Por Léa Lobo
A revista INFRA organizou mais um evento sobre FM, desta vez foi o 3º Infra Sul - Encontro Regional Sul sobre Gerenciamento de Serviços e Infraestrutura de Espaços Prediais e Corporativos, na sede da FIERGS – Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul. O encontro contou com mais de cem profissionais que atuam em Facility Management, que puderam se atualizar a respeito dos principais temas que envolvem produtividade, redução de custos, inovação, sustentabilidade e competitividade em ambientes empresariais.
Evento que só foi possível graças ao patrocínio das empresas Limpidus, Elevadores Otis, Abralimp, Alfa Tennant, GranCoffee, Klint, Optimus (agora, exppe) e entidades do setor. Acompanhe, a seguir, alguns insights que foram compartilhados pelos palestrantes e que trazem reflexões sobre a necessidade de tomadores e prestadores de serviços fazerem uma revisão de seus conceitos e paradigmas, além de entenderem que o melhor caminho para uma boa gestão, começa no novo olhar para a direção em que o mundo está indo e que, por mais que se faça, ainda há muito a ser feito.
FACILITY MANAGER NO COMANDO
A editora da revista INFRA, Léa Lobo, deu as boas-vindas aos congressistas e apresentou um breve panorama das oportunidades pessoais e empresariais para os profissionais que atuam na região Sul do País. Disse que o tema do evento “Facility Manager no Comando” deu-se porque em todo o Brasil há uma quantidade imensurável de grandes equipamentos prediais, que precisam dar lucro a seus proprietários e investidores. “Para atender esta necessidade é necessário (in)formar os atuais gestores destas edificações sobre como gerenciar adequadamente estes equipamentos prediais de forma a atender às demandas do negócio, considerando que hoje os espaços de trabalho são ambientes de trabalho de alto impacto e que precisam agregar valor aos negócios das organizações”, defendeu Léa Lobo, Diretora de Redação da Revista INFRA.
SERVIÇOS DISPONÍVEIS PARA “SCREEN GENERATION”
Camargo inicia lembrando que FM é um processo para pessoas e que o profissional precisa possuir posicionamento estratégico para que tenha força, autoridade e credenciais técnicas a fim de fazer as coisas acontecerem nos seguintes níveis:
Governança - como alavancar a visão, a missão e a decisão de FM, posicionando-os no nível estratégico das organizações como condição sine qua non, para se obter resultados econômicos e sociais sustentáveis.
•Recursos Humanos - como transformar tomadores ou prestadores de serviço, em líderes capazes de encontrar uma nova e engenhosa forma de integração de seus interesses e necessidades empresariais, face às escassas ferramentas de formação profissional específica para este segmento.
•Tecnologia - como aplicar as conquistas tecnológicas no processo de gestão e operação para melhor atender os usuários e a comunidade, a performance dos serviços e recursos e garantir o retorno dos investimentos.
Lembra, ainda, que o espaço de trabalho mais caro é o espaço inútil e que estamos vivendo na época da “Screen Generation”, ou seja, precisamos disponibilizar serviços e soluções de ponta para esta geração.
Gessé Campos Camargo, Diretor da Interface Facility Management Consulting.
QUALIDADE E INOVAÇÃO EM EMPRESAS DE SERVIÇOS
Graça fez uma reflexão acerca da evolução do setor de serviços de CREM/FM (Corporate Real Estate Management / Facility Management), evidenciando a necessidade de que a ação seja fortemente embasada em inovação, pessoas e tecnologia, com significativa alteração nas relações com os parceiros tomadores dos serviços. Disse que nós podemos oferecer três tipos de serviços: bom, barato e rápido; porém, nunca ofertar os três ao mesmo tempo.
Complementa que o ciclo contínuo e ininterrupto da satisfação começa com boas condições de trabalho, satisfação e lealdade do empregado, serviços de qualidade, satisfação e lealdade do cliente, para desta forma chegar em uma maior lucratividade. Ressalta que a inovação acontece quando é possível criar valor para os intervenientes por meio da implementação de novas ideias, que começam com inovações no modelo de negócio, nos produtos de serviços e nos processos de serviços. “O conceito de FM vem mudando nos últimos anos e vai mudar ainda mais para atender às exigências de usuários. Precisamos ser bons no geral, mas sobretudo nos detalhes. Temos de ser confiáveis, precisamos mudar a forma como nos relacionamos, é necessário fazer uma revisão na cabeça dos prestadores e nos paradigmas dos tomadores”, resume o mestre.
Prof. Dr. Moacyr E. A. da Graça, Coordenador do MBA/USP - Gerenciamento de Facilidades.
