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Alojamento como serviço de FM

Por Mika Hartikainen* e Suvi Nenonen**

Um campus universitário é uma usina de conhecimento para a cidade e sua construção precisa ser pensada para criar um ambiente que seja variado e inspirador, que contribua para o aprendizado e trabalho inovadores para estudantes, cientistas, funcionários, empresários e visitantes. E todas essas instalações precisam ser gerenciadas: não apenas como segmentos espaciais funcionais em separado, mas com uma visão holística. Além disso, existem os setores do campus que pertencem também intrinsecamente à cidade, como o alojamento de estudantes. Ao apoiar as cidades e universidades como centros de aprendizado, o gerenciamento de instalações pode apoiar também conexões ao longo da vida, experiências inesquecíveis e intercâmbio simbiótico.

O alojamento estudantil tem profunda influência na vida sociopolítica dos alunos, como o desenvolvimento de liderança, comportamento, desempenho acadêmico, cidadania e senso de pertencimento; a integração de funções sociais e psicológicas para satisfazer suas necessidades, aspirações e expectativas, como um ambiente ecológico para as atividades de aprendizagem.

Este estudo visa entender o futuro alojamento estudantil na Finlândia, tanto do lado da oferta quanto da demanda. As perguntas feitas são: quais são as demandas dos alunos para futuras moradias estudantis e como a oferta de moradia estudantil pode ou não responder a essas necessidades.

Definições de alojamento

Um alojamento estudantil, geralmente, é para estudantes universitários viverem durante seus estudos acadêmicos. Estudantes esses que deixaram a casa de seus pais e proporciona uma experiência para um novo estilo de vida: com independência, uma transição para a vida adulta.

As instalações desse tipo de alojamento devem ter algumas infraestruturas e serviços específicos: I. instalações e serviços básicos (centrais), isto é, acomodações necessárias para uma casa funcionar como quarto, banheiro etc.; e de apoio (suplementares), ou seja, que não são compulsórias, mas são igualmente importantes para facilitar ou possibilitar a realização do cumprimento das funções da casa, como sala comum, refeitório, área comercial, estacionamento, biblioteca, playground, transporte, TV a cabo, segurança e lavanderia.

Se formos pensar em moradias estudantis a níveis mundiais, é preciso considerar as diferenças culturais. No entanto, existem semelhanças em relação ao equipamento básico. Hoje, os estudantes exigem quartos com mais tecnologia; Wi-Fi de alta velocidade; sala comum, de entretenimento, de leitura; biblioteca; segurança; ar condicionado central; facilidade de transporte; lavanderia; fornos de micro-ondas; e garagem. Além disso, comodidades extras, como estacionamentos, minimercados, livrarias e lanchonetes, também devem ser fornecidas em residências estudantis para um nível mais alto de satisfação residencial.

Basicamente, as residências estudantis, com base em suas localizações, podem ser categorizadas em dois tipos de alojamento: “dentro do campus” e “fora do campus”. Além disso, existem três descrições da prática de modelos de moradia estudantil: não residencial, onde o instituto de ensino superior não tem programa de moradia estudantil; residencial, onde o instituto de ensino abriga todos os alunos em seu programa de habitação; e dual residencial, onde o instituto de ensino abriga sua população estudantil por um período de tempo parcial, sendo o período restante custeado por eles mesmos no mercado privado de aluguel.

Satisfação dos residentes

A literatura sublinhou que os estudantes possivelmente terão um desempenho eficiente e perfeito em seus estudos e serão mais socialmente ajustados, uma vez que receberam cuidados adequados de seu bem-estar e condições de vida confortáveis em seus alojamentos estudantis.

Por isso, a moradia estudantil está passando por mudanças dinâmicas no design e na funcionalidade. Onde antigamente um dormitório de estudantes exigia apenas uma cama, instalações de cozinha adequadas e (nos últimos anos) uma conexão Wi-Fi confiável, a moradia estudantil hoje está sendo remodelada em torno de conceitos de comunidade que misturam funções de vida, lazer, socialização e estudo. Os estudantes são cada vez mais seletivos em suas escolhas de moradia, e as universidades e os desenvolvedores desses espaços tentam atender a essa demanda com design contemporâneo e usos inovadores do espaço, em torno de um modelo colaborativo destinado a fomentar o espírito empreendedor e a construir redes sociais e profissionais duradouras.

