Cultura do home office
Sob outro ponto de vista, trabalhar em casa não é mais sinônimo de emprego informal ou por conta própria, cada vez mais executivos com altos cargos e posições de destaque em grandes companhias dividem o tempo entre o escritório e a sala de casa. A popularização do home office no Brasil se deve, principalmente, às empresas multinacionais que exportam esse hábito para as sedes no país, como aconteceu com a principal fabricante de headsets do mundo, a norte-americana Plantronics.
Em parte, apesar de um olhar ainda conservador de alguns gestores, o home office se mostra uma prática efetiva e com benefícios, como o engajamento, o aumento da noção de autonomia e de responsabilidade do funcionário, e a redução de custos para a empresa.
Com sede em Santa Cruz, Califórnia, a Plantronics já incentivava uma política de trabalho remoto para os funcionários da matriz e na sede brasileira não poderia ser diferente. Para a principal fabricante de áudio e voz do mundo, o home office virou, inclusive, nicho de mercado e inspirou a empresa a desenvolver novas tecnologias para superar os principais problemas apontados pelos próprios colaboradores - som ambiente que impede a concentração, barulho externo que vaza nas ligações, voz metálica, entre outros que dificultavam o atendimento.
À frente da Plantronics, a Senior Territory Manager para o Brasil, Vera Thomaz, divide as tarefas entre o escritório da marca, em Alphaville e o escritório pessoal, em casa. "Com as ferramentas certas é possível trabalhar de qualquer lugar. Pelo menos duas vezes por semana trabalho da minha casa onde preparei o ambiente para realizar conferências com nossa matriz e com os nossos clientes. Os dias são bastante produtivos, pois em questão de minutos estou na minha estação de trabalho", esclarece Thomaz.
Flexibilidade para se trabalhar
Spaces é uma empresa de ambientes flexíveis de trabalho, que atua em 19 países e inaugurou em julho o seu primeiro espaço no Brasil. Paralelamente à preparação para a chegada ao País, a empresa realizou a pesquisa Trends in flexible working ("Tendências em trabalhos flexíveis"), voltada para tendências do trabalho remoto e versátil. O estudo foi realizado com 20 mil profissionais em todo o mundo, sendo 900 profissionais do Brasil, de diversos setores: consultoria e serviços, utilities, tecnologia, entre outros. Dentre as constatações, o estudo mostra que 50% dos profissionais brasileiros afirmam que priorizam empresas que oferecem jornada de trabalho flexível, a média global desse índice está em 63%.
O estudo também apurou a expectativa de crescimento para o setor, apontando que 66% das empresas em todo o mundo esperam aumento na demanda por espaços de trabalho flexível (espaços de coworking, business lounges, escritórios de curto prazo), projeção que salta para 81% no Brasil. "Nos últimos anos vemos a ideia de economia compartilhada ganhar muita força, tanto globalmente quanto por aqui. O universo do trabalho não fica aquém dessa tendência e vemos que flexibilização das jornadas e a opção do trabalho remoto tem ganhado terreno. Nesse contexto, o Spaces chega para reinventar o conceito de ambientes de trabalho compartilhados e trabalho flexível no Brasil", conta Otávio Cavalcanti, Diretor do Spaces no Brasil.
Quanto a esse crescimento no mercado brasileiro, 69% dos entrevistados veem que o principal motivador para a flexibilização são empresas que desejam reduzir os custos com escritório, 60% acreditam que o aumento será devido a colaboradores que procuram trabalhar remotamente ou que exigem trabalhar mais perto de casa (52%). E quando se trata de tecnologia - item mais que fundamental quando se pensa em trabalho remoto -, Dropbox e Google Drive despontam como os recursos mais usados pelos brasileiros (68%), seguidos de videoconferência e acesso remoto ao servidor, com 46% e 37% respectivamente.