
E para finalizar, comentou alguns benefícios do uso da energia fotovoltaica. “É uma energia limpa e renovável que reduz a dependência das fontes energéticas tradicionais, sujeitas a oscilações de preços por fatores políticos ou climáticos. Tem uma vida útil de 25 anos, representa responsabilidade ambiental, e principalmente, é de fácil instalação e manutenção”, pontuou Campos.
Sobre operação, manutenção e monitoramento de Data Centers, Paulo Marin, Engenheiro Eletricista da ICT/Missão Crítica comentou que as possíveis causas de um Data Center falhar podem estar relacionadas com seus componentes, com os seus softwares, ser uma falha humana, um acidente ou desastre natural.
Mas como minimizar o downtime, minimizando a probabilidade de falhas? Com operação, monitoramento, planejamento e manutenção, esclarece Marin.
A manutenção, explica o especialista, pode ser: preventiva, com manutenção periódica, testes periódicos e monitoramento; corretiva, com a solução de problemas em curso, restabelecimento do sistema e resposta imediata (operação); e com upgrade, com a atualização de software e atualização de equipamentos.
As boas práticas de manutenção preventiva (MP) do sistema elétrico podem acontecer da seguinte forma:
UPS
• 3Ø: duas MP/ano.
• 1Ø: uma MP/ano.
Baterias
• VRLA – 3Ø UPS: quatro MP/ano.
• VRLA – 1Ø UPS: uma MP/ano.
• VLA – 3Ø UPS: doze MP/ano.
• PDU: uma MP/ano.
• Chaves estáticas: uma MP/ano.
• Termografia IR: uma MP/ano.
Já no sistema mecânico, a manutenção preventiva deve acontecer mensal, trimestral e semestralmente, na temperatura e umidade ambiente; na limpeza dos filtros; nos motores, correias, compressores, etc.; nos PDU/UPS/Baterias; tudo com os devidos testes funcionais para avaliação de desempenho.
E ressalta, “As ferramentas para monitoramento da infraestrutura do Data Center Data Center Infraestruture Management (DCIM) são fundamentais para a eficiência dos processos de operação e manutenção de Telecom e TI, do sistema elétrico, do sistema mecânico, e da segurança. É a melhor ferramenta para integrar operação e manutenção, auxiliar na tomada de decisões, garantir o nível de desempenho de projeto e o downtime mínimo”.
Por isso, conclui, “A adoção de boas práticas de operação e manutenção são tão importantes quanto o projeto da infraestrutura de um Data Center.”