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Nem tudo que se move é praga

Mitos e verdades sobre essas espécies que causam danos ao patrimônio e à saúde das pessoas

Notícia publicada em 6 de junho de 2019

Por José de Rezende

É comum o telefonema que enlouquece os técnicos das empresas controladoras de pragas. O cliente avisa que tem um “bichinho” e quer que ele desapareça. Normalmente a pessoa até já identificou com a ajuda do Google qual é o raríssimo inseto que apareceu em sua instalação e pergunta se a empresa tem um veneno específico para “Insectus isquisictus” que está na parede da sala.

Depois de muito insistir com o departamento técnico, finalmente o convencemos a fazer uma visita para coletar e identificar o tal desconhecido e descobrir que se trata da invasão de um simples grilo. Como profissionais treinados e éticos, cabe a nós esclarecer e educar os nossos clientes: “Pragas e vetores são apenas aquelas espécies que causam agravos à saúde ou ao patrimônio, como baratas, moscas, cupins e roedores”. Ainda que eles não gostem em um primeiro momento, explicar com clareza o nosso papel na preservação ambiental fará com que eles pelo menos aceitem as nossas explicações.

Nesse momento ouço alguém gritar: “E as formigas?”. Depende de onde estão e do que estão fazendo. Se estiverem dominando os eletrônicos são pragas (bem inoportunas), mas se estiverem passando no muro de limite entre o condomínio e a mata não são e não temos o direito de interferir na vida delas.

Lagartixas, centopeias ou carunchos no feijão não estão na nossa alçada como controladores de pragas urbanas. Primeiro porque cada espécie tem sua função na natureza e não é nosso direito interferir nesse equilíbrio e, principalmente, porque não vamos sair envenenando tudo que existe pela frente simplesmente para o conforto visual dos menos informados.

Sabemos que na delicada relação CONTRATANTE/CONTRATADA não é tão simples explicar algumas coisas, principalmente as que contrariam os anseios dos nossos clientes e é aí que entra uma figura meio esquecida, porém muito importante em uma empresa controladora de pragas: o Responsável Técnico.

Esse é o profissional que orienta o controle de vetores e pragas minimizando os riscos à saúde do usuário do serviço, do operador e procurando eliminar os prejuízos ao meio ambiente. E justamente por ter conhecimento sobre as pragas e outros animais sinantrópicos é capaz de explicar com clareza por que não devemos matar toda forma de vida simplesmente por estarem perto de nós.

Então, na próxima vez que tiver um visitante não tão querido na sua casa ou empresa, considere se é tão necessário usar venenos contra ele. Qual é a função dele na natureza e se onde ele está aparecendo realmente é um problema.

Mitos

Esta área foi criada para tentar reduzir algumas informações transmitidas por pessoas sem conhecimento técnico e que infelizmente muitas vezes atuam prestando serviços de controle de pragas.

“O rapaz da outra empresa disse que o rato seca depois de comer a pedrinha e que não vai ficar cheirando mal” – Por morrer de hemorragia, muitas vezes há uma desidratação, mas infelizmente não é a regra. Alguns podem morrer até mesmo dentro dos locais onde habitualmente buscavam água.

“Cupim só dá em casa velha” – O que geralmente ocorre é que os cupins aparecem em casas de qualquer idade. Algumas vezes até mesmo durante a fase de acabamento de uma construção. No caso dos cupins de madeira seca, as infestações podem permanecer escondidas por longos períodos, sem que tenhamos certeza do que está acontecendo.

“Falaram que esse cupim come o concreto” – Nenhuma espécie de cupim se alimenta de concreto. Eles usam as fissuras, fendas, conduítes e outros vãos para se locomoverem entre as estruturas em busca de alimento.

“Eu andei pesquisando na internet e li que os cupins se afogam se deixamos uma bacia com água embaixo da lâmpada” – Se eles caírem na bacia com água sim. Mas considerando o tamanho das revoadas é muito pouco provável que isso evite uma infestação. Cuidado com o que lê na internet. Algumas vezes até mesmo portais respeitados publicam informações incorretas.

“Aqueles bichinhos que voam no verão...” – Sim, podem ser cupins em uma determinada fase da vida. Mas também podem ser formigas ou até mesmo mariposas. Nem tudo que voa perto de uma lâmpada no verão é cupim.

“Como faço para exterminar formigas?” – Essa é a pergunta que todos gostariam de resolver. O tratamento correto para controle de formigas é longo e demanda algumas visitas para a aplicação de gel e por isso acaba saindo um pouco mais caro perto da aspersão de produtos químicos comuns (que podem fragmentar a colônia e piorar o seu problema).

E, acima de tudo, cuidado com as receitas caseiras. Elas podem colocar a sua saúde em risco e ainda assim não controlar as pragas, criando mais problemas do que o original.

José de Rezende é Diretor Master Brasil da Truly Nolen, empresa de controle de pragas fundada em 1938

*Fonte: Algumas perguntas foram extraídas do Boletim “Técnico Cupins Pragas em Áreas Urbanas”, do Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Agricultura e Abastecimento – e adaptadas para este artigo.

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