Desenvolvimento do campus

Considerando o contexto mais amplo do campus universitário dentro cidade onde está inserido, muitas vezes está em desacordo com o clima político em constante mudança, isso porque o futuro do campus universitário está enraizado na espacialidade de sua cidade-sede, sendo assim, também uma questão de gerenciamento de instalações, responsável por fornecer os espaços flexíveis e colaborativos para áreas de estudo inovadoras e interdisciplinares. E a governança universitária e o governo da cidade são os responsáveis por fornecer instalações e serviços de alta qualidade a essas pessoas. Portanto, a avaliação regular do desempenho da qualidade desse tipo de serviço no campus é esperada e muito importante.

Resultados

• Alojamento estudantil na Finlândia: Aproximadamente um terço de todos os estudantes finlandeses moram em apartamentos estudantis, que estão localizados perto das universidades ou são facilmente acessíveis por transporte público, com contratos de arrendamento residencial, que regula todos os contratos de aluguel de moradia na Finlândia.

Esses alojamentos estão disponíveis em várias formas: apartamentos compartilhados, geralmente por dois a quatro estudantes e tipicamente mobiliados; estúdios, que são mais caros; apartamentos de grupo; e apartamentos familiares. Esses produtos habitacionais tendem a ser padronizados.

• Perfis de estudantes: identificamos quatro tipos de perfis de estudantes: I. do tipo “lar doce lar”, que desfrutava da primeira casa própria, importante para a nova identidade como pessoa que vive longe da casa da infância; II. do tipo “estilo de vida hedonista”, que apreciava tanto a casa própria, como as instalações compartilhadas, por exemplo, a cozinha com apetrechos de alta qualidade para se cozinhar e com espaço para passar tempo com os amigos; III. do tipo “lugar para dormir”: o apartamento era um depósito de coisas e um lugar para dormir, a vida acontece fora do apartamento e esse perfil tipicamente estudava e trabalhava por todo o período acadêmico, por isso, o tempo gasto em casa foi limitado; IV. do tipo Pop in – pop out, tinham a sua casa habitual noutro lugar e vinham para a cidade universitária apenas ocasionalmente, utilizando as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) para estudar. Os perfis I e III apreciavam privacidade; para o perfil II as instalações compartilhadas eram muito importantes; o perfil IV preferia a relação custo/benefício, vendo o “apartamento como serviço” apenas para uso ocasional.

• Ofertas de serviço e serviços modulares: o miniapartamento com diferentes tipos de escolhas e níveis de serviço foi preferido e respondeu bem ao fato de que a vida dos alunos muda não apenas com base no número de anos de estudo, mas com base em suas escolhas pessoais durante o ano letivo. O alojamento estudantil atual não é suficientemente ágil para responder a essas mudanças, sobretudo em casos de internacionalização dos estudantes, em que o tempo de viajem varia.

Diferentes perfis de estudantes podem preferir distintos serviços em locais da cidade diversos.

As novas formas de estudar e trabalhar exigem redefinição da moradia estudantil e a oferta não se baseia apenas em proporcionar um lugar para morar. A aprendizagem está ocorrendo em todos os lugares e a “sala de aula invertida” está mudando a importância do campus como um ambiente de aprendizado. Não se deve desenvolver ou projetar locais de aprendizagem e moradia separados. O alojamento estudantil deve proporcionar o trabalho colaborativo em grupo, utilizando tecnologia digital para fornecer soluções sustentáveis para o aprendizado também nessas instalações.

Além disso, possibilidades de esportes ao ar livre no bairro de moradia estudantil e tópicos que tratam da economia compartilhada foram destacadas.

Conclusão

A moradia estudantil como serviço precisa incluir alternativas flexíveis, tanto estrutural, ou seja, de construção, visando à flexibilidade no espaço, quanto nos tempos de aluguel (não apenas um mês sendo o menor tempo para o pagamento) ou nos serviços incluídos para o apartamento. Importante, por exemplo, no fornecimento de instalações para estudantes internacionais e também para suas famílias.

Os novos conceitos para coaprendizagem e convivência são simultaneamente soluções de design, mas também de ofertas de serviços. Os conceitos de coworking incluem muitas vezes serviços de manjedoura comunitária e fica a pergunta: os coworking são comparáveis aos serviços de alojamento de estudantes? Além disso, seria mais adequado se esses serviços fossem oferecidos em plataformas digitais, pois, o comportamento consumidor dos alunos é digital. Esse novo alojamento estudantil pode ser cocriado com representantes dos diferentes estilos de vida.

Mika Hartikainen pertence à Universidade Aalto (Aalto University, Newsec). E-mail: [email protected].

Suvi Nenonen pertence à Universidade de Tecnologia de Tampere (Tampere University of Technology). E-mail: [email protected].

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