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Internet das Coisas: o que falta para uma revolução na era da informação?

Por Dane Avanzi*

A Internet das Coisas (IoC) é a nova tendência das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Com a IoC, toda “coisa”, literalmente, terá um endereço TCP/IP e será capaz de se comunicar e interagir com outras e, no caso de dispositivos eletrônicos, poderá tomar decisões e operar em conjunto com outros dispositivos. Esse verdadeiro “bioma cibernético”, que está sendo construído em laboratórios e já encontra alguns representantes no cotidiano, será uma realidade total daqui há alguns anos, tornando cenas de filmes futurísticos pura realidade.

A velocidade em que isso vai ocorrer dependerá da solução de alguns desafios, de ordem bastante prática. Comecemos pelo principal e mais básico deles, a matriz energética. Todo dispositivo eletrônico necessita de energia elétrica para funcionar. Além dos dispositivos, utilizados pelas pessoas é necessária uma grande quantidade de energia elétrica para alimentar muitos servidores, que suportam os serviços em nuvem.

Deste modo, o incremento da demanda por mais energia tende a crescer em progressão geométrica, seja para suportar bilhões de dispositivos interligados por redes wi-fi ou para suportar uma infraestrutura gigantesca de Data Centers e redes de telecomunicações que também demandarão muita energia. Já vivemos a escassez e o déficit de energia elétrica em muitos países do mundo, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento.

Outro gargalo também decorrente de um fator essencialmente ambiental é o fato de que todo dispositivo sem fio necessita do espectro radioelétrico para se comunicar, recurso natural escasso, finito e não renovável. Na era da Internet das Coisas a quantidade de espectro demandada será absurdamente maior que a demanda atual, sendo que hoje, já há problemas de escassez, principalmente nos grandes centros urbanos devido a concentração de pessoas e dispositivos.

Uma coisa é certa: o mundo vai mudar, e muito. Hoje já vivemos muitas situações tidas como ficção científica há poucas décadas atrás. As transformações em andamento prometem literalmente inaugurar um “admirável mundo novo”, parafraseando o título do famoso livro de ficção científica de Aldous Huxley, publicado em 1932, que narra um futuro onde as pessoas (ou dispositivos) serão organizadas por castas e pré-condicionadas a comportamentos e padrões psicológicos devido à manipulação biológica. Qualquer coincidência com o Projeto Genoma não é mera coincidência.

Hoje já estão sendo testados carros capazes de se guiarem sozinhos de um lugar para outro. Graças a sensores, softwares, sistemas GPS, evolução de processadores e banco de dados, os carros em breve serão capazes de se autoguiarem. A regra áurea para o desenvolvimento da tecnologia da Internet das Coisas é a não intervenção humana em nenhum processo aliada ao desenvolvimento da inteligência artificial.

A Internet das Coisas não parará por aí. Será inserida em eletrodomésticos, aviões, bicicletas, em tudo, por isso “internet das coisas”. O tema ainda gerará muita polêmica, embora para alguns seja fascinante, para muitos será a aurora de um amanhã tenebroso e sombrio, devido à desconstrução da sociedade atual, assim como ocorre no livro de Huxley, que engendrará uma nova humanidade sem padrões morais, religiosos e com um sentido ético certamente bem diferente do atual.

Na radiocomunicação, os estudos do Software Defined Radio (SDR, ou “radio definido por software”, em português) em laboratórios de pesquisas desde os idos de 1980 será a solução para o problema de espectro, pois otimizará faixas de frequência ociosa, assim como o aprimoramento das tecnologias verdes de geração de energia elétrica trará a possível solução para o abastecimento do novo bioma cibernético, ora em estágio embrionário. Eis uma nova revolução a caminho.

*Dane Avanzi é Empresário e Advogado especialista em telecomunicações. Mais artigos sobre telecomunicações e tecnologia no seu LinkedIn Pulse

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