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Instabuildings - eficiência do projeto à operação

Confira cases de empresas que realizam projetos de expansão em curto espaço de tempo, e saiba como aumentar a produtividade para continuar a competir

Por Larissa Gregorutti

Em pleno século XXI, caracterizado pela revolução digital e pela indústria 4.0, executar processos com eficácia e eficiência ainda é um desafio dentro das empresas.

É fato que a crise econômica que assolou o País nos últimos anos colocou muitos projetos em stand by e impediu grandes mudanças. A falta de recursos e excesso de burocracia também lideram a lista dos principais obstáculos enfrentados pelas organizações.

Ainda hoje, enquanto a era digital ressalta a importância por investimentos em inovação e tecnologia, o mercado luta pela redução de custos. Colocar esses dois pesos na balança parece desfavorável para o crescimento das empresas, mas ser estratégico em prol do aumento da produtividade deve ser o caminho trilhado para quem não quer ficar para trás. Nesse ponto, a área de FM deve estar alinhada à cultura da empresa, envolvendo os stakeholders no processo, essenciais ao planejamento estratégico do negócio.

Uma inspiração para quem está inerte e quer sair do lugar está no segmento da construção: empresas que realizam construções em tempo recorde, que chamamos “Instabuildings”, do inglês instant + building.

Além dos avançados elementos construtivos que garantem a celeridade do processo, como a utilização da construção modular (blocos pré-fabricados que só necessitam de encaixe e acabamento) e o uso de estruturas metálicas, que podem reduzir até 50% o tempo da parte estrutural do prédio, e antecipar etapas posteriores como fachada e acabamento, o que vale destacar desse tipo de projeto é o planejamento estratégico que permite além de agilidade no processo, economia de material e mão de obra.

Cases de estabelecimentos comerciais que conseguiram, com toda a expertise de suas equipes de engenharia e infraestrutura, entregar projetos de novos pontos de venda em um curto espaço de tempo, ganharam destaque. Afinal, para quem está acostumado a ver obras que levam de três a dez anos para serem concluídas neste País, se espanta ao ver uma rede farmacêutica, como a RD Raia Drogasil S.A., ou uma rede de fast-food, como o Burger King (BK), concluir projetos em período muito inferior.

Entenda como está estruturado o trabalho desenvolvido por essas empresas para projeto, construção e inauguração de novos pontos de venda, e qual expertise eles podem transmitir para o profissional de FM.

Case de expansão da Raia Drogasil

Paulo Zambardino, Diretor de Expansão da RD Raia Drogasil, compartilhou a expertise da empresa, que combina mais de 180 anos de história, e criou um processo muito bem organizado de expansão de lojas.

Segundo Zambardino, a RD possui equipes internas e externas trabalhando conjuntamente para executar cada fase do processo e atuar paralelamente a fim de dar vazão aos projetos que estão em execução. “São muitas áreas envolvidas nesse processo, é um projeto de toda a companhia. As áreas com maior enfoque são as de Expansão, Engenharia, Manutenção, Operações, Logística, Jurídico Regulatório, Recursos Humanos, Comercial, Marketing e Relações Institucionais”, explica.

A primeira etapa do processo, é a avaliação da estratégia de ocupação com indicação de número de lojas por cidade, em luz do momento da companhia e mercado.

“A RD mantém uma equipe em campo, que visita todas as cidades do País dentro do plano, com a finalidade de encontrar pontos comerciais com as características necessárias para implantar nossas farmácias Droga Raia e Drogasil.” É essa equipe de campo, comenta ele, que localiza imóveis, faz um estudo de viabilidade econômica da localidade e apresenta à diretoria da empresa para aprovação.

“Uma vez aprovado, uma outra equipe estuda as condições de aprovação de implantação da loja junto aos órgãos públicos locais em paralelo à confecção de contrato de locação”, pontua o Diretor de Expansão.

Com o contrato assinado, iniciam as fases de elaboração de projetos executivos, execução de obra ou reforma, montagem da loja, contratação de pessoal, treinamento da equipe que vai operar a loja e inauguração.

Zambardino explica que são muitas pessoas focadas nesses processos para atingir o objetivo final, e ressalta, “Os projetos iniciais levam ao redor de duas semanas e as obras aproximadamente dois meses e meio”.

Além de toda essa estratégia, a empresa realiza estudos de viabilidade para todos os pontos de venda. A RD possui estrutura de expansão baseada em uma inteligência proprietária, que permite avaliar o potencial de mercado para cada loja a ser aberta com forte embasamento analítico, na prospecção descentralizada, conduzida por profissionais que possuem no mínimo 15 anos de experiência em operações de varejo e em forte disciplina financeira, com alocação de capital centralizada com base em taxas internas de retorno projetadas para cada projeto avaliado.

