Por Léa Lobo
Conteúdo publicado em 30 de janeiro de 2019
1ª fila: Iris Kumoto (ENG), Jessica Grey (Autodesk), Palloma Santos (IFSP), Luciana Peixoto (ENG)
2ª fila: Eduardo Toledo (USP), Ana Elena Salvi (UNIP), Elizabete Andrade (Ânima), Camila Biondo (UNESP), Demarcus Werdine (AFFESMIG), Alvaro Venegas (ENG), Rafael Colucci (Autodesk), Evaldo Luiz Vieira (Cruzeiro do Sul), Alan Castardo (UniCesumar), Sylvio Mode (Autodesk), Léa Lobo (INFRA).
A convite da Autodesk e da ENG DTP & Multimídia, a revista INFRA e um grupo de profissionais da área de educação viajou à Boston no período de 11 a 15 de dezembro para fazer uma visita ao Autodesk Build Space (Building, Innovation, Learning e Design), um espaço que trata do futuro da edificação e da infraestrutura. O objetivo da missão foi o de conhecer como a inovação e tecnologias, como o Building Information Model (BIM), têm trazido ganhos para o Facilities Management (concepção, projeto, construção, operação sustentável e manutenção) em campus universitário.
Na abertura dos trabalhos, o grupo recebeu as boas-vindas dos C-Level da Autodesk: Peter Baxter, Vice-Presidente de Vendas das Américas; Roberto Mikse, Diretor da América Latina; e Sylvio Mode, Presidente Brasil.
Baxter inicia questionando para qual décadas estamos entregando nossos alunos, reforçando que hoje há diversas tecnologias para se introduzir no mundo acadêmico em prol da formação dos alunos, a exemplo do BIM, que permite não apenas criar e construir um projeto, mas operar e retrofitar uma edificação. Mikse completa que é possível gerenciar metros quadrados de uma maneira mais eficiente, de forma integrada, sabendo o retorno em dinheiro por m2 gerenciado e ser muito mais rentável. Já Mode esclarece que a companhia possui tecnologias prontas e destaca três:
• Architecture, Engineering & Construction Collection: ferramentas BIM integradas, incluindo o Revit, o AutoCAD, o Civil 3D, o BIM 360 entre outras.
• Design & Manufacturing Collection: ferramentas CAD/CAM profissionais, desenvolvidas com base no Inventor e no AutoCAD.
• Media & Entertainment Collection: uma coleção de ferramentas, incluindo o 3ds Max e o Maya, para você criar conteúdo de entretenimento digital.
Mode disse ainda que a missão técnica, para ele, tinha como objetivo retomar o relacionamento produtivo com a comunidade de educação e que tinha como expectativa sensibilizar os presentes para utilizarem tecnologias que agreguem valor e assumir um compromisso para “fechar o gap”, não só da inclusão do BIM na academia, mas também na gestão dos ativos da infraestrutura dos campis universitários.
Na apresentação seguinte, Brian Farber, Senior Public Relations Manager da Autodesk Global, fez um alerta sobre o crescimento da população mundial – dez bilhões de pessoas no mundo até 2050 –, incluindo o aumento da classe média. Segundo pesquisa apresentada por ele a demanda por número de casas no mundo é de 3.600/dia. Reforça que o crescimento não garante o aumento da qualidade de vida, mas que é necessário planejamento para não se ter um resultado reverso, como a insustentabilidade, por falta de planejamento e pelo não uso de ferramentas tecnológicas adequadas.
Com toda a demanda apresentada, esclarece que o ensino do futuro presente precisa ser customizado, fazendo melhor não apenas no desenvolvimento dos projetos, mas planejando e criando soluções para a demanda necessária. Na sequência desta apresentação, Yuri Cataldo, Chief Technology Officer do Innovation Center da Autodesk, apresentou um overview de muitos projetos inovadores desenvolvidos por eles.
Logo após os cases apresentados, o grupo da missão técnica foi conduzido pelo Executive Briefing Specialist da Autodesk, Mark Zurlo, para conhecer as instalações físicas do Autodesk Build Space. No espaço havia exemplos de soluções em projetos traduzidos em impressões de até 1 metro cúbico em plástico, cimento, alumínio, ferro ente outros materiais. Zurlo comentou que o layout dos espaços do Build Space muda a toda hora, de acordo com o projeto em desenvolvimento. Neste espaço, a Autodesk avalia se os parâmetros dos softwares foram atendidos na especificação do projeto proposto pelo BIM.
Já na parte da tarde, através da metodologia LUMA, os participantes da missão foram convidados a se unir para uma dinâmica em grupo, conduzida por uma especialista na metodologia, com a orientação de Jéssica Gray, Executiva da Autodesk. O objetivo da dinâmica foi o de identificar quais são os desafios que os participantes e a organização que representam enfrentam agora. E na sequência, cada uma dessas áreas, como o participante vê a nova tecnologia como positiva, um problema ou uma oportunidade?
As ponderações incluíram desde uma reavaliação da gestão das propriedades, das pessoas, os modelos de planejamento e projetos, e a necessidade de uma revisita da cultura organizacional, considerando que há desafios que passam tanto pela alta direção, incluindo gestão de pessoas, orçamentos reduzidos, capacitação de gestores e de professores, reaprender com novas tecnologias, otimização de custos, resistência a novos aprendizados, entre outros pontos. Infelizmente, em muitas organizações, brincou um dos participantes de um dos grupos, às vezes é preciso seguir o “plano do diretor” e não o “plano diretor”.
