Por Alberto Coutinho e Renato Charlier*
Há tempos, empresas investem significativamente em Tecnologia da Informação (TI), pessoal e gestão, para elaborar orçamentos acurados e comprometidos. Independentemente do processo utilizado, muitas focam o orçamento e controle orçamentário apenas nas projeções de despesas, salários, encargos e investimentos (Capex).
O controle orçamentário assume uma postura “fiscalizadora”, com ênfase nos aspectos táticos de controle dos Fluxos de Caixa negativos operacionais imediatos. Propomos otimizar o esforço realizado para projetar as metas da empresa, aproveitando os resultados do orçamento para gerar informações mais abrangentes, como é feito em algumas corporações de sucesso no Brasil e no mundo.
Existem dois cenários igualmente favoráveis a nossa proposta: em um, a empresa está confortável com sua rotina de orçamentação e controle, e detém o conhecimento e as ferramentas de TI adequadas. Em outro, precisa desenvolver ou melhorar estes aspectos. Em ambos os cenários, o esforço de orçamentação deve ser valorizado e aproveitado no Planejamento Financeiro, com aumento de sua influência nas tomadas de decisão.
Modelos financeiros adequados permitem a projeção sistemática do conjunto dos relatórios financeiros, a cada cenário produzido: Demonstração de Resultados (DRE), Balanço Patrimonial e Fluxo de Caixa (Indireto e Direto). Entendemos que os bons Modelos De Planejamento Financeiro devem ser muito bem organizados, transparentes, inteligíveis e auditáveis. Sua consistência deve ser garantida pelo respeito aos princípios contábeis e devem gerar DRE, Balanço e Fluxo de Caixa Direto de forma integrada.
O Modelo de Planejamento Financeiro complementa as tradicionais projeções orçamentárias de Despesas/Salários e Investimentos exibindo prazos estratégicos de receitas, impostos diretos/indiretos, custos, depreciação, empréstimos, receitas/despesas financeiras, dividendos etc.
Assim, áreas como Tesouraria, Marketing, Planejamento Estratégico e outras podem auferir vantagens táticas e estratégicas das atividades de projeção financeira. Diferentes cenários podem ser simulados, sempre que necessário, sem refazer o orçamento.
O processo decisório das empresas não deve prescindir da agilidade proporcionada por geração on-demand de projeções acuradas que mostram, a cada cenário, informações como:
• saldo, entradas e saídas de caixa de curto a longo prazos;
• endividamento projetado;
• comportamento de empréstimos existentes e projetados, incluindo simulados;
• sensibilidade das projeções (DRE, Balanço e Fluxo de Caixa) a variações em juros, inflação, câmbio, preços, demanda etc.
• sensibilidade a estruturas societárias diversas;.
• viabilidade de novos projetos, incluindo fusões e aquisições.
Ao contrário do que se imagine, agregar a função de projeção orçamentária tática à função estratégica de Planejamento Financeiro não requer enormes esforços por parte de TI. Ao aproveitar os números orçados por sistemas mais pesados (já existentes ou “a desenvolver”) de salários/despesas e investimentos, os bons Modelos de Planejamento Financeiro são implantados de forma praticamente indolor. Adicionalmente, trazem benefícios agregados que atingem a esfera estratégica da empresa, propiciam agilidade e embasamento sólido à tomada de decisões importantes, além de trazerem transparência a respeito da operação e do negócio, e ajudarem a melhor formar e informar os profissionais gestores da empresa.
Finalmente, a transparência gerada por relatórios financeiros projetados consistentes mostra-se uma grande aliada dos acionistas e gestores financeiros para informar o público externo acerca do potencial do negócio, seja para fins de mercado de valores mobiliários, seja para atrair investidores e agentes financeiros.
*Alberto Coutinho e Renato Charlier são Consultores Internacionais da R Charlier SG na área Financeira incluindo Orçamento, Planejamento e Modelagem Financeira para empresas nacionais e multinacionais, inclusive o Banco Mundial. – www.rcharlier.com