Como um conselho para os profissionais da área de Facility e Property, compartilha “o primeiro ponto para planejar e executar projetos com eficiência é ter uma equipe com as competências necessárias e engajadas com os objetivos do projeto. Segundo, ter processos claros e bem estabelecidos com responsáveis dentro de um projeto de empresa. Finalmente, deve-se medir e monitorar todos os pontos de passagem para poder antecipar e assegurar o volume, velocidade e qualidade das inaugurações de novas unidades”.

Processo de crescimento do Burger King

Com receita de R$ 2,35 bilhões em 2018, puxadas tanto pela abertura de novas lojas quanto pelo crescimento das vendas nos restaurantes abertos há mais de 12 meses, a rede de fast-food americana Burguer King possui no Brasil 792 lojas, e expectativa para fechar este ano com 800 unidades, sendo 631 próprias e 161 franqueadas.

Operando nos seguintes modelos de restaurantes: free standing, lojas de rua com drive, in line, lojas de rua sem drive e FC (Lojas de Shopping), o BK apresentou em oito anos, um forte crescimento entre os consumidores brasileiros, com alta de 13,8% em 2017 e de 6,5% em 2018.

Sobre a estratégia utilizada para inauguração de um novo restaurante, Rafael Lima, Head de Expansão do Burger King destacou os seguintes processos: estudo da área de Inteligência de Mercado sobre as regiões prioritárias, prospecção em campo desses pontos, análise financeira da viabilidade do projeto, negociação, aprovações internas, assinatura de contrato, elaboração do projeto, execução e inauguração.

Segundo o Especialista, as áreas de Expansão, Inteligência de Mercado, Engenharia, Marketing e Operações são as envolvidas na inauguração de uma nova loja, que desenvolvem juntas, um processo completo estruturado em um curto espaço de tempo. “Eles duram em média de 365 dias, do planejamento à execução. Com acompanhamento em sistema de cada fase do projeto, das metas estabelecidas e variável forte”, ressaltou Lima.

Sobre planejar e executar projetos com eficiência, o Head de Expansão ressaltou, “O principal conselho que deixo registrado é sempre identificar metas claras e com variável forte, anexo às entregas com excelência”.

Uma solução possível de eficiência nos processos

A inovação hoje é o motor de crescimento das empresas, podendo melhorar o desempenho do trabalho e a experiência do cliente externo e interno.

Mas falar sobre tendências para o futuro é algo que parece distante quando já temos ferramentas disponíveis que podem impactar e acelerar o andamento dos processos.

Dentre as inúmeras possibilidades, a mais indicada para a execução de projetos, manutenção e operação predial, é o Building Information Modeling (BIM – Modelagem da Informação da Construção, em português).

Na construção civil, por exemplo, o BIM é capaz de reduzir em mais de 50% as alterações durante a execução da obra, segundo pesquisa da McGraw Hill Construction. O tempo de planejamento e a possibilidade de visualizar todos os detalhes da obra em 3D permitem a assertividade da execução.

Durante o 10º Seminário Internacional BIM, realizado no dia 24 de outubro pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) no auditório da Totvs, Roberto Abreu, da TRD Engenharia, em sua apresentação sobre a aplicação do BIM para melhor produtividade em campo, pontuou os benefícios da modelagem: a otimização da mão de obra, menos erros e retrabalhos, modelo atualizado conforme executado, otimização na sequência de construção. Como facilitadores, Abreu elencou os modelos 3D, a integração dos modelos, a captura da realidade com modelos atualizados. “Como resultado temos a redução de custos adicionais, clareza do escopo, menos índice de interferências, menor prazo de execução e precisão no quantitativo”, ressaltou o Engenheiro.

Já sobre as integrações das informações do BIM com Facility Manager, Rogério Suzuki, da RS Consultoria, especificou: o BIM garante uma base unificada de informações, fornecendo um manual de uso da edificação; suporte efetivo para análises, particularmente em energia e sustentabilidade; modelos baseados em localização de equipamentos e mobiliários repletos de dados; suporte à gestão de emergências; e segurança e planejamento de cenários.

Neste sentido, neste novo ciclo econômico, o BIM vem se transformando em um caminho indispensável para as empresas que queiram competir, garantindo aumento da produtividade e qualidade nos processos, do projeto à operação.

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