SAP APLICA O REAL CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
Um dos primeiros prédios da América Latina a receber a Certificação LEED nível Gold para novas construções, o SAP Labs Latin America possui eficiência na operação predial com relação a recursos, além de otimizar o consumo de energia elétrica, água, gás e óleo diesel e proporcionar o bem-estar dos seus ocupantes.
Hennemann inicia dizendo que: “Não existe receita de bolo para implementar o conceito de sustentabilidade em um empreendimento. O segredo está na tecnologia utilizada para fazer seu gerenciamento, na dedicação e participação de todos os ocupantes e no esforço contínuo em querer fazer mais, inovando e experimentando novas ideias no dia a dia da operação. Por meio das iniciativas que adotamos no Brasil, conseguimos uma redução de 18% em custos com energia elétrica nos escritórios da empresa nos Estados Unidos, comparando faturas de 2016 com 2015”, comenta Hennemann.
Esse prédio da SAP no Brasil é 30% mais eficiente no consumo de energia elétrica e 53% mais eficiente com relação ao consumo de água potável do que um prédio convencional. Estes números, entre outras ações, fizeram com que a SAP Labs Latin America fosse formalmente reconhecido como um dos escritórios mais sustentáveis do mundo pelo time de Sustentabilidade da Alemanha da SAP”, explica o palestrante Fabiano André Hennemann, Facilities Site Lead | Global Facility Management da SAP Labs Latin America
QUAL FUTURO VOCÊ ESCOLHE PARA O SEU PRÉDIO?
Segundo Voelcker, seja no Gerenciamento de Facilidades ou de Propriedades, temos de levar em consideração que quem decide o que será feito é quem paga a conta. Clientes, proprietários e/ou investidores, primeiro querem dinheiro no bolso. “Para fazer um bom gerenciamento é necessário exercer a curiosidade e desbravar as oportunidades por meio de uma visão global e depois local, com vista a se preparar para o que está por vir”, pontua.
Para ele, cada um escolhe o futuro que deseja para a valorização do seu equipamento predial. O palestrante fez o comparativo entre um prédio antigo que não se preocupou em se modernizar versus um outro prédio mais moderno, ambos localizados em uma importante avenida de São Paulo e que ficam na mesma quadra, um ao lado do outro, apresentando valores de locação 260% superior quando comparados entre si. Reforça ainda que temos de sair da manutenção corretiva para pensar na valorização da edificação, que só é possível, na visão dele, quando a gestão considera a valorização da edificação e quando há sensibilidade para fazer gestão ao longo de sua vida útil.
Apresentou também o case Eolis, que é certificado Acqua, apontando os benefícios da certificação para os usuários e proprietários. Finalizou alertando que o desafio futuro, presente do modelo de gestão atual e que mais traumatiza os gestores, é a falta de relacionamento e transparência nas comunicações.
Christian Voelcker, Sócio-diretor na Auxiliadora Predial.
COMUNICAÇÃO EM PROL DA CERTIFICAÇÃO
Com 1.520 agências no Brasil, o Sicredi é uma instituição financeira cooperativa e os palestrantes contaram-nos os resultados advindos da primeira certificação LEED EB O&M Platinum do Brasil, que conquistaram para sua matriz em 2016 obtendo 88 pontos, sendo esta a maior pontuação alcançada na América Latina. Dino Soccol Filho relatou que um dos êxitos do projeto foi obtido com uma inteligente campanha de comunicação, com ações desenvolvidas focadas na mudança de consciência dos públicos impactados, seja na adoção de um novo hábito, como ir trabalhar de bicicleta, ou com a eliminação de comportamentos indesejados (desperdício de luz ou água). A campanha realizada em ciclos alertava sobre água, qualidade interna do ambiente, energia, mobilidade e resíduos.
Luiz Santos Vieira resume os proveitos da certificação que trouxe: melhoria na qualidade do ambiente interno, maior produtividade, benefícios à saúde dos colaboradores, redução de resíduos e emissões de gases, preservação do habitat e as economias financeiras geradas com as ações. Só a redução de custo com água e energia já representou R$ 493.259,00 no primeiro ano, ou seja, mais de 20% do que foi investido na iniciativa do projeto de certificação.
Dino Soccol Filho, Administrador de Bens Sicredi e Luiz Santos Vieira, Supervisor do Condomínio Sicredi.
