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Espaços abertos de aprendizagem

Por Coen Huijbers*, Brenda Groen** e Hester van Sprang***

 

INTRODUÇÃO

O foco deste estudo são as Universidades de Ciências Aplicadas (UCAs, do inglês Universities Of Applied Sciences – UASs) que facilitam as “Novas Formas de Aprendizagem” (NFAs, do inglês New Ways of Learning – NWoL), que são novas abordagens para educação baseadas na combinação de conectividade, digitalização, métodos distintos de comunicação e uma nova geração de estudantes. Elas estão impactando as UCAs, que estão acrescentando aos seus ambientes tecnologia, eficiência espacial, locais de trabalho compartilhados, foco na fragmentação e colaboração do conhecimento. Para isso, utilizam o Espaço Aberto de Aprendizagem (EAA, do inglês Open Learning Space – OLS), bebendo da fonte das “Novas Formas de Trabalho” (NFTs, do inglês New Ways of Working – NWoW). Um EAA é uma área “semipública”, com caráter aberto e mais informal, que oferece diferentes arranjos e montagens, facilita a colaboração e está sendo utilizado por universidades em todo o mundo para estudantes conectados. Como a conexão entre alunos e professores é importante, faz parte desses espaços estarem ligados a outros espaços da escola, o que facilita o trabalho de grupos de alunos, alunos individuais e atividades educacionais informais (baseadas em atividades práticas). Isso requer móveis diversificados e divisores de espaço. A conexão wi-fi é tida como uma característica óbvia. Esse tipo de espaço também é um atrativo para novos alunos, pois, torna-se parte da identidade de um programa educacional inovador. Para isso, as UCAs precisam de uma visão das preferências dos alunos em relação ao EAAs, e é este o foco deste estudo.

Como plano de fundo desta pesquisa, observa-se que o desenvolvimento tecnológico ocorre em ritmo acelerado, fazendo com que alunos e professores estejam cada vez mais conectados, e impulsionando o aprendizado em ambiente virtual. A relação entre o desempenho do aluno e seu ambiente de aprendizagem fornecerá informações valiosas para as estratégias das UCAs. Nota-se também que o design desses ambientes tem impacto na consecução dessa relação, que são facilitadas porque, hoje, são mais assertivas as atividades de aprendizagem focadas em interagir com outras pessoas e colaborar em tarefas de grupo, levando a uma demanda decrescente de salas de aula tradicionais e fazendo crescer layouts de espaços cada vez mais abertos, que forneçam espaços de aprendizagem informais, de autoestudo e aprendizagem colaborativa.

Além disso, para a realização das NFTs é preciso levar em consideração: I. o ambiente físico, como a construção e os locais de trabalho, onde deve-se observar que aspectos como abertura, som, iluminação e temperatura podem afetar a produtividade. Além do mais, espaços de projeto ou áreas de trabalho abertas têm uma influência positiva na interação e colaboração entre trabalhadores do conhecimento; II. o ambiente virtual, como as instalações de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC); e III. o ambiente mental, que pode ser definido como percepção e cultura corporativa.

E esses princípios são cada vez mais aplicados em outros contextos, incluindo a educação superior, pois, neste ambiente também há a necessidade de operar independente do lugar e do tempo. Por isso, as semelhanças entre as NFTs e as NFAs, como flexibilidade nos espaços de trabalho, áreas abertas e uso eficiente da área útil, são cada vez mais reconhecidas. Para isso, estratégias de Corporate & Real Estate (CRE) devem ser desenvolvidas para criar um elo entre o que é aprendido dentro e fora da escola.

MÉTODOS DO ESTUDO

Este estudo utiliza método misto, consistindo em uma parte qualitativa e uma parte quantitativa. Os dados foram coletados em três espaços: I. na Escola de Negócios, Construção e Tecnologia (School of Business, Building and Technology – BBT) da Universidade Saxônica de Ciências Aplicadas (Saxion University of Applied Sciences), em Enschede; II. na Hogeschool Utrecht (HU), em Utrecht; e III. na Hogeschool Arnhem Nijmegen (HAN), em Nimega, todas na Holanda. Os métodos são descritos em ordem cronológica.