No segundo dia, os trabalhos foram iniciados por Rafael Laércio Colucci, Technical Sales Specialist, AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção, da Autodesk Brasil. Fazendo um paralelo a dinâmica de grupo do dia anterior, Colucci fala que é muito difícil migrar para um processo mais assertivo em função dos contextos: externo (o crescimento da população e o seu impacto na infraestrutura das cidades); interno (a indústria já utiliza a tecnologia, a construção civil ainda não) e inovações tecnológicas (já está ocorrendo em alguns mercados e se não incorporarmos no nosso dia a dia, ficaremos para trás).
Reforçou que o uso de tecnologias, como a do BIM, ajuda a fazer mais, com cada vez menos e com a oportunidade de fazer melhor. Observando as plantas bidimensionais, é possível humanizar os projetos, trazendo 33% menos erros, aumentando em 22% a assertividade nos orçamentos e ter um aumento de 21% no melhor entendimento do projeto.
Para finalizar as palestras, o anfitrião e organizador da missão técnica e CEO da ENG DTP & Multimídia, Engenheiro Álvaro Venegas, reforça que tecnologias atuais como BIM estão se tornando padrão de mercado. “Órgãos federais exigem projetos em BIM, e muito em breve, todas as prefeituras também, e por isso a importância da inclusão da tecnologia nos currículos dos cursos de Arquitetura e Engenharia”, alerta.
Venegas finaliza afirmando que as universidades que incorporam tecnologias em suas grades curriculares conseguem inúmeros benefícios, entre eles: retenção de alunos, melhor avaliação do MEC, receitas extras, redução de evasão escolar, redução de inadimplência, aumento do interesse e engajamento dos alunos, que buscam por cursos com conteúdo mais tecnológicos. Já os gestores dos campus universitário podem ter em mãos e nas nuvens, todas suas plantas, pontuadas por tipo de materiais usados na edificação, quais fornecedores e especificações técnicas, de modo a não perder nenhuma informação da edificação, trazendo assertividade e produtividade no dia a dia dos facilities manager. Venegas apresentou o case do uso de BIM, com Autodesk Revit, para a concepção, projeto, e uso constante da tecnologia, no prédio da sede da ENG em São Paulo. Isso desde 2009! Ainda relembrou a recente queda da ponte na marginal Tietê, em São Paulo, onde ninguém sabia em que local estavam as plantas do projeto... “Hoje em dia, não é mais possível gerenciar, sem informação em mãos”, conclui.
O QUE É BIM?
Building Information Model (BIM) que significa Modelagem da Informação da Construção ou Modelo da Informação da Construção é um conjunto de informações geradas e mantidas durante todo o ciclo de vida de um edifício.
É um modelo virtual, e esse modelo não é constituído apenas de geometria e texturas para efeito de visualização. Mas, trata-se de uma construção virtual equivalente a uma edificação real, possuindo assim, muitos detalhes no tocante a composição dos materiais de cada elemento, como portas, janelas, etc. Isso permite simular a edificação e entender seu comportamento antes de sua construção real ter sido iniciada. O modelo BIM pode ser utilizado para visualização tridimensional, para auxiliar nas decisões de projeto e comparar as várias alternativas de design e a “vender” seu design para o cliente.
Quanto as alternativas de gerenciamento, já que todos os dados são armazenados dentro de um arquivo “BIM”, cada modificação na modelagem da edificação será automaticamente replicada em cada vista, como plantas, seções e elevações. Isso não só ajuda a documentar o projeto de forma mais rápida, mas também proporciona maior segurança e qualidade com a coordenação automática de todas as vistas. Quanto a simulação da edificação, modelos BIM contém mais do que apenas dados de arquitetura. Informações a respeito das demais disciplinas da engenharia, informações de sustentabilidade, e outras características podem ser facilmente simuladas bem antes da construção real.
Quanto ao gerenciamento de dados, contém informações que não são representadas visivelmente, por exemplo: Informações de cronograma elucidam a quantidade necessária de operários, coordenação dentre outros fatores que podem influenciar na programação do cronograma final. O custo também faz parte do BIM e permite ver e estimar o valor que o projeto possa ter em qualquer etapa durante o projeto. Nem é necessário dizer que os dados do modelo BIM não são somente úteis durante o processo de design e construção do projeto da edificação, mas podem ser utilizados durante todo o ciclo de vida da edificação, ajudando a reduzir o custo operacional e de gerenciamento que é significativamente maior do que o custo total da construção.
DEPOIMENTO DE ALGUNS PARTICIPANTES
"Realmente estou voltando cheia de ideias, com certeza entendi a real importância da implantação do processo BIM, não só na Reitoria mas na grade dos nossos alunos”
Palloma Santos, Diretora de Infraestrutura e Expansão do IFSP
"Necessidade de mudança! BIM como ponto fundamental.”
Elisabete Andrade, Diretora de Expansão, Engenharia, Projetos e Facilities da Anima Holding
"Demonstrou de forma clara e objetiva a possibilidade de utilização das diversas ferramentas da Autodesk, visando melhorar e otimizar desde o projeto até a gestão de toda a infraestrutura, ganhando desta forma tempo e recursos por meio de uma visão sistêmica do todo.”
Alan Clayton Castardo, Diretor Executivo Administrativo da Unicesumar
"O workshop sobre projetos com a metodologia BIM, trouxe uma nova visão de como a inovação tecnológica pode trazer ganhos para o desenvolvimento de projetos, construções, operação sustentável e manutenção do nosso patrimônio universitário. Além de poder manter um banco de dados seguro e atualizado.”
Camila Biondo Ambrozi, Arquiteta na UNESP
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