LIMPEZA: UM PEQUENO INVESTIMENTO QUE GERA VALOR
Os velhos dilemas: o que é limpeza? Estou fazendo direito? Está bom ou está ruim? Está caro ou barato? Estão entre os assuntos que Haim aborda e este relata que colaboradores doentes custam caro, que faltas não planejadas causam problemas no local de trabalho e que um pequeno e correto investimento em limpeza gera retornos expressivos para as companhias. O palestrante afirma que a limpeza pode dar resultado, desde que tenhamos respostas para: como limpar? A que custo? E quais recursos? O desafio está na execução dos processos corretos, mantendo o ritmo e sempre inovando com controle, uso de tecnologias adequadas a cada espaço e necessidades das companhias. “Só conseguimos controlar o que medimos. Só conseguimos medir aquilo que tem parâmetro”, defende. Além disso, Haim apresentou dois vídeos ilustrativos de como limpar o espaço de um supermercado em um modelo tradicional e em um modelo mecanizado, evidenciado que com equipamentos, produtos, acessórios e empresas especializadas é possível manter a consistência dos serviços de limpeza, contribuir com a saúde dos colaboradores e dos ambientes, proporcionando também resultados positivos para o bolso e imagem das organizações.
Sandro Haim, Presidente da Abralimp - Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional.
INOVAÇÃO NO OLHAR DA LIMPEZA HOSPITALAR
“Todos sabem da importância da higiene hospitalar, que está cada vez mais no foco dos administradores hospitalares e dos profissionais assistenciais. O aparecimento de novas bactérias super-resistentes, o aumento de custos de mão de obra e a necessidade de inovar em soluções de sustentabilidade ambiental trazem novos desafios para o setor. A melhoria contínua da eficiência e eficácia dos processos de higienização de um hospital é primordial para a sobrevivência dessas instituições e para a segurança e qualidade da assistência do paciente”, defende Caruso . Um dos exemplos apresentados foi a inovação implantada com a mecanização da limpeza de pisos, que proporcionou melhoria da eficácia e eficiência do processo de higienização do Hcor. Os benefícios? Redução de custos com pessoal, produtos químicos e água; modernização do processo de limpeza; redução de riscos de acidentes; sustentabilidade; redução de absenteísmo e melhoria da qualidade de vida dos colaboradores. Outras inovações propostas por Caruso: projeto detergente e desinfetante a partir de água pura; treinamento com gamificação; projeto dióxido de titânio (uso de vernizes antibacterianos, nanotecnologia); projeto tratamento de resíduos infectantes; e limpeza terminal por demanda, realizada por empresa terceirizada.
Domenico Caruso, Gerente de Operações do HCor.
ENTENDIMENTO, TENDÊNCIA E RISCO NA TERCEIRIZAÇÃO
Dutra defende que a terceirização é um meio eficaz de aumento da competitividade por meio da contratação de uma rede especializada de prestadores de serviço. Porém, a discussão a respeito de seus riscos, limites, regulamentação legal e seus impactos está presente nos mais diversos segmentos. “Algumas empresas precisam também atuar na gestão de risco da terceirização para mitigar problemas legais, sobretudo para os que têm a responsabilidade de terceirizar de modo adequado e seguro. É preciso estabelecer um conjunto de normas práticas e garantidas para se respeitar a legislação em vigor, principalmente a trabalhista e, com isso, reduzir os riscos de contratações descuidadas e mal feitas”, destaca Silveira. O palestrante lembra-nos que falta conhecimento de ambos – contratantes e prestadores – que, em sua grande maioria, apoiam a terceirização apenas como uma estratégia de redução de custo e melhoria na qualidade, não observando que uma contratação mal feita traz, além da insegurança jurídica, custos maiores que o esperado e qualidade menor que a desejada. “A terceirização tem sido apresentada, de um lado, como panaceia para todos os males e, de outro, como a vilã causadora de todos os problemas econômicos e sociais. Na verdade é uma ferramenta de gestão e um processo irreversível no cenário econômico mundial”, declara o palestrante.
Adriano Dutra da Silveira, Diretor da Adutra Consultoria Empresarial.
QUESTÕES AMBIENTAIS NAS EDIFICAÇÕES
A questão ambiental nunca esteve tão presente no dia a dia das corporações, com temas ligados, por exemplo, ao gerenciamento e tratamento de resíduos; a incineração como aproveitamento de energia; o tratamento de efluentes privados, entre outros, explica o Engenheiro Químico Roberto Peres Campello, que apresentou cases com soluções práticas, eficazes e de baixo custo que estão na lista de prioridades dos Gestores Prediais. “O arcabouço legal brasileiro está entre os principais desafios a serem superados pelo mercado, principalmente porque os projetos precisam ater-se às legislações municipal, estadual e federal”, declara. Citou o exemplo da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – Lei nº 12.305/10, que institui a responsabilidade compartilhada dos Geradores de Resíduos sejam eles fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo, um processo logístico desafiador para se implantar e atender as pontuações dos diversos licenciamentos, descritos na legislação brasileira.
Roberto Peres Campello, Gerente de Engenharia na Luftech Soluções Ambientais.