Dois métodos qualitativos foram utilizados:

I. Entrevistas em profundidade com os Gerentes de CRE das escolas citadas.

II. Análise de quatro grupos focais: três grupos de 12 alunos do primeiro ano discutiram suas experiências de EAA.

O ESTUDO DE CASO

O layout observado da Escola de Negócios, Construção e Tecnologia da Universidade Saxônica possui uma área central com salas privativas em volta, divididas por um corredor sem saída. A distância da entrada principal para este EAA é de aproximadamente cinco minutos a pé, possui uma aparência minimalista, com cores escuras, elementos de madeira não pintados, fachadas de vidro, portas de vidro para salas privadas, paredes brancas e cinzas, carpetes cinzas, lâmpadas contemporâneas projetadas, e muitos assentos.

Os objetos que estão presentes no EAA possuem funções conscientes: um balcão de informações é claramente um ponto de reconhecimento, bem como o canto do café (aberto e utilizado como ponto de encontro). Além disso, o espaço possui ainda uma xerox, uma parede de plantas, telas, quadros brancos, vigas, assentos confortáveis e bancos privados.

O segundo caso, na HU, mostra características comparáveis.

PREFERÊNCIAS DOS ESTUDANTES

A pesquisa e a análise dos grupos focais dos alunos mostraram que as três áreas preferidas para o trabalho em grupo são as salas de projeto, salas de aula vazias e o EAA. Os grupos focais mencionaram que o espaço físico e o contato pessoal com os colegas contribuem para o foco neste tipo de trabalho. Metade dos entrevistados da pesquisa considerou o EAA uma “base domiciliar”, uma área para trabalhar com colegas estudantes. Por isso, existe uma relação direta entre espaço físico e identidade, o “sentimento de pertencimento” pode também ser importante. A outra metade dos estudantes apontou que o EAA é uma área muito cheia, barulhenta e que não trazia o sentimento de “base domiciliar”. A pesquisa mostrou o que os estudantes acham mais importante no EAA, que são: a disponibilidade de tomadas, um bom clima interno e a oferta de luz do dia. Os alunos preferem cadeiras e mesas funcionais, de formato retangular em vez de mesas redondas. As mesas em formato retangular podem ser organizadas de acordo com as necessidades dos alunos; divisores podem separar algumas áreas do espaço principal para tarefas que exigem concentração, assim eles são ajustados facilmente. Os grupos focais dos alunos relataram que, em geral, a decoração de interiores não é considerada muito importante. No entanto, a limpeza e o uso de cores no EAA são considerados importantes para criar reconhecimento, identidade e um ambiente de trabalho agradável.

Deve-se notar que entre os itens priorizados, as instalações (incluindo os edifícios) estão em sexto lugar. O EAA é o terceiro espaço educacional preferido para se trabalhar em grupo, já que uma clara preferência por espaços semiprivados surgiu para o trabalho em grupo. Os fatores de escolha do local para o trabalho em grupo são: conforto (aspectos climáticos confortáveis, como a temperatura), funcionalidade (luz natural adequada) e mobília funcional (cadeiras). Salas de projetos e salas de aula vazias foram indicadas como os espaços preferidos para o trabalho em grupo, pois podem fazer com que a impressão seja facilmente adaptável às necessidades individuais ou à privacidade.

Nos grupos focais todos os aspectos anteriormente citados foram mencionados: “a funcionalidade é mais importante que o design”.

De acordo com os especialistas do CRE, embora o EAA desempenhe um papel significativo no layout e uso do edifício, uma avaliação específica da satisfação de seu usuário não faz parte do ciclo geral de monitoramento e avaliação dos departamentos imobiliários, o que indica falta de conhecimento por parte das escolas. E é só por meio de pesquisas desse tipo, que se entra em consonância com o usuário final. Por exemplo, se esta pesquisa não fosse feita, não saberíamos que embora a finalidade, a aparência geral e o design dos EAAs analisados receberam muita atenção por parte dos gerentes de CRE, os aspectos “invisíveis” como clima, conforto e funcionalidade são comprovadamente os mais apreciados pelos usuários finais.

*Coen Huijbers pertence à Escola de Negócios, Construção e Tecnologia (School of Business, Building and Technology) da Universidade Saxônica de Ciências Aplicadas (Saxion University of Applied Sciences). E-mail: [email protected].

**Brenda Groen pertence à Escola de Negócios de Hospitalidade (Hospitality Business School) da Universidade Saxônica de Ciências Aplicadas (Saxion University of Applied Sciences). E-mail: [email protected].

***Hester van Sprang pertence à Escola de Negócios de Hospitalidade (Hospitality Business School) da Universidade Saxônica de Ciências Aplicadas (Saxion University of Applied Sciences). E-mail: [email protected].

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