Notícia publicada em 6 de junho de 2019
Por Érica Marcondes
O Grupo IWG atua no Brasil por meio de duas marcas. Vem novidades por aí?
Tiago Alves: O nosso carro chefe no Brasil é a marca Regus, hoje com 66 localidades de centros e serviços compartilhados em todo o país. São treze cidades, uma operação bastante grande em São Paulo (31 unidades) e Rio de Janeiro (16 unidades), em prédios de todos os tipos: edifícios Triple A, A e B. Dessa forma conseguimos trabalhar com preços funcionais para todo o tipo de cliente, inclusive em endereços de prestígio. No caso do Spaces – presente no Brasil há dois anos – são três unidades em São Paulo e uma no Rio de Janeiro.
Nós estamos prevendo uma expansão bastante forte das duas marcas e também a chegada de outras duas de fora. Uma delas é a Signature, um produto mais premium, mais exclusivo, para aquele cliente que busca realmente distinguir o seu negócio dos demais. É o cliente que quer estar nos melhores endereços das cidades, nas grandes capitais.
Um segundo produto é a HQ, uma marca que compramos em 2010 e que vamos trazer de volta. A ideia é tê-la nos prédios funcionais, os chamados B-, C, edifícios com lajes menores, que muitas vezes são monousuários, mas que têm a característica de aluguéis mais baratos. O objetivo é oferecer um produto mais funcional para o nosso cliente.
Com a Regus, devemos abrir, este ano, entre 20 e 25 localidades. Quanto ao Spaces nossa meta é chegar em pelo menos 10 unidades até o final de 2019. Nossa expectativa é fechar o ano com 100 unidades operacionais do Grupo, no Brasil, operando com as quatro marcas e, também, crescer com o Spaces de maneira exponencial, em torno de 150%.
Por que o conceito de escritório compartilhado ganhou tanto mercado?
Tiago Alves: Esses ambientes foram desenhados de maneira a incentivar o espírito do empreendedorismo brasileiro, para que as pessoas possam utilizar a infraestrutura de um espaço de trabalho para produzir mais e fazer mais networking. Mesmo sendo um espaço de coworking, é possível contar com o que há de melhor em cabeamento estruturado, tecnologia de informação, wifi, os melhores cafés.
Cada Spaces entrega uma experiência diferente: tem unidade que oferece cinema ao ar livre no último andar, academia e áreas de descompressão onde podem ser realizados eventos informais. Outro diferencial: em todas as unidades há carregadores veiculares elétricos para incentivar a mobilidade urbana. Eles são gratuitos para qualquer pessoa que tenha um carro elétrico e queira utilizar do nosso grid de carregamento. Também inauguramos o conceito pet friendly no Brasil para escritórios corporativos. Adotamos um cãozinho mascote – o Arthur – e transformamos os ambientes de trabalhos em locais mais humanos, como se fosse parte da nossa casa.
E as vantagens de um modelo flexível / coworking?
Tiago Alves: As empresas que querem expandir não precisam mais assinar um contrato de três anos ou investir num imóvel sem ter a certeza que ficará lá por muito tempo. Eliminar todas as contas, ter uma fatura só, ter muito menos risco, muito menos custo, sem precisar assinar contrato de longo prazo, principalmente quando não se tem certeza do futuro, e ter muito mais agilidade, pois os escritórios já estão prontos, são as facilidades que as empresas desejam. E mais: os clientes podem selecionar o escritório pelo App, a gente se comunica com eles por lá. Da mesma forma que você consegue um táxi pelo aplicativo, você consegue ter um escritório também!
Esse modelo representa mais de um terço dos nossos novos clientes, e a expectativa é chegar no final do ano com pelo menos 50% da nossa base sendo grandes clientes. Também não podemos esquecer que o escritório flexível é sinônimo de modernidade e passa uma mensagem muito positiva de inovação para os clientes. Estar nesse ambiente mostra que sua empresa é mais antenada na nova economia.
Trata-se de um mercado com muito espaço para crescer...
Tiago Alves: Sim. No Brasil ele representa hoje apenas 1% de todo o espaço disponível corporativo. Todos os estudos de todas as consultorias imobiliárias – as maiores do Brasil e do mundo – apontam que, em 2030, 30% dos espaços no mundo serão colaborativos e flexíveis. Se pegarmos essa métrica, o Brasil já tem um potencial de 3.000% de crescimento comparado aos dias de hoje.
Atualmente, nos Estados Unidos e Europa, os escritórios flexíveis já representam 6% de todo o imobiliário corporativo disponível. Outro dado interessante é que o Brasil, segundo o último censo realizado em 2018, atingiu 1.200 pontos de espaço flexível e coworking, com grande potencial de crescimento.
Hoje, apenas 270 cidades no Brasil contêm um espaço de coworking. Os brasileiros estão adotando cada vez mais esse conceito colaborativo e o crescimento desse mercado é muito acelerado. Por exemplo: em número de novas locações, nos últimos três anos, o mercado de coworking ficou em primeiro lugar no Rio de Janeiro e em segundo em São Paulo. Isso ajudou a combater a vacância, a fomentar o crescimento, e contribuiu para que o Brasil saísse da crise, proporcionando aos empreendedores e grandes empresas reduzirem custos e não quebrarem.
E os benefícios para os facilities managers?
Tiago Alves: O escritório flexível ou coworking não é concorrente do mercado de FM. Ao contrário, é uma solução que os gestores podem levar para dentro de suas empresas. Muitas companhias têm buscado os escritórios flexíveis para complementar a sua solução de portfólio de escritórios. Vale a pena levar em conta a questão de deslocamento nas grandes cidades e repensar seu uso de espaço com base nisso. Em uma cidade como São Paulo, onde os funcionários se deslocam de vários cantos da cidade para o seu headquarter, por exemplo, na Vila Olímpia, seria muito mais inteligente – em uma perspectiva de custo e qualidade de vida – que aqueles que moram no centro trabalhem em uma unidade flexível na Paulista etc. Isso resultará em um uso de espaço de maneira mais eficiente, vai reduzir custo e aumentar um dos ativos mais preciosos no dia a dia atualmente que é o tempo dos funcionários. Remete diretamente a engajamento, retenção de talentos e produtividade.
Vídeo com a entrevista completa.
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